FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAl\/[ENTO
DE
SERVIÇO SOCIAL
CENTRO
SÓCIO
_ECONÔMICO
O
ESPAÇO FAMILIAR
E
A
VIOLÊNCIA
CONTRA
A MULHER
L
Apwvzúz P010
oss
Em..LÊ/QÍ/_í§
' `
'
Trabalho de conclusão de curso apresentado
IA
OA
-
Í ao
Departamento de
Serviço Social,da
*fo
P_¶:Tšâv?£Sš€,¢|¿¡ `Universidade Federal
de
Santa Catarina, csE'uFscpara obtenção
do
Títulode
Assistente'
. Social.
CLÉA
CRISTINA
PORTO
c v ' ¬ ¡r I .z w I' › ,, 1 T r f ›.
“De
tudoficaram
três coisas: VA
certeza deque
estamoscomeçando,
a certezade
que
é preciso continuar, a certeza de quepodemos
ser interrompidas antes de terminar. Fazer da
queda
um
passo de dança,do
medo
uma
escada,do sonho
uma
ponte, da procuraum
encontro.E
assim terávalido a pena existir”.
× .. \ › f Dedicatória V
Dedico
este trabalho a todas as mulheres, de todos ospovos
e de todas as raças, àsque
já foram, àsque
Agradecimentos
Gostaria .de expressar
os
mais sinceros agradecimentos a todas as pessoasque
colaboraramcomigo
nesta caminhada.Como
não será possível amenção
de todos, agradeço especialmente a:A
Deus, pela vida, e porquecom
sua luz,acompanhou
minha
jomada.. '
-f
Júnior,
meu
companheiro, pela compressão,.afeto e constante apoionesta caminhada...
Claudiomar e Cristina,
meus
pais,que
me
incentivaram durante todo o curso.'
›. '\
-
João e
Carmem
Lopes, queem
todos osmomentos
estiveram presentes.Obrigado
peloincentivo e força para continuar.
Ana
Maria Mafra
Dal-Bó,minha
supervisora e amiga, valeu pela contribuição naminha
formação.
A
timeu
carinho e respeito.Marli Ver1zon,›. por orientar e
acompanhar
este trabalho, obrigadopelo apoio e
r
corrfiança”. i
À.
Aos meus
irmãos, Cláudio e Claudiaque
nosmomentos
dificeis, não cansava deme
dizer- que tudo daria certo. VTânia e Arlete,'Assistentes Sociais
do Fórum,
e,também
amigasdo
campo
de
estágio.Amigas:
Ana
Claudia Fraga,Ana
Cristina eAngela Amorim,
obrigada pelas palavrasditas nos
momentos
dificeis. ' iTodos
os usuáriosdo
Fórum
da
capital, pois através de suas contribuições, foi possívela realização deste trabalho.
~
Todas
as amigas da turma,com quem
gostei muito de passar esses quatro anos decurso, pois sua amizade
me
fizeram
crescer. Obrigada...INTRODUÇÃO
... ..CAPÍTULO
IRELAÇÕES
DE
PODER:
ESPAÇO
DA
VIOLÊNCIA
CONTRA
A MULHER.
1 _ 1 .
A
CONDIÇÃO
DE SUBMISSÃO
DA
MULHER
... ..
1 .2.
O
HOMEM COMO
AGENTE
DO
PODER.
... ..
1.3.
VIOLÊNCIA
CONTRA
A
MULHER: EVOLUÇÃO,
FORMA
ECARACTERISTICAS.
... ..
‹.
1.3.1 Tipos
de
Violência. ... ..1 .4.
A
LUTA
DA
MULPIER PELA
CONQUISTA DE SUA EMANCIPAÇÃO.
... _.
CAPÍTULO
IIO
SERVIÇO
SOCIAL
NA VARA DA
FAMÍLIA
NO
FÓRUM
DA
CAPITAL
.2. 1 .
SISTEMATIZAÇÃO
DA
PRÁTICA.... .. 2.2.
VIOLÊNCIA
CONTRA
A
MULHER;
UM
ESTUDO
DA
REALIDADE
DE
VARAS
.DAFAMILIA
FÓRUM
FLORIANÓPOLIS. ... . .I ... .. 2.2.1. Análiseda
Pesquisa.. ... ._CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... .. » .SUGESTÕES
... ..BIBLIOGRAFIA
... ..Introdução
Questiona-se o significado de ser mulher,
no
sentido maisamplo do
termo, tantobiológico, psicológico, social e intelectual. Afinal,
o que
é ser mulher?Somos
criadasde forma preconceituosa e discriminativa.Aprendemos,
logo cedo,que
mulher cuida
da
casa,tem
filhos,com
dever de criá-los, e, principalmente de submeter-se aopai e ao marido,
porque
“pensacom
o coração”,“não
serve para os negócios”, “°é frágil”.Z
É
nesse contextoque
se evidencia a violência contra a mulher.As
mulheresforam
e, ainda são, vitimas deuma
forma autoritária e excludente de viverem
sociedade.×
Papéis lhes -são passados, através' da ideologia dominante, e é essa ideologia
que
lhedita as
normas
e valores, diz oque
é certo e errado,como
deve agir,ou
de deixar de agir.Segundo
Gil (apud Azevedo, 1985: 17)“A violência
pode
ser definidacomo
atose
condições que' obstruem o desabrochar
espontâneo de potencial
humano
inato,a
tendência - inerente
a
todo serhumano.
Podendo,
também
estabelecer e reforçar~
6
condiçoes que privam,
exploram
eoprimem
osoutros, e que, conseqüentemente, obstruem
o
seudesenvolvimento A
Acontece
que, às vezes, a própria vida e a crise social se encarregam de desmistificar a submissão.O
homem
nãodá
conta dedesempenhar
seu papel de provedorda
familia,o
maridoabandona
o lar,ou
nãoassume
a paternidade, e a mulher, na maioria das vezes,assume
achefia
da família, deforma
hábil.E
assim nasce anova
mulher. Nascer de novo, livrar-se dos preconceitos, da forçado
homem
e tabús impostos pela sociedade. Este é, hoje, o seu desafio.Ao
longoda
história, as mulheres estão evoluindo e muito, pois, afinal, estão cada vezmais, transformando-se - para
que possam
vivercomo
pessoa plenaem
sua condição de cidadã
de
direitos e deveres - assumindo a condição de mulheres,mães, companheiras e trabalhadoras,
enfim
um
“serhumano
mais completo”. ›O
nosso trabalho de conclusão de curso apresenta-seda
seguinte forma:No
primeiro capítulo, disserta-se sobre as relações de poder: espaçosda
violênciacontra a mulher,
onde
serão apresentados» a condição de submissão da mulher ao longo de suahistória.
V
O
homem
como
agente de poder, a violência contra a mulher, sua evoluçãoforma
ecaracterísticas,
onde
também
serão colocados os tipos de violência de que asmulheres são
vítimas.
Também-abordaremos
a questão da emancipação e as conquistas de seus direitos.No
segundo capítulo foçalizaremos a sistematização de nossa prática,bem como
apresentaremos os fatos e depoimentos das mulheres vítimas
de
violência atendidasno
Fórum
RELAÇÕES
DE
PODER:
ESPAÇO DA
VIOLÊNCIA
1.1.
A
condição de
submissão da
mulher.
Desde
os primórdiosda
civilização, a mulher era considerada a célula-mãe, aquelaque
apenas continuava a raça, pois ohomem
desconhecia a importância de sua participaçãona
reprodução humana.
Esse desconhecimento garantia à mulher, nessa época,
um
papel igualitário nas relaçõesfamiliares, sendo
que
esta contribuía para a subsistência dafamília através da caça e
da
coletade alimentos.
De
acordocom
a citação abaixo,em
todas as civilizações, a mulher desenvolveuum
papel
econômico
fundamental.z
"A
mulher
contribuíapara
a
subsistênciade sua
família e
para
criaras
riquezas sociais.Especialmente
no
estágio anteriorà
revolução 'agrícola e industrial, as mulherestrabalhavam
nos
campos
e nas manuƒaturas, teciam, ƒiavam_› erealizavam tarefas domésticas.
Enquanto
iafamília existiu
como
unidade de produção, asmulheres
desempenharam
uma
grande
contribuição
na
economia."(Saflioti,
198
7)Com
o
passardo
tempo
e amudança
de hábitos, ohomem
primitivo passou de caçadornômade
a agricultor sedentário e,com
isso, as 'relaçõeshumanas
foram-se modificando.Com
o surgimento dos primeiros progressos técnicos, os
homens
passaram a apropriar-seda
terra e adesenvolver a agricultura e a criação de gado.
Nesse momento,
desencadeia-se aacumulação
e oarmazenamento
de bens deconsumo
Com
essas mudanças, a condiçãoda
mulherem
nada se alterou, pois seu ingressono
comércio era dificil e continuava exclusivamente a manter a
ordem
no
lar e os cuidadoscom
osfilhos.
Por
essa razão, vê-se sobrecarregada e toma-se propriedadedo
homem,
pois, àmedida
que
ohomem
apropria-se da terra, acha-sedono
da lavoura, dos animais etambém
da
mulher.Durante
a Idade Média,do
século VII aoXV,
era desenvolvida aeconomia de
subsistência,
ou
seja, a agricultura."Nesse período,
a
famíliaassumia
as tarefasda
unidade econômica,
que
se caracterizavacomo
sendo
de autoconsumo, poisna
casa produziatudo
o que
era necessário e que viessea
servir ost seus
membros".
(Weber
&
Fontana, 1984:12)As
terraseram
propriedades dos Senhores Feudais, sendo sua função cuidar de seusbens e participar de toda a dinâmica social, e, às mulheres,
eram
atribuídas as atividadesdomésticas. I -`
Segundo Prado
(l981:65), o tipo de família encontrado nessa sociedade era atradicional, extensa
ou
patriarcal, consistindoem
uma
estrutura familiarque,
não somente
identificavao
indivíduo pela origem paterna,masdava
aohomem
o direito prioritário sobre amulher e os filhos. i
Nessa
sociedade, o pai era vistocomo
o provedordo
sustento da família."A família patriarcal e' conflitiva
em
decorrênciado
fato de sero
localonde
se desenvolveum
gerando
'um
confronto permanente, íntimo,privado e necessário.
Como
a
família éa
famíliapatriarcal,
a
forma
de
sedução”,dos
conflitos é'
por dominação
oculta (violência simbólica sutilou
explicita violência física) ”.'(Wolmam,
1980)O
sistema patriarcal impedia a mulher de tomar-se sujeito de sua própria história, anão
ter liberdade
nem
para escolher seu companheiro, poisquem
determinava os casamentoseram
os patriarcas,
segundo
os interesses familiares.Em
síntese, a mulher,quando
solteira, vivia sobas
normas
dos pais e, ao casar, essasnormas eram
transferidas para o marido.Havia
muitoscasos~em que
asmoças
sóiam
conhecer seucompanheiro no
diado
casamento, pois
não
tinhamnenhum
tipo derelacionamento anterior (namoro, noivado).O
casamento era realizado medianteo
gostodo
patriarca, sendoque
qualquerproblema
entre os cônjuges deveria ser mantido dentrodo
lar.Todos
os 'familiares deveriam evitar a dissoluçãodo
matrimônio, pois qualquer conflito deveria ser superado.Esse casamento deveria ser etemo,
ficando
'para a mulher a responsabilidade pelarelação.
H
~ Essa
ideologia era repassada
também
pela igreja, pois nessa época, a educação estava a seu encargo, jáque
era detentorado
poder e caminhava demãos
dadascom
os patriarcas(senhores feudais), realizando os casamentos
segundo
esses valores, e reforçandoo
poderdos
patiiarcas, aos quais era atribuída autoridade natural e divina.
Para
confirmar
o quanto a igreja legitimava o sistema patriarcal, abaixoidescrevemos as"0
sistema patriarcal é0
“locus privilegiadode
dominação
de
um
sexo sobre0
outro,de
uma
›
geração
sobrea
outra. 'É
uma
instituição andocêntrica e adultocêntrica,assentada
num
padrão
hierárquicode
relaçõesintersexuais e' Interdependência
que
exigesubmissãoe
obediênciada
mulher
e osfilhos ao
dono
da
casa,de
quem
são, aliás,propriedades
com
direitode
exclusividade ".~
. (Chzzzzz',19s7.-58) t
Ao
analisarmos a condição da mulher nesse contexto, toma-sebem
clara a sua posiçãode inferioridade
em
relação aohomem,
restando'-lhe a submissão imposta pela sociedadeda
época.
Aos homens
eram
atribuídas todas as responsabilidades ligadas à vida social,como:
cultura, política, economia, dentre outros.
Às
mulheres. não era atribuidonenhum
reconhecimento, contribuindo para a sua
negação
em
todos os segmentos civis e políticos."A
negação dos
direitos civis e políticos _à
mulher, limitava portanto,
a
esferade
sua
atuação. " V(Saflioti, I979:67)
_
Com
essa situação, as mulheres
não
tinhamnem
veznem
voz, poiseram
oshomens
que
decidiam tudo por elas, desencadeando, assim, a negação da mulher enquanto sujeito.
Na
verdade, oque
a autora quer mostrar éque
à mulher restou apenas a anulaçãodo
seucomportamento,
personalidade, caráter e direitos, sendo sua vida feita apenas de deveresrelacionados à função doméstica.
1
"O poder do
homem
não
foi,~ inicialmente,uma
idéia maldosa.
O
peso
da
dominação
do
homem
sobre
a
mulher,que carregamos
até hoje,provém
dos
desvios históricosda
nossa sociedade.É
evidente que, nos primórdios, existiuuma
idéiaque
o
impulsionou".`(Viezer, 1989:12)
Não
era idéia maldosa, pois conotava proteção; oshomens
tinham a mulhercomo
sexofrágil, e
com
essa mentalidade haviauma
super proteção.'
Atualmente nós mulheres, ainda sofremos muito
com
esse passado oriundode
acontecimentos independentes da vontade
do
homem
que
agiasem
maldade esem
consciênciade
que
isso contribuía para a submissão das mulheres.Como
somos
frutos deuma
sociedade conservadora, esse poder vai sendo passado -degeração a geração.
Desde
nossa infância,aprendemos
que os nossos paisexercem
poder sobre os filhos e sobre a esposa, poissomos
educados para respeitar e conservar essa autoridade, de acordocom
as leis e os costumes."a autoridade é fruto
da
aceitaçãode
um
grupo,
no
caso,o
paipode
decidira mandar
"1.2.
O homem
como
agente
do
poder.
Não
poderíamos viversem
as relações de poder, pois esse é necessário para amanutenção da
estrutura social, enquanto parte integrante da sociedade.A
As
relações de poder são importantes, desdeque
este poder venha beneficiar-nos, eque
não
seja por si só subversivo e violento.Segundo
Arendt (apud Carvalho, 1987: 7)"O
poder
e'a
maneira
de chegara
um
acordo
quanto
à
ação
comum,
trocando-se opiniõessem
violência."
Segundo
a autora, o poder deve ser concebido dentro das ações democráticas, atravésdo
diálogo, de negociações entre osque
tem
0 poder e osque
não tem.As
relaçõesde poder
deveriam ser exercidas de forma coerente e
não
enquanto sistema de opressão,dominação
e exploração.Essa relação de poder
com
que
nosdeparamos
e quereafirma
a submissão nos épassada de
forma
errônea, poisvivemos
numa
cultura enuma
época
em
que os papéisdos
sexos são
bem
definidos, porém, mal distribuídos; ao sexo masculino, tudo é permitido e, aosexo feminino, tudo é restringido.
Concordamos
com
Azevedo, quando
coloca que:"é exatamente
na
medida
em
que
a mulher
aceita
e se
conforma
com
sua
condição de 2° sexo, cujaidentidade será atribuída e
confirmada pelo
homem,
que
elapoderá
vira
sera
vítima,mas
Além
disso, ela apresentamedo
da
liberdadeo
1
enquanto
exercicioda
autonomia, desesperançav
1
quanto
à
propria capacidade de libertar-se. " `Essa ideologia caracterizava-se pela desigualdade social, presente
em
todos ossegmentos da sociedade, até
na
alimentação, poiso
homem
tinhaqo direito de alimentar-se da melhorcomida
"Talvez
a
desigualdade social entrehomens
emulheres
sejaa mais
fundamental de
todas asdesigualdades. "' .V . '
(Safiioti, 1984)
O
machismo pode
serdefimdo como
ideologiado
sexo,como
sistemas de idéias,crenças e valores legitimador
de
um
padrãonão
igualitário das relações -entrehomens
e"O
machismo,
enquanto ideologiade
sexo é,portanto,
uma
violência simbólica,uma
forma
deimpor,
um
destinatário certo,um
universoarbitrária
de
significados que visa seus própriosinteresses,
sem
que
ele perceba. "E
uma
violência sutil, disfarçada, cuja eficáciamáxima
consisteem
fazercom
que
o polo
dominado
seconvença
da
inexistênciade
opressão."
(Chauí,
198
7:55)O
machismo
enquanto sistema ideológico, vai oferecermodelos
de identidade, tanto para o elemento masculinocomo
parao
feminino.É
através destemodelo
normalizanteque
oró
ocultam as
panes
essenciais das relações entre os sexos.Essa
ideologia consistenum
sistemade
normas
e valores, elaborados pelo próprio-homem
com
a finalidade ode garantir asupremacia masculina e reforçar a inferioridade
da
mulher. Nesse contexto, essa ideologia transforma-senumsistema
dedominação do
homem.
sobre a mulher."Este sistema
de dominação
envolvenão
só0
significado das relações
de
poder
do
homem/mulher
como também
procura dar
contadas
arficúlações entre os diferentes níveis e nosdiferentes sentidos desta ideologia."
(Scflioti, 1984) A
Quando
falamosem
diferentes níveis, estes implicam nas diferençasque
oshomens
possuíam sobre a mulher a nível econômico, social, político e profissional.
Os
homens
nãopermitiam
que
as mulheres tivessem melhores oportunidades que as suas.Todos
esses fatos contribuíram paraque
cada vez mais a mulher fosse vítimado
sistemaque
a explorava e a agredia.Nesse
contexto, sobressai o problema da violência, fazendo-se presente desde osprimórdios da humanidade.
1.3.
Violência
contra
a mulher: evolução,
forma
e
caracteristicas.Por
maisque
recorramos à história, a violência contra a mulher sefará presenteem
todas as épocas, revelando suas diferentes formas.
Isso mostra
que
viverem
sociedade foisempre
uma
experiênciacom
violência.Podemos
citarcomo
exemplo os fatosque
permitiram a sobrevivência dos homídeos,que
se utilizavam de sua violêncianuma
mesma
escala, desconhecida pelos outros animais,podendo
com
isso, suprir suas debilidades naturais. Essa violência era utilizada para sua sobrevivência e a conservação da espécie.O
homem
construía artefatos e esteseram
utilizadosem
sua defesa e noataque,como
podemos
citar a descobertado
osso, utilizadocomo
arma
para proteger-se dos inimigos, e era essa violência que garantia sua sobrevivência; '`
1
Essa violência estava presente
também
nos anirnais.A
Gazelacome
as plantas, e'Leopardo
come
a Gazela, os peixes grandescomem
os peixes pequenos e estes, por sua vez, sãocomidos
pelos peixes maiores.Todos
esses seres utilizavam-seda
Leida
sobrevivência.Os
sereshumanos
sobreviveram, a exemplo de outras criaturas, através da violência,mas
esta não aconteciaem
seres damesma
espécie; essa violência visava a subsistência e aconservação da espécie.
Em
algum
ponto dessa trajetória, foiformado
o primeiro núcleo da civilização - afamília. Nesta, os
machos
mais fortes, literalmente, arrebatavam a própria fêmea,dominando-a
através da força.É
nesse contexto históricoque
vamos
encontrar aquela figura clássicado
homem
dasEssas mulheres submetiam-se a essa situação, não por vontade própria, mas, pelo fato
de
estaremacompanhadas
porum
homem
seriam protegidas de outras violências.. Daí criou-se
o
paradigma da fragilidade feminina,ou
seja, incutiu-se na mulher a idéia
de que ela necessitava de
um
ser mais forte para protegê-la.Com
esse argumento, assegurou-se a assimilação da falsa fragilidade e submissão feminina,
o
que caracterizavauma
forma deviolência.
5» Essas formas de violência dizem
respeito aos aspectos que transcendem o nível fisico
do
homem
para atingir suadimensão
cultural, política, econômica.Deixa de
serumaagressividade
necessária frente aum
universo hostil para tomar-seuma
forma adotada pelohomem
para organizar sua vidaem
sociedade, tendocomo
princípiobásico a
dominação
deum
grupo
sobre o outro.'
) _
A
violência contra a mulhe_r_éuma
questão extremamente complexa; é parte integrantede
todoum
aparato histórico,que
nosacompanha
desde os prirnórdios da Civilização,que
possuí variadas formas e deve ser entendida
em
seus contextos e particularidades.É
sobreestas particularidades-que
abordaremos no
presente estudo."Entendo
por
violênciauma
realizaçãodeterminada
das
relações de força, tantoem
termos de classes sociais quanto
em
termosinterpessoais.
Em
lugar de tomara
violênciacomo
violação e transgressão de normas, regrase leis, preferimos considera-la sob dois ângulos.
Em
primeiro lugar,como
conversãode
uma
diferença e
de
uma
assimetrianuma
relaçãohierárquica
de
desigualdade,com fins
de dominação,de
exploração e de opressão. Isto é,a
conversãodos
diferentesem
desiguais ea
`
desigualdade
em
relação entre superior einferior.
Em
segundo
lugar,como
ação
que tratao
serhumano não
como
sujeito,mas como
coisa.Este se caracteriza
pela
inércia,pela
passividade e pelosilênciode
modo
que,quando
a
atividade ea
fala de outrem são impedidosou
anuladas,há
violência. "
‹
(Chauí, I985:23)
“A
violência são todas as formas de violaçãodo
corpo,da
consciência e da vida, todasas formas de violação dos direitos
do
homem”
(Cavazzuti, 1964).A
violência é toda a situação dedominação ou
opressão que impeça alguémde
realizar-se, ser mais.
Numa
palavra, violência é opressão.A
violência contra a mulher' éum
tipo de infração camuflada,que
apresentacaracterísticas de
pouca
visibilidade social.O
conflito familiar passa a fazer partedo
âmbitoprivado,
onde
os episódios de violência ficam dificeis de setomarem
públicos.As
próprias mulheres vítimas de violência, na maioria das vezes,omitem
esses fatos pormedo
das conseqüências, pois existeum
grande estigmaem
registrar publicamenteum
crime deste tipo,mas também
o perigo real de retaliação por partedo
marido.O
que
deveria servisto
como
crime, dentrodo
seu contexto, recebeo
nome
de violência doméstica.Azevedo
assim expressa: violência é
"uma
forma
especifica de violência interpessoal,perpetuada pelo
homem
e dirigidaà mulher
"Consideramos
violência todos os atos e formasque
nosimpeçam
de nos tornarmossujeitos livres e iguais.
São
todas as imposiçõesque
uns .exercem sobre outros,numa
forma de coação. Estasnos
impedem
a exercermos nossa liberdade _de escolha,.pensamento e reflexão,ou
seja,nos
anula enquanto sujeitos livres constituintes de nossa história..
`
A
questão de violência contra- a mulher está "inseridanum
contexto mais amplo.Não
podemos
desconsiderar todosos
aspectosque
estão envolvidos nessa problemática,ou
seja:o
histórico,
o
cultural, o econômico,o
político e o ideológico.Ao
recorrermos a história,podemos
verificarque
as esposas sempre foram submetidas-a
maus
tratos;podemos
citar,como
exemplo, a mais antiga lei escritaem
2500
a.C.,
que
permitia
que os
maridos espancassem suas esposas.iEm
1700
a.C., Hamurabi,o
rei-pagão da
Babilônia, criouo famoso Código de
Hamurabi,que
continha300
dispositivos legais pelos quais ohomem
eragovemado.
Estesdecretavam oficialmente
que
a esposa deveria mostrar total submissão ao seu marido,o
qualpossuía
o
direito de atribuir, castigo a ela, por qualquer transgressão.No
ImpérioRomano,
o Código
das Parter-Famílias sustentava: "Se apanhares- tuaesposa
em
adultério, poderás matá-la impunemente,sem
julgamento, mas, se tu cometeresadultério
ou
indecência, elanão
deve erguerum
dedo
contra ti,nem
a leio
permitiria".Não
podemos
deixar de levarem
contaque
vivemos.numa
sociedade machista, eque
sempre foram
oshomens que
elaboraram as leis,que de
jeito algum, trariam beneficios paras asmulheres,
ou
sequer permitiriamou
admitiriamque
se igualassem aohomem.
Todas
essas leiseram
feitasem
beneficio doshomens
e contribuíam para que a violência setomasse
um
Q .
cf
if;
9!/"*~í';\. ,
melhores amigos, seus colegas de trabalho jamais suspeitavam que ele espancasse a sua esposa.
Muitas vezes, ainda hoje, esses
homens
atuam
bem
na sociedade,em
diversos papéis e grupos,sendorespeitados pelos colegas
como
modelo,no
entantoem
casa,com
sua esposa utiliza-seda. violência.
Segundo o
autorAzevedo
(1985: 56), a violência passa a fazer partedo
contexto normal das relações entre os sexos, não configurando qualquer abuso,mas
o
simples usolegítimo da autoridade marital.
A
própria constituição faziado
homem
o "cabeçado
casal",ou
seja,o
único ser pensante e, na maioria das- vezes, este fato contribuía para a violência.A
partirdisso, a divergência
de comportamentos
se acentua.Sabemos que 0 comportamento,
tantomasculino quanto feminino não são naturais, mas, sim, adquiridos,
poisos
sereshumanos
nascem
machos
e fêmeas.E
éatravés da educação que recebemos que nostornamos
homens
e mulheres, pois nossa identidade social é socialmente construída."
a
únicadiferença natural entre os seres
humanos
é0
fato biológicode
nascerfêmea ou
macho,
como
traço individual ea
partir daí,o
resto é social.
i
Daí
em
diante,cada
um
é inseridona
sociedadeatravés
de
uma
'práx1's" alienada,já
em
andamento. __
Os
homens passam
pelo
processoda
fabricaçãodos
machos
e as mulheressão educadas
para
a
submissão. "
(Viezzer, 1989.' 1 05)
Ser
macho
ou
fêmea não depende
unicamente de nascermoshomem
ou
mulher, mas,sim, de
assumirmos
papéis que, há séculos, nosvêm
sendo passados pela sociedadecomo
Essa
concepção cada vez maisvem
nos mostrar a opressãoque
as mulheres sofremem
todoo mundo.
-_
Segundo
Viezzer (1989: 9), o que pretendemos não é inverter aordem
atual das coisas,através de
uma
troca pura e simples de papéis sociais,que
'levariam a subordinarhomens
emulheres.
O
quequeremos
é que novas relaçõespossam
ser pensadas de talforma que
homens
e mulheres, sendo biologicamente diferentes,
possam
tratar-secomo
sereshumanos
iguaisem
direitos face à vida.
O
fato de nascermos mulheres não significaque temos que
nos privar dos direitos eisentar-mos dos deveres de cidadãos.
A
negação destes consistenuma
forma de violência, orasutil, ora agressiva,
dependendo
da intensidade dos argumentos utilizados.Entendemos
porviolência sutil a utilizada por coação e a agressiva
quando
é exercida através da força fisica,nem
sempre
percebidacomo
ato epodendo
ser consideradacomo
um
estado.Quando
representaum
ato,'pode ser enquadrada nas relações interpessoais diretas. Jáno
estado, implica exigências maiores, devido à complexidade e interdependência dassituações.
Dependendo
das situações, a violênciapode
ser:Direta: ato de violência; há necessidade de ataque
ou
defesa.Indireta: encontra-se presente nas políticas sociais, econômicas e culturais.
1.3.1
Tipos de
Violência..
Formas
de violência, segundo Odaliaassumem
várias tipologias:; Violência Silenciada: _
As
muitas injustiças queocorrem
em
nossa sociedadeno
campo
social, político etoda sua 'ação voltada para a~
domesticaçãoe
violação de todos os direitos fundamentais dapessoa.
Diante disso, sofrem violência silenciada:
- as pessoas vitimas
de
exploração - a mulher vítimada
discriminação~1
V ,É
aquelaque impede
a organização e manifestação das pessoas através dos sindicatos,os
movimentos
populares e outros.; Violência Divulgada:
Esta se dá através dos meios
de
comunicação, pois sua intenção é:- desviar a atenção. da população' dos problemas importantes;
- fazer
com
que
os responsáveis pela violência sejam osque
se encontram o mais longedo
Govemo
e das classes sociais.5 Violência
Promovida:
~
A
própria estrutura da sociedade origina a violência.As
relações sociais são decorrentesde
um
sistema baseadona
dominação
e exploração,as relações, antagônicas e competitivas, sendo
o
próprio sistema provedorda
violência.; Violência Política:
É
identificada pela luta de classe, a tortura, o afastamentodo povo
paraque
não decida¡ Violência Social:
- preconceito - racismo
- separação
de
sexos-eo problema da migração
_
-
o
problemada
saúde, educação, moradia, saneamento básico e outros.Todos
esses tiposde
violência são fatos sociaisque
degridem a pessoahumana;
cadaum
deles parece negar a própria razãodo
homem
viver_em
sociedade.Cada
um
delesdesrespeita o ser
humano
por negar-lhe sua condição.São
imposições que unsexercem
sobreos outros,
numa
forma
de coagir, agredir.; Violência Física: .
Abordaremos
a problemática da violência fisica contra a mulher já que esta constitui-sea
tema
centraldo
trabalho. »De
todos os tipos de violência, aque
se destaca mais é-a agressão fisica, pois émostrada à sociedade através das
marcas
visíveis e fáceisde
serem identificadas.Este é
um
tipode
violência que, a cada dia, mais se singulariza, se destacada massa
indiferenciada
de
atos violentos, adquirindo face própria, e, dessemodo,
se polariza.Azevedo
(1985: 24) colocaque
"a" violência fisica se nutre e reforça as muitasviolências através das quais a sociedade assegura'
que
a mulher esteja sempre por baixo enão
subvena
aordem
vigente.Esta violência 'é a mais
complexa forma
dedominação
do
homem
sobre a mulher,
prevalecendo a força fisica.
›
"Nem
sempre, todavia a' ideologia é suficientepara
garantiada
supremacia masculina.Os
homens
recorrem,com
freqüência,à
força
física'para
asseguraremo
seu domínio.A
violênciafísica aparece, pois,
como
fator coaófiutorno
processo
de
simpatizaçãodo poder
masculino."'(Safi`$‹›rz', 1984)
'
Essa violência contra a mulher passa a ser entendida
como
braço fortedo
homem,
mantém
com
eleuma
relação de duplo sentido; aomesmo
tempo que
reforça sua ideologia, élegitimado por ele; V
i
`
Há
todasuma
ideologia destinada_a-justificar a violência fisica de que as mulheres sãovítimas.
Os
espancadores,colocam
que as mulheresgostam
de apanhar, passando pela massa- popularque
quem
apanha
éporque
merece.Além
de
serem vítimas de espancamento, as mulheres ainda sofremcom
asdiscriminações
de
seus agressoresque
as tratamcom
desdém.Segundo
Azevedo
(1985: 20), a violência se perpetuacomo
um
fim
em
si, violênciaexpressiva
ou
como
mecanismo
para forçar a mulher a submeter-se às imposiçõesdo
homem,
violência instrumental.
A
violênciaexpressiva geralmente constituio que
denominamos
abusosexual.
A
violência instrumentalcostuma
abrangero que conhecemos
como
abuso fisico -ou
espancamento
de
mulheres - e abuso psicológico.«
, .
No
abuso sexual.- caçoa
da
sexualidadeda
mulher- acusa
de
infidelidade _ .- as mulheres geralmente são forçadas a
manter
relações sexuais ,-
agem
com
brutalidadeNo
fisico:- esbofeteia-a, agarra-a pelos cabelos
- dá-lhe socos e/ou pontapés
- golpeia-a
em
partes específicasido corpo - aperta'-lheo
pescoço, atira-lhe objetos ~ - deixa-ade
cama
- quebra-lhe os ossos.
As
agressões fisicas são as mais evidentes possíveis,podendo
tomar.-se a mulherum
indivíduo
marcado
por toda ra. vidacom
as lesõesdo
espancamento, e às vezes, levar aohomicídio.
No
abuso Q' sicológco:-'
Normalmente,
«a mulher é aciisada de todos os problemas familiares, submetida acríticas, tornando-se
cada
vez mais psicologicamente abalada,podendo
atémesmo
chegar ao suicídio.Ainda.
conforme o
autor anteriormente citado,o
abuso sexual contra a mulher éuma
violação de sua liberdade.Do
ponto de vista psicológico, éuma
agressão a ela.Isso ocorre,
não de
forma necessária,mas
sempre
possível, deuma
situação de conflitoPodemos
observar que,em
todas as três escalas, a mortedo
último constitui a agressãomáxima;
este éo
último grau de violência,Assim, de acordo
com
o exposto acima,podemos
verificar que a mulher, cada vezmais,
pode
ser vistacomo
uma
grande vítima detamanha
violência.O
que
mais surpreende e preocupa é que essas barbaridades são praticadas por seusmaridos
ou
companheiros,ou
seja, pessoasque
compartilhamo
mesmo
teto.Heiborn, (1987: 13) reforça a idéia de
que
a supremaciado
homem
sobre ainferioridade da mulher gera conflitos, e, Conseqüentemente, a punição.
A
violência fisica é tão forte,que
incuti na sociedade a idéia deque
a mulhersempre
deve obedecer, respeitar, e se submeter e respeitar as ordens
do
homem. As
mulheresagem
desta
forma
com
medo
das conseqüências, poiscorrem
o risco desofierem
com
a forçabmtal
deste.
_
O
Instituto deAção
Cultural - Idac (1984) declara que, ao espancaruma
mulher,
o
homem
vai muito alémdo
corpo desta; na verdade, ele estáexpondo
o seu próprio fracasso narelação.
A
fragilidade da mulher leva à dependência que, por conseguinte, fazdo
homem
um
sersuperior e próprio para proteção, condicionando a mulher a ver
o
seu larcomo
um
portoseguro.
No
momento
em
que
estaordem
é alteradaou
abalada, a mulher sente-se perdida ereceosa; é
como
se o chão fugisse de baixo de seus pés.Ainda no
que diz respeito ao assunto, o Idac (1984), relataque
algumas mulheres,diante desta situação, preferem sofrer caladas a terem
que
enfrentar a humilhação social deJá
o Conselho
Nacional dos Direitosda Mulher
-CNDM
(1987) colocaque
amulher
apresenta várias justificativas para não denunciarem os maridos violentos:
-
Acreditam
que estão passando poruma
fase dificil;
- insegurança
econômica
sem
os maridos;
- vergonha, etc...
Atualmente, existem
Órgãos
e/ou Instituições próprias para auxiliarem as mulheresno
combate
à violência. Entre estes,podemos
ressaltar o trabalho das Delegacias de Defesada
Mulher,
que
é o primeiro passoem
busca de ajuda legal para combater essa situação.As
mulheres encontram nesses Órgãos ajuda para ocombate
à violência fisica, cada vez mais lutando pela conquista de seus direitos.1.4.
A
lutada
mulher
pela
conquista
de sua
emancipação.
Concordamos
com
Maria
Dolores Thiesem, quando coloca: "Lutar pela liberdade nasua diversidade
em
todas as instâncias sociais, e mostrar que a mulher por ser considerada sexofrágil, está
dando
um
-basta na questão da violência; éuma
luta atual dosmovimentos
feministas.
As
mulheres,com
essemovimento,
estão mostrando que a subordinaçãoéum
fatohistórico e
pode
ser transformado".'94 liberdade
não
éuma
escolha voluntária entrevárias opções,
mas a
capacidade deautodeterminação
para
pensar, querer, sentir eagir.
É
autonomia.Não
seopõe
à
necessidade (naturalou
social),mas
trabalhacom
ela, opondo-seao
_ constrangimento e
à
autoridade.Nessa
perspectiva, ser sujeito é construir-se e
reconstruir-se
como
capazde autonomia
numa
relação tal,
que
as coisas e osdemais
não
se oferecemcomo
o
campo
no
qual o quesomos
efazemos
pode
tera
capacidadeaumentada ou
diminuída, segundo nos
submetamos ou não
à
força e
à
violênciaou
sejamos agentes dela.A
liberdade éa
capacidadepara
transƒormarmos,
uma
situação dotada de sentidoque
não
teriasem
fato, dando-lheum
significadoque
não
teriasem
nós esem
os outros."(Azevedo, I987:18)
Estas transformações
vão
acontecendo a partirdo
momento
que as mulherescomeçam
a engajar-se
no
processo político.A
mulhervem
lutando arduamente pelos seus direitos, e, ao longo dos séculos, osganhos foram
muitos.Em
1910, já .sepropunha o
voto feminino, e,em
1919, a anarquista mineiraMaria
junta-se à zoóloga Bertha, parafundar,
no
Rio, a liga pela emancipação feminina, que,em
1921, se transformaria- na Federação Brasileira parao
Progresso Feminino. _5
ç
Em
1932, finalmente,o
direito de voto é concedido às mulheres.Nesse
ano, houve,também,
outras conquistas: igualdade salarial paraambos
os sexos, restriçãodo
trabalhofeminino
em
22_ horas e 5 horasda
manhã. 'Na
décadade
60,há
novas vitóriasno
campo
da legislação.É
assegurada aaposentadoria para as 'mulheres
com
30
anos de serviço e proíbe-se a discriminação de sexo para efeitode
nomeação
em
repartições públicas e autarquias.Em
1975, declarado pelaONU
o ano
internacional da mulher, omovimento
de
mulheres brasileiras
dá
seu maior salto.Inúmeras
entidades e sociedades pró-mulhersurgem
em
todoo
Brasil, trazendo a público discussões sobre problemas especificas da condiçãofeminina,
como
saúde, violência, necessidade de creches e de igualdade salarial.Nos
anos 70,. . , . V
_ . ,_ . . . . . /.
as maiores vitonas
no
campo
da
legislaçaoforam
a conquista dos direitos iprevidenciarios e alei
do
divórcio.Mais
recente, a leido
divórcio6515/77
trouxe várias inovaçõesem
outroscampos
do
direito de família, além
da
introduçãoda
dissoluçãodo
vínculo matrimonial.Alterou-se a
denominação do
desquite para separação judicial, mantendo-se as duasformas, a Consensual e a Litigiosa.
O
antigo desquite amigável passou a chamar-se separaçãoFoi
também
sancionada a leique
torna facultativo para a mulher usar osobrenome do
marido.Os
anos80
vieram crescer a participaçãoda
mulher nas esferasdo
poder.F
ormaram-se
diversas entidades de autodefesa
da
mulher,como
o S.O.S. mulher,em
São
Paulo, e aComissão
de Violência,no
Rio.Foram
criados o Tribunal BerthaLuz
para denunciardiscriminações sofridas
no
trabalho, os conselhos da condição feminina, de âmbito nacional, eDelegacias especializadas
no
atendimento a mulheres (a primeiraem
São
Pauloem
1980).A
participaçãoda
mulherno
processo políticono
Brasilnão
é de hoje,em
1873em
Minas
Gerais algumas mulheres defenderam o direito de votar.A
partir deste período o sexo femininotomou
uma
posição,chegando
a assumir cargos representativosde
partidos políticosna luta por melhores espaços na sociedade, pois
o
homem
era vistocomo
únicoem
condições para votar, eleger e ser eleito.
A
contribuiçãoda
mulher na sociedade se faz na relação política,econômica
e social.Seja qual for a situação, a mulher é capaz de
desempenhar
qualquer papelque
lhe é designado.HV
.Só
em
conseqüênciade
sua participação ativanos mais
diversos setores, assimcomo
de
seu envolvimento diretonas
lutas reivindicatórias, épossível
à
mulher
conscientizar-se, isto e',passar
a
percebercom
clarezao
contexto sócio-econômico
em
que vive ".(Saƒƒioti, 1987)
Atualmente, a mulher
vem
lutando por seus direitos, ficando, assim,com
um
maiorcomprometimento
euma
maior participaçãoem
toda a dinâmica social.Contudo,
não
podemos
desconsiderar que a mulher aindasofie
com
váriasdiscriminações
em
todos os segmentos sociais, pois oshomens
sentem-se ameaçados pelacompetição
com
a mulherno
mercado
de trabalho. Existemhomens
que
ainda consideramque
toda dinâmica social é específica deles e
que
as mulher deveassumirseu
papel demãe
ecompanheira
dentro dasinormasque
ia sociedade historicamente lhe impôs;A
sociedade precisa entender e tomar consciênciaque
a mulhertem
direito de sersujeito
de
sua própria história. E, principalmente, admitirque deve
à elao
direito de serrespeitadacom
igualdade,como
pessoa humana, e resguarda-lhe apenas _a diferença,como
mulher.
A
mulher,mesmo
ligadaao
matrimônio, deve ser livre para tomar decisõesque
abeneficiam
enquanto cidadã, deixando de vivercomo
no
passado,onde
era o maridoque
lheditava as ordens. Esse quadro
vem
se alterando ao longo da história, e nos mostra que amulher
é capazde
executar qualquer função;temos que
mudar
a mentalidade ultrapassadaque
coloca
que o
lugarda
mulher é na cozinha.É
preciso,que
a mulher se reencontre e se convença de suaconfiança
em
simesma.
É
necessário libertar-se das carapuças que
vêm
carregando ao longo desses anos, dospreconceitos,
da
violência e tabusque
lhe foramimpostos, para garantir a sua igualdade, e porum
ponto
final nas discriminaçõesque
ainda sofie.'Atualme_nte, a mulher está se conscientizando de seus valores, e de suas qualidades, e
que
possui forças para lutar poruma
vida mais digna esem
violência.A
mulher não pode
ser considerada sexo frágil, poisvem
provando que
possuicondições
de
contribuircom
o
sexo opostona
construção deum
mundo
melhor.Prova
distoconquistas, fruto das lutas das mulheres
que
vamos
obter mudanças. Exemplo: pois de acordocom
pesquisas realizadasna
revistaVeja
em
sua edição especial mulher esta coloca que:39,2%
atuam no mercado de
trabalho, realizando na maioria das vezes funções que, anteriormente,eram
restritas aos homens, e20,3%
são responsáveiseconomicamente
pela farnília,com
amorte
ou
separaçãodo
cônjuge. Enfatiza-se às conquistas das mulheresna
nova
constituiçãopromulgada
em
1988:- a concubina passa a ter direitos de esposa e filho
-
o
direito dos filhos receberem- pensãoalimentícia até os 18 anos.
- direito assegurado de creche e pré-escola gratuita para
o filho até 6 anos
Estes são alguns destaques dos direitos adquiridos
com
a Constituição 1988, quanto a:PREVIDÊNCIA
soc1ALz
.Art. 201 os planos da previdência social, mediante contribuição, atenderão nos
termos
da lei: -
III - proteção à maternidade e à gestante
IV
- proteção ao trabalhadorem
situação dedesemprego
involuntário
V
- pensão por mortedo
segurado,homem
ou
mulher, ao cônjugeou
companheiro.
Parágrafo único - qualquer pessoa poderá participar dos beneficios
da
previdênciasocial, mediante contribuição na
forma
dos planos previdenciarios. -O
ARTIGO
165DA
CONSTITUIÇÃO
INCLUI
Art. 165 a constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros
III - proibição de diferença de salário e de
critérios de admissões por motivo
de
sexo,core
estado civil.
X
- proibição de trabalho,em
indústria insalubres, a mulherese
menores
de dezoito anos.XI
- descansoremunerado
para gestante, antes e depoisdo
parto,
sem
prejuízode emprego
ede salário.
XVI
- previdência social nos casos de doença,velhice, invalidez e morte, seguro desemprego,
seguro contra acidente de trabalho e proteção a maternidade.
DHX
- aposentadoria para a mulher, aos trinta anos detrabalho,
com
salário integral.Parágrafo único: são assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos:
- salário
mínimo
- irredutibilidade salarial
'- 13°
salário integral
- repouso semanal
remunerado
- férias anuais remuneradasem
um
terço a mais de seu salário normal
- licença de 120 dias à maternidade
- aviso prévio proporcional ao
tempo
deserviço
- aposentadoria - previdência social
SAÚDE
Art. 196 - a saúde é
um
direito de todos e deverdo
Estado.Art. 198 - as ações e serviços' públicos de saúde integram
uma
rede regionalizada e hierarquizada e constitui
um
sistema único de saúde.O
SUS
no
Brasil deverá oferecer atendimento integral e prioritário às atividade deA
mulher e a criança,possuem
atendimento integral, este encontra-seno
PAISM-C
(Programa
de Assistência Integralda
Mulher
e da Criança),que
contempla a mulherem
todasas fases
da
vida. _- assistência clínico ginecológica
_
- saúde mental .
_
- direitos reprodutivos e tratamento de infertilidade '
- doenças sexualmente transmissíveis
- saúde naadolescência.
A
mais recente Leido
ConcubinatoAtos do
Poder
Legislativo _ FDireito de
F
amília -Companheiros
- Direito a Alimentos e a SucessãoLei n° 8.971,
de 29
deDezembro
de
1994.7
Promove
profundamodificação no
direito de família brasileira, regulandoo
direitodos
companheiros
a alimentos e à sucessão. 'o
PRESIDENTE
DA
REPÚBLICA
_Faço
saberque
o
Congresso Nacional' decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Art. 'l -
A
companheiracomprovada
deum
homem
solteiro, separado judicialmente,divorciado
ou
viúvo,que
com
ele vivahá
maisdecinco
anos,ou
dele tenha prole, poderávaler-se
do
disposto na Lei n° 5.478,de 25 de
julhode
1968, 'enquanto não constituirnova
união e desde
que
prove necessidade.i
Parágrafo único: Igual direito e nas
mesmas
condições é reconhecidoao companheiro
de mulher
solteira, separada judicialmente, divorciadaou
viúva.Art. 2 -
As
pessoas referidasno
artigo anterior participarãoda
sucessão do(a)companheiro(a) nas seguintes condições: _
I - O(a)_ companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto
não
constituirnova
união,ao
usufrutode
quartaipartedos
bensdo
“de cujos”, se houver filhos desteou
comuns;_, . . -~
II - O(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto
nao
constituirnova
uniao,ao
usufrutoda metade
dos bensdo
“de cujos”, senão
houver filhos,embora
sobrevivamascendentes; »
V .
_
A
III -
Na
faltade
descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terádireito.à totalidade
da
herança. iA
~ Art. 3° -
Quando
os bens deixados pelo(a) autor(a) da herança resultarem de atividadesem
que
haja colaboração do(a) companheiro(a), teráo
sobrevivente direito àmetade
dos bens.Art. 4°
-Esta
Lei entraem
vigor na data de sua publicação. .5° -
Revogam-se
as disposiçõesem
contrário. eBrasília,
29
dedezembro de
1994; 173 da Independência e 106da
República. ~ITAMAR
FRANCO
VzAlexandre
de
PaulaDupeyrat
Martins(DOU,
seção
I,de
30.12.94, pág. 21“o41).~....Em
27/O9/8i5‹ffoi'"criada a segunda delegacia da mulherem
Florianópolis, a qual realizaatendiiñëntos a
menores
infiatores e proteção à mulher vítima de violência.Crescem
osmovimentos que
combatem
a violência contra a mulher,0
Centrode
Estudo
Sobre a Mulher, entre out-ros.Todos
essesMovimentos
e Leistomam-se
valiosas conquistas para as mulheres, que,ao
longodo
tempo,vêm
lutando contra a exploração e opressão.A
mulhervem
lutando por sua emancipação,ou
seja, pela conquista dos direitos decidadã.
i
H
Essas- lutas
vem
ajudando a mulher vítima de violência a avançar nacompreensão
dosproblemas
que
aenvolvem
eda
necessidade de sua urgente superação.z