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Preparação desportiva a longo prazo no futsal: desenvolvimento das capacidades motoras no escalão de infantis na EFAP - Chaves

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Vanessa Raquel dos Santos Teixeira Quintino

Relatório de Estágio

Preparação desportiva a longo prazo no futsal:

desenvolvimento das capacidades motoras no

escalão de Infantis na EFAP - Chaves

2º CICLO EM MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO COM ESPECIALIZAÇÃO EM JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E

ALTO DOURO

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Vanessa Raquel dos Santos Teixeira Quintino

Relatório de Estágio

Preparação desportiva a longo prazo no futsal:

desenvolvimento das capacidades motoras no

escalão de Infantis na EFAP - Chaves

2º CICLO EM MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO COM ESPECIALIZAÇÃO EM JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS

Orientadores: Professor Doutor Nuno Leite

UTAD

Vila Real, Setembro de 2014

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Dissertação apresentada à Universidade de

Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) como

requisito para a obtenção do grau de Mestre no 2º ciclo em Ciências do Desporto com Especialização em Jogos Desportivos Coletivos , sob a orientação do Professor Doutor Nuno Leite.

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Agradecimentos

Apesar do presente documento se tratar de um trabalho de caráter individual, não seria possível sem a preciosa colaboração de um conjunto de pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização do mesmo. Por este motivo, presto aqui o meu sincero agradecimento.

Ao meu supervisor de estágio Álvaro Santos, pelo apoio, ajuda e todo o conhecimento que me transmitiu ao longo deste período de estágio. Obrigada pela disponibilidade, pelas palavras de alento e por todos os conselhos e ensinamentos transmitidos provaram ser uma ajuda fundamental para se ultrapassar os obstáculos do dia-a-dia.

Ao professor doutor Nuno Leite agradeço toda a disponibilidade, todas as ajudas prestadas e a elevada exigência que sempre demonstrou para com os meus trabalhos e rigor científico.

Ao nosso presidente da EFAP, Calina e restante STAFF da Escolinha de Futsal Arnaldo Pereira de Chaves, por me terem acolhido espetacularmente, por todo o ano de companheirismo, pela sua amizade e por todas as “praxes” que me fizeram passar.

À minha equipinha de Infantis pelos bons momentos que passamos e por terem contribuído para a realização desta experiência única e pelos desafios que me colocaram em cada treino e em cada jogo. Obrigada a todos.

Ao meu gangue do Secundário e ao Nilton, que foram o meu “escape” durante os momentos mais intensos desta etapa da minha vida e que sempre me ouviram e incentivaram. Obrigada, pessoal.

Aos meus irmãos, por serem eles próprios e nunca me darem um minuto de descanso, treinando constantemente a minha paciência, mas dando-me apoio sempre que eu precisasse.

E, finalmente, aos meus pais, já que sem eles eu não estaria aqui nem seria quem sou hoje. Obrigada por me ensinarem a nunca desistir dos meus sonhos e a trabalhar arduamente para ser capaz de me superar a mim própria.

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Índice

Agradecimentos ... V Índice de figuras... VII Índice de quadros ... VIII Índice de Abreviaturas ... IX Resumo...X Abstract ... XI 1 - INTRODUÇÃO ... 1 2- DESENVOLVIMENTO ... 2 2.1 A formação no futsal ... 2

2.1.1 Caracterização do futsal e do jogo ... 2

2.1.2 A importância da formação no futsal e as suas especificidades ... 3

2.1.3 O aparecimento das escolinhas de futsal : O exemplo da EFAP - Chaves ... 4

2.2 Preparação Desportiva a longo prazo... 5

2.2.1 Tática vs Técnica ... 5

2.3 Desenvolvimento do atleta ... 9

2.3.1 Etapas de desenvolvimento do atleta ... 9

2.3.2 Desenvolvimento das capacidades motoras na EFAP - Chaves ... 17

3 – TRABALHO DESENVOLVIDO ... 23

3.1 Enquadramento da equipa na estrutura da EFAP - Chaves ... 23

3.2 Competências do treinador na EFAP ... 25

3.3 A época desportiva 2012/2013 ... 26

3.3.1 Processo de treino da equipa ... 26

3.3.2 Organização do treino ... 28

3.3.3 Sistema de Jogo ... 30

3.3.4 Principais dificuldades encontradas ... 31

3.4 Análise geral do processo de treino ... 33

3. 5 Considerações para o futuro ... 35

4 –CONCLUSÕES FINAIS ... 36

5 – BIBLIOGRAFIA ... 37 Anexos ...

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Índice de figuras

Figura 2.1: As diferentes etapas do LTAD e como se relacionam entre si (Balyi et al, 2014) ……….12

Figura 2.2: Estrutura e número de equipas por escalão na EFAP – Chaves durante a época desportiva 2012/2013 ………24

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Índice de quadros

Quadro 2.1: Atalhos ( shortcomings) normalmente utilizados no desenvolvimento do atleta e as suas consequências( Balyi et al, 2014)………16

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Índice de Abreviaturas

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

EFAP – Escolinha de Futsal Arnaldo Pereira

JDC – Jogos Desportivos Coletivos

JR – Jogos Reduzidos

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Resumo

O documento aqui apresentado tem como objetivo projetar todas as minhas experiências e vivências enquanto treinadora “estagiária” durante época desportiva 2012/2013, destinado ao Estágio Supervisionado, que está inserido no 2º ciclo de estudos em Ciências do Desporto com especialização em Jogos Desportivos Coletivos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ( UTAD). O Estágio Supervisionado é considerado tanto como o fim de uma etapa e como uma preparação para o início de outra, tendo como intuito de servir como alicerce de toda uma formação relativamente constante, contínua e reflexiva na vida do treinador. É através deste relatório que transmito todo o conjunto de experiências que me acompanharam ao longo desta época desportiva com treinadora de um escalão de formação em futsal. Aqui declaro as minhas dificuldades, dúvidas, angústias e preocupações mas também as estratégias, recursos e soluções utilizadas durante todo este processo de aprendizagem que foi a minha intervenção no estágio.

A preparação desportiva a longo prazo no futsal e o treino de capacidades motoras são assuntos ainda pouco debatidos e pouco utilizados no processo de formação dos jovens atletas. Ambos os assuntos têm uma enorme importância no processo de formação, tanto para se alcançar a excelência desportiva como para manter um estilo de vida saudável através da prática de atividade física mas continuam a ser deixados um pouco de parte. De modo a alterar esta tendência, estes foram os temas centrais do processo de treino durante a época desportiva na equipa de Infantis B da EFAP e os temas desenvolvidos durante este relatório de estágio.

Palavras-Chave: ESTÁGIO SUPERVISIONADO ; JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS; FORMAÇÃO NO FUTSAL ; CAPACIDADES MOTORAS; ESCALÕES DE FORMAÇÃO.

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Abstract

This document has as its main objective show all my experiences and livings as a coach during the 2012/2013 sports season destined to Traineeship that is part of the 2nd cycle of studies in Sports Sciences with specialization in team sports games in University of Trás-os-Montes and Alto Douro (UTAD). The traineeship is considered as the end of one stage and as the preparation for the beginning of another, having as intention to serve as foundation for a constant, continuous and reflexive formation throughout the life of a coach. Through this report I transmit a whole set of experiences that I went through during this sports season as a trainee coach of a futsal formation team . Here I write about my difficulties, doubts, distresses and worries but also the strategies, resources and solutions that I used during all this process of learning that was my traineeship intervention.

The long term sports preparation in futsal and the motor skills training are subjects with little debate and have little use in the young athletes’ formation process. Both subjects are really important in the formation process, as much as for sports excellency achievement as for maintaining a healthy lifestyle through the sports practice but this subjects are still left aside. In an effort to change this, this two subjects were the main themes of the formation process during the sports season in the EFAP Infantiles B team and the main themes of this report.

Palavras-Chave: TRAINEESHIP; TEAM SPORTS GAMES ; FUTSAL FORMATION; MOTOR SKILLS; CHILDREN FORMATION.

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1 – INTRODUÇÃO

“Durante a formação dos atletas é necessário a definição de objetivos que visem a autossuperação, que enalteçam o processo da tarefa e não o resultado final, e a promoção de expectativas positivas de forma a motivar e aumentar a autoconfiança do atleta.”

Serpa (2003, citado por Lopes, 2011)

O futsal trata-se de um jogo cada mais popular e por isso mesmo existe uma crescente preocupação com as questões de preparação desportiva a longo prazo: o que devemos ensinar às crianças em cada fase da sua vida? Quais as competências que a criança deverá ter para atingir a elite? Quais as capacidades motoras essenciais à pratica do futsal e quando as devemos promover nas crianças? Como podemos fazer com que os nossos atletas atinjam a elite sendo o mais completo possível? E muitas mais questões se põe sobre este assunto.

Uma das questões mais pertinentes relativamente à preparação desportiva a longo prazo no futsal é o treino e o desenvolvimento das capacidades motoras nos jovens atletas. Apesar de ser pertinente, muitos treinadores tendem a esquecerem-se da sua importância e deixam esta componente um pouco de parte, comprometendo o desenvolvimento a longo prazo do atleta, a sua capacidade de atingir o desporto de excelência e a sua capacidade de continuar a ter uma vida ativa desportivamente.

Pegando nalgumas questões com as quais me defrontei durante o estágio supervisionado em JDC na Escolinha de Futsal Arnaldo Pereira em Chaves e em algumas questões teóricas relacionadas com o tema foi possível a realização deste relatório que pretende mostrar a importância da inclusão do treino das capacidades motoras no futsal e as suas especificidades na formação do futsal.

Este relatório tem quatro áreas de intervenção: uma introdução teórica à temática do estágio, a reflexão do trabalho realizada ao longo da época desportiva, incluindo um enquadramento das capacidades motoras na equipa da EFAP – Chaves e, por último, algumas considerações a ter em conta relativamente à equipa em questão e ao seu processo de formação.

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2- DESENVOLVIMENTO

2.1 A formação no futsal

2.1.1 Caracterização do futsal e do jogo

O futsal trata-se de um desporto coletivo que apareceu à relativamente pouco tempo no panorama do desporto mundial, em comparação com os restantes jogos desportivos coletivos, e tem uma particular importância nos países da América do Sul, mais concretamente Brasil, nos países do sul da Europa, especialmente na Espanha, Itália e Portugal, e em alguns países da Europa de Leste (Serrano et al, 2013).

Para a maior parte das pessoas, o futsal é nada mais nada menos que uma reprodução do futebol. Em termos muito gerais, as regras são as mesmas apesar de no futsal a bola ser mais pequena e ter um peso diferente da bola de futebol, existe um menor número de jogadores (apenas cinco jogadores em campo por equipa), há um número ilimitado de substituições, os lançamentos de linha lateral são realizados com o pé, a baliza tem dimensões mais reduzidas, o campo é mais pequeno em relação ao campo de futebol e é um piso rígido (Santos & Ré, 2014).

Neste desporto, há uma forte relação entre as ações de ataque e de defesa, estando inseparavelmente ligadas através das ações dos jogadores e das equipas. Os movimentos de cada jogador no campo assumem uma determinada forma dependendo da sua própria posição e da posição de todos os restantes jogadores no campo. Caso haja uma mudança de posse de bola, as movimentações alteram-se nesse mesmo momento. Todos os jogadores, independentemente do local onde se encontrem no campo, podem passar imediatamente da defesa para o ataque e vice-versa (Lopes, 2011 citando Greco, 1995).

Outra das características deste desporto é a grande proximidade que os jogadores têm como o adversário, devido às dimensões de campo reduzidas e ao grande número de deslocamentos. Esta proximidade entre jogadores faz com que as ações tenham de ser rápidas e inesperadas, sendo que as possibilidades de desempenho são limitadas por movimentos demasiado

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inflexíveis e automáticos (Greco e Benda, 2001; Kroger e Roth, 2002; Ré e Barbanti, 2006, citados por Santos e Ré, 2014). A necessidade de realizar diferentes tipos de deslocamento, remates, várias acelerações, fintas, desacelerações, mudanças de direção, passes, desarmes, saltos, faz com que haja uma grande adaptação neuromuscular, o que vai favorecer ganhos físicos em termos de potência e agilidade (Santos e Ré, 2014).

O futsal permite um elevado número de contactos individuais com a bola comparativamente ao futebol devido às duas características singulares: um número reduzido de jogadores e espaço de jogo reduzido.

2.1.2 A importância da formação no futsal e as suas especificidades

Santos & Ré (2014, p.74 ) afirmam que “ainda que tenhamos um aumento no número de estudos sobre o processo de formação de jovens atletas, na prática, muitas vezes, o que se observa é a utilização da mesma estrutura de treinamento dos adultos, reproduzida em menores proporções nas crianças. “ Continuando dentro do pensamento dos mesmos autores, é visível que, principalmente nos jogos coletivos, a prática deste tipo de desportos nas crianças começa em tenra idade, que existe uma falta de bibliografia específica e que não há uma boa formação no processo de treino em crianças e jovens por parte dos recursos humanos, o que faz com que haja uma dificuldade em encontrar uma boa metodologia de processo de treino.

Saad (2002) afirma que é necessário ter especiais cuidados durante o processo de formação desportiva das crianças e jovens, devendo haver uma preocupação nos métodos de promoção de talentos, contrariamente aos métodos baseados em identificação precoce. Afirma, também, que o desempenho desportivo na adolescência têm várias influências de características transitórias associadas ao complexo processo de crescimento e maturação, sendo esta a fase em que os atletas são selecionados para o treino específico de uma modalidade, o que faz com que atletas com uma maturação biológica mais lenta possam ser excluídos do processo de formação. Este mesmo autor, realça a importância da interação entre aspetos físicos, técnicos

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e táticos (juntamente com os fatores psicológicos e cognitivos) para se atingir o sucesso no processo de formação do atleta, sendo que o planeamento do processo de treino algo a ter especial atenção.

Outro aspeto na formação de atletas no futsal é a competição das escolinhas de futsal. A competição traz, por si só, a busca pela vitória, tanto da parte dos treinadores, como dos diretos, pais e atletas. Agravando este facto, há a cultura de visão imediata que está presente no futsal, que resulta num ênfase demasiado grande nas vitórias na competição por partes dos escalões iniciais, dando um grande peso ao desempenho no momento e não ao processo de formação. Vários investigadores afirmam que isto faz com que os chamados de talentos são as crianças que se destacam no momento, fazendo com que todo o processo de formação esteja dependente do desempenho da criança e de objetivos a curto prazo, não tendo em consideração que o processo se trata da interação de vários fatores que se podem alterar ao longo do tempo.

2.1.3 O aparecimento das escolinhas de futsal : O exemplo da EFAP - Chaves

O futsal nasceu como um desporto derivado do futebol mas tem apresentado um crescimento como o do futebol e tem tido um grande interesse por parte dos media, dos clubes e associações (Machado e Gomes, 1999).

O futsal foi um desporto que sofreu um grande crescimento nas últimas décadas que resultou um maior nível de competitividade e numa maior preocupação com o processo de formação na modalidade (Santos e Ré, 2014). Acabou por sofrer bastantes alterações a nível organizacionais, competitivos e profissionais, sendo que é mais notória a popularidade do desporto nas escolas, clubes e associações (Machado e Gomes, 1999).

Devido a esta crescente popularidade do futsal, surgiram as escolinhas de futsal tendo atingido o seu pico no início do milénio. Estas escolinhas surgiram inicialmente, como a principal fonte de busca de talentos desportivos para o futebol (Machado e Gomes, 1999) mas foram evoluindo e criaram um modelo próprio de desenvolvimento e de contextualização na sociedade.

Em termos de competição, em Portugal, os jovens cada vez mais têm acesso a esta, estando os quadros de competições de escalões jovens de

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várias associações em constante expansão, sendo que em cada ano aumentam o número de equipas inscritas e o número de escalões e de séries abrangidos pela competição.

Como forma de responder a este fenómeno no concelho de Chaves foi fundada a Escolinha de Futsal Arnaldo Pereira ( EFAP – Chaves). A EFAP apresentou-se com os objetivos a longo prazo de ser uma escola de formação de futsal virada para o desenvolvimento dos atletas, com auxílio de treinadores com formação e com treino especializado de guarda-redes. Apesar da sua curta existência e das lacunas no funcionamento do projeto que são normais em projetos recentes, a EFAP tem tido, de época para época, melhorias visíveis em termos de cumprimento do objetivos gerais da instituição. Um dos métodos utilizados para atingir esses objetivos iniciais foi a aceitação do estágio supervisionado do mestrado em JDC da UTAD na sua instituição, tendo assim fornecer-se de treinadores com formação para o processo de ensino do futsal e com formação em preparação desportiva a longo prazo.

Com este estágio supervisionado, foi possível à EFAP ter o contato com modelos de desenvolvimento dos atletas o que permitia encontrar soluções para alguns do problemas que a EFAP tinha desde a sua formação, sendo que o mais importante a estruturação de conteúdos para cada escalão e as adaptações necessárias ao bom desenvolvimento de todos os atletas da instituição.

A realidade das escolinhas de futsal está cada vez mais presente no nosso quotidiano e cada vez mais se irá afirmar no mundo desportivo e a EFAP pretende estar associada a este crescimento das escolinhas de futsal e pretende melhorar cada vez mais a formação dos seus atletas, treinadores e pais de modo a contribuir para continuar o crescimento da modalidade no nosso país.

2.2 Preparação Desportiva a longo prazo

2.2.1 Tática vs Técnica

Rothig (1983, citado por Castelo,2000 ) afirma que a técnica desportiva se trata de um ocorrer de ações motoras ordenadas que têm como finalidade serem solução para as tarefas exigidas por certas situações desportivas.

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Castelo (2000 ) refere que o objetivo da aprendizagem da técnica de qualquer modalidade se estabelece em duas vertentes principais, sendo elas a aquisição de um conjunto de aptidões técnico-desportivas e o seu

aperfeiçoamento e desenvolvimento. Completa o seu pensamento dizendo que o treino da técnica permite que haja uma aquisição de uma disponibilidade motora ou de um reportório de respostas motoras, que permitem aos atletas desenvolverem as suas capacidades, para se adaptarem com a maior eficiência possível às diferentes situações a que estão sujeitos na prática desportiva.

A técnica é um fator importante na estrutura da maior parte das modalidades em termos de orgânica do rendimento e, em alguns casos, é mesmo o mais fator mais importante da estrutura de rendimento. Esta importância é devida à complexidade das habilidades motoras que cada modalidade exige, o que implica que a própria técnica caracteriza cada uma das modalidades (Castelo, 2000).

Falando na técnica aplicada aos Jogos Desportivos Coletivos (JDC) , estes apresentam-se como modalidades de estrutura complexa e que, segundo Castelo (2000, p. 175) “requerem o domínio de várias técnicas diferenciadas que são executadas sob condições que variam frequentemente”, não sendo possível definir a técnica com apenas uma expressão devido aos aspetos complexos e variados que esta implica.

O ensino da técnica desportiva nos JDC tem várias fases em termos de processo de aprendizagem, sendo normalmente percorridas até atingirem a eficiência motora (Castelo,2000). São elas:

 Fase de generalização ou de coordenação global do movimento;  Fase de concentração ou etapa de coordenação fina;

 Fase de automatização ou estabilização;  Aplicação variável do movimento.

Dentro da primeira fase, primeiro, o atleta deve compreender a tarefa, ou seja, deve primeiro haver uma introdução ao gesto técnico, deve haver uma explicação verbal, uma exemplificação e, após isto, o atleta deve ser deixado para realizar as primeiras tentativas. Durante esta fase, o treinador deve ter como objetivos: criar um estado mental positivo no atleta, motivar a

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aprendizagem do gesto técnico, evidenciando a necessidade e a importância do mesmo e, por fim, deve direcionar a atenção dos atletas através de uma expressão verbal ( Castelo, 2000).

Ainda referente à primeira fase, ainda existe uma grande influência da coordenação motora geral, já que para executar as primeiras tentativas, o atleta deve já ter um programa motor de base, de modo a conseguir cumprir as exigências da tarefa, como por exemplo, ter um bom nível de coordenação motora, de equilíbrio, de agilidade, de velocidade, etc. Este programa motor de base deve ser proveniente de experiências anteriores, dos feedbacks das experiências anteriores e do feedback do treinador ( Castelo, 2000).

Um jogador com boa técnica tem capacidade de selecionar as técnicas mais adequadas para responder efetivamente à dinâmica do jogo (Pinto, 1996). Saad (2002, pág.26), apoiando-se em Pinto, afirma que “o ensino e o treinamento da técnica no Futsal, não devem restringir-se exclusivamente ao gesto técnico, mas atender sobretudo as imposições da sua adequação às situações de jogo”. A aprendizagem da técnica, no futsal, é apenas um dos pré-requisitos para que, em situações complexas de jogo, o atleta seja capaz de resolver os problemas colocados pelo contexto em que se encontra. Greco (1998), afirma que uma boa capacidade de perceção, antecipação e tomada de decisão, que são considerados características importantes para o comportamento tático, têm tratados como aspetos secundários nas escolinhas da modalidade e no treino de equipas de competição, incluindo nas equipas de alto rendimento desportivo.

Marques e Oliveira (2001) defendem que em termos de treino das capacidades motoras, a ênfase não tem sido colocada nos fatores mais importantes, atualmente, já que no processo de formação dos jovens atletas a lógica pedagógica deve sobrepor-se à lógica funcional, ou seja, a prioridade deste processo deve ser colocada nas competências coordenativas específicas mais conhecidas como técnicas desportivas. Este pensamento dos autores baseia-se no entendimento de que a técnica corresponde a uma forma especializada da coordenação e que as capacidades coordenativas utilizadas no desporto estão ligadas aos movimentos básicos que se supõem adquiridos quando o início da especialização desportiva.

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Relativamente à tática, o seu ensino implica que haja um conhecimento e reconhecimento no praticante das características anteriormente adquiridas nas fases de desenvolvimento anteriores para poderem atingir a eficácia técnico-tática. De acordo com Castelo (2000 , citando Konzag, 1983), existem quatro fases fundamentais do processo de ensino-aprendizagem da tática desportiva:

 Aprendizagem e aperfeiçoamento das habilidades motoras inerentes à modalidade praticada;

 Aprendizagem, estabilização e aperfeiçoamento das ações técnico-táticas determinadas pelas situações competitivas;

 Desenvolvimento, estabilização e aperfeiçoamento de capacidade competitiva geral;

 Utilização e aperfeiçoamento da capacidade competitiva global em competições oficiais.

Relativamente à primeira fase, que se trata da mais importante em termos de utilização da técnica, esta exige uma aprendizagem motora de movimentos individuais e coletivos, mais pormenorizados ou na sua forma mais global, e, a parte mais importante, deve existir uma estabilização da coordenação fina e da adaptação da mesma às condições alteráveis por várias modificações: tempo, movimentos, distâncias, lateralidade e diferentes combinações entre os vários elementos técnicos e as suas variantes de execução, coordenação e sincronização no espaço e no tempo e aumento do nível de exigência pedida em termos coordenativos, condicionais e psicológicos.

Falando dos princípios metodológicos da formação tática desportiva, os atletas e as equipas têm como motivador principal a resolução de problemas de situações de jogo, tendo como objetivo a obtenção dos melhores resultados possíveis. De modo realizar isto de um modo rentável e pedagógico, impõem-se que (Castelo,2000) :

1) Haja uma formação elementar através de:

a) Do um desenvolvimento das capacidades motoras do atleta; b) A educação das qualidades psicocaracterísticas de personalidade; c) O desenvolvimento das técnicas motoras.

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2) Criar pressupostos de desenvolvimento das capacidades condicionais, das aptidões técnico-táticas, das qualidades psicológicas e a utilização durante a competição;

3) A formação técnico-tática dos jogadores assume na didática dos JDC uma posição central pois é a partir desta que se treina e estimula as restantes capacidades e não ao contrário pois é impossível.

Relacionando tática com técnica, podemos afirmar que a técnica é tida como um rol de movimentos permitidos numa modalidade tendo como objetivo ser solução para qualquer tarefa eficientemente para atingir determinado objetivo anteriormente determinado. Deve-se salientar que o gesto técnico desportivo é um meio para solucionar os problemas que a competição e por isso, está ligada diretamente ao fator tático desportivo já que este é encarado como meio de unificação dos comportamentos e atitudes dos atletas para atingirem objetivos para uma determinada competição. Durante a competição, “ o gesto técnico é praticamente inseparável da tática desportiva, exprimindo-se na noção de ação ( gesto) técnico tática” (Castelo,2000 p.146).

2.3 Desenvolvimento do atleta

2.3.1 Etapas de desenvolvimento do atleta

Falando de etapas de preparação e desenvolvimento do atleta, estas devem adaptar-se à especificidade das próprias modalidades desportivas, encontrando distintos enquadramentos temporais. Falando do caso dos JDC e mais especificamente do futsal, Balyi, Hamilton e Parkinson (1998, citado por Cunha, 1999) afirmam que este se trata de um desporto de especialização tardia e que tem várias etapas de desenvolvimento que devem ser respeitadas para haver um desenvolvimento harmonioso do atleta.

Relativamente ao desenvolvimento do atleta, Stratton et al(2004) refere que existem dois grandes períodos de crescimento, a infância e a puberdade. Dentro desses períodos, as raparigas, normalmente, não crescem mais 5 centímetros após a menarca, contrariamente aos rapazes que continuam a

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crescer até aos 20 anos. O aumento do peso acompanha a entrada na puberdade, sendo que as raparigas têm um aumento do peso dois anos antes dos rapazes, tendo o seu pico entre os 10 e os 14 anos. Nos rapazes, este aumento de peso acontece entre os 12 e os 16 anos. Stratton et al(2004) refere que, em ambos os sexos, após ultrapassarem o pico máximo, continua a haver um aumento de peso, mas mais estável.

As diferentes capacidades motoras apresentam uma diferente plasticidade no decurso da vida, principalmente durante a idade escolar, puberdade e adolescência (Conzelman, 1998, citado por Cunha, 1999).

Outro conceito importante no desenvolvimento da criança é o conceito de literacia motora. Whitehead (2001) define o conceito como uma disposição individual em que uma pessoa tem a motivação, a confiança, a competência física, o conhecimento e o entendimento para valorizar e ter responsabilidade de manter metas físicas durante o seu percurso de vida. A mesma autora acrescenta a este conceito o facto de que todos os humanos possuem este potencial, contudo a expressão deste potencial especificamente depende das qualidades de cada indivíduo em relação a todas as capacidades e será influenciado particularmente pela cultura onde cada indivíduo vive.

Balyi, Hamilton e Parkinson (1998, citado por Cunha, 1999) referem quais as características básicas do desenvolvimento emocional, mental e cognitivo das crianças e quais as respetivas implicações para o treinador. Falando de crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, estes apresentam um tempo de concentração na tarefa relativamente curto por isso mesmo deve-se utilizar instruções claras, simples e curtas, devendo ser também encorajada a manifestação da opinião das crianças enquanto jogam e treinam. As crianças necessitam regularmente de reforço positivo por parte do treinador e deve haver um grande controlo sobre a influência dos companheiros, já que esta é uma grande força orientadora para a criança em todas as atividades.

Em relação às crianças entre os 13 e os 18 anos, o seu pensamento abstrato já se estabeleceu mais firmemente e por isso mesmo, os jogadores devem aprender como treinar, tratando de todas as componentes do treino:

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técnica, tática e teórica. Outro cuidado que o treinador deve ter, é não selecionar os precoces e negligenciar os atletas com um desenvolvimento tardio e ter capacidade de demonstração da técnica, de modo a facilitar o entendimento da tarefa por parte das crianças.

Para se desenvolver um programa apropriado de treino e de competição e se aproveitar uma maior treinabilidade das capacidades motoras e cognitivas do atletas, nasceu o modelo Long- Term Athlete Development ( LTAD) por Balyi e Hamilton , tendo como base de trabalho a identificação de atletas em termos de maturação : precoces, de maturação normal e maturação mais lenta ( Balyi e Way, 2010).

O LTAD, segundo Ford et al (2011), é um meio de providenciar estímulos adequados às crianças, em várias dimensões, durante os períodos sensíveis do desenvolvimento físico que variam mediante a maturação biológica dos jovens atletas, designando-se de “ Windows of opportunity” (janelas ótimas de treinabilidade). Os mesmos autores afirmam que os estímulos adequados durante a janela ótima de treinabilidade permitem que se acelere o desenvolvimento físico e que este seja um bom desenvolvimento.

O LTAD distingue sete fases de desenvolvimento desportivo do atleta, tendo em conta o seu desenvolvimento físico, mental, emocional e cognitivo. As fases são (Balyi et al ,2014):

 Active Start – Início Ativo ( dos 0 aos 6 anos de idade);

 FUNdamentals – FUNdamentais ( rapazes entre os 6 e os 9 anos; raparigas entre os 6 e os 8 anos);

 Learn to train – Aprender a treinar (rapazes dos 9 aos 12 anos; raparigas dos 8 aos 11 anos);

 Train to train – Treinar para treinar (rapazes dos 12 aos 16 anos; raparigas dos 11 aos 15 anos);

 Train to compete – Treinar para competir (rapazes dos 16 aos 23 anos; raparigas dos 15 aos 21 anos);

 Train to win – Treinar para ganhar (rapazes a partir dos 19 anos; raparigas a partir dos 18 anos);

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 Active for life – Ativo para a vida (pode-se entrar nesta fase logo após o pico de crescimento terminar).

Figura 2.1: As diferentes etapas do LTAD e como se relacionam entre si (Balyi et al, 2014). As primeiras três fases do LTAD ( Início Ativo, FUNdamentais e Aprender a treinar ) promovem a literacia motora e o desporto para todos. Já as três fases seguintes – Treinar para treinar, Treinar para competir e Treinar para ganhar – baseiam-se na procura da excelência desportiva. A última fase, Ativo para a vida, promove a atividade física ao longo do curso de vida.

A literacia motora surge como base da participação e excelência na atividade física e desporto. Este conceito refere-se ao desenvolvimento de um leque de capacidades fundamentais ao movimento, tais como correr, andar, saltar, atirar, e de capacidades fundamentais para o desporto, tais como apanhar, galopar, e que permitem a uma criança mover-se com confiança numa vasta gama de atividades físicas (Ford et al, 2011). Indivíduos com a

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literacia motora bastante desenvolvida têm uma maior probabilidade de ter uma vida desportiva ativa.

De acordo com os mesmos autores, o desenvolvimento de capacidades fundamentais para o movimento começa desde o nascimento e pode continuar até aos 11-12 anos de idade, dependendo da complexidade da capacidade ( Gabbard, 1992). As crianças precisam de adquirir padrões fundamentais desenvolvidos para melhorar a sua performance e adquirir maiores padrões de desenvolvimento de velocidade, equilíbrio, força e coordenação de modo a serem capazes de passar entre os diferentes estágios (Gabbard, 1992; McClenaghan e Gallahue, 1978).

Entre as idades de 6-8 anos e 10-12 anos, existe um grande desenvolvimento neural das crianças, o que parece coincidir com as janelas ótimas de treinabilidade das tarefas da literacia motora (capacidades fundamentais ao movimento e capacidades motoras gerais) no modelo LTAD ( Balyi e Hamilton, 2004 ) e com as melhorias da coordenação motora.

A primeira fase do modelo LTAD, “início ativo”, tem como objetivo aprender movimentos fundamentais e juntá-los para utilizar durante a prática desportiva. Segundo as publicações do CS4L (Balyi et al,2014), as crianças, nesta fase, devem realizar atividades físicas que ativem grandes áreas musculares, devendo realizar atividade física no exterior, sempre que possível, e ter acesso a um grande rol de atividades e jogos. Estas atividades não têm de ser sempre estruturadas, mas devem ser intensas, devendo as crianças ser encorajadas a realizar atividade física desde muito cedo. Nestas idades, a criança necessita de desenvolver um grande reportório de controlo corporal, de capacidades locomotoras e capacidades de enviar e receber objetos.

A fase “FUNdamentais” tem como objetivo aprender todas as capacidades fundamentais ao movimento e desenvolver capacidades de movimento geral, desenvolvendo a literacia motora. Uma criança não pode ter boas performances desportivas ou continuar ativa através de atividade física recreativa se não tiver a literacia motora desenvolvida. A chave para aprender e desenvolver estas capacidades é a diversão, já que as crianças aprendem melhor quando realizam atividades divertidas pois são interessantes para elas.

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Estas capacidades (literacia motora) devem ser aprendidas antes de o pico de crescimento da criança se iniciar, já que depois se torna mais difícil para o corpo desenvolver as capacidades fundamentais e o ABC da agilidade (equilíbrio, coordenação e velocidade). Com estas capacidades desenvolvidas, as crianças ganham a confiança para praticar qualquer desporto ou atividade física à sua escolha (Balyi et al, 2014).

De acordo com os mesmos autores, a fase “aprender a treinar” trata-se da fase mais importante para o desenvolvimento específico de capacidades para um desporto mas deve-se ter atenção em ensinar as crianças que se devem concentrar em competir e não em ganhar. Esta fase trata-se de um período de aprendizagem acelerado de coordenação e controlo motor fino, devendo ser, também, desenvolvidos e refinados todas as capacidades fundamentais do movimento e deve-se estabelecer os níveis de flexibilidade e resistência. As crianças devem procurar melhorar o seu desempenho e ter acesso a uma grande variedade de atividades, sendo que apenas 30% do tempo deve ser utilizado na competição. Deve-se promover uma prática física não-estrutura e diária e estimular as crianças a não se fixarem numa posição em determinado desporto devendo passar por todas.

Após a atingirem a fase “treinar para treinar”, deixa de haver uma promoção da literacia motora e passa a haver um estímulo para a construção de uma base aeróbica, para desenvolver a velocidade e força e consolidar as capacidades específicas do desporto em questão. No decorrer desta fase, há um aumento das horas de treino de modo a ser possível desenvolver todo o potencial a longo prazo do atleta. As idades que definem esta fase estão associadas ao fim do pico de crescimento, sendo que nesta altura estão prontos para consolidar capacidades específicas ao desporto, táticas e desenvolver a condição física. Esta fase é crítica na vida do atleta pois apesar de ter talento, de jogar para ganhar e de fazer o seu melhor, é necessário ainda dedicar mais tempo ao treino específico de habilidades e capacidades físicas em vez de dedicar mais tempo a competir em termos formais, já que o vencer deve continuar em segundo plano (Balyi et al, 2014).

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Na antepenúltima fase do LTAD, “treinar para competir”, apenas é escolhido um desporto no qual vão treinar até atingirem o maior nível possível de competição, treinando para solidificar as suas capacidades específicas do desporto e da posição que ocupam e as suas capacidades físicas. Os atletas necessitam, nesta fase, de um treino com uma grande intensidade e com um grande volume de treino, sendo muito importante serem acompanhados em tópicos tais como a nutrição, psicologia do desporto, recuperação e regeneração e prevenção de lesões desportivas. A competição formal torna-se mais prominente, havendo uma periodização anual dos treinos e planos de recuperação e inclui mais provas nacionais e internacionais. Os atletas que se encontram nesta fase não são participantes no desporto da comunidade, são atletas comprometidos com o desporto com talentos reconhecido e que escolheram o desporto de elite como o caminho a percorrer, de acordo com as publicações do CS4L.

A fase “treinar para ganhar” trata-se da última fase do modelo LTAD que segue a vertente de alta competição, sendo que nesta fase o foco é a obtenção de medalhas e pódios. Os atletas que se encontram nesta fase são atletas talentosos que realizam treinos de alta intensidade como meio de ganhar provas internacionais, tornando-se atletas “a tempo inteiro”. Enquanto as fases anteriores desenvolviam e otimizavam as capacidades, as táticas e as capacidades inatas de cada atleta, nesta fase os atletas já reconheceram o seu total potencial genético, devendo agora treinar para maximizar e manter a sua performance competitiva ao mais alto nível (Balyi et al, 2014).

A última fase, “ativo para a vida”, é a fase em que os atletas e participantes no desporto têm uma vida de participação ativa numa variedade de oportunidades e atividades físicas recreativas. Pode-se entrar nesta fase a qualquer idade, começando com o desenvolvimento da literacia motora na infância e envolve começar a ser competitivo durante o curso de vida e/ou em forma durante o curso de vida durante todas as fases da idade adulta. Esta fase é uma das três chaves do LTAD (juntamente com a literacia motora e a excelência desportiva) pois permite que a população adulta se mantenha ativa no desporto e na atividade física através do desenvolvimento da literacia motora. Os atletas e participantes entram nesta fase numa de duas alturas:

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 Depois de desenvolverem a literacia motora, no fim da fase “aprender para treinar”, e escolhem continuar envolvidos no desporto e na atividade física, sem procurarem a excelência desportiva;

 Depois de terem terminado o treino da alta competição do modelo LTAD ( Treinar para treinar, Treinar para competir e Treinar para ganhar);

Quadro 2.1 Atalhos ( shortcomings) normalmente utilizados no desenvolvimento do atleta e as suas consequências ( Balyi et al, 2014).

Atalhos no desenvolvimento do

atleta

Consequências

O treino de adultos e os programas de competição não são adequados aos jovens atletas.

Pobres habilidades do movimento e atléticas.

Os programas de treino são feitos para os atletas do sexo masculino e não são adequados aos sexo feminino.

Falta de condição física.

A preparação desportiva é feita para obtenção de resultados a curto prazo e não para haver um processo de desenvolvimento do atleta.

Hábitos podres desenvolvidos devido ao excesso de competição focada em vencer.

Os treinados negligenciam os períodos sensíveis de aceleração da adaptação ao treino.

As atletas podem não atingir o seu potencial máximo sem o programa de treino adequado.

As capacidades de movimento fundamentais do desporto não são ensinadas devidamente.

As crianças não se divertem se foram submetidas a programas de adultos. Os atletas são encorajados a

especializarem-se demasiado cedo.

Falta de desenvolvimento sistemático na próxima geração de atletas.

O planeamento da competição e do treino é feito pela idade cronológica e não pela idade maturacional.

Os atletas são puxados em várias direções pela escola, pelo clube e equipas de província devido à estrutura dos programas de competição.

Os pais não estão informados e educados acerca da literacia motora e do modelo LTAD.

Falha ao atingir os níveis de performance ótima em competições internacionais.

Durante a aplicação deste modelo é necessário ter em atenção a idade das crianças para poderem avançar de fase em fase em direção à excelência ou a uma vida ativa fisicamente. Isto porque o crescimento e desenvolvimento são processos naturais mas o tempo de maturação pode variar, já que uma criança

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com a idade cronológica de 12 anos pode ter uma idade biológica entre os 9 e os 15 anos (Borms, 1996, citado por Balyi e Way, 2010). A diferença é enorme entre os 9 e os 15 anos, mas, apesar disto, os atletas são muitas vezes treinados da mesma maneira e a participar em grupos com a mesma idade cronológica, o que faz com que os atletas precoces, especialmente rapazes, tenham uma grande vantagem em relação aos colegas (Balyi e Way, 2010). Por isso, é importante ter atenção para que haja uma adequação da fase em que o atleta se encontra, não só utilizando a idade como referência.

De acordo com o CS4L (Balyi e Way,2010), uma experiência positiva no desporto é a chave para manter os atletas a praticar desporto e atividade física após deixarem a alta competição. Por isso mesmo, o cumprimento das fases do LTAD é um passo importante para proporcionar aos atletas a tal experiência positiva que os atletas necessitam para se manterem ativos e para que, os atletas que se ficaram apenas pela fase “aprender a treinar” se sintam capazes e motivados para tornar o desporto e a atividade física uma parte importante da sua vida adulta.

2.3.2 Desenvolvimento das capacidades motoras na EFAP - Chaves

O futsal trata-se de um desporto de alta intensidade, tendo uma elevada requisição dos sistemas anaeróbio e aeróbio (desporto acíclico) e, por isso mesmo, tem uma elevada exigência aos atletas em termos de capacidades motoras, mais especificamente, da força, velocidade e agilidade (Santos e Ré, 2014). Os mesmos autores referem que o desempenho numa situação real de jogo por cada atleta, para além das capacidades motoras específicas (técnica) e a capacidade cognitiva (tática), é também influenciado pelas capacidades físicas e motoras.

Devido a esta grande presença das capacidades motoras e físicas na modalidade, torna-se importante desenvolver estas capacidades durante o processo de treino, numa forma mais direta (exercícios analíticos de condição física) ou de uma forma mais indireta (condicionantes durante o JR ou JC).

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Para além de serem importantes nos adultos, as capacidades motoras devem ter um maior desenvolvimento e uma maior importância durante a infância e a adolescência. Apesar de todas as capacidades motoras poderem ser influenciadas positivamente ao longo da vida, independentemente da idade cronológica e idade biológica, as capacidades motoras não apresentam todas a mesma plasticidade.

Marques e Oliveira (2001) afirmam que as aquisições e vivências no plano coordenativo-motor e essenciais á prestação desportiva são, normalmente, deficitárias, fazendo isto com que o normal desenvolvimento motor seja posto em causa, dificultando a aprendizagem e aperfeiçoamento das ações técnicas e o potencial de utilização condicional. Isto cria, então, dificuldades acrescidas aos técnicos desportivos aquando o planeamento e adoção de estratégias especializadas de preparação.

Estas situações reforçam as teorias de que a formação multilateral deve ser a base do treino na infância, promovendo um desenvolvimento multilateral específico no qual seja predominante a formação das capacidades técnico-coordenativas (Marques e Oliveira, 2001).

Tschiene (1988) vai de encontro a estas teorias e tenta reorganizar e sistematizar estas informações, propondo a classificação dos exercícios de treino no desporto de crianças e jovens segundo:

 O grau de transferência motora dos exercícios de competição;  O grau de efeito funcional em relação ao desenvolvimento

biológico e a idade de treino de jovens atletas;

 A intensidade necessária de realização dos exercícios;  Estruturação dos exercícios segundo a idade.

As capacidades motoras são componentes do rendimento desportivo e por isso mesmo conteúdos essenciais aos programas de treino dos jovens, mas o debate continua acerca do seu desenvolvimento e se tem sido tido mais em conta as questões que condicionam o seu nível de expressão, tal como o efeito do crescimento e da maturação ou a sua treinabilidade, e menos as suas estratégias de treino ao longo prazo (Marques e Oliveira, 2001).

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“As capacidades motoras são consideradas a base de uma hipotética pirâmide composta por todas as componentes do rendimento” (Marques e Oliveira, 2001). De acordo com este pensamento, o desempenho de tarefas com componente técnica ou tática teria sempre uma base de incidência de resistência, força, velocidade e/ou flexibilidade. Apesar de esta lógica, seria natural que o treino de capacidades motoras fosse o fundamental da preparação das crianças e jovens, devendo isto ser traduzido num maior volume de treino.

O desenvolvimento das capacidades motoras é influenciado pela prioridade que é concedida ao ensino da técnica desportiva, o que não desvaloriza de todo o treino das capacidades motoras, muito pelo contrário, este deve contribuir para acelerar o desenvolvimento técnico (Marques e Oliveira, 2001).

Relativamente ao treino da velocidade e da agilidade, estas tratam-se das capacidades mais importantes no futsal e é verdade que estas capacidades, principalmente a velocidade, são determinadas por vários fatores, principalmente genéticos, mas podem ser trabalhadas através de um correto programa de condicionamento. Este programa de condicionamento e treino e os seus consequentes ganhos resultam no desenvolvimento da coordenação motora, ou seja, do melhoramento da coordenação entre os músculos sinergistas e entre os antagonistas e agonistas, sendo por isso correto afirmar que a formação e aperfeiçoamento da técnica influenciam positivamente o treino da velocidade e agilidade (Marques e Oliveira, 2001; Davies, 2005).

De acordo com Davies, o treino da velocidade e agilidade deve ser feito através de quatro diferentes tipos de treino: treino da força e do poder de explosão; treino de velocidade de resistência; treino da flexibilidade e treino SAQ ( speed, agility e quickness – velocidade, agilidade e rapidez).

O treino da força e poder de explosão relaciona-se diretamente com a velocidade de aceleração, para se poder correr mais depressa, é necessário ter mais poder de explosão. Falando o treino de velocidade de resistência, os jogadores de futebol e futsal são várias vezes forçados a realizar vários sprints de alta intensidade em rápidas sucessões sendo que em cada sprint, sendo

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que a velocidade e o poder de explosão diminuem devido à fadiga. Para se alterar isto, o treino de velocidade de resistência e o treino aeróbio ajudam a manter um maior desempenho por mais tempo. Em relação ao treino da flexibilidade, este pode libertar alguma rigidez e promover o relaxamento que leva a uma contração mais rápida, aumentando o alcance do movimento que é importante para a rapidez e agilidade, ajudando nas mudanças de direção. O treino SAQ trata-se do conceito que o treino da velocidade ou treino de sprint podem ajudar a melhorar a velocidade, a aceleração e o poder de explosão. O treino da agilidade permite que haja mudanças de direção sem perder o equilíbrio, a força, a velocidade e o controlo corporal.

Deve-se fazer um aumento progressivo das exigências gerais da velocidade e da força para termos uma melhoria da coordenação motora dos gestos e ações desportivas em vez de se promover as exigências gerais de velocidade ou força. É necessário ter em conta, também, que não se deve realizar um treino geral orientado de velocidade e força, devendo-se optar por um treino da técnica em regime de velocidade e de força e em situações próximas do contexto real da atividade, devendo-se conciliar a intensidade com a correção do movimento (Marques e Oliveira, 2001).

Falando do treino das capacidades motoras na EFAP, apesar de haver alguma continuidade da equipa dos anos anteriores, era notória a lacuna existente em termos de desenvolvimento das capacidades motoras e técnica desportiva dos atletas. Os atletas apresentavam várias dificuldades em termos de controlo da bola no seu espaço motor de receção e passe e em termos de progressão com a bola pelo terreno de jogo, relacionando-se com as capacidades motoras de coordenação, equilíbrio e velocidade.

Relativamente á relação com bola e controlo da mesma no espaço motor, os atletas apresentavam várias dificuldades, principalmente quando se tratava de situações de 1x1 ou em situações de pressão defensiva por parte dos adversários. Os atletas tendiam a perder a bola nestas situações, não sendo depois capazes de reagir e tentar recuperar a bola imediatamente.

Os atletas apresentavam imensa dificuldade na realização de tarefas básicas, tais como passar ou rececionar uma bola ou em progredir pelo terreno

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de jogo com posse de bola, já que a lacuna existente em termos de equilíbrio afetava negativamente a performance dos jovens atletas em termos de fazer um passe correto ou a lacuna existente em termos de velocidade que fazia com que os atletas perdessem a bola quando tentava progredir em velocidade pelo terreno de jogo com bola ou quando tentavam ganhar uma bola perdida.

De acordo com Konzag (1991), a técnica é em algumas modalidades tais como os JDC, o instrumento para resolver situações de jogo já que estas modalidades são tidas como desportos de situação, são modalidades em que o fator decisão é muito importante (o que fazer?) mas também há uma grande necessidade de adaptação (como fazer?). Torna-se importante repensar o ensino da técnica durante o treino devendo ser valorizado o treino de regulação e controlo do movimento de modo a influenciarem efetivamente esta importante componente da formação.

Tentando utilizar o pensamento de Konzag (1991) e as orientações de Marques e Oliveira (2001), alterou-se o modelo de exercícios utilizado anteriormente, muito baseado no jogo formal e em situações analíticas fora do contexto real do jogo, e tentou-se introduzir exercícios de treino da técnica desportiva baseada no treino das capacidades motoras, utilizar JC com várias condicionantes que se adaptassem à capacidade motora a ser desenvolvida e utilizar circuitos que desenvolvessem as capacidades motoras básicas tais como a coordenação e o equilíbrio e ao mesmo tempo contribuíssem para o melhoramento da técnica desportiva.

Como não existiam grandes desigualdades entre a equipa, todos os exercícios realizados eram realizados por todos os elementos da equipa, tendo sido utilizados vários tipos de exercícios. Apesar disto, as raparigas apresentavam uma maior dificuldade em termos de equilíbrio e velocidade comparativamente aos rapazes, mas os rapazes apresentavam mais dificuldades em termos de coordenação.

Se olharmos para o modelo LTAD apresentado anteriormente, seria de prever que os atletas da equipa estariam na fase Aprender a treinar mas se olharmos para as capacidades por estes apresentadas e as lacunas no seu desenvolvimento como atletas, as indicações a serem respeitadas no primeiro

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trimestre da época deveriam ser as da fase “FUNdamentais”, de modo a tentar-se ultrapassar as lacunas encontradas inicialmente e, após isto, começar a utilizar as indicações da fase “aprender a treinar”.

Este foi o método utilizado, dividindo-se a época em duas partes: no primeiro trimestre, foi dado ênfase à continuação do desenvolvimento da literacia motora e ao desenvolvimento do ABC da agilidade (equilíbrio, coordenação e velocidade) e no segundo trimestre da época foi dado ênfase ao desenvolvimento da flexibilidade e da resistência, ao desenvolvimento mais específico da técnica e da compressão dos princípios de jogo.

Inicialmente, os atletas apresentaram-se bastante relutantes a este método pois não entendiam o porquê de estarem a realizar “exercícios básicos” nas palavras deles e foi um pouco complicado pois durante os primeiros seis ou sete treinos, os atletas tinham a sensação que os resultados não melhoravam e não percebiam porque tinham de treinar velocidade sem bola. Após várias explicações ao longo dos treinos sobre os propósitos dos exercícios que tanta discórdia geravam e sobre o facto que os jogadores passam a maior parte do jogo sem posse de bola por isso deveriam treinar a velocidade sem bola para ganhar a posse da mesma ( Davies, 2005), os atletas começaram a demonstrar mais motivação e empenho na realização dos exercícios e os desenvolvimentos começaram a ser notórios.

O início do segundo trimestre não foi tão complicado como o primeiro e os atletas já não apresentaram tantas dificuldades em termos de capacidades motoras mas tiveram bastantes dificuldades no domínio cognitivo do jogo, ou seja, da compreensão dos princípios de jogo.

Durante todos os exercícios efetuados, foi necessário haver constantemente várias mudanças de intensidade do exercício, começando sempre ou com exercícios menos intensos para os mais intensos, em termos de exigência das capacidades motoras a trabalhar (coordenação, equilíbrio e velocidade) ou com apenas um exercício que tinha uma intensidade crescente ao longo do tempo. Para além da intensidade, outro fator sempre presente durante todos os treinos e exercícios, principalmente durante os exercícios que

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envolvem coordenação motora, equilíbrio ou velocidade, era a correção constante do movimento e da posição.

No final da época, as raparigas apresentaram algumas melhorias em termos de equilíbrio, mas foi na velocidade que as melhorias foram mais visíveis, visto que no início da época não conseguiam ganhar a bola em velocidade e era difícil para elas moverem-se pelo campo, e no final da época já ganhavam grande parte das bolas perdidas e se conseguiam movimentar naturalmente pelo terreno de jogo. Falando das melhorias dos rapazes, houve algumas em termos de coordenação e controlo da bola, mas não apresentaram tantas melhorias como as conseguidas pelas raparigas da equipa.

Como o treino das capacidades motoras se trata de um processo contínuo no desenvolvimento do atleta, também o desenvolvimento das capacidades motoras na equipa de Infantis B da EFAP é um processo que foi iniciado nesta época, que resultou em melhorias visíveis em termos de controlo da bola, de passe e receção, de coordenação e velocidade, mas tem de ter continuidade na época seguinte para que seja possível que os atletas atinjam todas as fases de desenvolvimento.

3 – TRABALHO DESENVOLVIDO

3.1 Caracterização e enquadramento da equipa na estrutura da EFAP - Chaves

A EFAP - Chaves começou a sua atividade na época 2010/2011, tendo iniciado a sua atividade com uma equipa de Benjamins, uma de Infantis e uma de Iniciados. Ao longo dos anos, foram aumentando o número de atletas, o número de participações em torneios, os escalões e o staff da própria instituição.

Na época desportiva de 2012/2013, a EFAP – Chaves era constituída por: uma equipa de Petizes e Traquinas, uma equipa de Benjamins, duas equipas de Infantis e uma equipa de Iniciados. Os escalões estavam divididos por ano de nascimento mas em alguns escalões atletas mais velhos ou mais novos poderiam treinar no escalão abaixo ou acima, caso o treinador e o

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supervisor da EFAP assim os entendessem. Normalmente estas trocas ocorriam quando um atleta que ingressava pela primeira vez na EFAP demonstrava capacidades físicas, técnicas, táticas ou cognitivas um pouco abaixo ou acima da média do seu escalão correspondente, sendo posto o seu caso ao supervisor e decidido então que ingressaria ou no escalão abaixo ou no escalão acima.

Figura 2.2 Estrutura e número de equipas por escalão na EFAP – Chaves durante a época desportiva 2012/2013.

Durante o estágio supervisionado, ficou a meu cargo a equipa de Infantis B da EFAP – Chaves. Esta equipa de Infantis tinha a particularidade de ser a equipa que reunia os atletas com menores capacidades físicas, técnicas, táticas e cognitivas do próprio escalão (Infantis). Tal como as restantes equipas, não tinha competição regular na Associação de Futebol de Vila Real, participando apenas em encontros realizados por clubes parceiros da EFAP – Chaves em várias cidades.

A equipa, durante toda a época desportiva, debateu-se um pouco por encontrar o seu lugar dentro da EFAP pois os atletas sabiam que pertenciam ao mesmo escalão que a equipa A mas não percebiam porque não podiam treinar e jogar com os colegas da mesma idade e os próprios colegas da equipa A reconheciam que a equipa B apresentava um nível técnico, tático e cognitivo inferior ao deles, pelo que, às vezes, chegavam a discriminar os elementos da equipa B.

A equipa era constituída por 11 atletas com uma média de idades de 11,6 anos, sendo que 4 atletas eram do sexo feminino e tinham idades entre os

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10 e os 12 anos e os restantes 7 atletas eram do sexo masculino com idades entre os 10 e os 13 anos de idade. Apenas um dos atletas requeria atenção quando se tratava de prática de atividade física já que tinha asma.

3.2 Competências do treinador na EFAP

Independentemente da faixa etária em questão, o papel do treinador exige, segundo Lopes (2011) que o interveniente possua paixão pelo desporto e um conhecimento científico da modalidade, sendo possível a evolução do treinador quando estas duas variantes se encontram presentes.

Olhando para as indicações de Maças (2006), todas as tarefas realizadas pelo treinador devem ter como objetivo melhorar a sua relação com os jogadores, tanto no treino como na competição, tendo assim influência direta no rendimento desportivo dos atletas, já que o treinador é considerado como um exemplo para os mais novos.

De acordo com Castelo at al (1996, citado por Lopes,2011), o treinador tem como funções principais: ser especializado numa modalidade, ser líder do processo pedagógico, ser gestor de recursos humanos e deter a habilidade de valorizar o desenvolvimento da comunidade desportiva que conduz. Complementando esta ideia, Terroso e Pinheiro (2010) afirmam que é necessário, também, que haja uma formação contínua permanente do treinador.

Hoje em dia, cada vez mais o treinador de formação especializado é uma realidade nos quadros dos clubes de formação que cada vez mais se preocupam em oferecer uma formação especializada às crianças, trabalhando com treinadores com formação no treino da modalidade e no treino de crianças e jovens. Esta realidade crescente vem de encontro à ideia de Lopes (2011, pg. ) que afirma que “ser treinador de jovens não é o mesmo que ser treinador de «mini adultos», o papel de comunicador e transmissor de conhecimentos tem de ser moldado à idade dos praticantes

Devido a esta maior formação dos treinadores de crianças e jovens, hoje em dia, passou a ser da competência do treinador motivar o jovem atleta para a

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futura prática desportivas, sendo os treinadores decisivos no primeiro contacto da criança com a modalidade e a sua continuidade na atividade desportiva ( Garganta, 2004). É também da competência do treinador de formação a criação de condições, inicialmente em situações e depois em situações formais, de modo a dar hipóteses ao jovem de atingir o sucesso ( Adelino, Vieira e Coelho,2000).

Pegando nos pensamentos de todos os autores em cima mencionados, o treinador da EFAP deve ter como competências básicas:

 A paixão pelo desporto;

 O conhecimento técnico e tático da modalidade;  A capacidade de motivar os atletas para a prática;

 A capacidade de improvisação num treino, tanto em termos de exercícios e da sua organização como em termos de material existente;  A capacidade de correção e de dar feedback positivo aos atletas;

 A habilidade de dar reforço positivo aos atletas, principalmente aos mais novos;

 A capacidade de providenciar aos atletas, principalmente aos mais novos, exercícios estruturados de modo a desenvolver o seu todo com atletas;

 Deve ser capaz de providenciar aos atletas, principalmente aos mais jovens, atividades, exercícios e jogos que promovam a diversão dos atletas.

É essencial que o treinador desta instituição possua estas competências já que só deste modo poderá cumprir os objetivos gerais da instituição e promover a própria instituição no concelho através do melhor meio de promoção existente em termos de ensino do futsal : os próprios atletas.

3.3 A época desportiva 2012/2013

3.3.1 Processo de treino da equipa

O treino trata-se de um processo que tem como objetivo final o desenvolvimento das aptidões do atleta, recorrendo a exercícios planificados

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que são regidos por princípios e regras, obedecendo a uma lógica (Lopes,2011).

Existem várias formas de abordar o processo de treino, sendo que o ensino através da tática é o mais utilizado no ensino dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC). Este tipo de ensino apenas é eficaz quando as restantes componentes do treino, tais como a componente física, psicológicas e cognitiva, estiverem presentes. Para além disto, todos os estímulos utilizados no treino devem-se aproximar o mais possível das exigências da competição, permitindo aos atletas ter contacto com situações que exigem que os atletas tenham uma rápida tomada de decisão.

Relativamente ao processo de treino da equipa, este foi planeado em conjunto com o supervisor do estágio no início da época desportiva. Como a equipa apresentava várias dificuldades e lacunas no processo de formação, o processo de treino for organizado por objetivos a atingir ao longo da época desportiva. O objetivos delineados foram:

 Melhorar a técnica individual da equipa;

 Implementar o 4:0 como sistema de jogo da equipa;

 Melhorar as capacidades coordenativas gerais da equipa ( equilíbrio, velocidade de reação, etc);

 Melhorar a condição física geral (resistência, velocidade, força, flexibilidade) da equipa, tendo como principal foco a velocidade;

 Trabalhar os princípios da defesa (contenção, cobertura e equilíbrio);  Estimular a compreensão do jogo;

 Utilizar o jogo formal e os jogos reduzidos como a principal ferramenta de ensino.

Para além deste objetivos gerais, houve também o cuidado de elaborar objetivos individuais para cada atleta por treino. Como se tratava de uma equipa com bastantes dificuldades e heterogénea, esta necessidade de elaborar objetivos individuais para cada treino de modo a poder-se tirar o máximo de cada atleta em cada treino e, assim, ir de encontro aos objetivos gerais do processo de treino.

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3.3.2 Organização do treino

A prática cada mais comum nos JDC é a utilização dos Jogos Reduzidos (JR), já que estes são uma boa forma de aumentar a intensidade e/ou a velocidade do exercício, tendo sempre a motivação no exercício presente, já que se trata de uma forma jogada. De acordo com Haas et al (2009), devido à diminuição do tamanho do campo é produzida uma resposta do débito cardíaco o que faz com que haja uma maior intensidade do esforço realizado.

Continuando dentro da temática das vantagens dos JR na formação de futsal, estes apresentam-se como uma excelente forma de exercitar as capacidades técnicas e táticas dos atletas, já que “ através da manipulação do espaço nos JR podemos influenciar a performance dos jogadores relativamente ao facto de as probabilidades destes se relacionarem com a bola serem maiores, permitindo assim integrar um número de jogadores adequados num determinado espaço de jogo, havendo uma grande continuidade das ações ofensivas e defensivas.”

De acordo com Lopes (2011), citando Maçãs e Brito (2004), quando se trata do ensino do jogo em idades mais jovens, é importante a construção de um projeto coletivo em que cada ação de cada um dos atletas deve ter significado para os colegas de equipa, dentro da organização ofensiva da equipa, opondo-se à equipa contrária” .

Os Jogos Condicionados ( JC) são outra forma jogada bastante utilizada no futsal e nos JDC, mas normalmente apenas se verifica em escalões mais elevados ( a partir dos Infantis). Segundo Braz (1996,citado por Lopes,2011), os jogos condicionados e as jogadas previamente estabelecidas devem ser utilizadas no período competitivo, como forma de preparação para o jogo e com ênfase nas ações táticas.

Falando da EFAP, o treino iniciava-se sempre, sem exceções, com uma corrida de 5 minutos á volta do campo. Após a corrida inicial, eram realizados alongamentos da parte inferior e da parte medial do corpo (pés, pernas e tronco). Estes alongamentos duravam aproximadamente 5 minutos, já que tinha sido previamente especificado no funcionamento dos treinos na EFAP

Imagem

Figura 2.1:  As diferentes etapas do LTAD e como se relacionam entre si (Balyi et al, 2014)
Figura  2.2  Estrutura  e  número  de  equipas  por  escalão  na  EFAP  –  Chaves  durante  a  época  desportiva 2012/2013

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