A
C«,nstruçã«,
Axiul6gi.a
du
Irrdlirn
d.
tnf;ncia
A
C«,nstr*çã«,
fd"cativa
d,
Criança
entre
a
Fr*íli,
e
à
Es.ula
Ç
urn
est*du
d.
câst>
Mestrado
em Educação
-
variante
de
Administração
Escolar
Maria
do
Rosário
Amaro Vieira
Rodrigues
orientador:
Professor
Doutor
Luís
M.
S.
Sebastião
Mestrado
em
Educação
-
variante
de
Administração
Escolar
ft
Cunstrorção
Axiul6gica
tlo
Irrdli"
d.
tnfân.ia
ft
C,,nstrorção
Ed*cativa da Criança
entre
a
Faríli,
.
a
fs.ula
-
urn
est*du
d.
caso
"c§§
Éi(
'l/'8
c'3
L
Maria
do
Rosário
Amaro Vieira
Rodrigues
Orientador:
Professor
Doutor
Luís
M.
S.
Sebastião
Agradecimentos
No final
deste percurso importa agradecer a todos aqueles que ajudaram e acreditaram queafinal
era possível chegar aofim.
Começamos pelafamília:
aos pais pelo apoio epelas horas que deixaram
de
ser dois para passarema
ser quatro.Ao
Humberto pela compreensão das horas tardias,pela
preciosa ajuda nas pesquisas, nas leituras, pelo tempo que the roubei.Ao
Tiago pelos muitos
"mimos"que deixamos de dar.A
Mafaldapelo apoio que não dei e que retribuiu ao ler pacientemente cada
págrna-Aos
colegas de estudo, em especial ao grupo de Évora: àAna
aoLuís
e à Maria João. Pelasmútas
horas de estrad4 muitas horas de alegria (e tambémmútas
de tristeza...).Sem o apoio deles, em especial da Ana, não teria conseguido.
Aos
pais dos meninoi da
sala
A
do
Jardim de Infância da Bela Vista que
tão generosamente me ajudaram ao responder ao inquérito.Ao
Professor Luís Sebastião pela orientagão e disponibilidade.Resumo
A
ConstrugãoAxiológica
do Jardim de InfânciaA
Construção Educativa da Criança entre a Família e aEscola-
um estudo de casoDepois da elaboração de muitos Projectos Educativos, de muitos Planos de Actiüdades,
chegámos
à
conclusãoque
os
valores
sempre estiveram presentes, sempre frzerarrrparte...Nós
é que nunca tínhamos reparado.Com
este esfudo pretendemos saber, porum lado se os pais também se preocupam com a questão dos valores, pelo outro, até que
ponto um Projecto Educativo de um determinado Jardim de Infância também apresenta
essa preocupação. Partimos da
teoriq
desde a educação aos valores; analisamos várias correntes, relativasà
educaçãoem
valores; comentamosa
Lei
de
Basesdo
SistemaEducativo relativamente a esta questão. Não podíamos deixar de estudar um pouco da
Educação Pré-Escolar,
falamos
dos
Modelos
de
Educação
e
das
OrientaçõesCuniculares. Chegamos
a
um
inquérito
onde tentamos descobrir que valores os paistentam
hansmitir
aos seusfilhos
e
que são,na
sua opinião, os mais importantes. Porfim,
a tentativa de somar tudo isto e encontrar denominadoresAbstract
The
Axiological
Construction of the Garden oflnfancy
The Educative Construction
of
the Child
between theFamily
andthe
School-
a casestudy
After the
elaborationof
much
Projects Educative,of
many
Plansof
Activities,
wearrived at the conclusion that the values had always been
gifts,
had always beenpart...
We
arethat we
had never repaired.With this
studywe
intendto
know,
onthe
other handif
the parents also are worried about the questionof
the values,for
the other,until
point a Project Educative of one determined
KindergaÍen
also presents this concern.We
leaveof
the theory,
sincethe
educationto
the
values;we
analyze some chains,relative
to
the educationin
values;we relatively
comment theLaw
in
Principalof
theEducative System to
this
question. We could not leaveto
study alittle
of
the PreschoolEducation, speak of the Models
of
Curricular Education and the Orientations. We arriveat an
inquiry
where wetry to
discover that values the parentstry
to transmit its childrenand that
úey
are,in its
opinion, most important.In
the end, wetry
the attemptto
addeverything and
find
denominators common.A Construção Axiológrca do Jardim de Infância
A ConstÍução EducaÍiva da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
Índice Geral
Agradecimentos Resumo Abstract Índice 6t0
I-
Apontamento Teórico1.
Alguns Conceitos Fundamentais1.1.
1.2. Valores
15
l7
1.3. Educação Escolar e Valores
2. Educação Em Valores
2.1. Teoria da Clarificação de Valores 22
2.2.Teoia
Cogmtivista-
Desenvolvimentalista 25 2.3. T eorira da " Ábordagem pela Narrativa"
3336 44 2.5. Educação
Moral
2.6. Desenvolvimento
Moral
462i.Formação
Pessoal eSocial
493.
Os Valores naLei
de Bases do Sistema Educativo 514.
Educação Pré-Escolar4.1 54
4.z.ObJ 58
4.3.Modelos Curriculares de Educação Pré-Escolar
6t
6 202.4.Búrcação
do CarácterA Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança ente a Familia e a Escola - um estudo de caso
4.3.l.Movimento
Escola Moderna(IUEM)
624.3.2.Modelo
High-Scope
664.4.Onefiações CurriculaÍes para a Educação Pré-Escolar
4.5.Áreas de Conteúdo da Educagão Pré-Escolar
4.5.1
Areada Formação Pessoal e SocialII
-
MetodologiaO que se
Os sujeitos do estudo
A
recolha de dados-
o InquéritoA
analise de dados 68 69 70 78 80 82 85 Resultado ParteI
87 92 Resultado ParteII
Resultado Parte
III
120124
136
141
III
-
ConclusõesIV-
Bibliografia
ConsultadaV
-
Anexos Índice de Quadros Quadro n.o 1... Quadro n.o 2.. . .. . . .. . . Quadro n.o 3... Quadro n.o 4. . . . .. ... . . Quadro n.o 5... Quadro n.o 6. .. .. . . .. . . Quadro n.o 7... Quadro n.o 8... Quadro n.o 9. . .. .. .. . .. Quadro n.o 10..., Quadro n.o I 1..., Quadro n.' 12..., ...87 ...87 .. ... .. . .. ..88 ...88 ...89 90 90 9l 92 93 93 ..94 7 Mestado em Educação - variante de Administração EscolarA Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
Quadron.o 13... Quadro n.o 14.. . .. . .. . . .. Quadro n.o 15... Quadro n.o 16... Quadro n.o 17... Quadro n.o 18... Quadro n.o 19.:... Quadro n.o 20.. . . .. .. . ... Quadro n.o 21... Quadro n." 22... Quadro n.o 23... Quadro n." 24... Quadro n.o 25... . .. . ... . .. Quadro n.o 26... Quadro n.o 27 ... Quadro n.o 28... .. . . .. . .. Quadro n." 29... Quadro n.o 30... . .. . .. ... Quadro n.o 31 .. . .. . . .. .. . Quadro n." 32... Quadro n.o 33... . .. .. Quadro n.o 34... Quadro n.o 35.. . .. . .. Quadro n." 36.. . . .. .. Quadro n.o 37. .. . .. .. Quadro n.o 38 Quadro n.o 39... Quadro n.o 40. . . . .. . Quadro n.o
4l
Quadro n.o 42 Quadro n.o 43... Quadro n.oM...
Quadro n.o 45... .. . Quadror"
46... Quadro n.o 47... Quadro n.o 48. .. .. . Quadro n." 49 .. . .. . Quadro n.o 50... ...95 ...96 ...96 ...97 ...98 ...98 ...99 .100 .100.l0l
.102 103 103 ,1,04 105 10s ..102 ...r06 107 ...t07 r08 r08 109 ...109 ...1 10 ..1 l0 ...111 ...112 ...t12 ...1 l3 ...1 l3 .. . .. ..114 .. . .. ..114 115 ...1 l5tt6
116 ...1 l7Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
Quadro n.o 51.. Quadro n.o 52 Quadro n.o 53 .. . ... Quadro n.o 54. .. .. . Quadro n.o 55.. Quadro n.o 56... Quadro n.o 57. .. .. .
A Consmrção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de caso
..117 ..1 l8 ..1 l9 ..120 ..12t ..122 ..123 9
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
INTRODUÇAO
A
educação pré-escolar é uma paixão desde sempre. O curso de Educadores de lnfânciafoi
ministrado hámúto
tempo. Nessa épocafazianparte
do currículo disciplinas comoEnsino da Matemática, Ensino das Ciências, Língua Portugues4 Contos Tradicionais,
Expressão
Não
Verbal, etc., etc., etc.
Efectivamente, todas
muito
importantes
einteressantes.
Entramos
no
mundo
do
trabalho,
começamos
a
aplicar
toda
a
panóplia
deconhecimentos
que
durantetrês
anos tentamosa
todo
o
custo
absorver. Depressapercebemos que é na prática que aprendemos, que muitas vezes aquela teoria toda não
se aplica ao pequeno ser que esüí à nossa frente
a
chorar desesperadamente porque amãe
o'acúou
de abandonar nos braços de uma estranha! Seguem-se as formações, os complementos, fazemos tudo o que julgamos correcto para que a nossa prática seja cadavez
melhor
e
que
todos
os
nossos
conhecimentos seguem
as
nossas
mãos.Recoúecemos que
ao longo
de
treze anos,ou
nunca ouvimos,
ou
não
estávamos atentos,mas
...
valores? Pensamos quenão... Foi
necessárioiniciar um
Mestrado efazer parte do plano de estudos a disciplina de
Filosofia
da Educação para percebemosque a questão dos vàlores estava
müto
maisperto do
queaqúlo
que imaginiámos. Opresente trabalho insere-se no âmbito da Dissertação
Final
do Mestrado em Educação, variante de Administração Escolar.Ao
elaborarmos o Projecto Educativo, ao programar as actividades, as visitas de estudo, consideramos todas as iíreas'curriculares, mas assumir que nos preocupamos com'osvalores,
pelos
menos intencionalmenteisso
não
se.verifica.
Sabemosporém que
aeducação dos valores está presente constantemente numa sala de
jardim-de-inftncia
e quefazpaÍe
de todas as actividades que decorrem no dia-a-dia. O tema desde logo nossuscitou interesse
e
julgamos
ser
um
assuntoque
merecea
maior
das
atenções ecuidado.
Mestado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construçâo Educaliva da Criança enfe a Família e a Escola- um estudo de caso
Vrárias questões desde
logo
se colocam. Como devemos educar as crianças nos dias dehoje? Qual será o papel que a
família possú
neste processo? E qual o papel da escola?Quais
os
elementos da instituigão escolarna qual a
criança se encontra inserida queinterferem
na
educação da mesma?Ao
procurarmos encontrar uma resposta que sejamais ou menos
acerladae
consensual, apercebemo-nosde como
complexoé todo
o processo educativo.No
passado,afaníliapartilhava
com a instituição Igreja a formação educativa e moraldas crianças. O papel desempeúado pela escola era simplesmente terciário.
No
entanto, actualmente este papel da escola alterou-se, hoje exige-se que a escola eduque e formeas crianças.
Mútas
vezesa própria
família
demite-se deste papele
exige
que seja ainstituição educativa a assumir essa função. Não podemos jamais esquecer que a crianga
na esco14 coloca em prática aqueles valoros que aprende e
vive
nafamília
Os pais são semdúvid4
os primeiros educadores dos filhos.Antes de
iniciamros
o
presente estudode
casoé
fundamentaldefinir
quais
são osobjectivos que pretendemos atingir no
final.
Serão objectivos:-
Identificar os
valores que
os
pais/responsáveispelas
criançasvalorizarn mais
na educação dos seus filhosieducandos.-
Identificar
quais os valores queimporta fazer
emergirno
contexto educativo de um jardim-de-infância.- Identificar
forrras
de gerir a influência dos valores que Írs crianças transportam do seucontexto
familiar
e que influenciam a préúícapedagógica de trm jardim-de-inÍância.O
presente trabalho divide-seem
duas partes distintase
complementares: uma parte mais teórica, um Apontamento Teórico (sugestão do Júri em alternativa a Esquema Conceptual) euma
segundamais
pránic4a
Metodologia.
Na
primeira
parte vamos abordar alguns conceitos fundamentais, tais como a educação, os valores e educação escolar (sugestão doJúri em altemativa a educação) e valores
-
firndamentos. Pretendemos, para além de tentardefinir
conceitos, eniendere
enquadrá-losno
nosso tema.A
educaçãofaz
parte
do processo evolutivo do Homeme
cadavez mais o acompanha ao longo da sua vida.1l
A Construção Axiológica do Jardim de Infiância
A Construção Educativa da Cnança entre a Familia e a Escola- um estudo de caso
Começamos
o
processoeducativo
desdeque
nascemose
prolonga-sepor
todo
opercurso, quer ao
nível
doformal
quer aonível
doinfornal.
Também os valores estão presentesno
nosso quotidiano: quando fazemos escolhas, sempre que falamos com osoutros, nas nossas profissões...
A
escola óa
instituição escolhida quer pelas famílias,quer pelo estado, como um lugar privilegiado para o ensino e aprendizagem dos valores.
A
educaçãode hoje não se
limitq
como
aconteciano
passado,a
uma
simplestransmissão de conhecimentos.
A
tarefa de ensinar deixou de estar centrada no professor e o aluno deixou de ser encarado como um mero receptor dos saberes que eram apenas pertença do professor.Segue-se a abordagem da Educação em Valores, onde encontramos teorias e conceitos
que embora diferentes, são complementares entre
si.
A
primeira teoria é a
Teoria daClarificação
de
Valores,
teoria
iniciada
nos
anos
60 por
Raths,que
preÍendia que existisse nosjovens
um
esclarecimento cadavez maior
relativamente ao processo de aquisição de valores.A
segundaé a
Teoria Cognitivista-
Desenvolvimentalistaou
aTeoria de
DesenvolvimentoMoral
de Kohlberg, uma
abordagemque
se centra nas Teorias de Piaget e de Dewey, baseando-se na passagem entre estrídios morais.A
ênfase é colocada no raciocínio moral e este é um factormuito
importante do desenvolvimentomoral.
A
terceir4
a Teoria da "Abordagem pelaNarrativa",
onde o mais importante é atarraçáo de histórias
e
de variadas narrativas.Por
fim
a
Educaçãodo
Carácter, cujateoria mais recente assenta nos trabalhos de Lickona e consiste em ajudar aos alunos na
auto-construção
do
seu
carácter.
De
seguida tentamos
definir
conceitos
como
aEducação
Moral, o
DesenvolvimentoMoral
e a Formação Pessoale
Social. Estes trêsúltimos subcapítulos não deixam de estar relacionados entre si.
No
terceiro capítulo do nosso estudo analisamos a questão dos valores àluz
dalei
querege toda
a
educação:a
Lei
de Basesdo
Sistema Educativo. Não podemos deixar dereferir
quevinte
e dois anos sobre a publicação destalei,
alguns dos seus artigos ainda não são totalmente cumpridos.Mesuado em Educação - variante de Adminisúação Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Familia e a Escola - um estudo de caso
O
quarto capítulo esta relacionadocom a
Educação Pré-Escolar.Nos
dias de hoje hácada
vez mais
mãesa
trabalharemfora
de
casa,logo
existe umamaior
procura de serviços de apoio àfamília
O acesso à educação pré-escolar é salutar para amaioria das crianças, pois permiteo
estabelecer de amizades,o
desenvolvimento das competências sociais desde cedo. (Spo dek, 2A02).Neste ponto fazemos uma pequena breve contextualizaçáo, revemos objectivos, assim
como alguns dos Modelos Curriculares
pila
a Educação Pré-escolar. Segundoo
autoracima
referido "[Jm
modelo
curricular
é
uma
representaçãoideal
de
premissas teóricas,politicas,
admintstrativas e componentes pedagógicas de um contexto que visaobter
m
determinado resultadoeducativo."
(p:194). Estes modelosnão
surgem poracaso, assentam em teorias do desenvolvimento e da aprendizagem.
Dos vários
modelos que existem vamo-nos debruçar-nos sobreo
Movimento
Escola Moderna e sobre o Modelo de High-Scope. Optármos por estes dois modelos porque são aquelesem
quea
educação em valores é maisexplícita. O primeiro
modelo referido,orienta
a
$ta
trajectória
em
valores
como
a
democraciaparticipadu
a
educagãoinclusiva
e
a
auto-afirmagão cooperada. São estesainda
hoje os
princípios que
semantêm come as
liúas
orientadoras de toda a sua estratégia. Relativ.amente ao modelode
"High-Scop€", vamosverificar
que a criança aprende e cresce através da acção" Estemodelo
tem
como
baseas teorias
construtivistasde
Piagete
de
outros
autores do desenvolvimento.Neste capitulo vamos. também analisar as Orientações Curriculares que são como que
ulma
Bíblia
para a educação pré-escolar.As
Orientações definem as areas de conteúdo, que deverão fazer parte de qualquer progrzrma. São elas:a
área de Formação Pessoal eSocial;
a Area
da Expressãoe
Comunicação que englobao
Domínio
das ExpressõesMotora,
Dranáúlc4 Plastica eMusical,
oDomínio
da Linguagem'Oral e Abordagem àEscrita e
o
Domínio
da Matemáttca; aÁrea do Coúecimento do Mundo.
Destas trêsÁ.reas acima referidas vamos essencialmente estudar
a
Areada
Formação Pessoal eSocial.
íg
A Construçâo Axiológica do Jardim de Infincia
A Consúuçâo Educativa da Criança enúe a Família e a Escola- um estudo de caso
Na segunda parte do estudo, a Metodologia definimos o que se
investig4
os sujeitos do estudo, a técnica de recolha de dados assimcomo
a respectiva dos mesmos.O
que sepretende investigar é,
no fundo, o
título
do nosso trabalho: a construção educativa da criança entre a escola e a famíIia. Quais os pontos que existem de comum na escola e nafamília que permitem à criança construir a sua identidade? E o que existe de diferente, é
possível conciliar?
Por
isso as nossas hipóteses de estudo estão relacionadas com isso mesmo. As hipóteses gerais são:-
Os valores que as crianças transportam dos seus contextos familiaresinfluenciam
apr áúica de um j ardim-de-infânci a?
-
Os valores inscritosno
projecto educativo de um jardim-de-infânciainfluenciam
osvalores pré-existentes nas crianças?
Falaremos ainda das hipóteses específicas assim como das variáveis do estudo.
De
seguida fazemos as conclusõesdo
nossotrabalho
onde tentamos perceber se osnossos
objectivos
iniciais foram
atingidos.
Por
fim a
Bibliografia
e a
Legislaçãoconsultada bem como os Anexos.
Sendo
o
nosso Mestrado
na
variante
da
Administração Escolar
qual
a
razÁo dapertinência do nosso estudo relativamente à Administração?
O
ensino dos valores nãose pode
(e
não se deve) evitar.
Qualquer docente
em
todas
as
actividades
que desenvolve, nas leituras que faze
qtrc indica" nosliwos
que selecciona nos testes queelabor4
estríimplícita
uma hierarquia de valores.Mas isto
não sêaplica
apenas aos docentes, tambémo
ConselhoExecutivo, os
alunos,tudo
estrí relacionadocom
essa hierarquização de valores. Esta manifesta-se nos regularpentos disciplinares, na gestão da escola, nas decisões do Conselho Pedagógico, nas grcves que se fazem, numa palawaem
todo
o
lado.
É
necessiárioexistir
em
cada escolauma
discussão sobre valores, discussão estaque deve envolver
os
diversos membrosda
comunidade educativa eescolher qual a opção metodológicapaÍa ensiná-los. Uma discussão entre pais, alunos,
corpo
docente, ConselhoExecutivo
é
cadavez
mais
urgentee
imperativo.
Nenhumórglo
de gestão pode esquecero
quão importante é a quegtão dos valores, em especial numa sociedade actual onde a crise de valores é tãonotória.
A
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Cíança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
I
-
APONTAMENTO TEÓRICO
1.
ALGTINS
CONCEITOS FTINDAMENTAIS
1.
1.-Educação
"A. educação
é a
acção exercidapelas
geraÇões adultas sobreas
queainda não
seencontram
amadurecidaspara
a
vida
social.
Ela
tem
por
objectivo suscitar
edesenvolver na criança um certo número de condtções
/ísicas,
intelectuais e morois quedela reclamam, seja
a
sociedadepolítica,
no seu conjunto, seja o meio especiola
queelo se destina particularmente.
"
(Emile Durkheim-
1S5Sll9l7).
Educação
vem do latim
educare. Educaré
aperfeiçoare
desenvolveras
faculdadesfisicas, intelectuais e morais, instrufu, doutrinar, ensinar, criar, cultivar. Como nos refere
Spodek
Q002),
"Alguém disse que educqr uma outra pessoa é um acto essencialmenteético."
(p:1).O conceito de educação é um conceito
dificil
de definir, tendo sofridomütas
alteraçõesao
longo
dos anos.A
educaçãoé
um
dos maiores instrumentosda
civilízaçáo que ohomem
tem ao
seu alcance.É
,rm
fenómeno humano.É o
desenvolvimento natural,progressivo
e
harmoniosode
todas
as
faculdadesque
o
ser
humanopossui.
Visadesenvolver as capacidades naturais que todos temos, proporcionando novos momentos de experiência que são necessários para o exercício e aplicação dessas capacidades.
Quando
a
criança chegaà
escolavem com
a
"cabeçavazid',
possui conhecimentosempíricos sobre determinados assuntos
mas
competeà
escola proporcionar-lhe umconjunto
de
conhecimentos
e
de
habilidades intelectuais,
que
são
testadosperiodicamente através
de
provase
de
testes. Quandoutilizamos
o
termo
educaçãoremete-nos
logo para
a
escol4
no
entanto,
a
educaçãofaz-se
em todo
o
lado,inicialrnente na
famíli4
depois ÍLaruunas associações, naigrejq
em qualquer lugar. Por isso a educação é ao mesmotempo'uú
processo e um resultado.15
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança enfie a Família e a Escola - um estudo de caso
Educar
é
agir
conscientementepermitindo
queo
ser humano desenvolva as aptidõesfisicas
e
intelecfuais assimcomo
os
sentimentos sociais, estéticose
morais,
com
oobjectivo
decumprir, na
maneira possível,a
sua missão enquanto homem. Educar éformar a pessoa como um todo. Educar é mais que
ensinff
as matérias do currículo, ashabilidades e as competências é bem mais que transmitir informações.
A
educação potencializaas
possibilidadesque
a
natweza,a
genéticae
o
ambienteoferecem
a
cadaum de nós, estimulando o que temos de melhor e enriquecendo todo o nosso potencial. Deve procurar sempre uma visão integradora dos saberes e relacionarentre si os conhecimentos que se adquirem. Só através da educação podemos ajudar as
nossas criangas
a
cresceremcomo
sereslivres,
responsáveis,com
capacidadecrÍtic4-ajudar
na
formaçãodo
seu carácter,na
interioriz-açáode
valores quer morais
quer sociais, valores estes que deverão comandar a êonvivênciapacífica de cada um de nós, na sociedade em que vivemos.A
escola deveter uma dupla
função:
"informativa,proporcionando
aos seus alunos conhectmentosque
lhes
permitam
situar-se
nos
respectivos contextoshistóricos
esociais, requisito
tndispensóvelde
qualquer atitude
de
crítico
ou
contestação;formativa,
voltadaporo
o
desenvolvimentode
atitudes de solidariedade
e
coragemcívica, bem
comoluibitos e
comportamentos essenciaispara
a
vida
democrática."(Seiça, 2003.p:45).
A
finalidade da educação é a humanizagão do homem, proporcionar o. desenvolvimentode todas as manifestações da vida humana até se atingir a perfeição.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de caso
l.
2.
-
Valores
Lnporta
definir,
ou pelos menos tentar, aquilo que entendemos porvalor.
Mútas
são asdefinições que encontramos nos diferentes autores.
Valor
vem do
latim "valore"
qvesignifica aquilo
quevale
alguma coisae
quetem
merecimento. Outras vezesvalor
éentendido
como critério
de avaliação deum
objecto, comoa
qualidade desse mesmoobjecto.
Para Cabanas (1996), valores
não
sãomais
queos critérios
últimos
de
definição demetas
ou
afins para as
acções humanase
como
tal,
não
necessitamde
explicaçõesmaiores além deles mesmos, para assim existirem. Segundo Marques
Q002),
"Valor
éaquilo
que é valioso, que tem grande interesse e é de grande qualidade."
(p:15).Valor
é algo que se aprecia e se sênte, distinguindo-se das ideias e da realidade objectiva.'
A
heterogeneidadede
valores que regem
a
sociedade contemporânea,não
impede, contudo, que se possa encontrar um pequeno número de valores que constitua uma base ética comum, onde seinclui:
ajustiç4
o respeito pelo outro, a equidade, o respeito pelaverdade- Tais valores, considerados valores morais universais, são susceptíveis de serem
aplicados
a
todas as pessoas,e
em
todas as circunstâncias.E
o
que estií na base daDeclaração dos Direitos do Homem (1948, Nações Unidas)
O
Homem éo único
ser viventena
terra capaz de emitirjúzo
devalor,
de valorar ascoisas que o rodeiam. Uma das coisas que distingue o ser humano dos outros animais é
exactamente a nossa capacidade de
criar
valorese
devalorizar
acçõese
objectos. Os valores não o são realmente se não.persistirem na vida da pessoa, se não a impulsionam.A
vida não é mais quea
concretrzação de uns valores em detrimento de outros.Patrício (1993),
fala-nosde
algumas características dos valores. São elas:o
valer,
aobjectividade,
a
náo
independência.a
polaridade,
a
qualidade
e a
hierarquia. Ao
conjunto destas características denomina-se
a
"AxiologíaFormal" $:43).
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infiância
A Construção Educariva da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de ca§o
Quanto ao
valer, o valor
vale, não é.O valor
é real.A
objectividade esüí relacionada com a autonomia relativamente a qualquer apreciação subjectiva e arbitriáriajA
não
independênciaexiste
porque
os
valores são livres
do
acto
subjectivo
dapreferênci4 não
existem para alémda
realidade, masna
realidade. Os valores estão desdobrados em valores positivos e nos seus corespondentes negativos, daí falar-se em polaridade. Por exemplo:justo/injusto;
belo/feio. Os valores têm qualidades porque são realidades qualitativas, não é possível compara-los quantitativamente. São hierrírqúcosporque são comparáveis,
há
uns que valemmais
queos
outros. Os valores admitemgaus
de comparação.Há um
determinadonúmero de valores que
são fundamentais. Refere-nos MarquesQ0A2,
p:77-lll)
que
são
os
valores
básicos,as virtudes
de
sempree
estes serãofundamentais para o estudo que pretendemos. Passemos a enumerá-los.
-
A
temperança que é uma virtude cardinal. As virtudes cardinais são aquelas qualidadespelas quais as pessoas se regem para agirem correctamente.
Impõem
aos actos umaregulagão de acordo com as regras morais.
A
temperança incide sobre a moderação dos pmzeres tais como o sexo e a nutrição.-
A
eenerosidade palawa que deriva do latim generositore e significa a bondadedaraç4
uma boa qualidade. Está relacionada
com
a
capacidadede dar
sem nada receber emtoca,
depende do coração e do temperamento.- A. obediência que significa epistemologicamente estar à escuta.
A
pessoa que obedece estií a cumprir ordens.-
A
eratidãodiz
respeito à recompensa que devernos aos outros.A
gratidão passa deuma pessoa para outra.
- A
liberdadee
a
capacidadede
agirmos espontaneamente semviolar
aquilo que
érazoâyele conveniente. E a capacidade de fazermos o que as l.eis não nos proíbem.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Consfuçâo Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
-
A
verdade esta
relacionadacom
a
veracidadee
com
a
sinceridade,é
sermosverdadeiros.
"E
a
virtude da
verdadeil'a autenticidadenas
nossas relaçõescom
osoutros.
"
(p:89).-
A
afabilidade é umaforma
de cortesiaou
de amabilidadee
que podemos expressarquer por palavras quer por acções.
-
A
liberalidade quee aquilo
que moderao
amor às riquezas e regula de uma formarazoâvela sua distribuição. É uma espécie de generosidade social.
- A
equidadeque
é a virtude
que corrige as
leis
positivas
estabelecidas,é
a
partesubjecüva dajustiça.
-
A
coragem
"
procura
a
defesa
da
vida
nas
maiores dificuldàdes,
semfugir
cobardemente
"
(p:107).-
A
paciência ajuda-nos a evitar a tristezas frente às adversidades, ajuda-nos a suportar a dor.- A
pgÍssy@E
é a permanência estavel e continuada naquilo quea
razáo prescreve."Perrnite-nos
insistir
durante muito tempo e sem desistirmos em algodificil
deobter."
(p:10e).
-
A
iustiça éo
que nos permite relacionar com os outros.Deriva do
latimiustitia
quesignifica conformidade com o direito e'o sentido de equidade.
Mestado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança enúe a Familia e a Escola - um estudo de caso
1.
3.
-
Educação Escolar
eValores
-
Fundamentos
Tal
como nos
diz
Costa
em Patrício (s/d),
o
Projecto Educativo
de
Escola
é
oinstrumento organizacional para a identificação do conjunto de valores que não pondo
em
causaas
finalidades
educativas nacionais,afirmam uma
identidadeprópria
daactividade educativa
em
consonânciacom
os
contextos
escolares específicos. OProjecto Educativo
de
um
estabelecimentode
ensino deverá
explicitar,
de
fonna
coerente, os valores e as intenções educativas, as formas previstas para concretizar esses
valores e essas intenções.
(Ministério
da Educação,lggT).
A
tarefa actual da escola éhoje muito mais
complicada
que
anteriormente.Se
antes
a
fonnação básica
da consciência social emoral
era responsabilidade primrária dafamília,
agora muitas das vezesisto
aconteceno
espaço escola. (Savater,lggT).
A
escola eum
contexto social,onde
o
bem-estarde
cada
um
é
inseparáveldo
dos outros
e,
nessesentido,
éfundamental o
eqúlíbrio
entre os direitos individuais e a justiga social.Historicamente é importante recordar que a escola surge como uma extensão da
famíliq
tendo como uma das funções, alwgar e complementaro
seu papel educativo.A
família
constitui a primeira etapa de um indivíduo. É o ambiente onde este desperta para a
vida
como pessoa, onde interi
oizavalores,
atifudes e papéis e onde se desenvolve, de formaespontânea, o processo fundamental da transmissão de conhecimentos, de costumes e de
tradições que constituem
o
seupatrimónio cultural.
Semdúvida que gs
saberes dosfilhos
constroem-sea partir
dos
saberes dospais. Como nos
diz
Serrano(1997),
osprofissionais da educação preocupam-se cadavez mais com uma concepção de escol4
não apenas como
um
lugar
onde se ensinam conhecimentose
transmitem conteúdos curriculares, mas comoum
lugar onde se valorizem procedimentos e atitudes, onde seaprende
a
viver
com
o
outro,
a
respeitá-lo,
a
compartilhar,
a
ser
tolerante
e,"definitamente,
aformar
um bom cidadão."
(p:58).Mestrado em Educação - vanante de Administração Escolar
A Constmção Axiológica do Jardim de Inflância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
Mas como podemos conciliar os valores pessoais dos alunos e das suas famílias com os valores que
o
sistema educativo pretende transmitir, quando muitas vezes, estes valoressão conflituantes?
Na
maioria
das vezeso
docente esüá completamentesó
nas suastomas de
decisâoe
'iagarra-se" aos seuspróprios
valores, aos seusprincípios
parajustificar
as escolhas quie faz.Há
razões importantes para quea
escola eduque paÍaos
valores. São elas(Lickon4
1e91):
- Uma das tarefas da civilizaçáo é atransmissão de valores de geração para geração.
- São questões morais aquelas que com se confronta araçahumana.
-
As
sociedades democráticas sentem a necessidade de desenvolver os valores nos seus cidadãos.-
Com a pouca educação moral recebida nafamília,
com a perca de influência por parteda
igreja, é
à
escola que cabeo
papel de promoçãoe
detansmissão
dos valores às nossas cnanças.E
que valores deverãoa
escola ensinar? Esta questãoé
importantee
muitas vezes osdocentes
não
encontrama
resposta.Vivemos numa
sociedadeem que todos
nosregemos
por
diferentes valores, diversos pontos devista
por. isso torna-se complicado saber quais os valores que devemos ensinar.Muitas
vezes os docentes optam por umaposição
neutal. No
entanto, não podemosdeixar
de tentar encontraruma
base éticacomum, onde se coloquem valores como a
justiç4
o
respeito pelo outro, a equidade, averdade.
Valores
estesque
sãoa
baseda
Declaraçãodos Direitos
Humanos. (1948, Nações Unidas). Os valores que devemos transmitir aos alunos com que trabalhamosjá
foram alvo de estudos por vários autores.
Um
destes estudosfoi
o de Santos e Sanches(2000).
Neste
caso,o
público-alvo era alunos cujas
idades eram superioresàs
dascrianças
do
nosso esfudo.No
entanto, podemosencontrar alguns pontos
que
sãocomuns. Temos que transmitir.valores de índole social,
politico,
cultural, moral e ético.,'21
A Construçâo Axiológica do Jardim de InÍãncia
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de caso
2.
EDUCAÇAO EM VALORES
2.
1.
Teoria
da
Clarificação
de
Valores
Nos
anos60, com
a
emergênciado
personalismoe do
relativismo,
surge uma novaperspectiva
de
educaçãomoral
-
a
clarificação
de
valores
de
Raths.Esta
correnterejeit4
explicitamente,
a
doutrinação
e a
educaçãodo
caráctere
propõe
que
os professores,num clima
de não-
directividadee
detotal
neutralidade, ajudem os seus alunos a clarificarem os seus próprios valores, a assumiJos e pô-los em prática.Para Raths a clarificação de valores constitui a via preferencial para abordar na escola a questão da educação para os valores.
Na
sociedade actual, com a imensa pressão a que estamos sujeitos,ficamos
confusos, apáticose
não
conseguimosclarificar os
nossospróprios valores, pelo que devemos ser encorajados a
reflectir
sobre os nossos valores eos da sociedade em que estamos inseridos. Tudo isto é um processo simples, em que se
deve chamar a atengão para determinados aspectos da nossa vida que nos podem indicar
algo que valorizamos. (Santos, 1995)
O fundamento
principal
da clarificação de valores é que as pessoas podem ser ajudadasa
debruçar-se sobreâs
questões dos valores,a
fazer as suas escolhas, ponderadas econscienciosas.
Mais
do
que
ofereceruma
teoria
para promover
o
comportamentointeligente
e
autodirigido,
a teoria
da clarificação de valoresconstitui
um
guia
paratodos aqueles que trabalham com jovens, oferece muitas sugestões de trabalho.
Raths afasta-se da definição do termo
valor,
sendomuito
mais importante a questão do processode
aQuisiçãodos valores de
cadaum
de nós,
a partir de'um
detenninadoconjunto disponível. E um processo de recriação permanente dos valores. Muitas vezes
os
jovens
estão confusos, semum
rumo, com dificuldade em sabero
que vale a pena valonzar e onde gastar o seu tempo e energia.Meshado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educuiva da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de cmo
O
quemais importa
é o
processode
aquisiçãode
valores. Para Raths, existem setecritérios
que fazem parte do processode valoização
e a que devemos submeter algo, para que possa ser considerado um valor. São os seguintes critérios (Marques, 1998):1.
- Escolhaliwe;
2.
-
Escolha entre alternativas;3.
-
Escolhafeita
depoisda
consideração ponderada das consequênciasde
cadaalternativa;
4.
- Ser capaz de ser elogiado e aplaudido;5.
-
Ser capaz de ser aÍirmado publicamente;6.
- Manifestar-se no nossoviver
e no nosso comportamento;7.
- Manifestar-se em viárias situações e ocasiões, isto é, ser frequente e repetir-se.Para que algo atinja o
nível
de um valor deve ser escolhido liwemente, devemos pensar e pesar as consequências e as alternativas, deve ser apreciado e deve manifestar-se na actuação do indivíduo que tem esse valor. Nem tudo em nós são valores.Há objectivos, aspirações, crenças que não sendo ainda ou nunca venham a ser valores,
são por vezes indicadores importantes em relagão.aos quais se deve
iniciar
um processode clarificação. Entre estes indicadores encontramos, paÍa além
do
acima referido, asnossÍrs
atitudes,
interesses, sentimentose
convicções,
actuações, aborrecimentos,problemas, obstaculos. (Santos, 199 5)
O
papel
do
educadoré
encorajaro
indivíduo.a clarificár
aquilo
quevaloriza
e
nãopermitir
que este selimite
a
aceitarum
conjunto de
valores preestabelecidos. Deveajudar a criança
a
fazer mais escolhas, sempreliwemente,
a descobrir alternativas e areflectir
sobre as consequências. É sempre um convite e não uma obrigação.Este
movimento
da
clarificação de valores teve
um
enormeimpacto, que se
deve,sobretudo,
à
simplicidade da sua aplicação. Com efeito, não sóindica
aos professoresalgumas actividades
a
aplicar,cemo,
por outro
lado, não exige
nenhuma formaçãoespecífica.
23
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança enúe a Família e a Escola- um estudo de caso
Um
dos pontos positivos desta corrente é o facto de ajudar os alunos a pensar sobre osvalores, fazerema ligação entre os valores que defendem e a acção a desenvolver.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Àxiológica do Jardim de Infância
A Consúução Educativa da Criança entÍe a Familia e a Escola - um estudo de caso
2.2. T eorra
Cognitivista
-
Desenvolvim
entalista
Nos
anos70,
surgeuma nova
abordagemde
desenvolvimentomoral, a
abordagemcognitivista
-
desenvolvimentalista da educação moral de Lawrence Kohlberg, quefoi
influenciada pelas ideias iniciais de John Dewey e pela "Teoria dos Estádios" de Piaget.
Esta
abordagemnão só rejeita
o
relativismo ético da clarificagão de
valores, como acenfuaa
componentecognitiva
da moralidade. Estas teorias apoiam-se também nos pressupostos desenvolvidosna filosofia de Kant e
nos imperativos
categóricos que ordenamaraúo
humana.A
abordagem de Kohtberg chama-se cognitivo porque considera que a educação moral tem as suas bases no pensamento activo do indivíduo, e desenvolvimentalisla porque vêo
objectivo da
educaçãomoral
como
um
movimento
atravésdos
estadios morais, concede lugar central à cognição no processo de desenvolvimento moral. Propõe que a educação moral se centre na discussão de dilemas morais-
quer reais quer hipotéticos -em contexto de sala de aula.Dewey (1995), defensor e
principal
promotor da chamada "Pedagogia Progressista",cria uma nova dimensão democrática da escola e da educação dos valores. Segundo este autor a democraoia é um processo
fluído
no qual as pessoas constroem (ou reconstroem)os
seus valores,tudo isto
tendoem
conta as diversas situações que se thes deparam.Dewey considerou três níveis de desenvolvimento moral:
1
-
O
ntyelru[ou
@=-ggnvencignal. em que o comportamento é motivado porimpulsos biológicos e sociars.
2
-
O
nivel
convencional
em
que se
aceitam
as
normas
implementadas numdeterminado grupo.
3
-
O
nivel autónomo em que a conduta é guiada pela reflexãoindiúdual
daquilo que éconsiderado o bem.
25 Mestrado em Educação - variante de Administraçâo Escolar
s#q.q'
Ç+','t,i;
.,'lhE'
.hl \vu,,rj .e,rr '\ - rlieê:
\ J't_t-i":-
-ir.
' , ,', iaA Construção Axiológica do Jardim de Inflância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
Mais tarde, Piaget apresenta a sua definição de estádios de raciocínio moral da criança.
Estudou
a
evolução
do
pensamento
até
à
adolescência
Piaget
ao
analisar
odesenvolvimento
moral
coloca
em relevo
a
importância dos
paresno
processo desocialização da
crianç4
defendendo que a relação de obediência da criança para com o adulto, favorece o desenvolvimento de uma moral heterónima.Só através da cooperação entre os pares é que a criança se
toma
capaz de uma moralautónoma- Isto acontece porque, por mais que o adulto se coloque no lugar da criança e
tente estabelecer uma relação de igual para igual, as relações são sempre hierarquizadas,
levando ao respeito
unilateral
da criança paracom
o
adulto.As
relaçõesente
pares,pelo contrário, levam à descentração, onde cada
um
e capaz de se colocar no lugar dooutro. Surgem os sentimentos de reciprocidade e de respeito mútuo, que é fundamental
paÍa aaqúsição da autonomia.
Como epistemólogo investigou o processo de construção do
coúecimento.
A
teoria dedesenvolvimento
moral
desteautor é
uma
referênciapossível
paraa
educação emvalores.
As
questõesmorais, como uma das
dimensõesda
subjectividade humana,envolvem a participaçãa e a interacção de factores sócio - culturais, afectivos.
Piaget chega a estes estrídios através da observação dos
jogos
das crianças e das suasbrincadeiras,
o
chanado
jogo
simbólico. Piaget (1973),
no
seu
liwo
sobre
odesenvolvimento
moral
na
cnanç4 afirma
quetoda
amoral
consistenum
sistema deregras, sendo
da
essênciada
moralidade
estudar.o
respeito
que
o
indivíduo
vaiadquirindo
por
essas mesmas regras. Piaget esfudou o modo como as crianças encaramas regras, observando os seus próprios'filhos. São os seguintes estádios (Piaget, 1995):
I
-
O estádiowe
-.-moral.onde não há sentido de obediência às regras.2
-
O
estádio heterónimo ondehá a
obediência às regrase
submissão ao poderq
aocastigo.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Consfução Axiológica do Jardim de Inftincia
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola * um estudo de ca§o
3
-
O estrídio autónomo onde são considerados os fins e as consequências das regras e a obrigação é baseada na reciprocidade e na troca.Educar moralmente, para Piaget
(1973), é
proporcionarà
criança situações onde elapossa
vivenciar
a cooperação, a reciprocidade eo
respeito mútuo, construindo assim a sua autonomia.Para este autor, os estádios de
raciocínio moral da criança
estão interligadoscom
os estágios(ou
períodosde
desenvolvimento) que caractenz;am as diferentes formas doindivíduo interagir
com a realidade, de organizar os seuscoúecimentos.
Não há umaidade
rígida
para cada estiígio, apenas que cadaum
englobao
anteriore
amplia essemesmo. Piaget procurou conhecer as etapas pelas quais as crianças
têm
de passar aolongo do seu processo de compreensão do comportamento moral..Este autor surge como
opositor as teorias empiristas que defendiam o desenvolvimento moral como o resultado
de
interiorização
de
valores
e
de
regras sociais exteriores
ao
indiüduo.
Odesenvolvimento
moral é um
processode
construçãoque
ocorreno interior do
serhuríano.
Passa:nos a referir os estágios do desenvolvimento cognitivo:
l-Estágiosensorio-motor-dos0aos2anos.Aactividadeintelectualdacriançaéde
nafrxeza sensorial
e
motora.
A
crianganão
e
capazde
representar mentalmente os objectos.2
-
Estágio
pré
-
operacional,- dos
2
aos6
anos. Esteperíodo
caracteriza-se pelo egocentrismo, ainda nãoé
capazde se colocar no lugar do outro.A
criança desenvolve acapacidade simbólica.
3-
Estágio das
operações concretas-
dos
7
aos 11
anos.A
criangajá
possui uma organrzação mental,já
tem a
noçãode
conservaçãodo
número.Ainda
trabalha comobjectos,
agorajá
representados,a
suaflexibilidade
de pensamentopermite
um
semnúmero de aprendizagens.
Mestrado em Educação - variante de Adminisfação Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Inftncia
A Consúução Educativa da Criança entre a Família e a Escola - um estudo de caso
4
-
Estáçio
das operações -formais-
maisde
12 anos. Ocorreo
desenvolvimento das operações deraciocínio
abstracto. Liberta-sepor
completodo
objecto.Têm
inicio
osprincípios de pensamento hipotético - dedutivo.
Entre
os
3
e
os
7
anos
(a
idade que
nos
interessapara
este estudo),as
crianças encontftrm-seno
estadiopré
-
operatórioe
manifestam incapacidade para efectuarem operaçõesque exijam
reversibilidade,
isto é, não
conseguemter
em
consideração simultaneamente o todo e as partes. Neste período, a forma como as criangas encaram asregras do
jogo
caracteiza-se pela imitação egocêntrica dos outros. Existeum
respeitounilateial
das regras e as consequências deum
acto valem mais do que as intenções.A
criança nesta idade tende
a
confundir
o
mundo com
os
seuspróprios
interesses. (Marques, 1997).O processo de desenvolvimento é influenciado por factores como:
.
A maturação (crescimento biológico dos órgãos)..
A
exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica a formação de hábitos)..
A
aprendizagemsocial
(aquisição de valores, linguagem, costumese
padrões sociais e culturais)..
A
equilibração
(processo de auto regulaçãointerra
do
organismo, que procura encontrar oequilíbrio
sempre que sofre um deseqúlíbrio).A
partir de
1955,Kohlberg
comegaa
estudaros níveis de Dewey
e
os
estadios de Piaget. Quêr para oreferido
autor quer para Piaget. estadios não são mais que sistemasestruturados
que formam uma
sequênciainvariante
em
todas
as
condigões;
sãohierarquicos, ou
sej4
passar a um estádio superiorimplica
compreender e ser capaz depensar em es&ádios inferiores.
O
seu métodotinha
como objectivo a educação cívica emoral
dos alunos eo
desenvolvimentodo
seu estádiomoral.
Kolúbergé o
nome commaior importância no âmbito desta abordagem desenvolvimentalista.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de tnfância
A Construção Educatrva da Criança entre a Familia e a Escola- um estudo de caso
De
acordo comKohlberg (1976),
cadaum
dos estadiospor
eledeÍinido
permite umaperspectiva mais alargada dos valores sociais
e a
da relação que estabelecem com os valores humanos. Existem três ideias frrndamentais na teoria de Kohlberg que são:o
A
oÍganuzaçáo estrutural.r
A
sequência de desenvolvimento..
O interaccionismo.A
organtzação estrutural porque consideraa
forma como
cadaum
de nós
analisa einterpreta os dados e toma as decisões sobre os seus problemas sociais e pessoais, e que
são
um
elemento de extrema importânciano
nosso desenvolvimento.A
sequência dedesenvolvimento
porque
consideraque
este
se
processade
forma
a
ser
possívelcaÍactenzáL-lo
por
esúdios
e
que
a
progressão nestesé
sequenciale
invariante.
Ointeraccionismo refere-se ao processo como a estrutura cognitiva se desenvolve, isto é,
pela forma como
a
estrutwa cognitiva se
remodela
paru
dar
sentido às
novas experiências.Kohlberg com
os
seus
estudos,em
cinquenta
Íapazes,identificou três níveis
de desenvolvimento moral, cada um dos quais subdividido em dois estádio, perfazendo umtotal
de seis estadios. Desenvolvimentomoral
é aforma
como as pessoas encÍtram asnormas
e
osprincípios
que deverão regera
sua conduta interpessoal-
o
pensamento .moral-
e
o
modo como os cumpreme
os põem em prática-
a
acçáomoral.
São osseguintes estrídios de desenvolvimento moral, segundo Kohlberg (Marques, 1998):
Estádio
I -
A
moral
do
Castigo.
Moralidade
da
punição
e
da
obediência
(as coÍrsequênciasfisicas
determinamo
que estácerto).
Pontode vista
egocêntrico, nàodistingue entre
o
eu eo
ambiente queo
rodei4
nãorecoúece
que os outros possuaminteresses próprios.
O
comportamento é uma mera resposta aos estÍmulos. Caracteriza-sepela
defesa dos interesses concretos centradosno
eu.A
obediênciae
as decisõesmorais são baseadas em formas de poder simples fisicas e rnateriais. O comportamento
é regido pela intenção de evitar uma punição fisica.
Mesfiado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a Família e a Escola- um estudo de caso
Estádio
II
-
A
moraldo
lnteresse. Moralidadeno
hedonismo instrumental (aquilo quesatisfaz as necessidades próprias é o que esta certo). A
justiça
e a moral são questões de pura troca orientando-se por preocupações hedonistas e pragmáticas. Os valores morais não residem nas acções mas nas consequências, segundo uma perspectiva de lucro.Estrídio
III
-
A
moral do
Coração.Moralidade
do
"bom rapaz
-
boarapariga"
(amanutenção das boas relações com os outros e a obtenção da sua aprovação é o que esta
.-4
ceÍo).
E o primeiro estrídio da moralidade convencional, interpessoal e relacional.Estadio
IV-
A
moral da
Lei.
Moralidade
da manúenção "da
lei
e
da ordem"
(aobediência
à
autoridadee
o
cumprimentodo
deveré
o
que
estácerto).
Moralidadeinterpessoal.
O indivíduo
procura respeitar os compromissos estabelecidos deforma
a manter a consciência do seu sistema interior.Estídio
V-
A
moral do
Relativismo
da
Lei.
Moralidade
do
contrato,
dos
direitosindividuais
e
da
lei
democraticamente aceite(os
padrões examinados criticamenle eapoiados
pela
sociedadecomo
um
todo
determinamo
que está certo).É
o
primeiroestádio do
nível
de moralidade pós-
convencional.É
constituídopor
umaminoria
de sujeitos e com idades superiores aos 20-
25 anos. Relatividade das normas, orientação parao
contrato, parao
contrato social e para o bem comum. Os indivíduos apresentamuma tendência para manifestar
uma
orientaçãomoral voltada
para arelatividade
das nonnas e para a universalidade dos.princípios, pensando em termos do que seria o maiornúmero de pessoas, coordenando diferentes perspectivas de acordo com o ponto de vista
moral e formulando operações de
justiça
com preocupação pela igualdade, equidade ereciprocidade.
Esúdio
VI
-
A
moral da
PtazáoUniversal. Moralidade
dosprincípios individuais
da consciência de cadaum,
de acordo com os princípios escolhidos, com frrndamento nacompreensibilidade
lógica
na universalidadee na
consistência, determinao
que estácerto.
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infrância
A Consfiução Educativa da Criança entre a Familia e a Escola - um estudo de caso
Os
princípios éticos
sãoafirmados
categoricamente, havendouma
orientação maisdeontológica
e
processualista,pelo que
o
princípio
de
justiça
ir-se-á
sobrepor aoprincípio
do maior bem para o maior número.Os
estrídiosI
e
II
agrupam-seno
nível pré
-
convencional.Os
estádiosIII
e
IV
agrupam-se
no
nível
convencional.
Por
fim,
os
estádiosV
e
VI
ao
nível pós
-convencional. Esta abordagem defende que:
Existem princípios universais (sendo
o
maisforte
ajustiça)
que constituem oscritérios por excelência de avaliação moral.
As
pessoas constroemtais
princípios
activamente,e
regulam
a
sua acção de acordo com esses princípios.Existem diversos
níveis
de
moralidade, sendo
os
mais
elevados
mais diferenciados, mais integrados e mais universais.Os princípios
metodológicosdo
modelo
desenvolvimentalistade Kohlberg
assentam sobre a necessidade de cada professor criar as situações que conduzam os seus alunos adesenvolverem processos
de raciocínio lógico
sobre
questõesmorais.
O
papel
doprofessor
é
o
de facilitador
do
aluno
no
processode
desenvolvimentodo
raciocíniomoral. Deve ajudar
o
aluno a colocar questões, na definição de conceitos, na distinçãode posigões e de pontos de vista.
A
abordagem de Kohlberg embora tenha sido, e continue a ser, uma valiosa alternativaàs'restantes abordagens
de
desenvolvimentoe
de
educaiçãomoral,
recebeu algumascríticas, entre elas:
O
modelocognitivo
desenvolvimentalista nãotem
suficientemente em conta anaÍur eza multi dimensional da moralidade.
O modelo cognitivo desenvolvimentalista sub - valoriza a importância de alguns
factores, tais como diferenças de sexo, de
raç4de
classes sociais e de cultura, no modo como as pessoas atribuem significado às suas experiências morais.a
a
a
a
a
Mestrado em Educação - variante de Administração Escolar
A Construção Axiológica do Jardim de Infância
A Construção Educativa da Criança entre a FamÍlia e a Escola- um estudo de oaso
Um
princípio
moral não é apenas uma regra paÍaa
acçáo, é sobretudovrla
ÍazÃo para aprópria
acção.Os valores morais como sendo
"os
acções quesão avaliadas
comocorrectas
pelos
membros
de
uma dada
sociedade".
(Lourenço,
lgg2,
p:22).
Osprincípios morais são sobretudo construções racionais do sujeito em interacção social.
Mestrado em Educação - variante de Adminisfação Escolar