¢\\ E
A
CENTRO
DE
CIÊNCIAS AGRÁRIAS
zh
:.:«>›" "
3»
"
DEPARTAMENTO
DE
AQUI CULTURA
' 1?Ê
TÉCNICAS
DE
CULTIVO DE
MEXILHÕES EM ESCALA ARTESANAL
f
.Cintia Francisca
do
Nascimento
Estágio Curricular realizado
no
Laboratório
de
Mexilhões
da
Universidade Federal
de
Santa
Catarina
como
requisito
parcial para obtenção
do
grau
de
Engenheira Agrõnoma.
Florianópolis
¿_\.\\.`.L\\L:
D~
J flk Rgmwƒ .¬Ê
UNIVERSIDADE FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
' * 'ana
CENTRO
DE
CIENCIAS AGRARIAS
O,z¬z,_
DERARTAMENTO
DE
AOUIOULTURA
Qššš
z ~ ^ A O , ~¶LABORATORIO
DE
MEXILHOES
,T-TEcN1cAs DE CULTIVO
DE
MEXILHÕES EM EscALA ARTESANAL
'Q ø
5 . .
Cintia Francisca
do
Nascimento
, :====¡ g ::::::: 1 =====¡ › 1 ¬. 730-2
O
282 UFSC-BU __..¬._ _ _`__ T › 4Estágio Curricular realizado
no
Laboratório
de
Mexilhões
da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina
como
requisito parcial
para
obtenção
do
grau
de
Engenheira Agrõnoma.
ORIENTADOR:
Jaime
Fernando Ferreira
Florianópolis
1996.
lll.
AGRADECIMENTOS
Ao
Prof. Dr. JaimeFernando
Ferreira, pelo apoio, orientação, correções, epor tudo o
que
aprendi durante o Estágio.p
A
Prof.aMs.
Aimê
Rachel
Magalhães
pelo apoio econfiança
transmitida.\ .
Ao
Departamento
de Aqüiculturado
Centro de Ciências Agráriasda
Universidade Federal -de Santa Catarina pelo apoio à realização deste
trabalho.
Aos
colegasdo Departamento
de Aqüicultura,Keka,
Daniel, Jussara, Carlito,Dihnon, pelo apoio prestado. ,
_
Ao
Zero, pelo apoio imprescindível nas saídas decampo.
A
Marlene Diamantina da
Silveira, coordenadora de Estágiosdo
curso deAgronomia,
pela paciência e atenção prestadas. “Aos
colegasdo
Laboratório de Mexilhões, Mirella, Ingrid, Carla, Marta,Melissa, Eduardo,
Marcos
eSimone
pelas sugestões e incentivo.`›
l
Ao
prof. LuizOswaldo
Coelho
pelo incentivo e amizade.Às
amigas Silvia,Regina
e Inês pelo incentivo.Ao
Ivan Ortiz, 'pela paciência, carinho, apoio e incentivo./ \
SUMÁRK)
LmTAimâTABEoAs
.... . ... HLISTA
DE
FIGURAS
... _.11NTRoDUÇÃo
...N 2.OBJETIVOS
2.2.0bjetivos ... ... _. 2.2.l.Gerais ... .. 2.2.2.Específicos ... .. 3. l\/IATEÍRÍIÍAÍIÍSE
ÍMÉTOÍDOS
3.1. Material Biológico ... .. 3.1 . 1 .Classificação ... _. 3.1 .2.1\/Ioiffologia externa ... ._ 3.1 .3 .Anatomia interna ... _.3.1.4.Alimentação, respiração e circulação ... _.
3. 1 .5 .Reprodução ... .Ç..
3.2.
Metodologias
Empregadas
em
Cultivo deMexilhões
3.2.1 .ÍPrineipai.s sistemas de cultivo ... .... ._
3.2.2.0btenção de sementes ... ._
3.2.4.Engorda ... ..25 3.2.5 .Desdobre ... ..25 3.2.6.ÍPredadores...` ... ..26 3
2.7
.Competidores ... _ .26 3.2.8.Parasitas ... ..27 3.2.9.Depuração..: ... ... ..283.2.1.0. Provi.dênoi.as a serem
tomadas
an.te_s decomeçar
um
cultivode mexilhões ... ..29
5.
VANTAGENS
DO
CULTIVO
DE
ÂMÍEXILHOVES
... ..34l6.
SUGESTÕES
PARA
OTfl1\/IÍIZAÍRO
CULTIVO
NA
ÍIÍLÍI-IA.DE
ÍRATONES
... _ .357. E)§ÍPERÍlÍl\/.IÍENTOI
ANALÍÍSE
DE
ÍPAÍRÂÍMÂETROS AMÍBÍIÍENTAIS
EÍl_\/IAREA
DE
CULTÍIÂVO
ARTESANAL
«7.1 .Objetivos ... ..36 7.2.1\/.Ietodologia ... ..36 7 .3.ÍResu1tados e Discussão ... _.38
s.coNcLUsÃo
Do
;EsTÁG1o
... ._44 ' r 9.REFEÍR`ENCÍlÍAS BIÍBL.l§OG~RAFICA.S ....45
LISTA
DE
TABELAS
1 Principais países produtores de mexilhões cultivados ... ..
2 Produção
de mexilhão(Perna perna)
cultivadoem
Santa Catarina(Kg) ... ..
3
Dados
gerais dos diferentes parâmetros ambientais analisadosem
cada amostragem
... ..4
Resultados das análises dos parâmetros ambientais,separados
em
funçãoda
característicada
áreaem
estudo ... _.LISTA
DE
FIGURAS
1. Morfologia externa
do
mexilhãoPerna perna
... ..l l2.
Anatomia
internado
mexilhãoPerna
perna
... ..l 13.
Aspecto intemo
de mexilhõesPerna perna
evidenciando a coloração dostecidos gonadais ... ..l3
4. Diferentes etapas
do
sistema deencordoamento
... .. 1.75. Sistema de cultivo
do
tipo Suspenso Fixo ... ..186. Sistema de cultivo
do
tipo Balsa Flutuante ... ..l97. Sistema de cultivo
do
tipo “long-line”ou
espinhel ... ..208. Sistema de cultivo
do
tipo “bouchots”ou estacas ... ..2l9.
Mapa
de localizaçãoda
regiãodo
cultivo de mexilhões mantido peloLaboratório de Mexilhões,
na
Ilha de RatonesGrande
... ..31.10.
Aspecto
dos espinhéis e balsada
Íllha deRatones
... ..32l 1.. Detalhe de estrutura de
PVC
ecabos
de polietileno para sementes,através de coletores ...
.32
12. Resultados das análises de quantidade de clorofila-a,
em
ifunçãoda
áreade estudo e
da
condição de vento durante aamostragem
... . .3313. Resultados das análises de transparência
da
agua,em
funçãoda
área deestudo e
da
condição de vento durante aamostragem
... ..4214.
Aspecto
do
cultivo de mexilhõesda
Enseada do
Brito,em uma
áreacaracterizada neste trabalho
como
sendo de baixa densidade ... . .4315.
Aspecto
do
cultivode
mexilhõesda Enseada do
Brito,em uma
áreaz¬
1.
í1NTRoíDUÇÃo
/,
f/
K
O
consumo
demoluscos
pelohomem
data desdetempos
pré-históricos,comprovado
atravésda
observação dos “sambaquis”.As
ostras e os mexilhõessempre foram
osmoluscos
mais consumidos. .O
cultivo dessesmoluscos
é muito antigo, já sendo relatadas engordasde
ostras
na
Roma
Anti ga.' '
O
cultivode
mexilhões,chamado
de mitilicultura, teve inicio,segundo
Mason
(1971)na Europa
quando,em
1.235, o náufrago irlandês PatrickWalton
instalou,na Baía
de L°Aiguillon, estacas demadeira
(“bouchots”)comuma
redeatravessada entre elas para capturar aves marinhas.
Além
da
captura limitada das aves, ocorreu a tixação de mexilhõesque
serviram-lhe de alimento.A
China
é atualmenteo
primeiro produtor mundial de mexilhões,onde
sãocultivadas 'várias espécies
da
famíla MÍytilidae.A
Espanha
é osegundo maior
produtor de mexilhõesdo
mundo,
através'do
cultivoda
espécie ,Mytílus galloprovíncíalís(TABELA
1). .lá a ÍFra.n_çaproduz
basicamente a 'espécieMytilus edulis, utilizando o
método
de i“bouchot”(estacas).No
Brasil, osmoluscos
bivalves conhecidoscomo
mexilhõespertencem
a diferentes espéciesda
família Mytilidae(FERREIRA,
197 5). _A
espéciePerna
perna
(Linné, 1.758) conhecidocomo
marisco, ostra~de- pobre, marisco-da-pedra e sururu(MÍAGALHÃES,
1985) possuiuma
ampla
distribuição geográfica, grande capacidade de adaptação as variações climáticas
e de salinidade, além. de possuir
uma
alta taxa de crescimento,podendo
serencontrada desde as regiões tropicais e subtropicais dos oceanos Atlântico e
As
primeiras pesquisascom
mexilhõesno
Estadode
Santa Catarinaforam
inici.adas
em
1.986 pelo 'Laboratório de Mexilhões, vinculado aos departamentos de Biologia e Aquiculturada
Universidade Federal de Santa Catarina(1viAGALHÃEs
ei. ai, 1987).Em
nossas condi.ções climáticas, a espéciePerna perna
apresentaum
crescimento bastante rápido
-em
cultivo, passando de 2cm. até 8cm.(tamanho
comercial) período de 6 a 8
meses
(.FERNANDES,
1993; FEÍRREIÂIRA,1.995).
A
espécie .Mylrilus edulis leva,na
França,24 meses
para atingir5,5cm
ena
Holanda
demora
36 meses para
atingir 8cm. e a espécie .Myttlusgalloprovíncíalis,
na
Espanha,demora
18meses
para atingir 8cm. 'Os
organi.smos incrustantes (“biofouling”) e osque
pertencem à faunaassociada são os grandes causadores de mortalidade
em
mexilhões, pois, dentreeles,
há
organismos predadores e competidores por espaço e alimento.Em
algunscasos, o excesso
de
organismos incrustantespode
dificultar a abertura efechamento das valvas
do
mexilhão,provocando
sua morte.Daí
vem
aimportância
do
estudo desses organismos e demedidas
de controle populacional.,como
o castigo ,que
é a exposição ao ar das cordas de mexilhões,onde
estesfecham
as val.vas para sobrevive.r forada água
e ocorre mortalidadeda
faunaincrustante
da
corda.(FREITAS,
1992). .A
matéria orgânica filtrada pelo mexilhãoque não
foi utilizadaem
suanutrição' é expelida através das fezes e pseudofezes e constituem excelente alimento para
numerosos
organismos marinhos.Assim
o cultivo de mexilhões,além
de seruma
atividadeeconômica
rentável, contribui para a preservaçãoda
vi.da nos costões rochosos,
onde
a extração predatóriaacaba
com
os estoquesnaturais.
Nas
áreas de cultivo ocorreaumento da
produti.vidade natural e3
O
mexilhão éum
alimento ricoem
proteínas e vitaminas, sendo que, osanimais desse grupo
em
geral apresentam a seguinte composição:~l2%
de proteínas,3%
de lipídios,2,9%
em
carboidratos ,1,5%
em
cinzas e81%
deágua
avuâcàà1J1Ãú5s,19s5).
~
As
vantagensdo
cultivo de mexilhões são:- baixo custo de implantação e manutenção;
-
mão-de-obra não
especializada e quepode
ser treinada facihnente;- a despesca é programável e quantificável e
há
alternativa de produtona
entressafra
do
pescado, constituindouma
maior renda ao pescador eum
meio
de defesa de espécies de peixes de importância econômica;-
não
é necessário fornecer alimento para seu cultivo, pois ele retira oalimento diretamente
do
mar;- os sistemas de cultivo são realizados
em
ambiente aberto, o que diminui aincidência e
propagação
de doenças;-
não
há
necessidade de aquisição de grandes extensões de terra.- rápido retorno de capital
com
boa
relação custo-benefício.Assim, a partir de 1989, essa atividade
pode
ser facihnente absorvidapelas populações de pescadores artesanais de Santa Catarina,
tomando
esseEstado o
maior
produtor de mexilhões marinhosdo
Brasil eda
América
Latina (TABÉLA2)
A
partirda década
de 80houve
urnaqueda
acentuadana
produção
pesqueira de Santa Catarina e, principalmente,
na
pesca artesanal. Assim, restarampoucas
alternativas ao pescador artesanalque passou
a deixar suas regiões nativas epassou
a se dedicar a atividades paralelas. 'do
trabalhodo
Laboratório deMexilhões
-UFSC,
em
convêniocom
aEPAGRI
1
TABELA
1 IPRINCIPAIS PAÍSES
PRODUTORES
DE
MEXILHÕES
cULTIvADos
PaísProdução
(t)China
_Espanha
_Holanda
Itália França , TailândiaNova
Zelândia Chile495.985
' 173.300 99.000 (*) 80.000 62.000 56.000 30.000 2.327Mundial
1.081.774Fonte:
FAO,
19 92;GOSLING,
1992.(*) Estimativa
da
FAO
partindo de informações disponíveis.Fome;
FAQ,
1992.GLS
-TABELA
2;PRoDUçÃo
DE MEXTLHÃO
(Pzmzzpemzz)
cULT1VADo
EM
sANTA CATARINA
(Kg). A ' Município 19911992
1993
1994
Bahá.Camboriú
BarraVelha
Bombinhas
FlorianópolisGov.
CelsoRamos
34.290 121.383471.000
Itapema
- * - 8.000 - 2.910 1 21.000 _ -281.500
- - 58.000 8.000 302.800
60.000 700.000 7.500 -1 \ 2.520 8.742 5.500 ' Palhoça 380.000 708.000 353.900 1.395.000 ‹~ PortoBelo
S. Franc. SulBiguaçu
82.940242.765.
25.000 _ 6.000 - - I200
_ Total499.750
1.084.600 1.224.100 2.482.650 Fonte:EPAGRI/UFSC,
1994. L. 1994/95 - 3.500.000 1995/96 _ 5.000.000 (previsão) `ézQ.»‹.{J\\<JzÓ×o~À×ez°.,
l¿l\\¬OÚ€3
~ J/vh _/\›\.2.\\*if
-~
J
$¢SQš«.z..‹\So×' ú~.~«.c›_z> »š'Q^^*\P
Hàn
/\»~1>.1¿,t7
2.2.
OBJETIVOS
2.2.1.
OBJETIVOS GERAIS
Acompanhamento
da
construção, implantação emanutenção
de estruturaspara cultivo de mexilhões
na
Ilha de Ratones, Florianópolis, SC.2.2.2.
oBJET1vos
ESPECÍFICOS
Acompanhamento
eaprendizagem
de técnicas de cultivo,como:
- construção de espinhéis para .cultivo de mexilhões;
- confecção de cordas de engorda e
ensacamento
de sementes;- confecção de cordas de desdobre;
A
- confecção de coletores de
sementesde
mexilhão.V
Acompanhamento
das diversas etapas demanutenção
e despescaem
um
cultivo de
tamanho
artesanal,como
coleta, limpeza e separação das sementes(jovens mexilhões para iniciar as fases de engorda),
manutenção do espmhel
com
limpeza dos flutuadores e dos cabos, retirada e reparação de flutuadores
quebrados
ou
furados; das atividades geraisdo
Laboratório,como
anotações dedados de
campo
(pesagens, medidas), análise de salinidadeda água do
mar
e3.
MATERIAIS E
MÉTODOS
3.1. Material biológico
Foi utilizado durante o trabalho o mexilhão
Perna
perna,que
é classificadocomo
se segue: V V_
3.1.1.Classificação
Filo
Mollusca
Classe Bivalvia Linné, 1758.
Ordem
Mytiloida Férursac,1822
Família Mytilidae
Rafmesque,
18 5Gênero
Perna
Retzius, 1788- Espécie
Perna perna
(Linné, 1758.)
Sendo
omaior
mitilídeo brasileiro (Klappenbach, 1965) oPerna perna
émuito abundante entre o litoral
do
Espírito Santo e Santa Catarina.Segundo
MAGALHÃES
(1985), esta espécie apresentauma
ampla
distribuiçãogeográfica:
da
costa atlânticada
América do
Sul (Venezuela ao Uruguai), regiãodo
Caribe, Ilhas Canárias, Mauritânia, Áfricado
Sul, Senegal,Marrocos
e de Gibraltar até o Golfo de Tunis.9
3.1.2. Morfologia
extema
(segundoFERREIRA
&
MAGALHÃES,
1996,no
prelo)Bisso - serve para fixar o mexilhão
no
substrato e é sintetizado pelopróprio animal.
Umbo
- localiza-se junto ao vérticeda
concha.Ligamento
-tem
fimção
demanter
as valvas unidas.Linhas de crescimento - representam etapas de crescimento
do
animal equanto
mais
pronunciadas indicam omaior
grau de estresse sofrido pelo animal.Em
mexilhões de cultivo as linhas são mais suaves.A
coloraçãoda concha
é diferente nos mexilhões de cultivo e de costão.Nos
primeiros é mais escura e nos de costão apresenta pontos clareados devido ao estresse sofrido pelo animal pelo sol e batimento das ondas. -As
principais características morfológicasextemas do
mexilhãoPerna
perna
podem
ser vistasna
FIGURA
l.3.1.3.
Anatomia
interna (segundoFERREIRA
&
MAGALHÃES,
1996,no
prelo).
Coração
- possui batimentos irregulares e écomposto
porum
ventrículo eduas aurículas.
i
Manto
- é responsável pelaformação da
concha.Sifão inalante - abertura por
onde
entra a água.Sifão exalante - estrutura por
onde
sai aágua
e fezes.Brânquias - cada brânquia é
fonnada
por duas demi-bânquias.Cada
demi-bânquia possui duas lamelas ciliadas e funcionais.
Os
cíliospennitem
afunção de respiração, as brânquias
têm
funçãode
selecionar o alimento,onde
aspartículas maiores,
que não servem
de alimentosaem
como
pseudofezes e aspartículas
menores
são enviadas para aboca
como
alimento.Conjunto muscular -
composto
pelosmúsculos
retrator posteriordo
bisso,adutor, retrator
do
pé, retratormediano do
bisso eretrator anteriordo
bisso. Estilete cristalino - auxilia química emecanicamente
a digestão.Pé
- auxilia a fixaçãono
substrato, principalmentena
fase larvaldo
mexilhão. -
Massa
visceral -composta
por diveitículos, intestino e hepatopâncreas.Gônadas
- nos animais sexualmente maduros, distinguem-se asfêmeas
dosmachos
pela coloração das gônadas.Nos
machos
são de coloração branco-leitosa e nas
fêmeas
Vermelho-alaranjada.Na
FIGURA
2 aparecem
as principais estruturasda
anatomia internado
~
mexilhao
Perna
perna.3.1.4.A1imentação, respiração e circulação (segundo
FERREIRA
&
MAGALHAES,
1996,no
prelo). -Alimentação
A
maior
partedo
alimento dos mexilliões consisteem
fitoplâncton ematéria orgânica particulada
em
suspensão.Pequena
parteda
dieta écomposta
por zooplâncton.
E
Nos
mexilhões cultivadosem
áreas abrigadas o percentual de matériaorgânica particulada
na
dieta é mais significativoem
relacão às áreasmais
Região Dorsal - g lig7xento Região Região Posterior
~\
Amen”
~ I L bo\
gx \Ê
/
um
~ linhas de cr escíment o R «'*ÍE
BissoRegião Ventral Jaime 1=.F¢mzâfzz
boca
FIGURA
1:MORFOLOGIA
EXTERNA
DO
MEXILHÃO
Perna perna
coração
. .
O
pe
1
FIGURA
2:ANATOMIA
INTERNA
DO
¶XILHÃO
Perna
pema
_._.
la
_ ,-:..-=~-'_-Í\šä
bi'sso músculo adutor /:F :Q lp I r ¡\`\ bz-ânqzziz*ix
"*‹. sifio exalanteUër'
1 Ê .;~‹.‹-°"`:;` ` '_--._--I =~'1. I Í :1?;'._`;' _ :-.:~¿'¡ ___ ¬'~ j '_'/›/››~ E . -,_¡› g __-W.-1¿{.¡¿ J ~ ›-1' |,.--¡. / ,, . L_V:~_,›¿«.1zzL¢'\1.-^ I ' ' f ' '* --"'›`f,Ê:›';*'Í2'rÍI^Í" f¬ ,_ ' -. J- N Ê- -.+5 r H _ JA. ,'|-.¿¿¡.¿._`:-._L'_f.._{¡:3. ' __ I I -› 5* 'I .:'.;.í;:»?~f'.'~ '" '. `¡£t;f" __`_'_ l'._ › '¿__`:).' .flvlw L . slläo inalante Jaime F1* GneiraRespiração
Através das brânquias é retirado o oxigênio dissolvido
na
águado
mar.Quando
este estáem
concentrações muito baixas,há
início decomplexa
regulação de
mecanismos
anaeróbicos, utilizando vias metabólicas altemativas, as quais os vertebradosnão
possuem.(BAYNE
et al., 1985).Circulação
O
sistema circulatório dos mexilhões é aberto,onde
o - oxigênio étransportado dissolvido
na
hemolinfa.(GOSLING,
1992). 3.1.5.Reprodução
Os
mexilhõesda
espéciePerna
perna
apresentam sexos separadoscom
dimorfismo
sexual interno caracterizado pela coloração vemrelho-laranja dostecidos gonadais
da
fêmea
e branco-leitosado
macho
(FIGURA
3). VA
fecundação ocorre ao acaso,com
a eliminação dos gametas femininos(ovócitos) e masculinos (espennatozóides)
na água do
mar.Em
Santa Catarina opico de reprodução é
no
verão,com
oaumento da
temperatura,mas
maio,setembro e outubro
também
apresentam alta taxa de reprodução(ARAÚJO,
1994).
A
Í
áihm.
“_§
FIGURA
3 -Aspecto
intemo de mexilhõesPema
penga evidenciando acoloração dos tecidos gonadais:
em
cima,em
vermelho-laranja,fêmea
eem
baixo, branco-leitosa,macho.
A
primeira divisão ocorre cerca demeia
hora após a fertilização euma
larva trocófora aparece após cerca de 6 horas e a larva véliger (D),com
cercade
24
horas, a20°C
(ROMERO,
1977).A
partir desse ponto a larva jáapresenta
concha
rudimentare passa a crescer,formando
opé
(pedivéliger) e sediferencia para
formação do
jovem
mexilhão.Com
cerca de20 a30
dias omexilhão já apresenta sua
forma
mais característica etem
capacidade deprocurar ativamente o substrato e se
fixar
, sendo nessa fasechamado
deplantígrafo
(FERNANDES,
1988).A
fixação
prirnária ocorreem
locaisonde
há
camada
de microorganismose a
fixação
secundária é aquelaonde
o mexilhão efetuapequenos
deslocamentos,
em
substratos duros(ARAÚJO,
1994).Segimdo
Bayne
(1976), vários fatorespodem
influenciar o crescimento dosmexilhões,
como
luz, temperatura, salinidade, quantidade de competidores e predadores, quantidade de alimento e grau de exposição ao ar,no
caso demexilhões de costão.
O
conhecimento das épocasem
queocorrem
os “picos” defixação
primária
em
bancos naturaisou
coletores artificiais é importante, pois essas serão as épocas de captação das larvasem
estruturas coletoras quemais
tarde serão utilizados nos cultivos.Segundo
LUNETTA
(1969) são três os estádios sexuais:no
estádio I osanirnais apresentam apenas esboços de folículos gonadais,
não
sepodendo
distinguir o sexo, o que
não
ocorre nos estádios II e III, nos quais os folículosapresentam-se mais desenvolvidos.
O
estádio III corresponde à fase de maturidade sexual , quepode
sersubdividido,
segimdo
a descrição de Lunetta (loc. cit.), resumido porMagalhães
15 Sub-estádio IILÂ -
manto
bastante espesso,com
folículos totahnente repletos degametas.
Os
animais nesta fasereagem
facihnentecom
a eliminação de gametas,quando ocorrem
alterações de fatoresabiótícos
do
ambiente,como
temperatura e salinidadeda água
do
mar.Sub-estádio IIIB - fase
em
que os folículos dasgônadas
encontram-se parcialou
totahnente vazios de gametas.
O
manto
apresenta-sepouco
espesso e, de acordo
com
o estado de esvaziamento,pode ficar
- até
completamente
transparente.Sub-estádio IIIC - fase
na
qual ocorre a gametogênese,havendo
restauração dosfolículos gonadais.
Os
animais apresentam as cores típicas paracada sexo,
porém
mais atenuadasque
no
sub-estádio IIIA.O
mexilhãoPerna perna
éuma
espécie euriténnica,podendo
suportaruma
grande variação de temperatura e sendo sua faixa ótima entre
21°C
e 28°C.Sua
faixa ótima de salinidade é entre34
e36%
,embora
essa espécie3.2. Metodologias
Empregadas no
Cultivo deMexilhões
3.2.1. Principais sistemas de cultivo
r
Os
métodos
de cultivo de mexilhões variam deum
país para outro e deregião para região.
Com
exceção dos sistemas de fundo e bandeja, todos osdemais sistemas
empregam
“cordas” ,as quais são confeccionadas de diferentesmaneiras e penduradas nas estruturas de suporte
(FERNANDES,
1993).As
estruturas de cultivopossuem
vias navegáveis para o transporte demateriais e
manutenção do
cultivo,que
num
sistema artesanal é feitoem
pequenas
embarcações.A
Os
métodos
deencordoamento
( colocação dos mexilhõespequenos
em
sistemas de rede de diferentes tipos para crescimento e engorda)
(FIGURA
4) ^ 7comumente
utilizados são o “espanhol” e o “frances” , sendo o últimoapresentando maiores vantagens,
como
praticidade,maior
número
de sementesfixadas e
menor
perda de sementes(FERNANDES,
loc. cit.).Nos
cultivosem
Santa Catarina é utilizado ométodo
francês,no
qual os animais são colocados dentro deum
saco confeccionadocom
malha
fma
dealgodão
(com
diâmetro de20mm)
que
possuiuma
corda central(com
diâmetrode
4-8mm),
sendo esse conjunto envolto porum
outro saco defio
de
polietilenomultifilamento
ou
equivalente,com
malha
larga (4 aScm)
(FERNANDES,
loc.cri). .A
O
Os
sistemas suspensospermitem
o aproveitamento de alimento pelosmoluscos
em
toda a coluna dӇgua, apresentando vantagensem
relação aocultivo
em
estacas e de fimdo. »Segundo
FERNANDES
(loc. cit.), entre os diferentes. tipos de sistemassuspensos encontramos: o sistema de balsas flutuante, o long-line (ou espinhel)
Cordas
deMexilhão
corda
com
possível época cordacom
mexilhões`
sementes de desdobre em“tamanho comercial
'z-=~.*› ..“‹>.:‹›:¶z às-.z t Cí/ 2/'J _;~=-às šíf-¬ ` :-1 ,_ mk ' 1 . .,'. -_ '?Ê*:Ê“,,f;`*šf;z:l?»~*..~v¬'í%àL¬-¡ =*;r;fr=a.z:.<:.'f‹zz':'.¿'¿âê.êë» u - 7* Ê' `."' 9-' ' " *uh. _ .*r‹"-“ä ¿ af? ¬ V 4 meses . .qq ;¿v.í-.".° 95*-2-.'¡›.=~"'¡.=z. -#1 '"‹¢f'.. 4 meses ». ';¶~°.1;›z';éwz:*,.~ air ›¬-. _ u!f°urf2-*':__:' L.\ _. .\ f l0c1n : . -' Jaime F .Ferreira f I
FIGURA
4
- Diferentes etapasdo
sistema de encordoamento.O
sistema de cultivo suspensofixo
(FIGURA
5) éadequado
para locaiscom
águaspouco
profundas (até 3m),com
fundo lodoso e calmas.É
ométodo
mais utilizado
em
Santa Catarina(FERREIRA,
1995), devido ao baixo custoinicial para aquisição
do
material, geralmentebambu,
e issotoma
acessívelo
cultivo pelos pescadores artesanais.
A
maioria dos sistemas fixosemprega
para a sua construção estruturasgeralmente tubulares de madeira, metal, plástico rígido
ou
flexível ebambu
.Nesse
tipo demétodo
de cultivo, alguns tubos deum
desses materiais são fixosverticalmente ao fundo , sustentando outros
que
são mantidosem
posiçãohorizontal à superficie
do
mar, aos quais são presas as “cordas” dos mexilhões(FERNANDES,
1993).As
estruturas de madeira ebambu
possuem tempo
de
vida curto,pouco
mais deum
ano,dependendo da
qualidadedo
material.l7
Snpcrficio do Mm' _ ` 1";
K
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5 - Sistema de Cultivodo
tipoSuspenso
Fixo5
Por
isso é interessante a utilização desses materiaisna
implantaçãodo
cultivo, por apresentarem baixo custo inicial e posteriormente a substituição por
outros materiais mais resistentes
ou
mesmo
a troca de sistema de cultivo (por long lines, por exemplo).'
No
sistema de balsas(FIGURA
6), cada estrutura flutuante é fonnada,gerahnente, por quatro
ou
mais flutuadores, os quaispodem
ser de .material plástico, poliuretanoou
tambores metálicos, sobre os quais estão presas vigas,geralmente de madeira,
que conferem
à estrutura o aspectode
balsa e aresistência necessária para a sustentação das “cordas” contendo os inexilhõt-:Às
(FERNANDES,
loc. cit.)., Este sistema é utilizadoem
locais protegidos, maisprofundos (profundidade
acima
de3m)
ecom
boa
circulação de água.E um
sistema
que
exigeum
bom
investimento inicial, poishá
custos razoáveisem
mão-de-obra
e materiais para construção das balsas,não
sendo acessível a curtoprazo para produtores
com
baixo capital inicial investido.Í
|BALsA
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's`=_z'.e.
Cordas de MexilhãoFIGURA
6
- Sistema de Cultivodo
tipoBalsa
FlutuanteO
sistema long-lineou
espinhel(FIGURA
7) teve sua origemno
Japão
e foi introduzidona
década de80
(HOJAS,
1987)como
uma
maneirade
diminuir, principalmente, os altos -custosde
investimentos necessários para a construçãodo
sistema de cultivoem
balsasi(FERNANDES,
loc. cit). V_
'
Este sistema consiste basicamente de
uma
linha mestrade
tamanho
variável, geralmente entre
30 a 100
metros de comprimento, posicionadahorizontalmente
em
relaçãoà
superficieda água
e tendo, 'nas duasextremidades,
um
sistema de poitas .Ao
longoda
linha mestra são presas ascordas
de
-engorda de mexilhõescom
separação deaproximadamente 30
a50cm
. Este sistema é .sustentadopor
um
conjunto de flutuadores,que
podem
ser de diversos tipos, sendo
mais
utilizados os blocos de poliuretano e' as19
iii".
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. -É . - .bombonas
de plástico(FERNANDES,
1993).Tem
como
vantagens: o custofde aquisição dos materiaisnão
é tão altocomo
a utilização de balsas flutuantes e é acessível apequenos
produtores.As
bombonas
(flutuadores)têm
longa vida útil, o que barateia o custocom
manutenção.E
|LoNGL1NE
Nixr _: 2 . \‹\\W\\\h\§\\\\\\¡v- -v\7Rm~ -r-ü¢›:)¡)J)€)IN)lNOun >fIfH!G\'¡flf|fIfl¢ fr \s\üšH\'¡›\i\š\Á\¿\ÇM›.A- v\~w\›'›\)\':\ä\!\$\7\'!\`l‹\ «E001 D`IãU7I1)2›Jãl›| ›‹-rnflliflfltklflll ‹›‹ ‹\&\l-H'-R$¿I&S($€š\t$&\I\.. wn\'›w\7\':\M'¡9\¶n\-~` -4500» ~›6
wnllfifillfifldtfirnfi â›-:‹:‹:‹¿‹&¢lRfl‹ Mau-. ef-\-nn\'›\i1':'A'n'›ú\'›\›\-n -H-I JDINJIJ-'ãlà Iwonllf fiflff flhar › \fl£\L 'GUiS(Í€Q\€\£\¿l- -i›\¡'W$ `\'¡|\€\¿\£\\\§\~« ~ ~ \¿ s i É Paz. ~H
l _ ' _ gi 1Fm
li|ntFGfl&F€I!:¡¶I ë 4FIGURA
7 - Sistema de Cultivodo
tipo “long-line”ou espinhel.Cultivo de
Fundo
O
cultivo de mexilhões utilizando as técnicas de cultivo de fundo existeno
mar
do Noite há
mais de300
anos.Na
Holanda
esta técnica alcanca o seumaior
desenvolvimento, sendo usada
com
exclusividade(RAFAEL,
1985).As
sementes são dragadas debancos
naturais e transplantadas paraparques
com
5-10ha
auma
profundidade de 3-6m.O
tamanho
comercial(7mm)
é atingidoem
cerca de36
meses.O
arrendamento.dos parques é feito diretamentecom
ogovemo
(RAFAEL
loc. cit.).Este
método
tem
como
vantagem. a maior quantidadedealimento
disponível ao mexilhão e possibilidade de mecanização, tanto
no
manejo
dasr
21
Como
desvantagem, o ataque de predadores é facilitado ehá
necessidade delavagem
dos mexilhões antesda
comercializacão, devido à ingestão desedimentos por parte
do
animal.Cultivo
em
EstacasO
método
consistena
disposicãoem
linha, de estacas plantadasno
fundo.(FIGURA
8).Dois
terçosda
produção
francesa de mexilhões é proveniente desse tipo de cultivo.As
estacas ficam enterradasno
solo,sendo
tratada contra animais perfurantes(RAFAEL,
1985).) ÉJÃZI ›.›‹_ il -.»' w. " -.›. $&\_§,\ _": -‹_‹.V _. “", vá ~‹‹‹. .z »›.. .z ..~‹ »~ A ›_›.z "" ››- 31] -!.€š:.*, PETI: '?'?r“.` !F.'. ma; ¡i?L šš-É «z M4 _' -.*1*.‹¡§ .‹. ëfšã ›.›.›. .., " ww- ›‹‹ "“"' .‹. íšlf. Ê. gšâëi iššã "'
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zl "_'É ....z1 '22 N..- ÍÉ :'-“fx 1 .' Í gi ..'.€' rtäišëši -.‹.... ›.›.›‹/I
it, [Í -sbà' uS" ÉÉÍ Í! 'Cordademexilhão .v ‹‹.~¿¡| «gy` ziâârâêâsrââ ...K2 83%-'. _. "3›`tz' .w-.` .› âšfšš _ íiäššÉ
.-sšší ÊÊÊ1 íšif /,äsâ .__.‹ "._.~. . ` '' "` .. 5;., `,,,_'""~ "ƒQi}fr¬,t. Í; Í'Íuz›uzÍna W .3.2.2.
Obtenção
de sementes“Semente”
é ojovem
mexilhãocom
aproximadamente
2cm
decomprimento,
podendo
variar de 1 a3cm
de tamanho.Nos
cultivosda
Ilha deRatones são obtidas sementes a partir de coletores artificiais
com
objetivo depreservar as sementes dos costões e diminuir gastos
com
deslocamentos aosestoques naturais. -
Para
uma
eficiente captação de sementes é importante conhecer aépoca
dereprodução
do
mexilhão e os picos de eliminação degametas
.Com
isso épossível saber quais as melhores épocas de colocação dos coletores
no
mar.O
conhecimento da
reproduçãoda
espéciePerna perna
é de fimdamentalimportância para o sucesso
da
captação de sementes, pois sabendo-se os picosde desova, os coletores
devem
ser colocadosno
mar
doismeses
antesda
desova para que nesse intervalo de
tempo
possam
fixar-se neles váriosorganismos
que
servirão de substrato para afixação
das larvas de mexilhão.Podem
ser colocados próximos à superficieda água
ou
na
posição vertical (captaçãomais
eficiente).Um
bom
coletor de sementes deve ser fácil de sermanejado
e coletar omáximo
de sementes possível,com
pouca
fixação de indivíduos incrustantes,deve ser
econômico
e resistente.Conforme
aépoca
do ano
e tipo de substratopode
variar o tipo e quantidade de organismos incrustantes.Tipos de coletores:
-balsas de
bambu
-cabos de polietileno
desfiados
-redes de pesca
- balsas de
PVC
com
cordas23
Segundo
ARAÚJO
(1994), os coletores de rede de pesca,comparados
àsbalsas de
bambu,
apresentaram as maiores taxas de mexilhões fixados,em
experimento realizado
na
Pontado
Papagaio, Palhoça-SC.Os
coletores de rede de pesca são leves, de fácil transporte e baixíssimo custo , por se tratarda
reutilização de redes descartadas para pesca.A
fixação
das larvaspode
ocorrer deum
a trêsmeses
após a colocaçãodo
coletor
na
água,dependendo da época do
ano. Para garantir a existência deboa
quantidade de sementes sobre os coletores e de
tamanhos adequados
pararaspagem
e colocaçãono
sistema de engorda, os coletoresdevem
permanecer
na água
porum
período total de 6 a 7 meses,onde
após esse períodopode
serfeita a
raspagem
das sementes para colocação destas nas cordas de crescimento e engorda.A
permanência
prolongadapode
ocasionar algunsproblemas como:
aumento do
peso dos coletores devido à absorção excessiva de água, presençaexcessiva de organismos incrustantes e de sementes, desgaste dos materiais e dificuldade de
manutenção do
sistema, principahnente dos flutuadores.Para evitar os problemas descritos acima, a
manutenção deve
serno
mínimo
semanal para verificar afixação
e o crescimento das sementes,reparação de flutuadores quebrados e outros reparos.
O
ideal é oacompanhamento
do
cultivo diariamente,como
ocorreno
cultivoda
Ilha deRatones.
Segundo
Araújo (loc. cit.), as épocas preferenciais para lançamento doscoletores de rede de pesca são janeiro-fevereiro e setembro-outubro,
na Ponta
do
Papagaio, Palhoça-SC, coincidindocom
a diminuição e elevaçãoda
temperatura, relacionado
também
com
as avaliações macroscópicasdo
ciclo sexual.No
Brasil, oGrupo
Permanente
de Trabalhoem
Mexilhões do
Estado de Santa Catarina criado pelo Instituto Brasileirodo
Meio
Ambiente
e doscultivo de mexilhões
Perna perna
pode
se basear exclusivamentena
extração desementes a partir de bancos naturais. Assim, todos os projetos são obrigados a
prever,
com
baseem
um
cronograma, a instalação de coletoresou
outro sistema produtor de sementes(ARAÚJO,
loc. cit.).No
Estado de Santa Catarina a legislação proíbe a extraçãodo
mexilhãoPerna perna
debancos
naturais de 1 de setembro a30
denovembro
econdiciona a extração de sementes de estoques naturais à prévia autorização
pelo
IBAMA.
(ARAÚJO,
loc cit).3.2.3.
Ensacamento
deSementes
As
sementes são separadastportamanho
paraque
os mexilhões atinjam otamanho
comercial uniformemente,além
disso, a separação proporciona adiminuição de predadores e competidores
no
cultivo.Após
colocadas as sementes nas cordas deprodução
,amarram-se
asextremidades, pendurando-se
em
seguidana
estrutura de engorda.As
cordas utilizadasna
Ilha de Ratonespossuem
tamanhos
quevariam
de1,20 a l,80m,
com
peso proporcional aotamanho
das sementes colocadas nascordas.
O
tamanho
padrão de sementes é de2cm,
mas
podem
ser utilizadoscomo
sementes mexilhõescom
tamanho
variando de4
a 6 cm,no
caso dedesdobre.
Na
água, a rede de algodão apodreceem
tomo
de 7 a 10 dias, períodoem
\ _
que os mexilhões já estão
fixados
à corda central e uns aos outros pelo bisso.A
rede extema,com
malha
maior, pemiite que as sementescresçam
epassem
pelamalha
que, inicialmente, funcionacomo
suporte externo e passa a constituirmn
suporte intemo, fmicionandocomo
substrato.25
3.2.4.
Engorda
Engorda
é o períodono
qual o mexilhãoganha
peso,que
vai desde acolocação das sementes
na água
até os mexilhões atingirem otamanho
comercial, de 7 a 8
cm em
Santa Catarina. Para atingir estetamanho
osmexilhões
levam
cerca de 8 meses, a partirda
semente de 2 cm.Os
animaisestão repletos de gametas ( “cheios
ou
gordos” )pouco
antesda
eliminação dosgametas e após a eliminação ficam “magros”.
3.2.5.
Desdobre
Constitui
na
diminuiçãoda
densidade de mexilhõesem
redesou
cordasapós
um
certotempo
de ensacamento,onde há
um
aumento da
relaçãoalimento/mexilhão resultando
num
crescimento mais rápido(RAFAEL,
1985).Nos
cultivos experimentaisdo
Laboratório de Mexilhões, os animaismaiores,
que
já atingiram otamanho
comercial , são separados para posteriorvenda
e osmenores
são colocadosnovamente
nas cordas de engorda.A
separação dos mexilhões é feita manualmente.
A
maior
parte das sementes sãoobtidas através
do
desdobre,onde
a partir deuma
corda desdobrada são obtidas4 ou
5' cordasque
irão voltar ao mar,com
sementes de váriostamanhos
eindivíduos maiores
que
ali ficarão até atingir otamanho
comercial.Há
excessode
produção
de sementes.O
tempo
aproximado
para desdobre variacom
otamanho
dos mexilhõescolocados
no
mar
para engorda. Seforem
colocadas sementes de2cm,
podem
levar cerca de 8
meses
para atingir otamanho
comercial.Se forem
colocadosanimais maiores,
com
cerca de Scm,podem
levar por volta de4 meses
paraindivíduos adultos
ou
“juvenis”sementes fixadas aos próprios mexilhões e,no
ensacamento, pode-se dar preferência à separação das sementes por
tamanho
para
que
na
corda hajaum
crescimento mais uniforme. 'A
colheita é feita preferivelmentequando
os mexilhões estão cheios, isto é,com
asgônadas
totalmente preenchidas.3.2.6. Predadores
Predadores: alimentam-se
da
came
dos mexilhões e os principaisobservados são:
Peixes: miraguaia
(Pogonias
chromis)baiacu (Spheroides testudíneus)
Siris: Callinectes sp.
Caramujos
2 Thaishaemastoma.
.Planárias, estrela-do-mar, anêmonas.
O
isolamento por redes de proteção e captura intensivapodem
fazer diminuir o ataque de peixes e siris; a retiradamanual
e a exposição ao ar das cordas de mexilhão(método
de “castigo”)podem
fazer diminuir o ataque dosoutros organismos.
i
Durante o estádio larval, os mexilhões
servem
de alimento para inúmerosorganismos zooplantônicos,
que
se alimentam das larvas por filtração.3.2.7.
Competidores
Os
principais são: cracas, outrosmoluscos
filtradores, esponjas,anêmonas,
27
Quando
em
populações muito grandes, alguns desses organismospodem
causar
problemas
de flutuabilidade nas estruturas de cultivo suspenso (cracas),podem
causar alta taxa de mortalidadeem
mexilhões jovensou
reduzir seucrescimento pela competição por espaço e nutrientes.
3.2.8. Parasitas
O
trematóideBucephalus
sp. parasita asgônadas
dos mexilhões,podendo
caurar- grande diminuiçãona
quantidade de gametas.Os
mexilhões parasitadospodem
ser identificadosmacroscopicamente
pelo aspectofilamentoso
ecoloração laranja viva
do
manto
(ARAÚJO,
1994). V _Casas(1986) constatou a presença de apenas
2,05%
de infestados porBucephalus
sp,em
Perna perna
coletadosna
regiãodo
Pântanodo
Sul,Florianópolis - SC. Garcia (1990), para a
mesma
região, obteve2,22%
deinfestados: dos 180 animais coletados, apenas
4 estavam
parasitados.Mexilhões
parasitados apresentamum
rendimentoem
menor
em
relaçãoaos sadios
(SCHRAMM,
1993),uma
vez que
afetam fundamentahnente o sistema reprodutivo, responsável pelamaior
parte de carne comestível desses animais_3.2.9.
Depuração
Como
os mexilhões são organismos filtradores,quando
cultivadosem
regiões poluídashá
a entrada e retençãono
seu interior de microorganismos, metais pesadosou
outros poluentesque
venham
a existirna
água.Mexilhões
coletadosem
águas contaminadas,mal
armazenados,manipulados
em
precárias condições higiênicas e cujo tratamentonão
é otermicamente apropriado, constituem
um
meio
favorável para proliferação deagentes patológicos ao
homem
e de outrosque
causam
sua deterioraçãoou
alteração
(WOOD,
1973). ~Antes do
mexilhão ser lançado aomercado consumidor
se faz necessáriauma
depuração, principalmentequando
cultivadosem
áreasonde
o índice decoliformes é bastante elevado (SCHRAl\/HVI, 1993).
Depuração
naturalOs
moluscos
procedentes de áreas limitadas (onde existe contaminaçãobacteriana de origem fecal) são lavados e transferidos para
água
domar
limpa,onde
ficam
em
tratamento 1 a 2semanas
para garantir a sua purificação(EPAGRI/
UFSC,
1994).Depuração
artificialSão
utilizados tanques apropriados,onde
sao colocados os mexilhõespreviamente lavados e água circulante, previamente tratada com: cloração,
ozonização
ou
uso delâmpadas
ultra-violeta.Para obter o certificado,
do
SIF (Serviço de Inspeção Federal), osmexilhões
devem
ser desconchados (retiradosda
concha) earmazenados
em
29 3.2.10. Providências a
serem tomadas
antes decomeçar
um
cultivode
mexilhões
Questão
legal a ser tratadacom
o IBAl\/IA,com
o órgão ambiental estadual(FATMA)
e a Capitania dos Portos.A
escolha corretado
local é de fundamental importância:deve
ser livre deintensa navegação, livre de poluição industrial,
não
serpróximo
de áreasturísticas, longe
da
desembocadura
de rios e preferencialmentepróximo
abancos
naturais de mexilhões,quepoderão
suprir parte das larvas que irão fixar-se aos coletores
no
iníciodo
cultivo e posteriormente até o cultivopoderá
oferecer larvas aos costões.
A
água
necessita de indicemenor
do que 70
coliformes por 100ml,salinidade
maior
ou
igual a30
%
e temperaturana
faixa de 17 a 24°C
(no caso dePerna
perna).\
I
L
4.
DESENV()LVI1\/[ENTO
DO
TRABALHO
O
Laboratório deMexilhões
é constituído porum
laboratóriono
Centro deCiências Biológicas
(CCB)
no
campus
da
UFSC
e outrono
Centro de Ciências Agrárias(CCA), no Departamento
de Aquicultura,onde
são desenvolvidaspesquisas
com
biologia e cultivo de mexilhões. _`
“
No
laboratóriodo Departamento
de Aquicultura são confeccionadosespinhéis, cordas de desdobre, engorda e de ensacamento, coletores, poitas e
outras estruturas para cultivo de mexilhões,
bem
como
análises de experimentosrelacionados à
produção
e produtividade dos cultivos.São empregados
materiais recicláveis de pesca,como
os coletores, feitosde redes de
pesca
usadas, doadas peloIBAMA
e obtidas através de apreensões e outros materiais de baixo custo,como
a confecção de etiquetas deidentificação de cordas a partir de vasilhames descartáveis de refrigerantes.
Esse
tipo de
abordagem
facilita a transferência de tecnologia para os pescadoresartesanais. .
As
saídas acampo,
para a Ilha de Ratones(FIGURA
9 ),foram
diárias, apartir
da
praiado
Sambaqui,onde ficava
todo o material necessário para ocultivo,
como
facas, tesoura, redes deensacamento
de sementes, balança, terrnometro, vidros para coleta de águado
mar, luvas e outros.São
vários espinhéis e duas balsas de cultivo , balsa l e 2(FIGURA
10),contendo cordas de engorda e coletores.
Há
outras estruturas dePVC
contendo31
-
z7°s*-
49 °W
J\
mm
DE
RAToNEs
GRANDE
ESTADO DE SANTA CATARINA ILHA DE RATONESENSEADA DO BRITO (;¡¡,\N1)E
A
*ízbqsbli
Q¿»/V6'
CI
CULTIVO
C
A= BAIXA DENSIDADE
S cscal:-1= 'l :2\`›U.UU(>B=
ALTA
DENSIDADE
C=
ALTA
DENSIDADE
FIGURA
9 -Mapa
de localizaçãoda
regiãodo
cultivo de mexilhõesmantido
;
.
FIGURA
10 -Aspecto
dos espinhéis e balsada
Ilha de Ratones.~ V1 -_` , ^__ «f '‹-... _. \ _ ~ """ " . ' ‹z¬¬~T"‹zz' °:.;¿I,w`7:<_-z _
FIGURA
11 - Detalhe de estrutura dePVC
e cabos de polietileno para obtenção33
A
manutenção
diária é muito importante para verificar problemascomuns
em
cultivos e saná-los,como:
-
bombonas
dos espinhéis furadas e quebradas;- excesso de cracas nas
bombonas,
prejudicando sua flutuabilidade;- cordas
com
excesso de mexilhões eque
já ultrapassaram otamanho
comercial,arrebentadas
ou
despencadas;- cabos partidos;
- redes
com
excesso de sementes e organismos incrustantes;- nas balsas é importante verificar se
há
madeiras quebradas, parafusossoltos, etc.
Há
cordas que, pelotempo
excessivono
mar
(crescimento dos mexilhões)chegam
a tocar o ftmdo lodosoda
região e os mexilhõesque
estãono
finalda
cordas encontram-se mortos,provocando
um
cheiro desagradávelquando
acorda é retirada.
Em
um
cademo
são anotados os dados decampo,
como
temperaturada
água , salinidade, cordas perdidas, peso ,
tamanho
enumeração
das cordasrepicadas e outros
dados
quevenham
a ser importantes. Este tipo de controle pennitiu descobrirque
havia roubo de cordas, acontecimentoque
ocorreocasionahnente
em
cultivos, etomar
asmedidas
necessárias para evitá-lo,como
a
comunicaçao
à Pró-reitoria de Extensão Universitária¡ pedindo
maior
5.
VANTAGENS
DO
CULTIVO
DE MEXILHÕES
Há
a preservação dos mexilhões de costão, cuja extraçãosem
critériosacabou
com
os estoques naturaisem
algumas regiões. ,A
utilização de coletores artificiaisem
um
cultivo de mexilhões é defundamental importância para a
manutenção
desse cultivo, pois,além da
preservação dos mexilhões de costão, os custos
com
a obtenção de sementessão
amenizados
devido à coletano
próprio local de cultivo e sabe-se aprocedência dessas sementes.
A
coleta extrativa,além
de seruma
atividade predatória, deixa a dúvida aoconsumidor
sobre a procedência dos mexilhões, quepodem
até vir de locaispoluídos.
As
fezes dos mexilhões constituem excelente alimento para váriosorganismos marinhos, possibilitando
um
aumento da
produtividadeda
região decultivo e incremento
da
fauna marinha.É
um
cultivo simples e de baixo custo, acessível a pescadores artesanais.Como
a pesca artesanal é rentávelem
apenasalgumas
épocasdo
ano, o cultivode mexilhões possibilita
um
maiorrendimentoe
melhoria das condições de vidados pescadores artesanais, principalmente
na
entressafrado
pescado.Atuahnente
o mexilhãoem
concha
é vendido porR$
1,50 e, porR$4,00
oquilo
do
mexilhão pré-co/zido,sem
concha.Através
do
cultivoem
maior
escala,pode
contribuir para a geração deempregos
e o suprimento de maiores quantidades de mexilhão paraabastecimento de restaurantes dos grandes centros urbanos e futuramente até
indústrias de conservas pesqueiras.
Cada
local deve ter Luna metodologia apropriada de cultivo, oque
se faz necessário o estudoda
espécie a ser utilizada edo
localonde
se pretende35
A
comercialização sedá
principalmente entre osmeses
de outubro amarço
em
Santa Catarina, períodoque
coincidecom
a presença de elevada populaçãode turistas
próximos
às regiões de produção. Assim, nessaépoca podem-se
conseguir
bons
preços.6.
SUGESTÕES
PARA
OTHVIIZAR
O
CULTIVO
NA
ILHA
DE RATONES
A
mecanização
dos cultivos seriauma
idéia interessante para osprodutores, pois
poupa mão-de-obra
e faz aumentar a produtividade.Odesenvolvimento de equipamentos ,
como
roldanas adaptadas naembarcação
para
manejo
dos espinhéis, por exemplo,sena
uma
boa opção
para oesforço nesta atividade.
O
uso demáquina
debulhadora das cordas de mexilhãofacilitaria a separação dos mexilhões e de
máquinas
paralavagem
dosmexilhões.
Com
a união dos maricultores através de associações, cooperativasou
outro tipo de organização, a utilização de equipamentosou
mesmo
a construçãodas instalações exigidas para a obtenção
do
certificadodo
SIF traria maioresbeneficios para todos, pois os gastos seriam divididos entre os associados e,