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Motivos da não prática desportiva em alunos da Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de Vasconcelos de Tarouca

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Motivos da Não Prática Desportiva em Alunos da

Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de

Vasconcelos de Tarouca

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário

Ricardo Jorge Carvalho Silvestre

Orientadora: Professora Doutora Isabel Gomes

Vila Real, 2013

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Vasconcelos de Tarouca

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário

Ricardo Jorge Carvalho Silvestre

Orientadora: Professora Doutora Isabel Gomes

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III

Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do(a) Professor(a) Doutor(a) Isabel Gomes.

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IV

“Crescimento significa mudança, e toda a mudança implica o risco de passar do conhecido ao desconhecido.”

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V

AGRADECIMENTOS

O presente estudo, não poderia existir sem o contributo inegável e decisivo de diversas pessoas, que mesmo com a sua merecida referência neste espaço saberemos que tal gratidão não será suficiente para reconhecer e enaltecer a importância destas ao longo do meu percurso de vida. Aqui pretendo deixar o meu sincero agradecimento.

À Professora Doutora Isabel Gomes, o meu imenso e profundo reconhecimento por todo o auxílio, dedicação e disponibilidade em orientar o presente trabalho. Pela competência e grande entusiasmo que transmite.

À Direção do Agrupamento de Escolas Dr. José Leite de Vasconcelos Tarouca, pelo fato de ter permitido a aplicação do presente estudo, através da permissão para a recolha dos dados da amostra, a todos os alunos que integraram a amostra e ao Núcleo de Professores de Educação Física da escola que tornaram possível o desenrolar deste projeto.

Ao Professor Rui Ferreira, pelo exemplo de profissionalismo, liderança e seriedade a todo o instante. Pela coragem transmitida, o apoio incondicional e principalmente pela amizade, obrigado.

Ao Professor Doutor João Batista Freire, pela pedagogia apaixonante com que me moldou, pela simpatia, boa disposição e a forma prestável com que sempre me tratou. Pelo exemplo admirável de humanidade, e por todos os conhecimentos e ensinamentos partilhados em redor de uma forma tão intensa que jamais olvidarei.

À minha família, e em especial aos pais David Silvestre e Dulcinea Carvalho e aos irmãos José, Fernando e Paulo, por serem o suporte indispensável para o meu bem-estar. Quer seja pela felicidade abundante com que me presenteiam, quer seja pelo amparo em todas as dimensões da minha vida. Todas as formas de envolver reconhecimentos e agradecimentos em palavras são escassos para expressar a minha estima por todos vós.

Aos amigos de curso José Santos, Márcio Sul, Pedro Caldeira, João Gama, Miguel Maia e Luís Santos. Com vocês esta caminhada teve um sabor ainda mais especial.

Aos colegas e amigos do núcleo de estágio Pedro Matos, Joana Batista e Eduardo Ribeiro. Juntos compartilhamos momentos memoráveis na nossa formação.

Ao meu amor, pelo sorriso que desponta em mim.

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VII

RESUMO

Considerando-se a escassez de estudos centrados na análise dos motivos para a não prática desportiva em alunos, pretende-se conhecer os fatores inerentes a esta temática. Esta é uma constatação corroborada por Fernandes, Lázaro e Vasconcelos-Raposo (2005), segundo os quais a maioria dos estudos tem-se cingido à utilização de questionários que citam vários motivos conducentes à prática desportiva.

Assim, com a presente investigação estabeleceram-se os seguintes objetivos: i) analisar se os alunos praticam desporto escolar e alguma atividade desportiva extracurricular; ii) verificar quais os motivos que levam os alunos à não prática desportiva; iii) verificar se as variáveis independentes (sexo e idade) interferem nos motivos que levam os alunos à não prática desportiva.

A amostra foi constituída por um total de 132 alunos a frequentarem os 10º, 11º e 12º anos na Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de Vasconcelos de Tarouca, dos quais 65 não praticam desporto escolar nem qualquer atividade desportiva extracurricular.

Os principais resultados do presente estudo permitiram concluir que os motivos mais importantes para a não prática desportiva foram: poucas possibilidades de prática; por preguiça; outras coisas para fazer; as modalidades existentes não são as que mais gostam; falta de iniciativas desportivas por parte da autarquia; por razões económicas (falta de dinheiro); os horários disponíveis das instalações não são adequados; há poucas pessoas interessadas; os amigos também não praticam; têm medo ou receio de fazer mal; as instalações desportivas ficam longe; acham que não são bons a praticar desporto.

As hipóteses levantadas foram aceites, uma vez que as variáveis sexo e idade interferiram nos motivos que levam os alunos à não prática desportiva, sendo as raparigas, na globalidade, a ter as médias mais elevadas, apontando como fatores mais importantes a falta de tempo, estética/insatisfação e desinteresse pelo esforço físico. Foram os alunos com idades compreendidas entre os 16-17 anos que apresentaram médias mais elevadas, à exceção dos fatores falta de tempo e falta de apoio/condições, onde os alunos na faixa etária dos 18-19 anos obtiveram a média mais alta.

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IX

ABSTRACT

Given the scarcity of studies focusing on the analysis of the reasons for students not in sports, it is intended to know the factors inherent in this theme. This is a finding corroborated by Fernandes, Lazarus and Vasconcelos-Raposo (2005), under which most studies have girded themselves with the use of questionnaires mentioning several reasons leading to the sport.

Thus, the present investigation aimed to objectives: i) to examine whether students practice some sports school and extracurricular sports activity; ii) ascertain the reasons that lead students to not sport; iii) verify that the independent variables (gender and age) affect the motives that lead students to not sports. The sample consisted of a total of 132 students attend the 10 th, 11 th and 12 years in Primary and Secondary School Dr. José Leite de Vasconcelos, Tarouca, of which 65 do not practice any school sports or extracurricular sporting activity.

The main results of this study showed that the most important reasons for non-sports were unlikely to be practical; pair have other things to do; existing modalities are not those they love, lack of initiatives by the sports authority, for economic reasons (lack of money) times the facilities available are not adequate, there are few people interested; friends also do not practice; afraid or fear of harm; the sports facilities are far away; think they are not good at sports.

The hypotheses were accepted, since the variables sex and age interfere with the reasons that lead students to not sport, with girls, overall, have the highest average, indicating the most important factors as lack of time, aesthetic / dissatisfaction and disinterest in physical exertion. Were students aged 16-17 years who had higher averages, except for the lack of time factor, where students aged 18-19 years had the highest average factor and lack of support/conditions.

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ÍNDICE GERAL

I. INTRODUÇÃO ... 15

II. REVISÃO DA LITERATURA ... 19

2.1. Conceito de Motivação ... 19

2.2. Fontes de motivação ... 23

2.3. Motivação intrínseca ... 25

2.4. Motivos para a prática desportiva ... 27

2.5. Motivos para a não prática desportiva ... 32

III. METODOLOGIA ... 35 3.1. Problema de investigação ... 35 3.2. Objetivos ... 36 3.3. Variáveis ... 36 3.4. Hipóteses de investigação ... 37 3.5. Amostra ... 37 3.5.1. Caraterização da amostra ... 38

3.6. Instrumento de recolha de dados ... 40

3.7. Procedimentos ... 40

IV. RESULTADOS ... 43

4.1. Análise descritiva ... 43

4.2. Análise inferencial ... 45

V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 47

VI. CONCLUSÕES ... 53

VII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 55 ANEXOS

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XIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição da amostra segundo o sexo ... 38

Quadro 2 – Distribuição da amostra segundo a idade ... 38

Quadro 3 - Distribuição da amostra segundo o nível de escolaridade frequentado ... 39

Quadro 4 - Distribuição da amostra segundo a prática de desporto escolar ... 39

Quadro 5 - Distribuição da amostra segundo a prática de atividade desportiva extracurricular ... 39

Quadro 6 - Análise descritiva dos itens do IMMAD ... 44

Quadro 7 - Análise comparativa da variável dependente em função do sexo ... 45

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I. INTRODUÇÃO

O desporto é um dos fenómenos sociais com maior impacto na atualidade e a sua prática, corretamente desenvolvida, é uma importante fonte de valorização das pessoas e da sua qualidade de vida. Esta é a razão que levou à consagração, a nível internacional, a prática da educação física e do desporto como um direito fundamental, bem como elementos essenciais da educação e da cultura no desenvolvimento das aptidões, da vontade e do autocontrolo das pessoas, objetivando a sua inserção social e o pleno desenvolvimento das suas capacidades (Veigas et al., 2009; Teixeira & Filho, 2008).

Para a prática do desporto é imprescindível o investimento em infraestruturas apropriadas. Contudo, é principalmente na educação e na formação dos alunos, professores e outros intervenientes sociais, que é necessário apostar-se, para que estes, através das boas práticas pedagógicas e da modelagem comportamental concorram para a adesão dos alunos à prática desportiva e não para as desistências (Fonseca & Mendonça, 1995; Vieira, 2008).

É consensual que a prática de atividades desportivas assume um lugar de relevo em determinados momentos da vida do homem, não sendo por isso de estranhar que a adesão verificada nos diversos contextos onde a prática desportiva é organizada (federada) se cifre na ordem dos milhões em todo mundo, sobretudo na população mais jovem (Brustad, 2000; Fonseca, 2004). Contudo, apesar desta tendência, também são muitos os jovens que decidem abandoná-la ou nem sequer praticá-la, sendo este facto preocupante na medida em que já é um dado adquirido o benefício que a prática desportiva regular tem sobre a população em geral e nos jovens em particular (Brustad et al., 2001).

Esta realidade é igualmente extensível a Portugal, com os escassos estudos efetuados a traduzirem somente resultados do Norte do país (Cruz & Costa, 1997; Cruz et al., 1988; Cruz et al., 1995; Silva et al., 2005), sobretudo no que se refere aos motivos que levaram ao abandono da prática desportiva e não centrados nos motivos que resultam na sua não prática.

É neste contexto que se desenvolve esta dissertação, a qual surge no âmbito do Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, e tem como principal objetivo verificar os motivos subjacentes à não prática desportiva de alunos da Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de Vasconcelos de Tarouca, onde se estagiou e onde se teve a oportunidade de constatar que havia alunos que não praticavam desporto escolar nem qualquer atividade desportiva extracurricular.

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A prática desportiva propicia ao indivíduo o desenvolvimento global e é um facto capaz de gerar diversos fenómenos, uma vez que o praticante é estimulado em termos biológicos, comportamentais, sociais e intelectuais/cognitivos (Leite, 1990, cit. in Teixeira & Filho, 2008).

Perceber as motivações dos alunos para a prática desportiva é um elemento essencial para se traçar o caminho mais correto, isto é, para se planear o futuro em termos de motivação. De acordo com Samulsky (1992, cit. in Januário et al., 2012), a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, a qual depende da interação de fatores pessoais e ambientais. Neste âmbito, a motivação apresenta uma determinante energética (nível de ativação ou intensidade) que diz respeito à forma como o indivíduo se envolve na atividade, e uma determinante de direção do comportamento (intenções, interesses e motivos).

A literatura mais relevante das últimas três décadas tem-se centrado, preferencialmente, nos motivos que levam os jovens à prática desportiva. Indissociavelmente ligada ao estudo do abandono desportivo surge a motivação, pelo papel determinante que ela tem na formação de hábitos do jovem e, consequente, educação (Abreu, 2011).

No que respeita aos motivos conducentes à prática desportiva, Januário et al. (2012) referem que existe um diverso número de motivos, incluindo o divertimento, os aspetos sociais e o desenvolvimento de habilidades.

Em contexto escolar, Gonçalves (2001) defende que o desporto escolar deve constituir um direito de todos os alunos e não apenas dos mais aptos ou mais dotados. Neste sentido, a livre adesão dos alunos, de acordo com os seus interesses e motivações, a atividades de complemento curricular deverá ser aceite sem qualquer tipo de restrições. Isto implica, necessariamente, uma intervenção que promova a motivação de todos os alunos para pretenderem participar de forma ativa nas atividades.

O desporto assenta em valores sociais, educativos e culturais essenciais. Constitui um fator de inserção, de participação na vida social, de tolerância, de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras. A atividade desportiva deve ser acessível a todos, quaisquer que sejam as suas capacidades ou interesses, sendo o desporto escolar, neste âmbito, um dos grandes responsáveis para atuar segundo a premissa do “desporto para todos” (Vieira, 2008).

De acordo com Rebelo (1999), uma das preocupações pedagógicas e educativas da escola é criar condições favoráveis à estimulação permanente e generalizada de atividades de ocupação de tempos livres, sendo as atividades do desporto escolar marcadas por grande

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alternância e variedade de ofertas para lançar os alicerces de uma prática ativa e duradoura da prática desportiva.

Se a prática desportiva assume este valioso papel na formação e no desenvolvimento dos jovens, podendo mesmo ser considerada como uma ligação chave para formar adultos saudáveis, eficazmente inseridos na comunidade e confiantes, reveste-se de maior importância estudar as razões que levam os alunos à não prática desportiva, sendo este o grande objetivo desta investigação.

A crescente procura e o interesse que o desporto, em todos os seus contextos, tem vindo a assumir na nossa sociedade ao longo dos últimos anos, torna necessária a investigação no conhecimento dos motivos que levam as pessoas a envolver-se, mas também nas razões que as levam a afastar-se ou a abandonar a prática desportiva (Veigas et al., 2009).

Em termos estruturais, esta investigação contém a revisão da literatura, na qual se apresenta o conceito de motivação, as fontes de motivação, a motivação intrínseca, os motivos para a prática desportiva e as razões para a não prática desportiva. Na parte reservada à metodologia, têm lugar o problema de investigação, os objetivos, as variáveis, as hipóteses de investigação, a amostra e sua caraterização, o instrumento de recolha de dados e os procedimentos adotados. Seguem-se a apresentação dos resultados, análise descritiva e análise inferencial. O trabalho termina com a discussão dos resultados e as principais conclusões.

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II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceito de Motivação

A motivação é um termo empregado frequentemente no contexto desportivo e educacional. Por vezes, recorrendo a este conceito, os agentes desportivos e os professores encontram a forma mais fácil de justificar resultados, comportamentos e estratégias utilizadas. Continuamente ouve-se treinadores e professores a afirmarem que os seus atletas ou os seus alunos não se encontram motivados. Os próprios atletas e os alunos, por vezes, justificam comportamentos menos apropriados ou uma falta de empenho devido a índices reduzidos de motivação (Alves, Brito & Serpa, 1996).

Apesar da sua vasta utilização, a motivação é um conceito complexo. Como tal, pensa-se que é importante aprepensa-sentar uma definição conpensa-sensual sobre esta matéria.

Segundo Singer (1984, cit. in Cruz, 1996), a motivação é responsável pela seleção e preferência por uma atividade, pela persistência nessa atividade, pela intensidade e vigor (esforço) do rendimento e pelo carácter adequado do rendimento relativamente a determinados padrões.

Halliwell (1981, cit. in Cruz, 1996) defende que o estudo da motivação no desporto deve ter como principais linhas orientadoras as seguintes dimensões: a) direção (“porque é que os atletas escolhem certos desportos para participarem?”); b) intensidade (“porque é que certos atletas se esforçam mais ou jogam com maior intensidade que outros?”); e c) persistência (“porque é que certos atletas continuam a prática desportiva e outros abandonam?”).

Um caso paradigmático, e que demonstra algum desconhecimento sobre o assunto, acontece com alguma assiduidade no universo desportivo. Muitos professores de Educação Física e treinadores acreditam que a motivação é inata, ou seja, que está dependente da “bagagem genética” de cada um. Se um aluno ou atleta é visto como fraco em termos motivacionais, esses professores ou treinadores não acreditam que isso possa ser alterado. Como consequência desistem desse aluno ou atleta. Mas, a motivação não é inata. É um atributo que pode ser aprendido e desenvolvido pelas pessoas (Roberts, 1992).

Fernandes (1997) define este conceito como o conjunto dos mecanismos internos e dos estímulos externos que ativam e orientam o comportamento humano.

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Fraisse (1994) denomina a componente motivacional como campo de forças, interagindo entre o indivíduo e o objeto, que Sprinthall e Sprinthall (1993) consideram como cruciais no sucesso académico.

No âmbito da Psicologia em geral e da Psicologia do Desporto em particular, a motivação é uma das áreas que mais tem sido estudada, com a finalidade de se conhecer melhor o comportamento humano. A motivação é, portanto, um domínio “central” de pesquisa e intervenção em Psicologia, dado que é um dos fatores mais influentes nas atitudes e no comportamento, estando subjacente a vários processos psicológicos, como a aprendizagem, o pensamento, a memória, o esquecimento, a perceção, a emoção e a personalidade.

De um modo geral, a motivação pode ser entendida como um conjunto de impulsos que orientam o comportamento de uma pessoa em direção a um determinado fim ou objetivo (Balancho & Coelho, 1996). Segundo Vergara (1999), a motivação é um termo que abrange qualquer comportamento dirigido para um determinado objetivo. Refere ainda o autor que a motivação pode ser cíclica, ou seja, começa com uma necessidade ou motivo, o que provoca um comportamento instrumental para a realização de um objetivo, o qual poderá originar uma outra necessidade ou motivo.

Segundo Serpa (1992), a motivação aparece ligada ao comportamento do sujeito, sendo considerada como uma causa determinada e condicionante do seu grau de eficácia. Se refletirmos sobre alguns dos nossos comportamentos será mais fácil compreender o conceito de necessidades motivacionais: comemos, bebemos, dormimos, procuramos a companhia dos outros e o seu afeto. No local de trabalho, nas aulas ou no grupo de amigos esperamos que nos apreciem e que as nossas opiniões e comportamentos sejam aprovados e reconhecidos. Estes e outros comportamentos têm origem numa “força interna” que predispõe as pessoas a desenvolver uma ação com vista a um objetivo: o alimento, a bebida, o sexo, o prestígio, a aprovação social, o afeto, entre outros.

O estudo da motivação é um dos grandes temas da Psicologia do Desporto, onde diversos autores têm investigado os aspetos motivacionais que levam à prática desportiva (adesão), seja ao nível da competição, do lazer ou recreação em jovens e adultos, ou mesmo ao nível da formação global e desportiva das crianças, à manutenção na prática e também ao possível abandono. O entendimento da motivação no desporto torna-se importante no momento em que a enfocamos como um processo para despertar a ação ou sustentar a atividade física desportiva.

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A motivação é um conceito que se invoca com frequência para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida, apresenta uma grande importância para a compreensão do comportamento humano. Pode ser definido como um processo interno resultante de uma necessidade que desperta o comportamento, com o objetivo de suprir essa mesma necessidade. Os usos que uma pessoa der às suas capacidades dependem da sua motivação, seus desejos, carências, ambições, apetites, amores, ódios e medos. As diferentes motivações e cognições de uma pessoa explicam a diferença de desempenho de cada uma (Vergara, 1999).

Alguns psicólogos afirmam que a motivação está envolvida em várias espécies de comportamento, como a aprendizagem, desempenho, perceção, atenção, recordação, esquecimento, pensamento, criatividade e sentimento, integrando, também um quadro de elementos complexos, inconscientes e, muitas vezes, antagónicos, gerando assim constantes conflitos. Segundo Cruz (1996), motivação é um conceito utilizado para a compreensão do complexo processo que coordena e conduz a direção e a intensidade do esforço dos indivíduos numa determinada atividade. A motivação é responsável por essa mesma escolha e preferência por essa atividade, pela intensidade e esforço do rendimento e pelo carácter adequado do mesmo relativamente a determinados padrões.

Weinberg e Gould (2001) referem que a motivação pode ser definida como um esforço, com uma determinada intensidade e direção, sendo a direção do esforço a procura, a aproximação ou a atração a determinada situação, enquanto a intensidade do esforço expressa a quantidade desse mesmo esforço que o sujeito coloca numa situação particular. Segundo Correia (1993), a direção do comportamento indica se um indivíduo se aproxima ou evita uma situação particular, e a intensidade do comportamento indica o grau de esforço despendido para a realização desse comportamento.

Para Balancho e Coelho (1996, p. 17), motivação é “aquilo que suscita ou incita uma conduta, que sustém uma atividade progressiva, que canaliza essa atividade para um dado sentido”. Deste modo, de acordo com as mesmas autoras, pode ser designada por motivação tudo o que desperta, dirige e condiciona a conduta. Ainda na opinião destas autoras, pela motivação, consoante as diferentes perspetivas e domínios, é possível que as pessoas encontrem motivos para aprenderem, para se aperfeiçoarem e para descobrirem e rentabilizarem as suas capacidades.

Fontaine (1988, cit. in Almada, 1992) menciona que o conceito de motivação é multifacetado, abrangendo um conjunto vasto de fatores bastante heterogéneos (o desejo de

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sucesso, as aspirações, etc.). Todavia, este autor, baseado em vários autores, admite que existe um certo consenso relativamente à noção de motivação como especto dinâmico de ação (i.e., leva o indivíduo a realizar e a perseguir certos objetivos).

Segundo Woolfolk e Nicolich (1984; cit. in Costa et al., 1998), habitualmente, os psicólogos que procuram definir, de uma forma detalhada, a motivação, debruçam-se sobre três questões fundamentais: saber o que leva um sujeito a iniciar determinada atividade, a razão por que se focaliza em determinado objetivo e a causa pela qual persiste em realizar esse objetivo. Na posse destes conhecimentos, é possível ao professor organizar e orientar melhor a sua intervenção pedagógica, promovendo um clima motivacional positivo e proporcionando situações favoráveis ao processo de ensino e aprendizagem. Em primeiro lugar, segundo Balancho e Coelho (1996), deve procurar saber-.se o que é que leva as pessoas a iniciar uma determinada ação. Posteriormente, a razão da escolha de um dado objetivo. Finalmente, a causa pela qual se persiste na tentativa de concretização desse objetivo.

Neste contexto podem ser identificadas e retratadas pelo menos dois tipos de necessidades: as necessidades fisiológicas e as necessidades psicológicas (Costa, et al., 1998). As necessidades fisiológicas ou biogénicas estão ligadas à sobrevivência e preservação do organismo. São exemplos, as necessidades de oxigénio, comida, bebida, de manutenção da temperatura do corpo, de evitar a dor. A fome e a sede são estados de privação fisiológica. Por sua vez, as necessidades psicológicas são necessidades que podem ser adquiridas por aprendizagem e na interação com o meio, não se baseando necessariamente em estados de privação e variam conforme o contexto sociocultural. São exemplos de necessidades fisiológicas as necessidades de realização, de poder, de autoestima e de aprovação social.

No âmbito desportivo, Weinberg e Gould (2001) referem que o estudo da motivação deve primordialmente contemplar a direção e a intensidade do esforço. Vasconcelos-Raposo (2001) define motivação como sendo um processo, ou seja, o compromisso que o indivíduo assume em trabalhar para atingir determinados objetivos. Samulski (2002) diz que a motivação é a totalidade daqueles fatores que determinam a atualização de formas de comportamento dirigido para um determinado objetivo. O estudo dos motivos implica o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou executar algumas tarefas com maior empenho do que outras ou, ainda, persistir numa atividade por longo período de tempo. O mesmo autor acrescenta que a motivação se caracteriza por um processo (pró)ativo, intencional e dirigido a uma meta que depende da interação conjunta de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos).

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Samulski (2002) menciona que o conceito de motivação é multifacetado, abrangendo um conjunto vasto de fatores bastante heterogéneos (o desejo de sucesso, as aspirações, etc.). O mesmo autor refere, ainda, que a motivação é interior à pessoa, não podendo por isso ser observada. Tem um efeito energizador sobre a aprendizagem e o facto é que as pessoas possuidoras de altas necessidades de realização são mais persistentes. Como tal, pode dizer-se que a motivação é a “força” que move a pessoa a realizar atividades. Está-se motivado quando se tem vontade de fazer alguma coisa e se é capaz de manter o esforço necessário durante o tempo indispensável para atingir o objetivo proposto.

Ao estudar-se as variáveis pessoais é obrigatório fazer referência às necessidades, às crenças individuais, à unicidade de cada pessoa, às interações sociais e, ainda, às variáveis contextuais de cada pessoa. Maslow (1994; cit. in Tresca & De Rose, 2000) defende que as pessoas estão motivadas por uma hierarquia de necessidades, começam pelas necessidades básicas e avançam até às necessidades de realização pessoal. A necessidade de estima é considerada como uma característica pessoal que se obtém com as primeiras experiências com a família e como uma reação a experiências recentes de êxito ou de fracasso, equilibrando-se com a necessidade de evitar o fracasso.

Apesar da dificuldade sentida para descrever o conceito de motivação, Tresca e De Rose (2000) entendem-na como um conceito que se usa quando se quer descrever as forças que atuam sobre, ou dentro de um organismo, para iniciar e dirigir a sua conduta, ou para explicar e entender as diferenças na intensidade das atitudes, sendo que as atitudes mais intensas podem ser consideradas como o resultado dos mais elevados níveis de motivação. A motivação pode usar-se, ainda, para indicar a direção seletiva de uma conduta.

2.2. Fontes de motivação

Conforme se tem vindo a expor, a motivação consiste num conjunto de fatores dinâmicos que determinam o comportamento de cada indivíduo. No contexto desportivo também é usual designarem-se as motivações pelo conjunto de fatores internos e externos (intrínsecos e extrínsecos) que influenciam o esforço e a persistência dos comportamentos, em direção a um fim ou a um objetivo. Então, a motivação intrínseca é determinada pelo interesse do indivíduo na tarefa, enquanto a motivação extrínseca é grandemente determinada pelos reforços associados, por norma, aos resultados, possibilitando esta concetualização o agrupamento dos motivos em duas orientações motivacionais (Brito, 2001; Costa et al., 1998).

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A motivação intrínseca relaciona-se com o processo de satisfação de necessidades primárias e internas do ser humano, ligada mais concretamente ao prazer de efetuar uma tarefa. Sendo que os fatores que motivam a pessoa a realizar esta tarefa podem ser a facilidade, a dificuldade, a complexidade e as novidades. Estes são alguns fatores que, intrinsecamente, impulsionam o indivíduo a realizar determinada tarefa (Cruz, 1996). Na opinião do mesmo autor, os motivos intrínsecos que predispõem o indivíduo para a prática de uma modalidade desportiva são satisfeitos por reforços internos, ou seja, o desempenho é estimulado pelo interesse na própria tarefa, como, por exemplo, a realização ou satisfação da aprendizagem.

Apresentam-se alguns exemplos de reforços internos, segundo a opinião do autor supracitado: instinto – depende de complexos fatores ambientais e internos. Por instinto, o indivíduo reage impulsivamente, sem dirigir racionalmente as suas ações, a fim de conseguir qualquer coisa que lhe dê prazer; hábitos – são consequência de aprendizagens de costumes sociais e educacionais e condicionam inconscientemente a forma de atuar; atitudes mentais – certos tipos de motivação tornam-se intimamente associados à afirmação do eu. Uma pessoa, por exemplo, gosta de realizar tarefas difíceis, para que o seu bom desempenho constitua uma prova de afirmação e de auto-estima; ideais – existem pessoas que estabelecem um padrão, como objetivo a atingir. Essa aspiração, por si só, pode motivar o indivíduo a dar o máximo de si mesmo. Neste caso específico, o fracasso, quando acontece, faz descer o seu nível de aspiração, enquanto o êxito o eleva consideravelmente; prazer – é um ‘reflexo’ automático, fora do controlo consciente, que procura situações agradáveis. O indivíduo, ao avaliar um objeto ou uma situação, desencadeia um processo emotivo, do qual resulta o desejo de executar uma ação. A avaliação emocional motiva-o para a ação.

A motivação extrínseca diz respeito à motivação exterior ao indivíduo e é reforçada por modelos, pelo oferecimento de prémios materiais, reconhecimento social, de natureza externa à tarefa e que compõe alguns dos pressupostos básicos da própria tarefa (Cruz, 1996; Roberts, 1992).

Assim, Cruz (1996) salienta alguns reforços externos que impulsionam a motivação extrínseca: personalidade do treinador – influencia consideravelmente as aprendizagens dos indivíduos. Quando estabelece relações de empatia e de afetividade, favorece o prazer de aprender e facilita a aquisição de conhecimentos; influências do meio – as pessoas dependem quase totalmente do ambiente familiar e do meio social em que vivem. Deles depende, por conseguinte, a formação do seu carácter, comportamentos e o desenvolvimento de gostos e de

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aptidões; influência do momento – a instabilidade emocional das pessoas leva-as a revelar, consoante os momentos, atitudes diferentes perante as tarefas que realizam. Cabe ao professor/treinador descobrir os motivos que condicionam tais atitudes e ajudar o indivíduo a encontrar o equilíbrio; objeto em si – quando um objeto é mostrado ao indivíduo, pode despertar-lhe emoções estéticas ou constituir, para ele, uma novidade. Perante qualquer destes sentimentos, o indivíduo sente-se motivado pelo objeto em si.

Em síntese, a motivação pode ser muito mais duradoura se tiver adjacentes fatores intrínsecos, dado que estes têm a vantagem de levar os indivíduos a descobrir a atividade que lhe proporcione atingir os seus objetivos. Por seu turno, a motivação extrínseca leva o indivíduo a ter em conta as influências do meio ambiente, para decidir a atividade que o possibilitará atingir o seu objetivo (Cruz, 1996).

Para muitos autores é consensual a associação entre a motivação intrínseca, o prazer e a alegria que as atividades proporcionam e não a causas externas como as recompensas (Vallerand & Fortier, 1998; Pelletier et al., 1995; Duda et al., 1995). Por este motivo, no ponto que se segue dá-se destaque à motivação intrínseca.

2.3. Motivação intrínseca

A motivação intrínseca está conotada a variáveis afetivas, à satisfação com a atividade, ao interesse e às emoções positivas (Brière et al., 1995).

Os indivíduos intrinsecamente motivados envolvem-se nas atividades pelo prazer e satisfação resultantes da possibilidade de se ultrapassarem a si próprios e da aprendizagem que as situações lhes proporcionam e sem constrangimentos (Kavussanu & Roberts, 1996). Uma atividade realizada por uma pessoa motivada intrinsecamente é encarada como um fim em si própria e não como um meio para outros fins (Chantai et al., 1996).

Segundo Fonseca (1999), um indivíduo está intrinsecamente motivado para a prática de uma determinada atividade quando a realiza voluntariamente pelo prazer e satisfação que ela lhe proporciona.

Para Cruz (1996) as pessoas podem participar em determinada atividade por razões intrínsecas. É o caso das que são intrinsecamente motivadas para serem competentes e para aprenderem novas competências, que gostam de competição, ação ou excitação e que querem também divertir-se e aprender o máximo que forem capazes.

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Sprinthall e Sprinthall (1993) defendem que este tipo de motivação se constrói sobre si mesma produzindo um sentido de motivação acrescida para persistir na atividade.

Para Alves, Brito e Serpa (1996), a motivação intrínseca constitui o mais elevado fator para a permanência na atividade, já que funciona como se fosse uma fonte interior permanente de energia dinamizadora ao desportista.

Face à importância que a motivação intrínseca exerce, é compreensível que exista um conjunto bastante vasto de investigação sobre esta temática. Numa investigação levada a cabo por Carroll e Loumidis (2001), com 922 alunos, os resultados indicaram que existiu uma correlação significativa, moderadamente positiva, entre o prazer sentido durante as aulas de Educação Física e a perceção de competência nessas mesmas aulas, para a totalidade da amostra. Os alunos com perceção elevada de competência participaram em mais atividade física (quantidade e intensidade) fora da escola do que aquelas que tinham perceção reduzida de competência, mas não existiram diferenças nos índices de prazer e na quantidade de atividade física.

Num estudo realizado por Newton e Duda (1999), constatou-se que os atletas praticantes de voleibol demonstraram algum divertimento, níveis moderados relativamente ao esforço despendido e à importância atribuída à modalidade, e não sentiram demasiada Pressão/Tensão.

Numa pesquisa realizada por Fernandes, Fonseca e Vilas Boas (2000) constatou-se que 53 nadadoras e 43 nadadores da seleção regional da Associação de Natação do Norte de Portugal, com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos, apresentaram valores elevados de motivação intrínseca, nomeadamente nas dimensões Prazer/Interesse e Esforço/Importância.

Relativamente às diferenças verificadas entre pessoas de ambos os sexos, Fonseca, Maia e Mota (1999) efetuaram um estudo junto de 232 alunos (111 masculinos e 121 femininos) dos 7º, 8º e 9º anos de escolaridade de diversas escolas do norte de Portugal, concluindo que os rapazes parecem estar mais motivados intrinsecamente para a disciplina de Educação Física do que as raparigas, nomeadamente no que diz respeito às dimensões Competência e Esforço/Importância.

De acordo com o estudo apresentado anteriormente de Carroll e Loumidis (2001), os rapazes atingiram valores superiores aos das raparigas, no tempo passado em atividade física, na perceção de competência e no prazer sentido.

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No que concerne à idade, os níveis de motivação intrínseca parecem depender da mesma. Num estudo realizado com praticantes de natação de classes de lazer, os praticantes mais novos revelaram valores superiores de motivação intrínseca (Oliveira, 2000).

Como tal, pode concluir-se que a motivação é um parâmetro que exerce uma influência decisiva em questões determinantes do comportamento humano, como a iniciação, a condução, a regulação e a manutenção, quer do esforço quer da persistência de um determinado comportamento, numa atividade específica, em que cada pessoa se encontre envolvida, num momento específico da sua vida.

2.4. Motivos para a prática desportiva

Biddle (1997) argumenta que o conhecimento das razões que os jovens apresentam para serem fisicamente ativos no desporto é um ponto de partida importante para a compreensão da motivação.

Como tal, proceder-se-á à apresentação das conclusões de diversos estudos que realizaram a análise dos motivos invocados pelos atletas de uma determinada modalidade desportiva, como fundamentais para terem iniciado a sua prática.

Segundo Cruz (1996), a primeira análise extensiva sobre motivação foi realizada por Sapp e Haubenstricker (1978) com uma amostra de 579 rapazes e 471 raparigas, com idades entre os 11 e os 18 anos, praticantes de 11 modalidades desportivas. Os resultados mostraram que uma elevadíssima percentagem dos atletas participava nas atividades pelo divertimento proporcionado (90%), 80% porque ansiavam evoluir nas suas competências e 56% estavam preocupados com os aspetos ligados à saúde/aptidão física.

Frey, McCIements e Sefton (1981, cit. in Cruz, 1996) verificaram, junto de jovens atletas praticantes de hóquei no gelo, que 98% esperavam divertir-se muito com o jogo, 87% desejavam tomar-se bons praticantes, 68% desejavam fazer novas amizades, 61% ambicionavam conquistar troféus e 54% esperavam fazer exercício físico e viajar.

Gould, Feltz, Weiss e Petlichkoff (1982, cit. in Cruz, 1996) inquiriram 365 jovens nadadores de competição, com idades compreendidas entre os 9 e os 18 anos, sobre os motivos para a participação na sua atividade desportiva. Os mais referidos foram: o divertimento, a forma física, a saúde física, a melhoria de competências, a “atmosfera” da

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equipa e o desafio. Por outro lado, os que tiveram menos influência na sua participação foram: agradar aos pais ou aos melhores amigos, acalmar a tensão, ser popular e viajar.

Gill, Gross e Huddleston (1983, cit. in Cruz, 1996) estudaram as razões de 720 rapazes e 418 raparigas, praticantes de basquetebol, luta, futebol, golfe, basebol, ténis, atletismo, futebol, ginástica e voleibol, com idades compreendidas entre os 8 e os 18 anos, para a adesão a uma atividade desportiva. Os resultados demonstraram como motivos mais fortes: melhorar as competências, divertimento, aprender novas competências, desafio e ser fisicamente saudável.

Klint e Weiss (1987, cit. in cruz, 1996), numa investigação efetuada com 67 jovens ginastas, com idades compreendidas entre os 8 e os 16 anos (27 rapazes e 40 raparigas) concluíram que os motivos invocados como mais importantes para a sua participação nesta modalidade foram: aprender novas competências, adquirir a forma física, melhorar as competências, divertimento, estar em forma, gosto pelo desafio, prazer no uso dos equipamentos e competir ao mais alto nível. Como menos importantes foram mencionados: influência dos amigos, libertar energias, gostar de ser popular, ser conhecido e ter um pretexto para sair de casa.

Em Portugal, a investigação sobre esta temática é escassa. Um primeiro estudo efetuado em Portugal refere-se à avaliação psicológica de jovens desportistas realizado por Cruz e Cunha (1990, cit. por Sousa, 2004). Entre outros aspetos foi analisada a motivação para a prática do andebol, junto de 29 atletas, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos e que participaram nos treinos da Seleção Regional de Braga. Os resultados mostraram fundamentalmente três fatores que contribuíram decisivamente para a prática desta modalidade: desenvolvimento das capacidades e obtenção de níveis superiores de execução, manutenção de uma boa forma física, serem fisicamente saudáveis e gostare+m do espírito de grupo e de trabalhar em equipa.

Noutro estudo, Cruz, Costa, Rodrigues e Ribeiro (1988, cit. por Sousa, 2004) investigaram este assunto junto de 90 atletas e 19 ex-praticantes de andebol. Os atletas foram atraídos para a prática do andebol por motivos relacionados com o desenvolvimento das suas capacidades e manutenção e/ou promoção da saúde/forma física, assim como pelo divertimento e pela descarga de energia. Os ex-atletas, para além da importância dada a estes aspetos, atribuíram algum valor a motivos ligados à amizade, à afiliação e à orientação para a equipa.

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Serpa (1992) pesquisou os motivos que levaram 175 jovens (85 rapazes e 90 raparigas), com idades entre os 10 e os 15 anos, a envolverem-se numa atividade desportiva. Os mais fortes foram: estar em boa condição física, trabalho em equipa, aprender novas técnicas, espírito de equipa, fazer exercício, manter a forma, atingir um nível desportivo mais elevado, melhorar as capacidades técnicas e fazer novas amizades. No sentido oposto, as razões menos importantes foram: pretexto para sair de casa, entrar em competição, descarregar energias, ultrapassar desafios, ter a sensação de ser importante, viajar e ser reconhecido e ter prestígio.

Fonseca e Fontaínhas (1993, cit. in Sousa, 2004) elaboraram uma análise dos motivos invocados para a prática da Ginástica Desportiva de Competição, por parte de 50 atletas (29 raparigas e 21 rapazes), com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos, tendo uma experiência nesta modalidade que variava entre 1 e 11 anos. Os atletas indicaram como principais motivos a possibilidade de desenvolver a sua capacidade técnica e de manter a condição física. Os menos importantes foram os relacionados com a libertação de energia e com o divertimento.

Fonseca e Soares (1995, cit. in Sousa, 2004) investigaram os motivos que levaram 155 alunos a praticar andebol, no âmbito do Desporto Escolar. Os mais importantes foram, em primeiro lugar, os relativos à forma física e ao desenvolvimento de competências, e, em segundo, os ligados à afiliação específica e geral. Por outro lado, os motivos relacionados com o estatuto, com as emoções e com o prazer/ocupação dos tempos livres foram os menos determinantes.

Fonseca, Sousa e Vilas Boas (1998) realizaram um estudo para avaliar as razões que levaram 112 atletas de ambos os sexos (63 do sexo masculino e 49 do feminino), com idades compreendidas entre os 12 e os 27 anos, de 8 clubes da zona norte de Portugal, à prática da natação federada e competitiva. As mencionadas como fundamentais foram a Afiliação Geral, a Forma Física, a Competição, o Desenvolvimento Técnico e a Afiliação Específica, tendo os motivos relacionados com o Estatuto, as Emoções, e o Prazer/Ocupação dos Tempos Livres sido indicados como menos importantes.

Numa pesquisa levada a cabo por Fonseca, Freitas e Frade (1998), com o intuito de conhecer os motivos apresentados como decisivos para a prática regular e sistemática de futebol, por 183 jovens futebolistas do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos, que competiam nos campeonatos distritais de Coimbra, nos escalões de infantis, iniciados, juvenis e juniores, integrados em 7 clubes distintos, constataram que o

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Desenvolvimento Técnico e a Forma Física, seguidos pela Afiliação Geral, Competição e Afiliação Específica/Equipa foram os mais importantes. Por outro lado, os relacionados com as Emoções, Estatuto, e Prazer/Ocupação dos Tempos Livres foram os indicados como menos determinantes.

Lourenço (1995, cit. in Sousa), numa investigação efetuada com 110 atletas federados de atletismo (69 do sexo masculino e 41 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos e que competiam por 20 clubes da Associação de Atletismo do Porto concluiu que os motivos ligados com a manutenção da forma, com a melhoria do nível atual, com a competição e com a afiliação geral e específica, foram os que exerceram maior influência na tomada de decisão. Os motivos relacionados com o prazer, com o estatuto e as emoções são os mencionados como os de menor valor para praticarem esta modalidade.

Raposo, Figueiredo e Granja (1996, cit. in Sousa, 2004) estudaram as motivações para a prática de atividade física, de 929 jovens (466 rapazes e 463 raparigas), com idades compreendidas entre os 10 e os 21 anos de idade, pertencentes a escolas do distrito de Vila Real. As mais importantes foram: estar em boa condição física, fazer novas amizades, aprender novas técnicas, divertimento, estar com os amigos, trabalhar em equipa, atingir um nível desportivo mais elevado, manter a forma, melhorar as capacidades técnicas, fazer exercício e fazer alguma coisa em que se é bom. O único motivo menos importante apresentado relacionou-se com ter um pretexto para sair de casa.

Dias (1995) realizou uma pesquisa em 9 clubes do concelho do Porto, junto de 257 atletas de ambos os sexos (118 do sexo masculino e 69 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos, com o intuito de conhecer os motivos que os levaram a praticar uma atividade física de forma regular. Os mais determinantes foram: preferência pelo trabalho em equipa, a preocupação com a obtenção de espírito de grupo e o gosto de pertencer a um grupo, influência exercida pelos treinadores, a utilização do material desportivo, o sentir de emoções fortes e a preocupação com a manutenção da condição física. Os fatores considerados menos importantes foram: realização/estatuto, ter prestígio e a influência dos amigos e familiares.

Num estudo realizado por Fonseca e Maia (2000), com 1816 jovens praticantes federados de diversas modalidades desportivas, em clubes das regiões Norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Guimarães, Vila Real e Bragança) e Centro (Coimbra, Aveiro e Viseu) do nosso país, de ambos os sexos (1356 rapazes e 460 raparigas), com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, os motivos mais apontados, pela globalidade da amostra, como

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decisivos para praticarem uma atividade desportiva competitiva foram essencialmente os relacionados com a tentativa de melhorar, ou de demonstrar competência, assim como a aquisição ou manutenção de elevados índices de forma física. Em seguida, foram mencionados como determinantes a afiliação, quer geral quer específica, e a competição. Os menos importantes foram: aquisição ou manutenção de um elevado estatuto, procura de prazer e a ocupação dos tempos livres e as emoções.

Longhurst e Spink (1987, cit. in Sousa, 2004) analisaram os motivos invocados por 404 atletas australianos de ambos os sexos, com idades entre os 8 e os 18 anos, como determinantes para a prática de uma determinada modalidade desportiva. Os mais referidos pelos atletas do sexo masculino foram: desenvolvimento de competências, estar bem fisicamente, competir, desafio e aprender novas competências. Os menos apontados foram: libertar energia, ter um bom equipamento, ser popular e influência dos pais e amigos. As raparigas indicaram o desenvolvimento de competências, competir, aprender novas competências, estar bem fisicamente e desafio, como razões fundamentais. No extremo oposto, o querer ser popular, ter um bom equipamento, libertar energias e influência dos pais e amigos, foram os motivos menos indicados. As raparigas apresentaram índices superiores em relação ao desenvolvimento de competências.

Num estudo realizado por Fonseca e Maia (2000) e que foi descrito previamente, existiram diferenças estatisticamente significativas no que respeita ao sexo. Os rapazes tiveram valores médios superiores nas dimensões: forma física, competição, prazer e ocupação dos tempos livres, e estatuto, enquanto as raparigas apontaram valores médios superiores na afiliação geral.

De acordo com um estudo apresentado previamente de Fonseca e Fontaínhas (1993) foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quando os resultados foram analisados em função da idade. Os praticantes mais novos indicaram valores superiores para as razões relacionadas com o estatuto, grupo, libertação de energia, divertimento, amigos e outros.

Num estudo realizado por Fonseca e Maia (2000) e que foi descrito anteriormente, os atletas com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos indicaram valores significativamente superiores do que os do escalão etário 13-15 anos para as dimensões competência técnica, forma física, competição, afiliação específica, prazer e ocupação dos tempos livres, e estatuto. Contrapondo com os atletas de 16-18 anos, os de 10-12 anos indicaram valores significativamente superiores para as dimensões competência técnica,

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forma física, afiliação geral e específica/equipa, prazer e ocupação dos tempos livres, e estatuto. Os jogadores de 13-15 anos obtiveram índices significativamente superiores aos apontados pelos de 16-18 anos nas categorias afiliação específica/equipa, prazer e ocupação dos tempos livres.

Os resultados globais destas investigações apontam como motivos principais para a prática desportiva: o desenvolvimento de competências, a melhoria da forma física, as afiliações geral e específica e pelo prazer que as atividades proporcionam.

2.5. Motivos para a não prática desportiva

De acordo com as estatísticas de alguns estudos efetuados, o abandono da prática desportiva pelos jovens ou a não prática propriamente dita, apesar de constante ao longo do crescimento dos jovens, torna-se alarmante a partir dos 12 anos de idade (Carmo et al., 2009; Costa, 2008).

Num estudo realizado por Gonçalves (1999), verificou-se que cerca de 90% dos jovens que abandona a prática desportiva têm idades compreendidas entre os 14-15 anos de idade.

Oliveira et al. (2007, cit. in Santos, 2008) verificaram que a não prática desportiva esteve presente em 42% alunos mais jovens (juvenis), em júnior 33% e 8% em seniores, prevalecendo o escalão etário aos 16 anos de idade. As motivações para a não prática desportiva foram: a falta de apoio, a falta de conciliação dos estudos com o desporto, a rotina dos treinos, a falta de integração social, as instalações desportivas ficarem longe de casa, falta de interesse e vontade e a falta de hábitos desportivos.

Cruz et al. (1988, cit. in Cruz, 1996) estudaram uma amostra de alunos, obtendo resultados que confirmam a elevada importância dada à falta de oportunidades, à falta de capacidade física e ao facto de não terem hábitos desportivos, o que parece sugerir a importância que poderá ter a perceção de ameaça à competência e à capacidade pessoal dos alunos, levando-os à não prática desportiva.

Num estudo efetuado por Martens (1980, cit. in Cruz, 1996), onde o autor reviu a investigação efetuada, apontou como principais causas da não prática desportiva em jovens falta de tempo, perceção de falta capacidades físicas, stresse que a competição pode causar, falta de sucesso e a excessiva organização do desporto.

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Veigas et al. (2009) investigaram as motivações que levam os alunos à prática ou não prática do desporto escolar, com uma amostra de 289 alunos, dos quais 182 não praticantes e 107 praticantes. Os resultados apresentados para a não prática revelaram como causas mais importantes: ter outras coisas para fazer; horários de treino não serem os mais adequados e a falta de iniciativas por parte da autarquia.

Sapp e Haubenstricker (1978, cit. in Costa, 2008) a partir de uma investigação realizada num universo de 1000 jovens, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos, relataram como principais razões da não prática desportiva o interesse por outras atividades, o facto de terem que trabalhar e a falta de hábitos desportivos.

Outro aspeto a ser referenciado tem a ver com o decréscimo em magnitude da razão “falta de apoio dos pais e/ou amigos”, à medida que os jovens vão ficando mais velhos. Esta evidência leva a equacionar que os jovens com o decorrer dos anos poderão eventualmente considerar menos relevante o apoio da família, em termos de aprovação sobre aquilo que fazem (Costa, 2008). O mesmo autor, consubstanciado nos estudos de Horn et al. (1987); Horn e Weiss (1991), refere, a propósito das fontes de informação que os jovens preferem, para construir a sua competência desportiva, que à medida que estes vão crescendo a sua escolha recai sobre a avaliação feita pelos seus pares (em detrimento dos adultos significativos), tal como por critérios autorreferenciados, relativos ao seu próprio desempenho.

Em suma e de acordo com Fonseca e Paula-Brito (2005), os estudos dos motivos pelos quais os jovens aderem ou abandonam uma determinada atividade desportiva não são por si só esclarecedores dos aspetos pessoais e psicológicos que originam essa tomada de decisão, sendo por isso, o abandono dos jovens da prática desportiva, algo de difícil controlo.

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III. METODOLOGIA

Neste capítulo serão abordadas as questões metodológicas que orientam esta investigação e que surgiram na sequência da primeira parte do trabalho, onde se encontra explanada a matriz teórica que serve de suporte à investigação desenvolvida.

3.1. Problema de investigação

Segundo Quivy e Campenhout (2005), uma investigação é algo que se procura conhecer, tendo como preocupação inicial eleger o objeto de estudo e delimitar, tanto quanto possível, a problemática a estudar. O investigador deve estabelecer um fio condutor tão claro quanto realizável de modo a que o seu trabalho se possa iniciar e estruturar com coerência. Deste modo, passa-se a apresentar o problema de investigação.

A motivação é um fator dinâmico que influencia a conduta de um indivíduo, consciente ou inconscientemente, na realização de um objetivo. Apesar de se manifestar internamente, a motivação pode ser despoletada por elementos externos que vão ao encontro dos impulsos, necessidades ou forças potenciais internas (Lázaro et al., 2004, cit. in Veigas et al., 2009). Assim, os motivos oscilam entre um impulso (processo interno que incita à ação) e um determinado objetivo (meta ou fim, que ao ser atingido, reduz ou anula temporariamente o impulso). Este ciclo, através da sua renovação, resulta num conjunto de satisfações e gratificações predispondo o indivíduo a uma prática renovada, que se concretiza com maior frequência e facilidade, atingindo mesmo as esferas da necessidade e do prazer (Lázaro et al., 2004, cit. in Veigas et al., 2009).

O problema a investigar representa o ponto de partida da pesquisa e para o qual se vai procurar encontrar resposta. Um problema de investigação deve constituir uma questão formulada claramente e sem ambiguidades, para que seja facilmente inteligível e admita somente uma interpretação. O investigador, ao formular a questão, deve assegurar-se que ela é exequível, isto é, viável dentro das possibilidades que reúne no momento. Para Quivy e Campenhout (2005), uma boa pergunta de partida deve ser clara, precisa concisa e unívoca para que possa ser facilmente compreendida, devendo também ser pertinente, ou seja, adequada ao fim em vista.

Neste sentido, formula-se a questão de investigação, fio condutor de todo o trabalho:

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- Quais os motivos que levam os alunos da Escola Básica e Secundária Dr. José Leite

de Vasconcelos de Tarouca à não prática desportiva?

3.2. Objetivos

Para a realização deste estudo é essencial a enunciação de objetivos que ajudem a interpretar com maior exatidão o que se visa com este trabalho.

Vaz Freixo (20011, p. 164) reforça esta última ideia afirmando que a formulação de um objetivo consiste num “enunciado declarativo que precisa as variáveis-chave, a população alvo e a orientação da investigação. Indicando consequentemente o que o investigador tem intenção de fazer no decurso do seu estudo”. Para este autor, formular um problema é todo um conjunto de exploração, identificação, descrição e explicação de um determinado fenómeno, que deve ser sumariamente enunciado.

Deste modo, para a realização desta investigação e querendo aprofundar-se ainda mais este estudo, foram traçados os seguintes objetivos:

- Verificar se os alunos praticam desporto escolar e alguma atividade desportiva extracurricular;

- Conhecer quais os motivos que levam os alunos à não prática desportiva;

- Verificar se as variáveis independentes (sexo e idade) interferem nos motivos que levam os alunos à não prática desportiva.

3.3. Variáveis

As variáveis necessitam de ser medidas de alguma forma, para que as hipóteses possam ser testadas e se possam encontrar respostas à questão de investigação. A definição operacional dos conceitos não consiste em delinear as razões, antecedentes, consequências ou correlação do conceito. Descreve as suas características observáveis para se poder medir o conceito, pois, de outra forma, não se teriam medições válidas (Sekaran, 2003).

A variável dependente desta investigação consiste nos motivos que levam os alunos à não prática desportiva; as variáveis independentes são o sexo e a idade.

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3.4. Hipóteses de investigação

Uma vez identificadas as variáveis importantes para a situação e estabelecendo as relações entre elas através do raciocínio do quadro teórico, estamos em posição de testar se a relação teorizada é verdadeira.

Os estudos que utilizam o teste de hipóteses procuram, geralmente, explicar a natureza de certas relações (Sekaran, 2003). É o caso do presente estudo, que pretende identificar a natureza de relações que envolvem, no caso concreto as variáveis independentes (sexo, idade) e a variável dependente (motivos que levam os alunos à não prática desportiva). Esta é a razão pela qual este estudo se baseia fortemente num método quantitativo, pois, uma abordagem qualitativa não suportaria o teste de hipóteses.

As hipóteses podem ser definidas como uma relação lógica obtida através da relação conjeturada entre duas ou mais variáveis expressas sob a forma de afirmação testável. As relações são conjeturadas com base na rede de associações estabelecidas no quadro teórico conceptual formulado para o estudo da pesquisa. Testando as hipóteses e confirmando as relações conjeturadas, espera-se que seja possível encontrar soluções para corrigir o problema (Sekaran, 2003).

De acordo com os pressupostos apresentados, formulam-se as seguintes hipóteses de trabalho:

H1 – O sexo interfere estatisticamente nos motivos que levam à não prática de

atividade desportiva por parte dos alunos.

H2 – A idade interfere estatisticamente nos motivos que levam à não prática de

atividade desportiva por parte dos alunos.

3.5. Amostra

A amostra total é constituída por 132 alunos a frequentarem os 10º, 11º e 12º anos na Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de Vasconcelos de Tarouca, abrangendo todas as turmas do Ensino Secundário do referido estabelecimento de ensino. Há a referir que, após a análise dos questionários, verificou-se que 65 alunos não praticam desporto escolar nem

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qualquer atividade desportiva extracurricular. Como tal, faz-se a caracterização da amostra total, englobando os alunos que praticam e os que não praticam qualquer atividade desportiva (curricular ou extracurricular). No entanto, quando se procedeu à análise estatística (descritiva e inferencial) do IMAAD apenas se selecionaram os 65 alunos que não praticam desporto, sendo este o critério de inclusão, para que se possa responder à questão de investigação e alcançar os objetivos delineados.

3.5.1. Caraterização da amostra

As suas características em relação ao sexo, idade, encontram-se nas Quadros que se seguem.

Sexo

Pode observar-se que 50% dos alunos são do sexo masculino e 50% são do sexo feminino (cf. Quadro 1).

Quadro 1 - Distribuição da amostra segundo o sexo

Sexo n %

Feminino 66 50

Masculino 66 50

Total 132 100,0

Idade

No que concerne à idade, verifica-se que a maioria dos alunos (38%) possui 15 anos, seguindo-se os alunos com 16 anos (30%), os que possuem 17 anos correspondem a 23% da amostra. Com menor representatividade estão os alunos com 14 anos (2%), com 18 anos (7% e apenas 1 aluno (0,75%) possui 19 anos (cf. Quadro 2).

Quadro 2 – Distribuição da amostra segundo a idade

Idade n % 14 3 2 15 50 38 16 39 30 17 30 23 18 9 7 19 1 0,75 Total 132 100

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Nível de Escolaridade frequentado

No que diz respeito ao nível de escolaridade frequentado pelos alunos, 34% da amostra frequenta o 10º ano, 39% encontra-se no 11º ano e 27% frequentam o 12º ano (cf. Quadro 3).

Quadro 3 - Distribuição da amostra segundo o nível de escolaridade frequentado

Escolaridade n %

10º Ano 45 34

11º Ano 51 39

12º Ano 36 27

Total 132 100

Quanto ao facto de os alunos praticarem desporto escolar, verificou-se que a maioria (49%) não pratica, contrariamente aos 51 % dos alunos que responderam afirmativamente (cf. Quadro 4).

Quadro 4 - Distribuição da amostra segundo a prática de desporto escolar

Praticar desporto escolar n %

Sim 32 24

Não 100 76

Total 132 100

Apurou-se que a maioria dos alunos (70%) não pratica qualquer atividade desportiva extracurricular, enquanto 30% praticam (cf. Quadro 5).

Quadro 5 - Distribuição da amostra segundo a prática de atividade desportiva extracurricular

Prática de atividade

desportiva extracurricular n %

Sim 40 30

Não 92 70

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3.6. Instrumento de recolha de dados

O instrumento de recolha de dados utilizado nesta investigação foi o questionário (cf. Anexo I), o mesmo contém questões que permitem saber o sexo, a idade, o ano de escolaridade, se os alunos praticam desporto escolar e alguma atividade desportiva extracurricular. Inclui o Inquérito de Motivações para a Ausência de Atividade Desportiva (IMAAD) da autoria de Pereira e Vasconcelos-Raposo (1997, cit. in Fernandes, Lázaro e Vasconcelos-Raposo, 2005). É formado por 39 itens, os quais deram origem a 5 Fatores: Facto 1 - Aversão desportiva/Insatisfação; Fator 2 - Estética/Incompetência; Fator 3 – Falta de apoio/Condições; Fator 4 –Estética e Insatisfação; Fator 5 – Falta de tempo. As respostas são dadas numa escala do tipo Likert, sendo que o 1 representa “discordo totalmente”, 2 “discordo”, 3 “indiferente”, 4 “concordo” e 5“concordo totalmente”. Na avaliação da consistência interna, o alpha de Cronbach em cada um dos fatores indica uma razoável consistência interna, variando entre (0,62 e 0,81).

3.7. Procedimentos

Após uma informação inicial dos propósitos da investigação e a obtenção do consentimento por parte da administração da Escola Básica e Secundária Dr. José Leite de Vasconcelos de Tarouca para a aplicação dos questionários (cf. Anexo II), foram aplicados os questionários. Depois, fez-se o levantamento das turmas do Ensino Secundário existentes no referido estabelecimento de ensino, a fim de se saber se a população correspondia às exigências da presente investigação. Seguiu-se a aplicação dos questionários, de forma direta, ou seja, foi realizada pelo investigador, sendo pedido a todos os alunos para responderem de forma sincera e sendo-lhes garantindo o anonimato e a confidencialidade das suas respostas.

Depois de recolhidos os questionários, deu-se início ao seu tratamento estatístico, que é, atualmente, o método mais adequado para interpretar os dados obtidos em estudos deste género.

De acordo com Tuckman (2002), os dados recolhidos da pesquisa não correspondem, por si só, às inadequações da pesquisa, nem testam as suas hipóteses. Todos os dados precisam de ser processados e analisados de forma a serem detetadas tendências e padrões de relação.

Referências

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