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Caracterização morfológica de ovinos no Brasil, Uruguai e Colômbia

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OVINOS NO BRASIL, URUGUAI E COLÔMBIA. HELENA CRISTINA CARNEIRO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ANIMAIS. BRASÍLIA/DF MARÇO DE 2008.

(2) iii. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OVINOS NO BRASIL, URUGUAI E COLÔMBIA. HELENA CRISTINA CARNEIRO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. ORIENTADOR: CONCEPTA MCMANUS PIMENTEL CO-ORIENTADOR: SAMUEL REZENDE PAIVA. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ANIMAIS. PUBLICAÇÃO: 003/2008. BRASÍLIA/DF MARÇO DE 2008.

(3) iv UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OVINOS NO BRASIL, URUGUAI E COLÔMBIA. HELENA CRISTINA CARNEIRO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS ANIMAIS NA ÁREA DE PRODUÇÃO ANIMAL. ___________________________________________ SAMUEL REZENDE PAIVA, Doutor (EMBRAPA) (CO-ORIENTADOR) CPF: 078 189 507 37 E-mail: samuel@cenargen.embrapa.br. APROVADA POR:. ___________________________________________ CONCEPTA MCMANUS PIMENTEL, PHD (Universidade de Brasília) (ORIENTADOR) CPF: 688 272 881 04 E-mail: concepta@unb.br. ___________________________________________ HELDER LOUVANDINI, Doutor (Universidade de Brasília) (EXAMINADOR INTERNO) CPF: 115 498 558 08 E-mail: hlouvand@unb.br. ___________________________________________ PAULO LUIZ SOUZA CARNEIRO, Doutor (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ) (EXAMINADOR EXTERNO) CPF: 943 812 676 72 E-mail: plscarneiro@gmail.com. BRASÍLIA/DF, 24 de MARÇO de 2008.

(4) v REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO. CARNEIRO, H. A. Caracterização morfológica de ovinos no Brasil, Uruguai e Colômbia. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2008, 76p. Dissertação de mestrado. Documento formal, autorizando reprodução desta dissertação de mestrado para empréstimo ou comercialização, exclusivamente para fins acadêmicos, foi passado pelo autor à Universidade de Brasília e acha-se arquivado na Secretaria do Programa. O autor e o seu orientador reservam para si os outros direitos autorais, de publicação. Nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor ou do seu orientador. Citações são estimuladas, desde que citada a fonte.. FICHA CATALOGRÁFICA. Carneiro, Helena Albuquerque Caracterização morfológica de ovinos no Brasil, Uruguai e Colômbia./ Helena Carneiro. Orientação de Concepta McManus – Brasília, 2008. 76 p. : il. Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2008. 1. Caracterização fenotípica. 2. Morfologia. 3. Conservação. 4. Produção animal. I. McManus, C. II. PHD..

(5) vi. Para meu pai..

(6) vii AGRADECIMENTOS. Agradeço à Universidade de Brasília pela oportunidade de realizar esse curso; À minha orientadora Professora Dra. Connie McManus por toda compreensão, amizade, paciência, boa vontade e conselhos ao longo da realização desse trabalho; Ao meu co-orientador Dr. Samuel Paiva por todos os artigos, sugestões e materiais enviados e sua prontidão em retirar dúvidas; Ao Professor Dr. José Renato Junqueira Borges pela ajuda e grande dedicação em conseguir comprar um aparelho para meu projeto inicial; À Daiana Brito por toda a ajuda e pela troca mútua de materiais; A todas as pessoas que coletaram os dados e os enviaram para a realização desse trabalho, sejam de outras Universidades, de Empresas de pesquisas e até mesmo criadores; A todos os meus professores, que ao longo desse curso, mostraram conhecimento, simpatia e sabedoria e que eu pude conhecer melhor agora; Agradeço aos meus pais por todo o amor e dedicação que sempre tiveram por mim, por terem sempre me incentivado a fazer o que eu sonhava e por terem me ensinado o valor do estudo e do conhecimento. Com certeza tudo que eu sou e tenho hoje é graças a vocês; Um agradecimento especial ao meu pai que, mesmo nos momentos finais da sua doença, me perguntava sobre o mestrado e me incentivava a continuar trabalhando; Ao meu querido marido, amigo, companheiro, Márcio, por todo o amor que sempre teve por mim e por todo o apoio e estímulo na realização desse (e de vários outros) trabalho. E também, é claro, pelo nosso filhinho que se tornou a melhor coisa das nossas vidas. Ao meu lindo filho Oto por ter chegado à minha vida e ter me tornado uma pessoa melhor. E também por ser tão fofo! Amo todos vocês! A Deus que tornou tudo isso possível; A todas as pessoas que de certa forma participaram desse trabalho..

(7) viii Caracterização morfológica de ovinos no Brasil, Uruguai e Colômbia. RESUMO. Foram coletados dados morfométricos das raças de ovinos naturalizados criados no Brasil, Colômbia e Uruguai, e dados de algumas raças comerciais a título de comparação. Para a caracterização fenotípica foram levantadas informações sobre tamanho, cor e conformação dos animais, incluindo medição de 16 características morfométricas. Os dados fenotípicos foram analisados através PROC GLM, CORR e PRINCOMP do SAS ®. A distância entre as raças foi feita de acordo com a morfologia e medidas morfométricas por sexo usando a metodologia UPGMA (Unweighted Pair Group Method Arithmetic Mean) para gerar o dendograma. A caracterização fenotípica pode ser uma ferramenta acessível e fácil de ser realizada em programas de conservação e melhoramento. A raça influenciou todas as características medidas e, em geral, o tipo e o local de criação também. As raças comerciais, em sua maioria, apresentaram maiores médias para as medidas corporais e as populações de Santa Inês do Centro-Oeste e do Sudeste pareceram ser mais próximas da Bergamácia criada no Centro-Oeste. Na maior parte das análises, as raças criadas na Colômbia ficaram próximas umas das outras e a proximidade entre as raças Crioulas lanadas criadas no Brasil e no Uruguai, pode indicar uma ancestralidade comum nas raças Crioulas dos países da América latina.. Palavras chave: Caracterização fenotípica, morfologia, conservação, ovinos..

(8) ix Morphological characterization of sheep in Brazil, Uruguay and Colombia. ABSTRACT. Morphometric data was collected on sheep from naturalized breeds in Brazil, Uruguay and Colombia, as wella s from some commercial breeds, for comparison. Phenotypic characterization was carrie dout using size, colour and conformation of the animals, as well as sixtyeen morphometric traits. data was analysed using PROC GLM, CORR and PRINCOMP of SAS ®.. Distance. between breeds was estimated using morphology and morphometric measures by sex using the UPGMA method (Unweighted Pair Group Method Arithmetic Mean) to generate a dendrogram.. Phenotypic characterization can be an. acessible and easy tool to use in breeding and conservation programs. Breed significantly influenced the traits measured and in general type of rearing system and region did also. The commercial breeds in general were larger than the naturalized breeds and the Santa Inês populations in the Center-west and Southeast of Brazil were closest to the Bergamásca breed reared in the Centerwest. In most of the analyses the breeds found in Colombia were closest to other Colombian breeds. The proximity between the Crioulas lanada breeds in Brazil and Uruguay may indicate a common ancestry between them.. Key words: phenotypic characterization, conservation, morphology.

(9) x SUMÁRIO. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 14 Origem e domesticação dos ovinos ............................................................ 14 Recursos genéticos e conservação ............................................................. 15 Raças naturalizadas de ovinos no Brasil .................................................... 22 Raças naturalizadas de ovinos do Uruguai ................................................. 28 Raças naturalizadas de ovinos da Colômbia .............................................. 29 Raças comerciais ........................................................................................... 31 Preservação de pequenos núcleos de animais domésticos...................... 40 Importância da caracterização fenotípica ................................................... 42 OBJETIVOS ..................................................................................................... 45 Objetivo Geral ................................................................................................ 45 Objetivos Específicos .................................................................................... 45 RESUMO ..........................................................................................................46 ABSTRACT .......................................................................................................47 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 48 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 50 Análise dos dados ......................................................................................... 53 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 54 CONCLUSÕES ................................................................................................ 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 72.

(10) xi LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura. Página. Figura 1. Ovinos da raça Crioula Lanada. 23. Figura 2. Ovino da raça Santa Inês. 24. Figura 3. Ovinos da raça Morada Nova. 25. Figura 4. Ovinos da raça Bergamácia. 25. Figura 5. Ovino da raça Somalis. 26. Figura 6. Ovino da raça Damara. 27. Figura 7. Ovino da raça Barriga Preta. 28. Figura 8. Ovino da raça Crioula do Uruguai. 29. Figura 9. Ovino da raça Crioulo Lanado. 30. Figura 10. Ovino da raça Mora. 30. Figura 11. Ovino da raça Vermelha da Colômbia. 31. Figura 12. Ovino da raça Texel. 31. Figura 13. Ovino da raça Ile de France. 32. Figura 14. Ovino da raça Hampshire. 33. Figura 15. Ovino da raça Corriedale. 34. Figura 16. Ovino da raça Dorper. 35. Figura 17. Ovino da raça Merino. 36. Figura 18. Ovino da raça Blackface. 36. Figura 19. Ovino da raça Cheviot. 37. Figura 20. Ovino da raça Suffolk. 38. Figura 21. Ovino da raça Romney. 39. Figura 22. Ovino da raça Ideal. 39. Figura 23. Dendograma UPGMA baseado nas distâncias entre as raças de ovinos naturalizados e comerciais usando o peso, desde peso ao nascer até peso adulto Figura 24 - Autovetores para características de morfologia em ovinos naturalizados e comerciais no Brasil, Uruguai e Colômbia Figura 25 - Dendograma UPGMA baseado nas distâncias entre as raças de ovinos naturalizadas usando medidas morfológicas Figura 26 - Dendograma UPGMA baseado nas distâncias entre ovinos machos usando peso, desde peso ao nascer até peso adulto Figura 27. Dendograma UPGMA baseado nas distâncias entre ovinos da América do Sul usando características morfológicas Figura 28. Análise canônica de peso desde peso ao nascer até peso adulto Figura 29. Análise canônica de medidas morfométricas das raças Crioula, Bergamácia, Suffolk, Santa Inês e Texel. 62. 63 64 66 66 68 68.

(11) xii LISTA DE TABELAS. Tabela. Página. Tabela 1. Raças, locais e número de observações de ovinos coletados. 52. Tabela 2. Resumo da análise de variância das características de peso em ovinos do Brasil, Uruguai e Colômbia. 54. Tabela 3. Médias mínimos quadrados de pesos do nascimento à idade adulta para ovinos criados no Brasil, Uruguai e Colômbia. 55. Tabela 4. Correlações entre as características de peso de ovinos do Brasil, Uruguai e Colômbia. 55. Tabela 5. Analise de variância de medidas corporais em ovinos do Brasil, Uruguai e Colômbia. 57. Tabela 6. Médias de medidas corporais em ovinos do Brasil, Uruguai e Colômbia. 57. Tabela 7. Correlações entre medidas corporais em ovinos do Brasil, Uruguai e Colômbia. 58. Tabela 8. Resumo da análise discriminatória para pesos e dados morfométricos. 67.

(12) xiii.

(13) 12 INTRODUÇÃO. A evolução dos animais domésticos tem sido bastante influenciada pelo homem ao longo das gerações, bem como a expansão e a localização geográfica das mais diferentes espécies seguiram a rota migratória e o estabelecimento do ser humano nas mais diferentes regiões do planeta (Egito et al., 2002). Tanto que quando o homem chegou às Américas há mais de 11 mil anos, o único animal que trouxe com ele foi o cachorro, que na ocasião era o único já domesticado (Barrera et al., 2007). Os demais animais domésticos foram trazidos na época da colonização das Américas pelos portugueses e espanhóis. Entre eles, várias raças ibéricas de ovinos que, ao longo desses cinco séculos, ficaram sob a ação da seleção natural em determinados ambientes, adquirindo características únicas como rusticidade, prolificidade e provavelmente resistência a endo e ectoparasitas e doenças encontradas nas mais distintas regiões brasileiras (Egito et al., 2002). A partir do início do século XX, algumas raças exóticas foram importadas, por serem mais produtivas. Entretanto, essas haviam sido selecionadas para regiões temperadas e não apresentavam as características de resistência das raças naturalizadas. Mesmo assim elas substituíram algumas raças ovinas nativas de tal maneira que essas, atualmente, se encontram em perigo de extinção (Mariante & Egito, 2002). Atualmente, muitos países estão perdendo seus recursos genéticos, o que é crítico tanto para a segurança alimentar quanto para o desenvolvimento sustentável. Mais de 20% das raças documentadas foram classificadas como em risco de extinção. Um exemplo disso é que nos últimos cinco anos 60 raças foram perdidas, cerca de uma por mês. Muitas outras ainda têm que ser formalmente identificadas e várias podem desaparecer antes mesmo de sabermos qualquer coisa sobre elas (FAO, 2007c). A biodiversidade dos recursos zoogenéticos é parte integrante da riqueza biológica de uma nação e sua conservação é fundamental para a sociedade. Tendo em vista que hoje em dia se busca mudar a produção animal no que tange ao desenvolvimento sustentável das criações e ao aproveitamento integral dos recursos naturais (Barrera et al., 2007), a grande variedade de raças naturalizadas nas Américas adaptadas às condições ambientais e de.

(14) 13 criação dessa região, constitui uma fonte de material genético capaz de melhorar a resistência de outras raças a condições desfavoráveis ao ambiente de criação (Notter, 1998). Além da conservação é necessário identificar, caracterizar e disponibilizar esses recursos genéticos. Mas para isso é necessário definir um sistema de produção no qual essas raças demonstrem um potencial produtivo melhor do que as raças exóticas melhoradas, criando-se assim interesse por parte dos criadores, que perceberão que podem utilizar as raças locais e obter retorno financeiro com menor investimento (Mariante & McManus, 2004). Segundo Rodero e Herrera (2000), estudos devem visar à caracterização, identificação e diferenciação das populações revelando a origem e a história das raças, seu senso e distribuição geográfica, qualidades e aptidões, descrição fenotípica e características morfoestruturais. Atualmente os recursos genéticos nativos de ovinos representam uma grande fonte de renda e um grande valor cultural para muitos países, principalmente para os membros da Comunidade Européia.. Entretanto, a. realidade da América do Sul é bem diferente, onde poucos recursos genéticos locais de ovinos são conhecidos e caracterizados. No continente, o Brasil possui a maior quantidade de raças deslanadas de ovinos locais, que exercem um papel muito importante especialmente para os produtores da região Nordeste. A ovinocultura no Brasil tem um grande potencial a ser explorado e pode ser muito melhor aproveitado se forem realizados trabalhos de caracterização e conscientização da população acerca das raças naturalizadas (Paiva, 2005)..

(15) 14 REVISÃO DE LITERATURA. Origem e domesticação dos ovinos. Os ovinos foram os primeiros animais domesticados - após os cães - na pré-história pelos povos que viviam no final do período mesolítico, que, quase certamente, já cultivavam plantas e não caçavam, sendo os ovinos atraídos pelas colheitas (Ryder, 1984). É provável que a domesticação dos ovinos tenha tido início na Ásia. De lá, os animais teriam passado à África e ao sul da Europa, já domesticados. As três principais fontes das atuais raças de ovinos são: o Ovis musimon, ovino selvagem da Europa, ainda lá encontrado, que fundou o grupo dos ovinos europeus; o Ovis ammotragus, que originou os ovinos africanos, e o Ovis arkal, provavelmente o mais antigo. O cruzamento entre esses animais resultou na origem da maioria das raças ovinas modernas: o Ovis áries palustris conhecido como carneiro das estepes da Ásia (Mariante & Cavalcante, 2000a). A mudança no ambiente seguida pela domesticação permitiu uma maior variação, mutações, que permitiram a esses animais sobreviverem em um ambiente com seleção natural reduzida (Ryder, 1984). Ainda com a domesticação, várias subpopulações surgiram em função da adaptação a diferentes condições ambientais, à migração humana ao longo dos milênios e às seleções ocorridas durante os dois últimos séculos, por meio de cruzamentos feitos pelo homem - inicialmente sem intenção e que depois foram “fixados”. por. cruzamentos. consangüíneos.. (Ryder, 1984;. Mariante. &. Cavalcante, 2000a). A domesticação dos animais tornou possível para os humanos sobreviverem em uma grande variedade de ambientes. Os animais domésticos contribuem e sustentam a humanidade de várias formas, fornecendo carne, leite, ovos, fertilizantes para a colheita, entre outros. A estimativa é de que, direta ou indiretamente, os animais domésticos supram de 30 a 40% do total da produção de comida e agricultura (FAO, 2007b). O domínio sobre os animais tem permitido que a produção de alimentos se torne, cada vez mais, capaz de fazer frente às mudanças ambientais e à demanda das diferentes sociedades humanas. O conhecimento adquirido ao.

(16) 15 longo do processo de domesticação tornou possível ao homem selecionar os rebanhos e desenvolver novas raças mais resistentes e adequadas às suas necessidades nutricionais (Mariante & Cavalcante, 2000a).. Recursos genéticos e conservação. A unidade primária de um recurso genético animal é a raça, linhagem ou população geograficamente definida. Cada raça ou população é o produto de evoluções e adaptações isoladas através dos séculos, com diferentes pressões de seleção impostas pelo clima, parasitas endêmicos e doenças, bem como pela alimentação viável e por critérios de seleção e manejo impostos pelo homem. A formação de uma raça esteve, provavelmente, associada com a perda de alguma diversidade genética nos estágios iniciais, assim como com a concentração e, eventualmente, a fixação de algumas características específicas (Mariante & Cavalcante, 2000b; Mariante & Egito, 2002). As raças de animais domésticos de fazenda são o capital primário biológico para o desenvolvimento dos rebanhos, segurança alimentar e desenvolvimento rural sustentável (FAO, 2007a). É esperado que a demanda por produtos pecuários nos países em desenvolvimento dobre nos próximos 20 anos devido ao crescimento populacional e à urbanização (FAO, 2007b). Sendo que o maior desafio para a produção de alimentos na agricultura é o crescimento da população humana dos atuais seis bilhões para nove bilhões em 2050 (Oldenbroek, 2007). Tudo indica que a maior parte desse crescimento populacional se dará principalmente nos países em desenvolvimento, que deverão se preocupar em aumentar sua produção de alimentos. Essa pressão demográfica e econômica tem acelerado o ritmo das mudanças nos sistemas agrícolas tradicionais, entretanto, essa mudança está colocando em risco a biodiversidade, que é condição fundamental para a produção eficiente e sustentável de alimentos (Mariante & Cavalcante, 2000b). Devido ao aumento da demanda por alimentos e produtos de origem animal, produtores de vários países em desenvolvimento decidiram estabelecer programas de melhoramento, que, inevitavelmente, levaram à diluição do germoplasma local por meio do intenso cruzamento com raças exóticas,.

(17) 16 altamente produtivas, desenvolvidas para os países de clima temperado. Muitos. desses. programas. falharam,. já que. os. animais. introduzidos. apresentaram índices produtivos menores do que os naturalizados (Mariante & Egito, 2002). Essas. políticas. de. desenvolvimento. favorecendo. raças. exóticas. (importação e multiplicação de material genético exótico subsidiado) e tecnologias. (máquinas. subsidiadas,. substituição. de. raças. de. tração. tradicionais) são as causas primárias de degradação das raças tradicionais. Essa degradação foi tão intensa que estima-se que até 2015 o tamanho efetivo da população de gado holandês nos Estados Unidos seja de somente 66 animais (McManus et al., 2005b) Ainda de acordo com McManus et al. (2005b) , em muitos desses casos a introdução de um recurso genético no passado não necessariamente promoveu desenvolvimento econômico e ainda potencialmente reduziu a diversidade genética. Para determinar a adequação de uma raça em um sistema de produção é necessário entender a capacidade e a função da mesma como parte do sistema. A seleção de raças importadas tem sido baseada em análises parciais, em que estas produzem maior ou menor quantidade de leite, carne ou lã. Freqüentemente faltam considerações ambientais ou produtividade vitalícia. Atualmente tem-se um duplo desafio: produzir para satisfazer uma demanda crescente de alimentos e promover a conservação e o uso sustentável dos recursos insubstituíveis, de forma a prevenir, conter e até mesmo reverter a tendência à erosão da diversidade (Mariante & Cavalcante, 2000b). Tanto que consumidores dos países desenvolvidos, e cada vez mais dos países em desenvolvimento, estão preocupados com a origem dos produtos e as condições de produção. Estes estão criando um nicho por produtos de alta qualidade, incluindo raças criadas de formas tradicionais. Inclusive estão pressionando a indústria pecuária para controlar os dejetos produzidos pelos animais e diminuir as emissões de gases das criações intensivas causadores do efeito estufa (FAO, 2007c). O desenvolvimento no século XX foi concentrado em um número pequeno de raças no mundo inteiro, freqüentemente sem levar em consideração qual seria o impacto do ambiente local de produção na habilidade de sobrevivência,.

(18) 17 reprodução e produção dessas (FAO, 2007a). Entretanto, nos últimos 10 ou 15 anos, constatou-se que o uso e a preservação dos recursos genéticos animais são inseparáveis. Ocorrendo uma tomada de consciência em torno da importância das raças domésticas para a biodiversidade mundial, devido às combinações gênicas que podem ser feitas a partir delas e que futuramente podem ser úteis (Egito et al., 2002). O uso eficiente dos recursos genéticos animais em países em desenvolvimento é importante para a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda. Também existe a necessidade de melhorar o bemestar animal e a segurança dos alimentos produzidos. Uma revolução na agropecuária deve acontecer para atender à demanda por alimento de origem animal, já que três bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza em todo o mundo (BBC Brasil, 2007). E essa revolução deve acontecer por meio do aumento da produtividade, e não necessariamente do rebanho (McManus et al., 2005b). De acordo com McManus et al. (2005b), o estabelecimento de um sistema de criação economicamente viável em determinada região requer a escolha de raças ou variedades que sejam adequadas às condições ambientais locais. Outro argumento muito comum para a conservação genética é a resistência a doenças, que afeta a conservação de várias maneiras. A resistência a doenças é concebida como um dos desafios futuros para a genética e o manejo animal, com possíveis soluções para muitos problemas atuais e futuros, presentes nas populações. Uma outra questão é a relação existente entre a resistência a doenças (adaptação ambiental) e a produtividade. Em condições extremas, associadas. com. populações. ameaçadas,. existe. freqüentemente. uma. contradição entre produtividade e resistência a doenças/desafios ambientais (McManus et al., 2005b). O progresso e o desenvolvimento futuro da pecuária para as necessidades humanas dependem da variabilidade genética existente entre as raças e populações e dentro delas. A diversidade genética dentro das espécies domésticas está refletida na variedade de tipos e raças que existem e na variação presente dentro de cada uma (Egito et al., 2002) sendo que a perda de um único tipo ou raça compromete o acesso a seus genes e combinações genéticas, pois cada raça ou população representa, provavelmente, uma.

(19) 18 combinação única de genes. Assim, o que se procura atualmente é manter a diversidade máxima do pool genético de cada espécie. Dessa forma, a pecuária prepara-se para atender a necessidades ainda não previstas no tocante ao desenvolvimento do sistema de produção sustentáveis, uma vez que não é possível predizer com objetividade quais as características que podem vir a ser necessárias (Mariante & Cavalcante, 2000b; Egito et al., 2002). Acredita-se que a diminuição da variabilidade genética teria como conseqüência a redução da capacidade de uma espécie sobreviver frente a mudanças ambientais ou flutuações demográficas, seja a curto ou longo prazo. No entanto, ainda é incerto o que constitui a alta ou a baixa variabilidade dentro das espécies, por isso a manutenção dos níveis de variabilidade genética é, em geral, considerada essencial para a proteção a longo prazo de uma espécie ou população (Tansley & Brown, 2000). Aceita-se a premissa de que as raças naturalizadas mantêm um pool gênico que lhes permitiu sobreviver em determinadas regiões. O estudo aprofundado das raças naturalizadas, mediante a caracterização genética de suas. populações,. poderá,. portanto,. auxiliar. no. desenvolvimento. e. acompanhamento racional de futuros programas de melhoramento animal, bem como na preservação e conservação desse importante germoplasma. Os ganhos na eficiência econômica, que podem ser resultado da utilização desse material genético, podem superar os custos de conservação dessas raças/populações (Mariante & Cavalcante, 2000b). A caracterização genética e fenotípica de animais domésticos disponíveis oferece informações importantes para a tomada de decisões racionais para a melhoria e o desenvolvimento de programas de melhoramento e seleção. A utilização de caracteres étnicos permite caracterizar ou classificar indivíduos e raças de uma população. Tais características podem ser definidas como uma particularidade individual em destaque, que, em maior ou menor grau de variação, determina o tipo de raça ou étnico a qual pertence o indivíduo (Rodero et al., 1992). Apesar das técnicas moleculares terem ajudado na identificação de indivíduos e de raças, a caracterização fenotípica e de produção é também necessária. Conseqüentemente, o uso da padronização das raças, definição.

(20) 19 dos traços característicos e determinação do risco ao qual a raça está submetida ajuda a entender melhor a raça em questão (Rothschild, 2003). Levando em consideração o progresso rápido de erosão genética (Hall e Ruane, 1993; McManus et al., 2007) e a importância do recurso genético animal (RGA) para o futuro (Notter, 1999), não se pode esperar por informações específicas e detalhadas acerca das informações sobre as raças disponíveis. Dessa. forma,. uma. estratégia. plausível. para. os. países. em. desenvolvimento que possuem uma carência e má utilização de recursos financeiros, seria avançar na caracterização fenotípica, ou seja, na obtenção de dados de controle zootécnicos e sanitários dos rebanhos de modo eficiente. Paralelamente, esses programas devem investir em recursos tanto para estudos de caracterização molecular como de viabilidade econômica das raças no sistema produtivo do País (McManus et al., 2007). Boa parte da discussão sobre os cuidados com os recursos genéticos animais está focada nos países em desenvolvimento. Esse foco está correto já que a maior parte dos animais domésticos do mundo são encontrados nessas regiões, e nelas as raças de animais de rebanho foram menos caracterizadas (Notter, 1999). Geralmente, criadores, políticos e até técnicos desconhecem a origem e as possíveis conexões genéticas que seus animais têm o que muitas vezes poderia ajudá-los a aumentar seu potencial produtivo (Capote et al., 2004). Elementos importantes nos programas nacionais de conservação incluem o inventário, a caracterização e a documentação dos dados obtidos. No caso da pesquisa, as prioridades devem ser dadas à caracterização e avaliação das populações nativas e à mensuração das diferenças entre as populações e dentro delas. No entanto, é interessante que representantes de raças comuns e economicamente importantes devam ser incluídas, em adição às raças raras, com o intuito de se obter uma visão geral da diversidade genética existente dentro de cada espécie (Egito et al., 2002). Atualmente pretende-se manter a diversidade genética máxima de cada espécie prevenindo necessidades imprevistas para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis. Segundo McManus et al. (2005b), elementos importantes nos programas nacionais de conservação incluem o.

(21) 20 inventário, a caracterização e documentação dos dados obtidos. Em termos de pesquisa, as prioridades devem ser dadas à caracterização e avaliação das populações nativas, mensuração das diferenças entre as populações e dentro delas (McManus et al., 2007). Dados sobre caracterização genética e fenotípica para a maior parte das espécies animais são insuficientes pra tomar decisões bem informadas sobre a alocação de recursos financeiros para programas de conservação nacionais objetivando raças nativas. Por outro lado, ações urgentes são necessárias em razão da perda de RGA (McManus et al., 2005b). O processo de extinção de uma raça é diferente do de uma espécie, mas nenhuma espécie de animal de fazenda está tão ameaçada a esse ponto. Por outro lado, os fundos disponíveis, tanto públicos quanto privados, para o financiamento da conservação da biodiversidade dos animais de fazenda são limitados, impedindo a conservação de todas as raças ameaçadas. Certamente, de acordo com Bennewitz et al. (2007), não é possível - e pode até não ser desejado - conservar todas as raças ameaçadas. Muitas raças são membros de um grupo de raças e podem ser substituídas por outras sem perda de biodiversidade, ou uma outra altamente ameaçada, com poucos animais restantes pode estar geneticamente empobrecida de tal maneira que os esforços para mantê-la possam não acrescentar nenhum benefício para a biodiversidade (Ruane, 2000). A escolha das raças que devem ser incluídas em um bem elaborado e eficiente plano de conservação é de importância fundamental. A seleção das raças para conservação sempre enfrenta uma quantidade substancial de incerteza. Geralmente há um bom conhecimento sobre o inventário de raças e sua interação uma com as outras. Entretanto, quando se trata da probabilidade de extinção ou até do peso econômico dos argumentos da conservação, a incerteza alcança um nível considerável. Tendo isso em mente, a seleção das raças para conservação deve ser feita de acordo com o objetivo do esforço de conservação (Bennewitz, et al., 2007). Já de acordo com Notter (1999), as oportunidades para uma utilização ativa de uma grande quantidade de raças variam entre as diferentes espécies domésticas. Para espécies de pastoril (gado, ovelha e cabras), as oportunidades de uso e manutenção de diversidade genética continuam alta. A.

(22) 21 diversidade de ambientes de produção, a grande importância da adaptação para pastar e a variedade de produtos (carne, leite e lã) garantem demanda para o uso de vários tipos genéticos. A diversidade genética nas espécies de animais de produção é a fonte para realizar mudanças nas características fenotípicas de uma população. Essas características podem ser divididas em características de produção (quantidade e qualidade) e de “fitness” (adaptação, conformação, fertilidade e resistência a doenças). A variação genética para a produção é a base para a seleção artificial aplicada em programas de reprodução para o melhoramento genético da população. A variação genética em “fitness” pode ser afetada pela seleção artificial nos programas de reprodução: por exemplo, a seleção para a produção de leite tem um efeito negativo na fertilidade de vacas leiteiras. A variação genética é a base para a seleção natural que facilita a adaptação da população no ambiente com suas possíveis mudanças, e a base para a seleção artificial nas populações comerciais (Oldenbroek, 2007). Dependendo do ambiente, genótipos diferentes podem responder de maneiras diferentes. Sem estresse ambiental, os genótipos de raças altamente produtivas e selecionadas podem se expressar. Em ambientes adversos, animais selecionados/adaptados para características de “fitness”, que no passado foram ignoradas pelos melhoristas, podem produzir melhor. Estas características incluem os desafios a carrapatos, parasitas internos, forragem de baixa qualidade e nutrição altamente variável em termos de quantidade ou qualidade, bem como temperatura ambiental (McManus et al., 2005b). No Brasil, tradicionalmente, a caracterização das diferentes raças de animais domésticos baseava-se em características fenotípicas (morfológicas e produtivas) resultantes da interação genótipo x ambiente, de tal forma que as raças submetidas a condições ambientais específicas poderiam mudar seu genótipo (Mariante & Cavalcante, 2000b). Assim, a escolha de indivíduos representativos da raça ou população a ser preservada somente por seu fenótipo pode ser arriscada, já que o mesmo muda de acordo com o ambiente. Uma forma de evitar esse problema é a associação de informações fenotípicas com dados genéticos (Egito et al. 1999)..

(23) 22 Raças naturalizadas de ovinos no Brasil. Sabe-se que algumas raças naturalizadas brasileiras, embora recebam denominações diferentes e habitem regiões distintas, apresentam fenótipos semelhantes que levantam dúvidas em relação a suas identidades como um grupo racial ou um tipo nativo distinto. Essas populações podem ser ou não geneticamente similares. Mesmo que estas ainda pertençam à mesma raça, devido ao isolamento geográfico e à sua adaptação a nichos ecológicos diferentes, elas poderão ter acumulado diferentes alelos devido à deriva genética. A caracterização genética é, portanto, uma valiosa ferramenta, pois irá permitir a identificação desses grupamentos genéticos únicos que por muito tempo ficaram isolados em seu meio ambiente (Egito et al., 2002). O descaso dos produtores com as raças locais fez com que, atualmente, os produtos derivados de ovinos (lã, carne e pele) perdessem competitividade frente aos produtores de outros países que, por sua vez, avançaram enormemente no campo do melhoramento genético de características de produção de lã ou carne, bem como na conservação de suas raças. Tal cenário é um paradoxo quando se observa que, atualmente, o Uruguai e o Brasil são, respectivamente, grandes produtores mundiais de carne ovina e suína (McManus et al., 2007). As raças naturalizadas de ovinos brasileiras são, em geral, animais de pequeno porte, e, até o momento, foram submetidos a baixas taxas de seleção artificial e melhoramento genético, sendo pouco especializados na produção intensiva de leite e/ou carne. Possuem, em geral, alta resistência a doenças e parasitas (Paiva, 2005). A Ovelha Crioula Lanada é considerada uma raça local, introduzida pelos colonizadores no Rio Grande do Sul durante o século XVII. Além do Sul do Brasil, é encontrada por quase toda a América do Sul, do Peru ao Uruguai, com origem similar (Mariante et al., 2003). Acredita-se que surgiu do cruzamento com outras raças importadas a partir da colonização portuguesa (ARCO, 2007). A raça Crioula Lanada tem como características a cara e as extremidades descobertas e lã de coloração variando do branco ao preto, passando por inúmeros tons de cinza e marrom (figura 1). Possui tamanho médio, quando comparada às demais raças ovinas brasileiras. A aptidão desses animais é.

(24) 23 para a produção de lã para artesanato e tapeçaria industrial (ARCO, 2007), apesar da sua baixa qualidade quando comparada a raças especializadas (Mariante et al., 2003). Essa raça é rústica adaptando-se a diferentes condições de clima, solo e vegetação. Sobressai-se na espécie quanto à resistência a endoparasitas (Mariante et al., 2003) e problemas podais, quando em condições adversas (ARCO, 2007).. Figura 1. Ovinos da raça Crioula Lanada. Fonte: ARCO, 2007.. A raça Santa Inês foi desenvolvida no nordeste brasileiro, mais especificamente na Bahia, resultante do cruzamento intercorrente das raças Bergamácia, Morada Nova e animais crioulos do Nordeste. Esses últimos provavelmente foram de tipos nativos vindos da África e, possivelmente, ao longo dos anos, houve um período de seleção para ausência de lã nestes animais cruzados. Entretanto, existe muita controvérsia em relação a origem dessa raça (Mariante et al., 2003; Paiva, 2005). A partir da década de 90, percebe-se pela morfologia externa dos animais Santa Inês a presença de características da raça Somalis Brasileira e de outras raças lanadas principalmente, a inglesa Suffolk. Na descrição original da raça, espera-se que os machos adultos pesem em torno de 80 kg, contudo hoje, muitos dos reprodutores vendidos em exposições pesam mais de 120 kg (Paiva, 2005). Parte desse aumento pode ser justificado pelos avanços no campo da nutrição animal, contudo, esse ganho é improvável de ter sido obtido por meio.

(25) 24 de melhoramento genético clássico a não ser a partir do uso de raças exóticas de maior porte para aumentar o quarto traseiro da Santa Inês (Paiva, 2005). Em geral são deslanados, com pêlos curtos (figura 2) e de grande porte. Sua carne é de excelente qualidade com baixo teor de gordura (ARCO, 2007). No momento, encontra-se em grande fase de expansão, por ser um dos grupos de ovinos com maior importância econômica em função do seu porte e adaptação ao ambiente (Paiva, 2005).. Figura 2. Ovino da raça Santa Inês. Fonte: www.sheep101.info, 2008. A origem da raça Morada Nova é incerta, mas provavelmente tem origem africana e pode estar também relacionada com a raça portuguesa chamada Bordaleiro (Oklahoma State University, 2007). Os animais são deslanados, mochos, de pelagem vermelha, branca ou creme, com ou sem brincos (figura 3). Os machos pesam em média entre 40-60Kg e as fêmeas adultas de 3050Kg. A aptidão dessa raça é para a produção de carne e peles de alta qualidade. São animais muito rústicos, que se adaptam às regiões mais áridas e desempenham importante função social como fonte de proteína às populações rurais destas regiões (ARCO, 2007)..

(26) 25. Figura 3. Ovinos da raça Morada Nova. Fonte: www.sheep101.info, 2008.. Já a raça Bergamácia é originária do Norte da Itália, possivelmente vinda de ovinos do Sudão. Deu origem ao grupo Alpino, mocho, de orelhas grandes e pendentes. É conhecida na Italia como Gigante de Bergamo e Bielesa (ARCO, 2007). Esses ovinos são de grande porte, lanados e brancos (figura 4). São de múltipla utilidade no seu país de origem onde são utilizados para a produção de carne, lã e leite. Os machos adultos pesam em média entre 100-20 Kg e as fêmeas adultas entre 70-80 Kg.. Figura 4. Ovinos da raça Bergamácia. Fonte: Landim, 2005.. A Somalis pertence ao grupo dos ovinos de "garupa gorda", originários da Somália e Etiópia, tendo como ancestral remoto o ovino Urial. Sua introdução no Brasil ocorreu em 1939 por criadores do Rio de Janeiro. Entretanto, os animais não se adaptaram ao clima e foram levados para o Nordeste, onde se.

(27) 26 encontram disseminados, particularmente no Ceará e no Rio Grande do Norte (ACCOMIG, 2007). A Somalis brasileira já se afastou bastante do tronco original, sendo mais prolífero, de garupa menos gorda e com alguma lã pelo corpo, o que sugere ter havido muita infusão de raças sem garupa gorda e com alguma lã. São animais de porte médio, deslanados e mochos (figura 5), tendo aptidão para a produção de carne e pele. Em geral, as fêmeas são prolíferas (ARCO, 2007).. Figura 5. Ovino da raça Somalis. Fonte: ARCO, 2007. A raça Damara é encontrada, principalmente, no noroeste da Namíbia e no sul da Angola, onde foi mantida livre da influência de outras raças. No Brasil, a raça é popularmente conhecida como "Rabo Largo". Entretanto, de acordo com Paiva (2005), a hipótese de que a raça Rabo Largo é derivada da Damara não foi confirmada para os marcadores microssatélites. Tem aptidão para carne e pele, apresentando uma grande variedade de pelagem vermelha, branca ou suas combinações. Tem porte médio com corpo longo e medianamente profundo (figura 6). Machos adultos pesam entre 45-50 kg e fêmeas adultas entre 30-40 kg. É muito rústica, sendo fértil mesmo em regiões desfavoráveis (ACCOMIG, 2007)..

(28) 27. Figura 6. Ovino da raça Damara. Fonte: www.sheep101.info, 2008.. A raça Barriga Preta tem origem africana, entretanto com a colonização e a conseqüente importação de ovelhas lanadas européias, pode ter havido outras influências na formação dessa raça. Apesar dessa origem lanada nunca ter sido identificada, acredita-se que era de uma raça européia altamente prolífica (Oklahoma State University, 2007). A raça Barriga Preta atual é altamente prolífica, sendo que estudos mostraram uma média de 1,5 a 2,3 cordeiros por matriz (Oklahoma State University, 2007). Essa raça tem notável rusticidade e eficiência reprodutiva, sendo uma das mais prolíficas do mundo (Sheep101.info, 2008). São animais deslanados, mas em climas mais frios podem desenvolver uma camada de lã protetora. Sua coloração pode variar entre todos os tons de marrom e amarelo, realçados pelo contraste do preto na parte ventral do abdômen e nos membros. Ainda tem pontos negros no focinho, testa e no pavilhão auricular. Os machos têm uma faixa de pêlos mais grossos no pescoço que se estende até o peito e às vezes até as paletas. É uma raça de porte médio (figura 7), mochos, que lembram antílopes (Oklahoma State University, 2007; Sheep101.info, 2008)..

(29) 28. Figura 7. Ovino da raça Barriga Preta. Fonte: www.sheep101.info, 2008. Existem 25 raças de ovinos no Brasil, de forma que somente 11 estão com seus números efetivos de rebanho crescendo. Em termos do uso de estratégias de multiplicação e de tecnologias nas fazendas, pode-se notar que trabalhos nesse sentido ainda são muito incipientes, especialmente com as raças nativas que ainda são as que possuem maior número de exemplares no País (McManus et al. 2007b).. Raça naturalizada de ovino do Uruguai Os dados referentes à raça Crioula do Uruguai foram retirados de Mernies et al. (2007). O ovino Crioulo uruguaio surgiu nesse país a partir da introdução da espécie Ovis aries pelos colonizadores espanhóis e portugueses. Inicialmente, esses animais não foram apreciados nem por sua carne, nem pela lã, de tal forma que se dispersaram livremente, adaptando-se assim às condições ambientais do Uruguai. Na metade do século XIX, este havia se transformado em um ovino rústico sem muito interesse comercial. Entretanto, várias razões levaram os produtores a começarem uma absorção com raças comerciais para melhorar a sua produção. Essa absorção foi indiscriminada, resultando na diminuição drástica da população dessa raça no século XX. Em 1975, foi fundada a Associação de Criadores da Raça Crioula que se manteve ativa até 1997. Atualmente, existem muito poucos rebanhos dessa.

(30) 29 raça, mais comuns em estabelecimentos tradicionais que mantêm alguns animais para consumo interno de lã e de carne, e até em reservas ambientais. Essa raça se caracteriza por ser de pequeno porte com grande variação de tonalidades de lã, podendo variar de branca a preta, passando pelo marrom (figura 8). Os machos podem apresentar dois pares de chifres e pesam, em média, 55kg e as fêmeas, 37kg. É considerada uma raça longeva, prolífica e com temperamento ativo. Está em alto risco de extinção, sendo que em 1994 havia menos de mil representantes dessa raça.. Figura 8. Ovino da raça Crioula do Uruguai. Fonte: Mariante & Cavalcante, 2000. Raças naturalizadas de ovinos da Colômbia. O ovino Crioulo Lanado remonta aos tempos da conquista pelos espanhóis, que levaram esses animais para as Antilhas e de lá para outros países, inclusive para a Colômbia. O Crioulo é um animal rústico de grande fertilidade e importância econômica. Possui aptidão para carne e lã, produtos muitas vezes usados pelos criadores na indústria artesanal. Sua provável origem é a Churra espanhola, pois suas características são muito semelhantes, mas é considerada como nativa da Colômbia (Martínez & Malagón, 2005)..

(31) 30 Os machos podem pesar até 65 kg e as fêmeas entre 18-40 kg na mesma idade. Geralmente, são mochos e a coloração pode variar entre o branco, negro e marrom. Na aparência, são grandes, mas o corpo é estreito e pouco profundo (figura 9).. Figura 9. Ovino da raça Crioulo Lanado. Fonte: Martínez & Malagón, 2005 O ovino Mora colombiano tem aptidão para carne e é o resultado de vários anos de pesquisa. Para tanto, foram feitos cruzamentos entre animais de coloração negra das raças Crioulo, Hampshire, Romney marsh e Corriedale, até serem obtidos animais homozigotos recessivos para a cor negra (figura 10). Os machos pesam em média 39 kg e as fêmeas, 27,7kg. Algumas características importantes, como a fertilidade, prevalecem no ovino Mora e se pode afirmar que sua atuação reprodutiva é similar à do Crioulo colombiano e superior a outras raças ovinas na Colômbia.. Figura 10. Ovino da raça Mora. Fonte: Martínez & Malagón, 2005. Já o Ovino de Pelo, que também pode ser chamado de Vermelha Africana ou Vermelha da Colômbia, se encontra amplamente distribuído nas zonas do.

(32) 31 trópico abaixo da Colômbia e Venezuela. São cor de café podendo variar na tonalidade desde o marrom até o vermelho, sendo em geral mochos (figura 11).. Figura 11. Ovino da raça Vermelha da Colômbia. Fonte: Martínez & Malagón, 2005 Raças comerciais. A raça Texel é originária da ilha de mesmo nome na Holanda. Parece ser derivada das raças Leicester, Border Leicester, Lincoln Southdow, Hampshire e Wensleydale. Entretanto, parece que a Lincoln é a que mais influenciou na formação dessa raça. É um animal de tamanho médio, tendendo para grande, muito compacto, com massas musculares volumosas e arredondadas e aptidão para carne (figura 12). É rústico, produzindo bem no sistema extensivo e semiintensivo. Os carneiros atingem pesos de 110 a 120 Kg e as fêmeas adultas 80 a 90 Kg (ACCOMIG, 2007).. Figura 12. Ovino da raça Texel. Fonte: www.sheep101.info, 2008..

(33) 32 A raça Ile de France é originada na França, na região da bacia parisiense, denominada Ile-de-France. A partir de 1816, técnicos franceses iniciaram cruzamentos de ovelhas Merino Rambouillet com reprodutores New Leicester (Dishley), importados da Inglaterra. O objetivo era obter um ovino que reunisse a qualidade laneira do Merino com a aptidão de corte do New Leicester. Os cruzamentos foram coordenados por August Yvart, inspetor Geral do Estado e professor da Escola Nacional de Veterinária de Alfort - daí a raça ter sido, inicialmente, conhecida por Alfort. Em 1875, participou da Exposição de Paris sob a denominação de Dishley-Merino. Em 1920, a raça recebeu uma infusão de sangue Merino Cotentin, com a finalidade de eliminar pigmentos escuros da pele do focinho. O Livro de Registros foi criado em 1922, de modo que a raça veio a receber a denominação definitiva em 23 de fevereiro de 1923, quando da fundação do Sindicato dos Criadores da Raça Ile-de-France, em consideração ao nome da região de origem. É um ovino de porte grande, constituição robusta e conformação harmoniosa, típica do animal produtor de carne (figura 13). Atualmente, é considerada uma raça de duplo propósito, com um equilíbrio zootécnico orientado de 60% para a produção de carne e 40% para a produção de lã. Segundo Giudice (2005), as primeiras importações da raça para a América do Sul ocorreram em 1924 e o primeiro animal registrado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) foi em 1972 (ACCOMIG, 2007; ARCO, 2007; Paiva, 2005).. Figura 13. Ovino da raça Ile de France. Fonte: ACCOMIG, 2007..

(34) 33 A raça Hampshire Down é originária dos condados de Wilts, Hants e Dorset, no sul da Inglaterra. Os seus ancestrais eram ovinos primitivos que pertenciam a duas raças: Wiltshire e Berkshire Knots. Os Wiltshire eram grandes, com cara e patas sem lã e com chifres recurvados para trás; já os Berkshire Knots possuíam a cara e as patas negras. Ambas apresentavam animais de corpo estreito, com pernas longas, prolíferos, rústicos, mas com pouca cobertura muscular. Procurando melhorar a aptidão para carne destes ovinos, os criadores aperfeiçoaram o sistema de alimentação e iniciaram os cruzamentos com a raça Southdown, que foi introduzida nos rebanhos Wiltshire e Berkshire no início do século XIX (ARCO, 2007; Paiva, 2005). . A partir de 1845 o conceito de precocidade, qualidade e engorda modificou o sistema de criação de maneira que foi possível fixar um tipo bastante uniforme mediante o emprego de consangüinidade. Em 1889, foi criada na Inglaterra a "Hampshire Down Sheep Breders Association", com sede em Salisbury, e, em 1890, editou-se o primeiro Livro de Registros do Hampshire Down. Ovino de tamanho grande (figura 14), conformação harmoniosa e constituição robusta com nítida especialização para produção de carne (ARCO, 2007; Paiva, 2005).. Figura 14. Ovino da raça Hampshire. Fonte: ARCO, 2007. A raça Corriedale é originada da Nova Zelândia e surgiu entre os anos de 1880-1910, a partir dos cruzamentos de carneiros Lincoln ou Leicester Longwool com matrizes Merino. Esta raça se espalhou nas Américas durante o século passado, de forma que deu lugar a grandes efetivos populacionais nesse continente, especialmente no Sul do Brasil (Paiva, 2005)..

(35) 34 Essa raça foi formada com a finalidade de produzir animais com boa produção de lã de finura média, com bom comprimento de mecha e de carcaças de bom peso e qualidade. Admite-se que o atual Corriedale, além de Merino e Lincoln, possui pouca porcentagem de sangue Leicester e Border Leicester. O Corriedale foi oficialmente reconhecido como raça pura em 1911 quando foi criado o Flock Book pela "The Corriedale Sheep Society". É um animal de bom porte e deve dar a impressão de vigor e ótima constituição, que se manifesta em sua conformação, própria para a produção de carne e lã (figura 15). É um ovino de duplo propósito, com um equilíbrio zootécnico orientado 50% para a produção de lã e 50% para a produção de carne. Deve ser um animal muito equilibrado, apresentando um esqueleto bem constituído e um velo pesado, extenso e de boa qualidade (ARCO, 2007).. Figura 15. Ovino da raça Corriedale. Fonte: ARCO, 2007. Os ovinos Dorper são originários da região Sul-Africana, desenvolvida nos anos 30 a partir de animais das raças Dorset e Blackheaded Persian (fonte da raça Somalis). Foi desenvolvida para regiões semi-áridas extensivas da África do Sul, a partir de cruzamentos de ovelhas Blackhead Persian com carneiros chifrudos Dorset, o que resultou em cordeiros Dorper brancos. A diferença de cor é simplesmente um fato de preferência de cada criador. Cerca de 85% dos membros da Associação Sul-Africana de Criadores da raça Dorper criam animais de cabeça preta. Essa raça é numericamente a segunda maior na África do Sul e está difundida em muitos países ao redor do mundo. A raça apresenta animais tanto de cabeça negra (Dorper) como de cabeça branca.

(36) 35 (White Dorper). É uma das mais férteis raças de ovinos sem cornos, com bom comprimento corporal e cobertura de pelos e lã claros e curtos (figura 16). Apresenta excepcional adaptabilidade, robustez e excelentes taxas de reprodução e crescimento (cerca de 36kg - entre três meses e meio e quatro meses de idade), tanto quanto boa habilidade materna (ARCO, 2007; Paiva, 2005).. Figura 16. Ovino da raça Dorper. Fonte: ARCO, 2007. Já o Merino espanhol é considerado um dos ovinos domésticos mais antigos de todos os conhecidos, e é descendente do Ovis arkal. A partir do século XVIII, o Merino espanhol foi o tronco de origem das numerosas raças Merinas desenvolvidas em diversos países: Merino Electoral (na Alemanha), Merino Negrette (na Áustria-Hungria), Merino Rambouillet (na França), Merino Vermont, Delaine e Rambouillet Americano (na América do Norte), Merino argentino (na Argentina), Merino uruguaio (no Uruguai) e o Merino australiano (na Australia) (ARCO, 2007). É um animal imponente, com bom desenvolvimento corporal e constituição robusta (figura 17). Possui grande volume de lã, sendo uma raça especializada na produção de lã fina. . A face é livre de lã, coberta de pelos finos, brancos, suaves e brilhosos, sendo a visão completamente livre (ARCO, 2007)..

(37) 36. Figura 17. Ovino da raça Merino. Fonte: ARCO, 2007. . A Blackface é uma raça atrativa, rústica e tão antiga que sua origem foi perdida. Entretanto, é provável que tenha surgido na região costeira da Escócia com a Inglaterra. Atualmente, essa raça é numericamente e, provavelmente economicamente, uma das mais importantes do Reino Unido (Oklahoma State Univerity, 2007). As fêmeas são excelentes mães com boa produção leiteira. A carne é magra e é reconhecida mundialmente por seu sabor distinto. Em vários países sua lã é usada para a produção de finos tapetes, já que é de alta qualidade. O chifre é também usado para a produção de artesanato (figura 18) (Oklahoma State University, 2007).. Figura 18. Ovino da raça Blackface. Fonte: www.sheep101.info, 2008. A raça Cheviot é originária das montanhas Cheviot na costa da Inglaterra com a Escócia. Desde 1372, é reconhecida como um animal rústico,.

(38) 37 mostrando-se resistente naquela região inóspita, com bastante vento, devido a sua constituição. É prolífico, precoce e com boa habilidade materna (Oklahoma State Universtity, 2007). Essa raça se distingue pela face branca e sem lã, os membros deslanados, orelhas pontudas e patas pretas (figura 19). São animais de lã longa, mochos, de grande porte e com uma estrutura razoável. São animais pouco. exigentes. com. o. manejo. (Oklahoma. State. Universtity,. 2007;. Sheep101.info).. Figura 19. Ovino da raça Cheviot. Fonte: www.sheep101.info, 2008. A raça Suffolk é o resultado do cruzamento de machos Southdown com fêmeas Norfolk Horned, sendo reconhecido como raça em 1810 (Oklahoma State University, 2007). Esses ovinos que deram origem à raça caracterizavamse por terem os membros pretos e serem ambos os sexos com chifres. Eram muito rústicos, ativos, de esqueleto forte e membros compridos, muito prolíficos e, desde a antiguidade, eram muito apreciados pelo sabor de sua carne (ARCO, 2007). A influência da raça Southdown, usada entre 1800 e 1850, determinou o desaparecimento dos chifres, melhorou a conformação e precocidade, e foi fixado o tipo por cruzamento e seleção (Oklahoma State University, 2007)..

(39) 38 É um ovino de grande desenvolvimento corporal, de constituição robusta, com corpo comprido e musculoso, as extremidades desprovidas de lã e cobertas com pêlos negros (figura 20). A postura de sua cabeça e o formato das orelhas, longas e projetadas para baixo, fazem do Suffolk um ovino inconfundível. São mochos, com a cabeça sem lã, coberta por pêlos negros (ARCO,2007).. Figura 20. Ovino da raça Suffolk. Fonte: www.sheep101.info, 2008. A raça Romney é originária da região pantanosa de Kent, na Inglaterra, sendo fruto do cruzamento do antigo Romney Marsh com a Leicester, já no século XIX. As condições climáticas dessa região levaram ao desenvolvimento de cascos e lã resistentes ao clima severo (Oklahoma State University, 2007). É uma raça de dupla aptidão encontrada em diferentes tipos de criação, capazes de produzir carcaças de alta qualidade e carne com reconhecido sabor delicado, até mesmo em animais mais velhos. A lã é bastante apreciada, devido ao seu formato, da cor branca, preta, cinza ou marrom, sendo bastante usada para artesanato (figura 21) (Oklahoma State University, 2007)..

(40) 39. Figura 21. Ovino da raça Romney. Fonte: www.sheep101.info, 2008. O Ideal é originário da Austrália, onde é também conhecido pelo nome de Polwarth.. Tem dupla aptidão e foi desenvolvido em 1880. Há tempos, os. cruzamentos alternativos entre Merinos, Lincoln e Leicester eram conhecidos e muito apreciados. Com a finalidade de obterem um ovino que mantivesse sempre 3/4 de sangue Merino, com as aptidões desejadas, um grupo de ovinocultores australianos decidiu fixar pela seleção e consangüinidade o tipo desejado, utilizando o cruzamento entre Merino e Lincoln, ambos puros de pedigree. Essa raça foi exportada com sucesso para vários países, especialmente para a América do Sul (ARCO, 2007; Oklahoma State University, 2007). Os animais podem ser mochos ou não, com constituição robusta (figura 22). A maior parte dos trabalhos de melhoramento dessa raça enfatizou a produção de lã, entretanto, produz uma carcaça uniforme e magra com bastante aceitação pelos consumidores (Oklahoma State University, 2007).. Figura 22. Ovino da raça Ideal. Fonte: www.sheep101.info, 2008.

(41) 40 Preservação de pequenos núcleos de animais domésticos. A preservação de algumas raças com um pequeno número de animais é cada vez mais complicada. A endogamia tende a aumentar, diminuindo a variabilidade genética e as performances produtivas dos animais, o que pode contribuir para o abandono da raça por parte dos criadores (Carolino et al., 2004). A presença de elevados valores de endogamia é, naturalmente, uma das principais características observadas nas raças naturalizadas, que, geralmente, apresentam um pequeno número efetivo em seus rebanhos (McManus et al., 2007). A endogamia é um sistema de acasalamento em que os indivíduos mais aparentados entre si do que a média da população são utilizados como pais da próxima geração (Breda et al., 2004). Outra definição de endogamia é o método de acasalamento que consiste na união entre indivíduos parentes, portanto geneticamente semelhantes. Quando os pais de um animal possuem um ou mais ancestrais comuns, isto é, são parentes, diz-se que o animal é endogâmico (Lôbo & Lôbo, 2007). O principal efeito genético da endogamia é o aumento da homozigose e o aparecimento de genes recessivos que, geralmente, provocam alguma alteração na média do mérito individual (Breda et al., 2004). A endogamia pode ser importante para a fixação de genes e a seleção de características desejáveis. O aumento da homozigose ocorre tanto para os genes dominantes quanto para os recessivos (Lôbo & Lôbo, 2007). Pode-se determinar o quanto um indivíduo é endogâmico pela medida do coeficiente de endogamia (Wikipédia, 2008). O coeficiente de endogamia depende do tamanho efetivo da população e, quanto menor for o tamanho da população, em gerações anteriores, maior será o número de ancestrais comuns e, portanto, maior o coeficiente de endogamia (Breda et al., 2004). Os efeitos desfavoráveis da endogamia são a redução da fertilidade, da sobrevivência e do vigor dos animais (Lôbo & Lôbo, 2007), fenômeno conhecido por depressão endogâmica (Breda et al., 2004). A. endogamia. não. cria. nenhum. gene. deletério. na. população,. simplesmente leva a um aumento de pares de genes em homozigose. O efeito negativo disso pode ser devido a muitas anomalias congênitas se.

(42) 41 manifestarem somente em homozigose recessiva (Koury, 2008). Entretanto, a endogamia pode ser utilizada na detecção de genes recessivos deletérios, que podem estar “camuflados” em heterozigose, e para tornar a progênie mais uniforme. O mesmo autor informa que essa uniformidade pode ser mais facilmente atingida para características qualitativas, como a cor da pelagem, formato da orelha e da cabeça, que geralmente são determinadas por poucos pares de genes, e, mais dificilmente para características quantitativas ou produtivas que são determinadas por muitos pares de genes. As. raças,. durante. seu. processo. de. formação,. permaneceram. geneticamente isoladas e foram submetidas a pressões de seleção variáveis, tanto artificiais, quanto naturais. Esse processo resultou em alguma endogamia, que, juntamente com a deriva genética aleatória, contribuiu para a fixação de alguns homozigotos. Esses homozigotos produzidos tanto podem ser de genes com efeitos indesejáveis, quanto de genes cuja combinação heterozigótica produz resultados favoráveis (Lôbo & Lôbo, 2007). Deriva genética aleatória é um mecanismo eventual que, juntamente com a seleção natural, modifica as características das espécies ao longo do tempo. É um processo atuante sobre as populações, modificando a frequência dos alelos e a predominância de certas características. Comumente ocorre em populações com o efetivo reduzido, que é o caso das raças naturalizadas, e as alterações induzidas poderão ser não adaptativas (Wikipédia, 2008). O principal aspecto da deriva genética é a transmissão aleatória dos alelos de uma geração à outra. Caso uma população seja finita em tamanho, e se um dado par de pais tem somente um pequeno número de descendentes, então, mesmo na ausência de todas as forças seletivas, a freqüência de um gene não será exatamente reproduzida na próxima geração devido ao erro de amostragem. Em uma grande população, isso não terá muito efeito em cada geração, já que a natureza aleatória do processo tenderá a atingir uma média da freqüência dos genes, mas em uma pequena população o efeito pode ser rápido e significativo (Moran, 2005; Griffith et al., 1998). Esse processo de flutuação aleatória continua geração após geração, sem força alguma retrocedendo ao seu estado inicial, pois uma população não possui uma “memória genética” do seu estado de muitas gerações anteriores, sendo que cada geração é um evento independente. Caso a população se.

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Figura 3. Ovinos da raça Morada Nova. Fonte: www.sheep101.info, 2008.
Figura 6. Ovino da raça Damara. Fonte: www.sheep101.info, 2008.
Figura 7. Ovino da raça Barriga Preta. Fonte: www.sheep101.info, 2008
Figura 8. Ovino da raça Crioula do Uruguai. Fonte: Mariante & Cavalcante,  2000
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