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Comunidade quilombola: aspectos relativos à saúde da mulher no nordeste brasileiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

AMANDA CASSIANO DOS SANTOS

COMUNIDADE QUILOMBOLA:

ASPECTOS RELATIVOS À SAÚDE DA MULHER NO NORDESTE BRASILEIRO

NATAL 2020

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AMANDA CASSIANO DOS SANTOS

COMUNIDADE QUILOMBOLA:

ASPECTOS RELATIVOS À SAÚDE DA MULHER NO NORDESTE BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Profª. Deyse de Souza Dantas

NATAL 2020

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde – CCS Santos, Amanda Cassiano dos.

Comunidade quilombola: aspectos relativos à saúde da mulher no nordeste brasileiro / Amanda Cassiano dos Santos. - 2020.

18f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Farmácia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2020.

Orientadora: Deyse de Souza Dantas.

1. Saúde da mulher - TCC. 2. Comunidade quilombola - TCC. 3. Nordeste brasileiro - TCC. I. Dantas, Deyse de Souza. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 613.99

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Amanda Cassiano Dos Santos

COMUNIDADE QUILOMBOLA:

ASPECTOS RELATIVOS À SAÚDE DA MULHER NO NORDESTE BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Profª. Deyse de Souza Dantas

_________________ _______________ 1º Presidente da Banca ___________________________________________________ 2º - Examinador ___________________________________________________ 3º - Examinador ___________________ __________________ 4º - Aluno TCC Natal, 01 de Julho de 2020.

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REVISÃO DE LITERATURA COMUNIDADE QUILOMBOLA:

aspectos relativos à saúde da mulher no nordeste brasileiro

RESUMO: O presente estudo refere-se a uma revisão de literatura que tem como objetivo analisar artigos publicados no intervalo de 5 anos, que façam narrativas sobre as condições de saúde da mulher em comunidades quilombolas do nordeste brasileiro e com isso expor as problemáticas comuns aos artigos promovendo discussão e reflexão para melhorar o serviço de saúde prestado a essas comunidades; como ferramenta de pesquisa foi utilizado as bases de dados SCIELO, LILACS e MEDLINE e o portal periódicos CAPES. Ao todo foram encontrados 80 artigos, entretanto apenas 7 estavam de acordo com os critérios de inclusão; a revisão de literatura elaborada possui um N restrito devido à dificuldade de encontrar artigos relacionados à saúde da mulher quilombola em especial na região nordeste brasileira. Com a realização da análise foram levantadas algumas questões comuns aos trabalhos, entre elas estão, a ausência de programas e ações por parte dos profissionais de saúde, o respeito e entendimento cultural dessas mulheres quilombolas, a baixa escolaridade e a formação dos profissionais em saúde que ainda se encontra deficiente em relação a população etnicamente diversa. Provocando questionamentos emergentes sobre a utilização e o acesso dessas mulheres aos serviços de saúde, evidenciando a necessidade do desenvolvimento de pesquisas sobre as condições de saúde dessa população-alvo.

Palavras-chave: Comunidade quilombola. Saúde da mulher. Nordeste brasileiro.

ABSTRACT: The present research refers to a literature review that has as objective to analyze articles published in the interval of 5 years, that make narratives about woman's health conditions in quilombola communities in the northeast of Brazil and thus expose the common problems to the articles promoting discussion and reflection to improve the health service provided to these communities; as a research tool, the databases SCIELO, LILACS and MEDLINE were used, as well as the CAPES periodical portal. Altogether, 80 articles were found, however only 7 were in accordance with the inclusion criteria; the review of literature elaborated has a restricted N due to the difficulty of finding articles related to the health of quilombola woman, especially in the northeastern region of Brazil. With the analysis some common questions were raised, among them are the absence of programs and actions on the part of health professionals, the respect and cultural understanding of these quilombola women, low schooling, and the training of health professionals who are still deficient in relation to the ethnically diverse population. Causing emerging questions about the use and access of these women to health services, evidencing the need to develop research on the health conditions of this target population.

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1. INTRODUÇÃO

Os remanescentes de quilombo são definidos como grupos étnico-raciais que tenham também uma trajetória histórica própria, dotado de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida, e sua caracterização deve ser dada segundo critérios de auto atribuição atestada pelas próprias comunidades, como também adotado pela Convenção da Organização Internacional do Trabalho

(OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais (RESILIÊNCIA QUILOMBOLA, 2020).

As comunidades quilombolas localizam-se em 24 estados da federação, sendo a maior parte nos estados do Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais e Pernambuco; os únicos estados que não registram ocorrências destas comunidades são o Acre e Roraima, além do Distrito Federal (PROGRAMA..., 2013, p. 14). No presente momento não existe um consenso realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informando o número de comunidades quilombolas no Brasil; o IBGE está realizando reuniões de consulta com representantes de comunidades quilombolas para a realização do Censo Demográfico 2020, tendo como expectativa neste censo estimular avanços nos estudos das comunidades tradicionais do país (BRAGA, 2020).

SORTE; DO NASCIMENTO; FERREIRA (2016, p. 332) ao realizar pesquisas com as mulheres das comunidades de remanescentes quilombo ficou evidente o desconhecimento das participantes sobre seu próprio corpo e sobre a etiopatogenia do câncer de colo uterino, bem como as dificuldades de entendimento sobre sua localização anatômica. O Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece uma série de direitos relacionados à saúde, entre eles o da saúde da mulher como o acesso aos exames de mamografia, papanicolau, planejamento familiar e à atenção humanizada durante o parto, além de ofertar contraceptivos como dispositivo intrauterino (DIU), anticoncepcionais e camisinha feminina. Nos últimos anos foi adquirido o direito, através do SUS, ao acesso à vacina contra o papilomavírus humano (HPV), em meninas de 9 a 14 anos, essa vacina atua na prevenção do câncer do colo do útero. O SUS iniciou um caminho para a construção de mais equidade, com respeito à diversidade, garantia do acesso universal à saúde pública e repudiando práticas de discriminação e preconceito nas Unidades de Saúde(CARVALHO, 2019).

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2. METODOLOGIA

Este estudo é uma revisão de literatura analítica sobre a saúde das mulheres quilombolas do nordeste brasileiro com o interesse de apresentar a existência e funcionamento dos serviços de saúde dispostos a essa população e a sua adesão. Para a realização da pesquisa foi utilizado bases de dados, a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a National Library of Medicine (PUBMED), o Scientific Eletrônic Library Online (SCIELO) e o portal periódicos CAPES; a coleta de dados aconteceu de Julho de 2019 a Janeiro de 2020 e foi definido como critério de inclusão artigos com publicações nos anos de 2015 a 2019 respectivo a escassez de pesquisas sobre o assunto, com o intuito de adquirir uma gama de artigos que permitir-se perquirir a população alvo. Outro critério de inclusão foi estudos que abordava a saúde da mulher pertencentes a comunidades quilombola situadas na região nordeste do Brasil. No estudo foi incluso trabalhos que apresentavam palavras-chave “quilombola” AND “saúde” AND “mulher”. A pesquisa em todos os bancos de dados empregue foi realizada nos idiomas inglês, português e espanhol para alcançar um expressivo número de referenciais teórico, porém foi observado a escassez de artigos sobre o assunto no idioma estrangeiro. O ano dos artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2016 - 2019, sendo o ano de 2018 que obteve um número maior de publicações, sendo representado por 4 dos 7 artigos dispostos; em 2016 foram encontradas duas publicações e no ano de 2019 apenas uma.

Após ter selecionado o material a ser utilizado na pesquisa foi aplicado o método de leitura analítica, sistematizado por SEVERINO (2007, p. 54-59) seguindo as etapas de análise textual, análise temática, análise interpretativa e ao final foi desenvolvido tópicos referente a questões comuns expressas nos trabalhos, sendo eles: aplicabilidade das ações em saúde da mulher nas comunidades de remanescentes quilombo e interação dos profissionais em saúde as diversidades étnicas.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O início da pesquisa ocorreu pelas bases de dados PUBMED, SCIELO e LILACS, onde foram encontrados 24 artigos; sendo 13 artigos na base de dados LILACS, 10 artigos na base de dados SCIELO e 1 artigo na base de dados PUBMED; foi realizado nos trabalhos selecionados uma leitura exploratória e posteriormente uma leitura seletiva, com intuito de filtrar os trabalhos e deter somente os arquivos que artigos se encaixa-se nos critérios estabelecidos de inclusão, o que resultou no aproveitamento de apenas 6 dos 24, sendo 4 artigos da base de dados LILACS, 2 artigos da base de dados SCIELO e da base de dados PUBMED o artigo não adequava-se ao tema do estudo; por apresentar um número reduzido de artigos foi incluso o portal periódicos CAPES na pesquisa com o intuito de ter um N maior de trabalhos publicados, no portal foi encontrado 56 artigos, porém após a leitura exploratória apenas 1 não havia sido encontrado posteriormente nas bases de dados e se encaixavam nos critérios de inclusão1;

1: Processo de seleção dos artigos

Fonte: próprio autor

A pesquisa resultou em 80 artigos que passaram por leitura exploratória para aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, resultando na seleção de 7 artigos para a aplicação do método de leitura analítica; os arquivos para o estudo são publicações brasileiras, sendo 6 artigos em português e 1 em espanhol. Os artigos selecionados para desenvolver a pesquisa abordavam diferentes aspectos da saúde da mulher quilombola de diferentes estados

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brasileiros pertencentes a região nordeste1-1 esses dados possibilitou a observação de um cenário panorâmico onde estas mulheres estão inseridas.

1-1 arquivos selecionados para a revisão de literatura.

Fonte: próprio autor.

No decorrer da análise foram levantadas algumas questões comuns aos trabalhos selecionados, provocando questionamentos emergentes a utilização e ao acesso dessas mulheres aos serviços de saúde; para uma melhor discussão as indagações manifestadas foram organizadas e divididas em dois tópicos: aplicabilidade das ações em saúde da mulher nas comunidades de remanescentes quilombo e a interação dos profissionais em saúde as diversidades étnicas.

3.1. Aplicabilidade das ações em saúde da mulher nas comunidades de remanescentes quilombo

No ano de 2013 através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) foi publicado um guia de políticas públicas para comunidades quilombolas através do Programa Brasil Quilombola.

Segundo VIEGAS e VARGA (2016, p. 629), há municípios que convive com uma legislação universalizante, tendo como referência o SUS, e uma realidade de prestação de serviços focalizados e pontuais,

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em que a atenção à saúde da mulher negra não é executada conforme preconizam as legislações vigentes.

No estudo realizado por DURAND e HEIDEMAN (2019, p. 6) é relatado que ainda existe uma acentuada correlação entre as relações raciais e a fragilidade junto à assistência, à educação, à informação em saúde e, principalmente, o distanciamento de comunidades vulneráveis ao alcance da integralidade e equidade, alertando o mal funcionamento e as implantações ineficaz das estratégias em saúde fornecidas pelo governo federal para essas comunidades.

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) é um compromisso firmado pelo Ministério da saúde no combate às desigualdades no SUS e na promoção da saúde da população negra de forma integral (BRASIL, 2017, p. 7); na teoria essas propostas não é uma realidade, não há um cronograma fixo de atividades para ser desenvolvidas nas comunidades da área e as ações são realizadas sempre mediante solicitação do agente comunitário de saúde, com base na demanda que for identificada por esse profissional (VIEGAS; VARGA, 2016, p. 626); foi observado por SORTE; DO NASCIMENTO; FERREIRA (2016, p. 329-330) que a comunicação utilizada em programas que abordam as doenças e as formas de prevenção mostra-se deficiente, pois muitas mulheres não se identificam com a linguagem utilizada, sendo identificado certa dificuldade de entendimento sobre o câncer do colo uterino, principalmente em relação à sua localização, dificuldade resultante da falta de informação sobre esta neoplasia tão comum em mulheres;

FERNANDES et al (2018, p. 6) relata que em uma entrevista com um grupo de mulheres quilombolas, treze de vinte mulheres entrevistadas disseram nunca ter realizado o exame preventivo e ao serem questionadas sobre o que tem feito para prevenir-se do câncer do colo uterino (CCU), algumas mulheres disseram não fazer nada, justificando ora pelo descuido, ora pelo desconhecimento da doença, ausência de sintomas.

Essas questões levantadas são um agravante para a saúde dessas mulheres, devido o início assintomático do CCU e das alterações mamarias, refletindo em uma busca por atendimento médico tardia, provocando a exposição dessas mulheres ao risco de um mau prognóstico.

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As mulheres quilombolas sofrem com a falta de orientação e informações acerca da prevenção para câncer de colo é uma população carente de serviços de saúde que proporcione atendimento com base nas suas necessidades, quando as mulheres quilombolas são questionadas sobre o que sabem sobre a saúde da mulher e ao nível de conhecimento sobre o CCU e câncer de mama, podemos observar que o mesmo é muito baixo entre as mulheres da comunidade e o pouco que revelam saber constitui-se em informações provenientes de fontes impessoais como a televisão e os cartazes das unidades básicas de saúde, sendo pressuposto que um dos fatores relacionados ao pouco conhecimento das mulheres quilombolas sobre a importância da realização do exame preventivo do câncer do colo do útero, o aparecimento da doença, onde ela está localiza e quais os seus possíveis sintomas ainda é um fator de grande relevância para que o índice desta doença continue a aumentar e oferecer riscos a sua saúde

(JACINTHO, 2018, p.155).

Apesar de não haver um método de educação em saúde para essas mulheres de fácil entendimento que seja desenvolvido pelos promotores de saúde e nem ser pauta de discussão na comunidade quilombola, no estudo realizado por FERNANDES (2018, p.3) é visto o interesse das mulheres quilombolas em conhecer aspectos relativos à saúde sexual e reprodutiva. Caracterizando o público feminino da comunidade quilombola como participativo quando há o desenvolvimento de atividades destinado a elas.

3.2. Interação dos profissionais em saúde as diversidades étnicas

O Brasil é um país miscigenado que possui um preconceito estrutural enraizado; o racismo aparece para além da discriminação, mas tem como desdobramento a questão das oportunidades de trabalho, assim como o acesso aos serviços de saúde (DURAND; HEIDEMAN, 2019, p. 5);

VIEGAS e VARGA (2016, p. 627-628) cita que as ações e serviços de saúde executados no povoado não levam em conta, como deveriam, as características étnicas e raciais de suas moradoras, sob o risco de negligenciar fatores importantes para o melhor controle de seu processo saúde-doença.

O Ministério da Saúde em consonância com o ParticipaSUS instituiu em 2009 a PNSIPN que tem como objetivo promover a saúde integral da população negra, priorizando a

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redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e nos serviços do SUS (BRASIL, 2017, p. 24).

A relação da comunidade de remanescentes quilombo com o SUS difere entre as comunidades existentes, dependendo de como é desenvolvida essa relação e como é proporcionados os serviços em saúde;

JACINTHO (2018, p.154) descreve que essas mulheres chegam a unidade de saúde com pouca informação do “ritual” acerca do exame e, ao se colocar diante do profissional, a mulher sente-se objeto de inspeção e associa a exposição da genitália à sexualidade.

Esses aspectos podem contribuir significativamente para que as mulheres deixem de procurar o serviço de saúde por acharem que são expostas e dentro desses aspectos sentem-se constrangidas e envergonhadas ao submeterem-sentem-se ao exame de prevenção, revelando que a vergonha se torna mais acentuada quando o profissional que o realiza é do sexo masculino

(JACINTHO, 2018, p.154-155). A baixa escolaridade e a ausência de um manejo eficiente da promoção de saúde a essas pacientes, justificam o receio e seus respaldos diante dos exames preventivos.

SORTE; DO NASCIMENTO; FERREIRA (2016, p. 328) desenvolveram atividades de reconhecimento corporal em uma UBS próximo a comunidade estudada, sendo observado que a reação inicial, após o momento de integração, foi de timidez e vergonha. O tabu sobre o corpo é um grande obstáculo quando se trata de exames relacionados a saúde da mulher e não é uma questão restritiva as mulheres quilombolas é uma barreira imposta por grande parte da população feminina; para as mulheres quilombolas essa questão é atenuada por causa da falta de informação e baixa escolaridade, limitando o conhecimento da importância dos exames preventivos.

JACINTHO (2018, p.156) observou ainda, que na comunidade quilombola as mulheres realizavam os exames citopatológicos preventivos, mas não com a periodicidade que o Ministério da saúde solicita. O que confere com os 90% das entrevistadas já ter realizado o exame. Elas relataram que seu retorno a unidade básica de saúde para o exame preventivo foi baseado na busca ativa realizada, nas palestras

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informativas e nas informações adquiridas no decorrer das consultas de enfermagem e nos murais informativos presentes na unidade de saúde. Demonstrando a necessidade e importância da ação da UBS nas comunidades de remanescentes quilombos para uma melhor adesão dos exames preventivos e da manutenção da saúde dessas mulheres.

FERNANDES et al (2019, p. 303) realizou uma análise da reprodutibilidade das mulheres quilombolas e mostrou que as mulheres quilombolas possuem autonomia reprodutiva e decidem sobre as questões relacionadas a engravidar e fazer uso de contraceptivos que melhor se adequem às suas necessidades; porém essas mulheres se encontram no estado de vulnerabilidade em relação as infecções sexuais transmissíveis (IST’s);

Segundo FERNANDES et al (2018, p. 3) as mulheres quilombolas afirmaram não usar o preservativo porque já faziam uso do contraceptivo oral, ou seja, não consideraram a camisinha como um método preventivo às IST’s.

As informações limitadas decorrente das dificuldades encontradas para o acesso a saúde deixa essas mulheres expostas a inúmeros problemas de saúde.

Em consequência dos serviços de saúde escasso e de manter a cultura ativa na comunidade as mulheres quilombolas habitualmente recorrem ao conhecimento cultural passado de geração em geração para a ações preventivas da saúde. Em estudo com mulheres diagnosticadas com câncer do colo do útero, as mesmas só perceberam a sua vulnerabilidade quando se depararam com a doença, a partir daí seguiam a risca o tratamento e utilizavam -se de outras alternativas contidas nas crenças populares que podiam auxiliar na recuperação, assim, o processo terapêutico delas mostra uma mescla entre conhecimento profissional e popular (FERNANDES et al, 2018, p. 6); para DURAND; HEIDEMAN (2019, p. 4) a relação da espiritualidade como estratégia para a cura torna-se ainda mais evidente nos relatos referentes a benzeduras e outras crenças religiosas. Nos casos das gestantes as parteiras fazem todo o trabalho assistencial durante a gestação sendo um trabalho cultural das comunidades dos remanescentes quilombo, onde a parteira faz o acompanhamento dessa gestante durante todo o período gestacional até os primeiros dias do recém-nascido, muitas mulheres quilombolas sente insegurança com o parto hospitalizado, então como as parteiras têm contribuído para a humanização do parto e nascimento e diminuição da mortalidade infantil, sugere-se esforços

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por parte dos gestores e profissionais para que elas estejam cada vez mais integradas ao SUS, de modo que os serviços de saúde sejam receptivos e que respeitem os seus saberes, crenças, culturas, dando-lhes oportunidade para qualificação, em prol da segurança das mulheres quilombolas (BONFIM et al, 2018, p. 8-9).

As ações de integralidade que tenha o objetivo de compreender o ambiente em que está mulher está inserida proporciona uma assistência eficaz; a compreensão conceitual sobre competência cultural para as profissões da saúde inclui o conhecimento sobre costumes, religião, hábitos alimentares e doenças mais prevalentes em determinada população ou comunidade. (FREITAS JÚNIOR, 2018, p. 104). O conhecimento destes fatores, pode ajudar na

construção de atividades junto à comunidade quilombola que possa planejar um cuidado efetivo a mulher no que se refere à prevenção (JACINTHO, 2018, p.157).

Para FREITAS JÚNIOR (2018, p 104) o desenvolvimento de competência cultural revela-se indissociável do pressuposto da responsabilidade social no contexto da educação para as profissões da saúde.

A elaboração de oficinas2 com o intuito de conhecer as ideias e valores das mulheres quilombolas sobre seus corpos, o câncer do colo uterino e o câncer de mama pode ser o método mais fácil de ocorrer a integração tanto da comunidade ao SUS, quanto dos profissionais em saúde a comunidade, promovendo a criação de um vínculo de confiança e respeito entre ambos; A prestação de serviços assistenciais preservando e respeitando a diversidade cultural dessas pacientes com o estímulo às práticas de cuidado alternativos são importantes para a manutenção de costumes organizados socialmente e de tecnologia leves, desenvolvidas ao longo da construção histórica das comunidades culturais (BONFIM, 2018, p. 8).

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2: Oficina de Mulheres Quilombolas, quilombo Horizonte - CE. Foto: Ana Carolina Fernandes

Fonte: http://conaq.org.br/coletivo/mulheres/ <acesso em: 20 de junho de 2020>.

Conhecer comunidades com tamanha riqueza cultural e ainda tão distante dos olhos de profissionais de saúde é fundamental para se pensar em uma assistência que seja eficaz a estas pessoas (FERNANDES et al, 2018, p.7).

4. CONCLUSÃO

A revisão de literatura foi constituída com um N restrito devido não haver muitos artigos publicados relacionados a saúde da mulher quilombola em especial na região nordeste brasileira, evidenciando a necessidade do desenvolvimento de pesquisas sobre as condições dessa população-alvo; mesmo com a restrição de trabalhos publicados é possível observar uma homogeneidade dos problemas encontrados nos artigos quando o foco é a saúde das mulheres quilombolas; a ausência de programas e ações por parte dos profissionais de saúde, o respeito e entendimento cultural dessas mulheres quilombolas, a falta de escolaridade, uma rotina atribulada na comunidade, somando com a formação dos profissionais em saúde que ainda se encontra deficiente, necessitando de direcionamento voltado as diversidades étnicas, ainda mais quando esses profissionais irão atuar em um país com vasta miscigenação faz com que essas

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mulheres tenha a sua saúde negligência por elas e pelo atendimento básico; voltar o olhar para esses obstáculos encontrados por essas mulheres no âmbito da saúde, compreendendo melhor as necessidades da população e promovendo uma melhor integração das comunidades étnicas com o SUS, permite a essa população uma assistência social em saúde com equidade retirando essa parcela social da vulnerabilidade.

5. PERSPECTIVA

Diante de tudo que foi visto neste trabalho tem como perspectiva o desenvolvimento e aplicação de estratégias práticas para a execução dos direitos estabelecidos no Guia de Políticas Públicas destinado a população quilombola, promover a implantação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), além do desenvolvimento de atividades na formação acadêmica objetivando melhor integração e aceitação das comunidades.

6. REFERÊNCIAS

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