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A cidade Coreografada. Um espaço de coesão social na colina de Santana

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A CIDADE COREOGRAFADA

UM ESPAÇO DE COESÃO SOCIAL NA COLINA DE SANTANA

C a t a ri n a d e B a r ro s A g u i l a r ( L i c e n c i a d a ) P r o j e c t o p a r a o b t e n ç ã o d o G r a u d e M e s t r e e m A r q u i t e c t u r a O ri e n t a ç ã o : P r o f e s s o r A r q u i t e c t o A n t ó n i o P e d r o P a c h e c o – P rofes s or A u xiliar C o n v i d a d o d a F A - U T L C o - O ri e n t a ç ã o : P r o f e s s o r D o u t o r J o s é A g u i a r J ú ri : P re s i d e n t e d o J ú ri : D o u t o r a C r i s t i n a C a v a c o Vo g a l : A r q u i t e c t o F e r n a n d o S a n c h e z S a l v a d o r L i s b o a , F A U T L , M a r ç o 2 0 1 3 F AC U L D A D E D E A R Q U I T E C T U R A U N I V E R S I D A D E T É C N I C A D E L I S B O A

(2)
(3)

I

T Í T U L O : A C i d a d e C o r e o g r a f a d a – U m e s p a ç o d e c o e s ã o s o c i a l n a C o l i n a d e S a n t a n a A L U N O : C a t a r i n a d e B a r r o s A g u i l a r I # 6 8 0 0 O R I E N T AD O R : P r o f e s s o r A r q u i t e c t o A n t ó n i o P e d r o P a c h e c o – P r o f e s s o r A u xi l i a r C o n vi d a d o d a F A - U T L C O - O R I E N T AD O R : P r o f e s s o r D o u t o r J o s é A g u i a r M E S T R AD O : M e s t r a d o I n t e g r a d o e m A r q u i t e c t u r a c o m E s p e c i a l i z a ç ã o e m A r q u i t e c t u r a D AT A: F e v e r e i r o d e 2 0 1 3

O objectivo da pres ente d iss ertaçã o co nsiste num a ref le xã o sobr e a Cidad e, pera nte a prob lemát ica e vidente nos t ecidos urban os conso lida dos, de f enómenos de f ragmentaçã o, d isp ersão e desco ntin uidad e. A cid ade de hoje c onf ronta -se com a emer g ência de no vos p arad ig ma s, lig ados a n o vas dinâm icas urb an as e de req ualif icação do es paço púb lico, f ruto de mob ilidad e s urb a nas ca da ve z ma is amp la s. P rog ressivame nte mais desc aracte r iza da por não-lug ares , f undam -se espaç os mon of uncio nais, centr íf ug os e f echados sobre si mesmos, perdend o -se, de ste modo, a s pluralid ade s f unciona is q ue estrut ura vam distint as ide ntida de s e vocaç ões urbanas. Contrar ian do estes process os, pr ocura - se p erceb er de q ue mane ira , através d o de senh o e do projecto, se po dem con seg u ir no vos ambie ntes, da ndo n ovos se ntid os à c id a de (dentro da c ida d e). Isto de modo a c ontribu ir para uma (re) huma nização da c id ade e para a sub limaç ão da q ua lidad e dos e spaç o s púb licos, n a te n tativa d e org anizar so luções multi e h eterof uncio nais .

Pretend e -se ente nd er como é q ue a ar q uitectura pod e d ar respo sta s neste panor ama, as sumin do o des enh o um no vo p ape l in teg rador , enq uanto me io de ar ticu laç ão e ntre e sca las d if erentes, estab ele cend o no vas o u antig as c one xõ es entre a es cala (púb lica) da c idade e o espaç o de us uf ruto (mais privad o) do in divid uo . Des en volve -se assim a id eia-con ce ito de um “edif ício-cidade”, dentro de uma verdadeira cid ade-e dif íc io (o c on vent o q ue se tornou hosp ita l), q ue se sustenta

F AC U L D A D E D E A R Q U I T E C T U R A

U N I V E R S I D A D E T É C N I C A D E L I S B O A

RES UMO

(4)

II

num pr inc ip io de at enuaç ão dos lim ites q ue se param os es paços nã o edif ica dos d os e dif ic ados, o e xterior do interior, o dom ínio p úblic o do dom ín io privado, d e maneira a va lor izar no vas re laç õ es c o m o lugar , procuran do no vas simb iose s e maior integ ração com o entorno existe nte. A bordam - se, em suma, q ues tões ess enc ia is re lativas ao (re)desen ho de f ronteiras e lim ites, d e es paço s d e tran siçã o, d e relaç ões entre e sp aços , com partic ula r enf oq ue na f orma como o desen ho pod e inc ent ivar proce ssos de no va s s ociab ilid ade s u rbanas e de (re) coes ão so cial ; a uto pia do d esenh o como p oss ib ilid ad e concreta de co nstruir (mais uma ve z) um espaço urba no (mais ) solid ário.

P AL AV R AS - C H AV E : C i d a d e , f r a g m e n t a ç ã o / c o e s ã o , l im it e s , t r a n s iç ã o , “edifíc io-c idade”,c or eograf ada

(5)
(6)

IV

T he g oal of the present thes is co ns ists of a ref lection abo ut the cit y, to wards th e e vide nt issu e in c ons olidate d urba n tis sues, of f rag mentation, d isp ersio n an d d isc ontinuit y phe nomen a. T oda y, th e cit y f aces the emer g ence of ne w para dig ms , relate d to n e w urb an dynamics and of public space’s requalification, as a result of incre as ing ly br oad u rban mob ilit y. Grad u ally more unch aract erize d f or non-p lac es, mon of unctio na l s pace s ar e f ounde d, ce ntrif ug al a nd enc lose d on themse lves, los ing thereb y the f unction al p lur a lit ies that structured d istinct identit ies a nd urba n aptitud es. Contrar y to these process es, in vest ig ation is tak ing place o n ho w c ou ld it be po ssib le to , throug h dra wing and project, a ch ie ve n e w e n vir onments, pro vid ing n e w meaning s t o the city ( with in the c it y) . T his is do ne in order to contrib ute to (re)hu manize the cit y, an d into the ma ximiza tion of the public spaces’ quality, in an attempt to organize multi and heterof unctio na l so lu tions.

The aim is to understand architecture’s abi lity to provide answers in this pan orama, b y a ssig ning des ig n a ne w integ rative ro le as a mea ns of joint bet wee n d if ferent sc ales, e stab lishing ne w or old c o nnect ions between the city’s (public) scale and the individual’s (more private) usuf ruct space. T herefore, it is possible to develop the ‘idea concept’ of a ‘city-like building’ in a true ‘building -like city’ (the convent that became a hospital), based on a principle of boundaries’ mitigation that separate unb uilt f rom built are as, the ext erior f rom the in terior, the pub lic domain f rom the private do main, in ord er to enhanc e relat ion sh ips wit h t he n e w place, lo ok ing f or ne w s ym bioses and g reater integ ratio n with in the e xisting sur round ing s. In sh ort, essent ia l q uestions are a ddr essed conc ern ing the (re)d es ig n of bo rders an d boun daries, trans it iona l sp aces and r elat ion sh ips bet wee n spac es, with part icu lar f ocu s on ho w th e d esig n is ab le to en co urag e ne w

F AC U L D A D E D E A R Q U I T E C T U R A

ABS TR ACT



(7)

V

urban sociabilities and social (re)cohesion processes; the drawing’s utopia as c oncrete p ossibilit y of b u ild ing (once ag ain) an urb an (more) support ive s pace.

K EY W O R D S : Cit y, fragm entation/c ohesion, lim its, trans ition, ‘c it y - lik e building’, chor eogr aphed

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(9)

VII

Ao meu pa i. À minh a mãe . À minh a irmã . Ao Pa blo . À Marg arida. À Fipes. À Inês Pa ssos.

Ao Prof essor P edro Pach eco . Ao Prof essor Jos é A g uiar.

AG R ADE CIMENTO S

(10)
(11)

IX

Resumo... ... ... I

Abstract ... ..IV

Ag radecim entos ... ... .VII

Índic e... ... ..IX

Índic e de Imag ens ... ...X II

1. Introdução ... ..1

2. Problemátic a 2.1. A era da inf ormação I A morte da c idade ... ...6

2.1.1. A cidad e f ragmentada ... ...15

2.2. A cid ade e o medo ... ...21

2.2.1. A cidad e priva da ... ... ... .28

2.2.2. Con dom ín ios priva dos ... ... ... 36

2.2.3. Centro s comer cia is ... ....43

3. Edif íc io – Cidade I Conceptualização ...47

3.1. O Espaço ... .... 53

3.2. O Espaço – Limite...57

ÍNDICE

(12)

X

3.3. T ransiçã o púb l ic o – privado, exterior – interior...62

3.3.1. Rit os de p ass ag em, Espaços Inter médio s e Esp aços Válvu la... ... ... 66

4. Casos de Estu do I Aná lis e de e xemp lo s prático s... ... 72

4.1. Ed if íc io – Cidade...72

4.4.1. MA SP – Museu de Arte de São Paulo – Lina Bo Bard i... ... ... ... ..72

4.1.2. Bibliot eca Nac ion al d e Bu eno s A ire s – Clorindo T esta... ... ...78

5. Projecto – Descrição...88

5.1. Eleiç ão do loc a l de traba lho I Enq ua dramento Urb ano ...88

5.2. Enq uadrame nto histór ico... ... ...89

5.3. Co nd iciona ntes I Necess id ades I O bj ectivo s . . . .90

5.4. Prog r ama... ... ...9 2 5.5. Descr içã o da pr oposta ur ban a... ... 96

5.5.1. Cerca I P ercur sos... ... 96

5.5.2. Identidad e I Memória... ...10 2 5.5.3. Estratég ia d e espaç os pú blico s I V erdes... ...104

(13)

XI

5.6. Aud itório I Espaço po liva le nte – exposições temporárias I Zona d e g aler ias e c omércio... ... ... ... 107

6. Conc lus ão ... ... ...11 2

7. Ref erências B ib lio g ráf icas ... ...1 15

(14)

XII

F I G U R A 2 . 1 – Um be rto Boc c ioni - La s trada ent r a nella c as a , 1911. Óle o s obre tela, 7 0 X 7 5 c m .

ACSELRAD, Henri. A Duração das Cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2001.

F I G U R A 2 . 2 – Auto -es t r adas – não-lugares .

http://designyoutrust.com/2009/05/%E2%80%9Cit-is-over-alex-s-maclean/. consultado em: 9/10/12. 19:03h.

F I G U R A 2 . 3 e 2 . 4 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Um a c id ade form ada por fragm e ntos . Ca rta z p u b l i c i t á r i o d o p r o j e c t o d e r e f o r m a d a r u a 4 2 , N o v a I o r q u e , 2 0 0 0 ; P a u l C i t r o e n , M e t r o p o l i s , 1 9 2 3 . U n i v e r s i d a d e R e a l d e L e i d e n , P r e n t e n k a b i n e t .

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.29.

http://3.bp.blogspot.com/-MP-QFLHaAUI/Tv4X8n3NOJI/AAAAAAAAHO8/oBN

FXIRs4k/s1600/Paul+Citroen+-+Metropolis+1923+B.jpg. consultado em: 3/10/12. 10:53h.

F I G U R A 2 . 5 – Cas telo d os Mouros de Sint ra.

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 2 . 6 – Seg rega ç ão urbana: Villa 31 e Rec oleta (Bai rro pa ra c las s e m édia a l t a ) – Buen os Aires .

REVISTA D.SIGNA. Número 3 – La ciudad y sus deformaciones. Nódulos Urbanos. Buenos Aires: D.signa, 2011.

F I G U R A 2 . 7 e 2 . 8 – Mo delos de zoneam ento ur bano “c lás s i c o” e “c onte m porâneo”. A s o c i e d a d e Mo d e r n a e I n d u s t r i a l ( f i g u r a 2 . 1 ) c a r a c t e r i z a v a - s e p o r u m a e s t r u c t u r a m a i s o u m e n o s c l a r a , s i m p l e s e r e l a t i v a m e n t e e s t á v e l ; a C o n t e m p o r â n e a ( f i g u r a 2 . 2 ) a p r e s e n t a - s e m u i t o m a i s c o m p l e xa e f r a g m e n t a d a – os c onflitos aum ent a m .

ÍNDICE DE IM AGE NS

(15)

XIII

GUTIÉRREZ, Obdúlia. (Coordenadora). La ciudad y el miedo. VII Coloquio de Geografia Urbana. 7ª Edição. Barcelona: Diversitas (número 52), 2004. pp.19.

F I G U R A 2 . 9 e 2 . 1 0 – Es truc turas fis ic am ente de fens ivas – m uro, a ram e. Condom ínio

p r i v a d o T i g r e J o v e n – B uenos Aires . A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 2 . 1 1 – Entrada c om s eguranç a do Cond om ínio Ti gre J o ven ( Bue nos Aires ) .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 2 . 1 2 e 2 . 1 3 – S e g u r a n ç a e p r o t e ç ã o d e n t r o d o C o n d o m í n i o P r i v a d o T i g r e J o v e n – Buenos Air es .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 2 . 1 4 – Condom í nio Pri vado Celebration , prom ovido por W alt Dis ney .

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.59.

F I G U R A 2 . 1 5 – Public id ade Condom ínio Pri vado Venic e, Tigre – Buenos Aires .

R E V I S T A L A N A C I Ó N . N ú m e r o 2 2 6 3 . B u e n o s A i r e s , 1 8 d e N o v e m b r o d e 2 0 1 2 .

F I G U R A 2 . 1 6 – Cent ro Com erc ial Colom bo – Praç a c entral. Es paç o organizado à

s e m e l h a n ç a d e u m e s p a ç o p ú b l i c o ( p r a ç a , r u a s , n a t u r e z a , m o b i l i á r i o u r b a n o . . . ) .

http://www.flickr.com/photos/chriswaikiki/4977572784/. consultado em: 16/12/12. 17:39h.

F I G U R A 3 . 1 – Lim ite fís ic o, m as c ontinuidade vis ual. Churc h of the Light, Ibarak i,

O s a k a – J apan. 1989 / Tadao Ando.

http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/tadao_ando_livro_album.htm consultado em: 29/12/12. 18:57h.

F I G U R A 3 . 2 e 3 . 3 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Gale ria du Caire, Paris , 1 779; Galeria V i v i e n n e , P a r i s .

(16)

XIV

HERTEZBERGER, Herman. Lições de Arquitectura. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Página 74 e 75 (respectivamente).

F I G U R A 3 . 4 – A s oleir a c om o es paç o interm édio .

HERTEZBERGER, Herman. Lições de Arquitectura. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Página 32.

F I G U R A 3 . 5 e 3 . 6 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Es paç o interm édio – es c adaria e pórtic o d e e n t r a d a ; E s p a ç o v á l v u l a – antec âm ara de ent rad a.

F a c u l d a d e d e D i r e i t o d a U n i v e r s i d a d e d e L i s b o a , 1 9 5 8 / P o r f í r i o P a r d a l M o n t e i r o . BOTELHO, Simão Silveira. Espaços de Transição. Preservação da privacidade e estímulo do contacto social. Lisboa: Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, 2010. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura. Página 20.

F I G U R A 4 . 1 – MA SP – Mus eu de Arte de São P aulo, 1968/ Lina Bo Ba r di.

http://www.grandmastolemycloset.com/2012/08/caravaggio-on-masp-museum-of-art-of-sao.html consultado em: 7/1/13. 15:57h.

F I G U R A 4 . 2 – MA SP – c orte longitudinal d o edifí c io.

http://teoriacritica13ufu.files.wordpress.com/2010/12/corte-masp-pc3a92.jpg. consultado em: 7/1/13. 15:41h.

F I G U R A 4 . 3 – MA SP – v is ta do m us eu vo ltado para avenida 9 de julho, onde s e vê o

g r a n d e p r i s m a , m a s n ã o o g r a n d e v ã o l i v r e , q u e d e s a p a r e c e p e l a p r e s e n ç a d o s t e r r a ç o s e s c a l o n a d o s d e o n d e b r o t a m u m a d e n s a v e g e t a ç ã o .

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.129/3500. consultado em: 7/1/13. 15:45h.

F I G U R A 4 . 4 – MASP – Vis ta aérea s obre o Parque Siquei ra Cam po s , a Avenida P a u l i s t a , o M u s e u e a A v e n i d a 9 d e J u l h o .

http://oestranhomundodopatto.blogspot.pt/2011/04/masp-museu-de-arte-de-sao-paulo-ganha.html. consultado em: 7/1/13. 18:45h.

(17)

XV

F I G U R A 4 . 5 e 4 . 6 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – MA SP – Dis tintas utili zaç ões da praç a c oberta d o e d i f í c i o : f i l a d e e s p e r a p a r a e n t r a r n o M u s e u e e s p a ç o a p r o p r i a d o p o r u m a f e i r a . AMARAL, Mariana Barros do. Limites e possibilidades. São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos. Departamento de Arquitectura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2007. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura e Urbanismo. pp.126.

http://teoriacritica13ufu.wordpress.com/author/arquitetura13/. consultado em: 7/1/13. 15:48h.

F I G U R A 4 . 7 e 4 . 8 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – MA S P – Zona des c oberta do edifíc io, c a r a c t e r i z a d a p o r á r e a d e e s t a r e m i r a d o u r o s o b r e a c i d a d e .

AMARAL, Mariana Barros do. Limites e possibilidades. São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos. Departamento de Arquitectura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2007. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura e Urbanismo. pp.128.

F I G U R A 4 . 9 – Bibliotec a Nac ional de Buenos , 1962 -1992/ Clorindo Te s ta , Franc is c o

B u l l r i c h e A l i c i a C a z z a n i g a .

http://www.flickr.com/photos/fafner/4625492750/in/photostream/. consultado em: 8/1/13. 11:48h.

F I G U R A 4 . 1 0 – Inplanta ç ão da Bibliotec a Nac ional de Buenos e relaç ões vis uais c om a e n v o l v e n t e u r b a n a .

CORADIN, Cassandra Salton. Clorindo Testa: A Arquitetura da Biblioteca Nacional. Porto Alegre: Faculdade de Arquitectura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura. pp.124.

F I G U R A 4 . 1 1 – Praç a da Bibliotec a Nac ional – d es enho de Clorind o Tes t a.

CORADIN, Cassandra Salton. Clorindo Testa: A Arquitetura da Biblioteca Nacional. Porto Alegre: Faculdade de Arquitectura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura. pp.130.

F I G U R A 4 . 1 2 – Planta d e im plantaç ão e ac es s os .

CORADIN, Cassandra Salton. Clorindo Testa: A Arquitetura da Biblioteca Nacional. Porto Alegre: Faculdade de Arquitectura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura. pp.138.

(18)

XVI

F I G U R A 4 . 1 3 e 4 . 1 4 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Ac e s s o à praç a do edifíc io atra vés de e s c a d a s p e l a r u a A u s t r i a e p o r r a m p a p e l a r u a A g u e r o .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 4 . 1 5 e 4 . 1 6 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Ac es s o à praç a do edifíc io at r avés de um a r a m p a d e s d e a A v . L i b e r t a d o r e p o r u m a s e s c a d a s e s c u l t ó r i c a s d e s d e d a e n t r a d a p e l a A v . D e L a s H e r a s .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 4 . 1 7 – Praç a d o edifíc io c om vis ta s obr e a c idade e rio de La Pl ata.

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 4 . 1 8 – Corte L ongitudinal. Relaç ão en tre a Praç a des c oberta, c oberta e a e n t r a d a d o e d i f í c i o . L e i t u r a : d a d i r e i t a p a r a a e s q u e r d a .

CORADIN, Cassandra Salton. Clorindo Testa: A Arquitetura da Biblioteca Nacional. Porto Alegre: Faculdade de Arquitectura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura. pp.179.

F I G U R A 4 . 1 9 e 4 . 2 0 – I m agens do e xte rior da B ibliotec a Nac ional.

http://www.flickr.com/photos/mdgarq/7078503701/in/pool-clorindo_testa/. consultado em: 8/1/13. 23:33h.

F I G U R A 5 . 1 – 3 D ger al da propos ta. A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 2 – Ma pa de loc alizaç ão do Hos pital de Santo António dos Capuc hos na C o l i n a d e S a n t a n a .

MARCELO, Inês; SOUSA, Isabel; CARVALHO, Ricardo; MARQUES, Rita. Património Hospital de Lisboa – Colina de San’tana. Hospital dos Capuchos Análise crítica e propostas de intervenção. Conservação, Restauro e Reabilitação. Lisboa: FAUTL, 2011.

(19)

XVII

FERNANDES, José; LOURENÇO, Madalena; LEITÃO, Pedro; NOBRE, Sara. Património Hospital de Lisboa – Colina de San’tana. Hospital dos Capuchos Análise crítica e propostas de intervenção. Conservação, Restauro e Reabilitação. Lisboa: FAUTL, 2011.

F I G U R A 5 . 5 – Es quem a program átic o.

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 6 – Es quem a da evoluç ão da c erc a – 1755 a 2005.

Elaborado por Margarida Leão no âmbito da disciplina de projecto – ano curricular 2012/2013.

F I G U R A 5 . 7 – Es quem a dos ei xos dos perc u rs os e entradas . A a z ul o ei xo em

e s c a d a s e a v e r m e l h o o e i xo e m r a m p a . A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 8 – Es quem a do ei xo em es c adas e in s tânc ias .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 9 – Es quem a s do es tudo do tipo de pavim entos e xte riores e xis tentes na C o l i n a d e S a n t a n a .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 0 – Planta c om edifíc ios c ons ervado s e reabilitados . A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 1 – Planta c om edifíc ios novos .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 2 – Es quem a topográfic o.

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 3 – Es quem a da es tratégia u rbana a o nível da Colina de San tana. A u t o r i a p r ó p r i a .

(20)

XVIII

F I G U R A 5 . 1 4 e 5 . 1 5 – E s quem a das área s verde s pré -e xis tentes m antid as ; Es quem a

d a s á r e a s v e r d e s i n t r o d u z i d a s n a p r o p o s t a . A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 6 e 5 . 1 7 – Es quem a que as s inala a zona do terreiro ; E s quem a que a s s i n a l a a z o n a d o t e r r a ç o / j a r d i m / m i r a d o u r o s o b r e a c i d a d e .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 8 – Es quem a que as s inala as z onas de entrada dos edifíc io s .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 1 9 – Vis ta Po ente.

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 2 0 e 5 . 2 1 – Es quem a em c orte da ram pa que s e prolonga para dentro do e d i f í c i o ; E s q u e m a e m p l a n t a .

A u t o r i a p r ó p r i a .

F I G U R A 5 . 2 2 – Es quem a das relaç ões verdes n o projec to. A u t o r i a p r ó p r i a .

(21)
(22)
(23)

1

A prese nte d isser ta ção e xp lor a o tema da Cida de, ente nd id a enq uanto cid ade actua l e g loba l. A par te teór ica é comp lementa da p or um projecto prát ico q ue tem por object ivo de monstrar a s p oss ib ilidade s q ue existem n uma articu laç ão entre o pen sa mento e a co nstruç ão de uma arq uitectura d ia log ante com o sist e ma urbano, a pa isag em e a en vo lve nte. Esta in ve st ig açã o proc urou lan çar o deb ate e m torno das mutações r eg istad as na c idade e na arq uitectur a q ue s e reg istaram na era em q ue n os enco ntramos, car acterizada por s er g loba l e tecno lóg ica.

A re laç ão entre a arq uitectura e a c ida d e1 é um t ema d isc ip linarme nte

recorrente, des ig na damente no q ue s e ref ere à cidad e enq uanto entid ade s oc ia l com espac ia lida des es pe c íf icas q ue se co ncr etizam n um org anismo vivo em constant e mutaçã o: “(...) Aldo Rossi contrapõe uma

inv estigaçã o pes soa l bas ead a no estud o da cidad e como u m organ ismo composto d e tantas partes aca bad as, de terminad as no cur so do tempo, através de pr ocess os de transformaç ões e de p ermanê ncias, qu e adqu irem v alores es pecífic os na memór ia ind iv idu al e co lect iva, e que

constituem a essência, a alma da cidade.”2

1 E s t a s c i t a ç õ e s f a z e m r e f e r ê n c i a à s d e f i n i ç õ e s , n o ç õ e s d e c i d a d e q u e d e s t a c o p a r a e s t a d i s s e r t a ç ã o : “L u g a r d e m e m ó r i a e d e c u l t u r a , a c i d a d e é u m a c o n f i g u r a ç ã o c a r r e g a d a d e h i s t ó r i a , u m a e s p é c i e d e o r g a n i s m o c o l e c t i v o q u e v i v e e f a z v i v e r o s s e u s h a b i t a n t e s n a b a s e d e s i n g u l a r i d a d e s i r r e d u t í v e i s . ”

GRAFMEYER, Yves. Sociologia Urbana. Paris: Publicações Europa-América, 1994. pp.127. “ A c i d a d e é s i m u l t a n e a m e n t e t e r r i t ó r i o e p o p u l a ç ã o , q u a d r o f í s i c o e u n i d a d e d e v i d a c o l e c t i v a , c o n f i g u r a ç ã o d e o b j e c t o s f í s i c o s e n ó d e r e l a ç õ e s e n t r e o s s e r e s s o c i a i s . ” Idem. pp. 13. “ O s s o c i ó l o g o s d e f i n i r a m d e s d e s e m p r e a c i d a d e c o m o u m e s p a ç o d e e s t r a n h o s , c o m o m e i o m a i s a d e q u a d o a o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a c u l t u r a d e d i f e r e n c i a ç ã o . D e s d e S i m m e l e B a h r d t a t é S e n n e t t , a c i d a d e é c o n c e b i d a c o m o o l u g a r o n d e p u d e r a m c o n v i v e r d i f e r e n t e s m o d o s d e v i d a , c u l t u r a s e c o n c e p ç õ e s d o m u n d o , o n d e s e d e s e n v o l v e u o i n t e r c â m b i o m a i s p r o d u t i v o q u e c o n h e c e m o s a t é h o j e . A s c i d a d e s s ã o o s l u g a r e s p r i v i l e g i a d o s d e s s a m i s t u r a q u e s u s c i t a o d e s l o c a m e n t o d o s h o m e n s e o s e x p õ e à c o e x i s t ê n c i a e à n o v i d a d e . N a p o l i f o n i a d a c i d a d e , o s s e r e s h u m a n o s a d q u i r i r a m a e x p e r i ê n c i a d a d i v e r s i d a d e q u e h o j e p o s s u e m . ”

INNERARITY, Daniel. A Nova Urbanidade. Jornal Arquitectos, Número 231. Portugal: Publicação Trimestral da Ordem dos Arquitectos, 2008. pp.18.

2

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/410. consultado em: 14/5/12. 23:28h.

INTRODUÇ ÃO

(24)

2

Desd e a g eog raf ia e as ciên cias s ociais, “(...)la ciudad puede

cons iderar se como un ‘milieu’, un medio construido por numerosos

factores e n e l cu al se des env ue lve la vid a huma na, p ero también un milieu que evo luc ion a y camb ia, q ue g en era y es gen erado, p rod ucto e n buen a medida de inercias históric as, así como de la ad aptac ión a

circunstancias presentes y de la reacción a las expectativas de futuro.”3

F I G U R A 2 . 1 – Um be rto Boc c ioni - La s trada ent r a nella c as a , 1911. Óle o s obre tela,

7 0 X 7 5 c m .

A g loba lizaçã o, sen do um process o de aprof undamento da integ ração económ ica, so c ia l, cultura l, po lít ica, pr odu tiva e tec no lóg ica , trou xe repercus sões a t od o s os âmb itos da acç ão huma na, a ltera nd o as f ormas de produ zir, con su mir, distrib u ir, inf ormar, pensar, g erir, etc. Deste modo, as estrutura s espa ciais, f ormais e soc ia is das c ida d es sof reram g randes mod if icaç õe s. Geraram -se proc essos no vos e d e d eseq uilíbr io com claras c onf ig urações urba nas, n as q uais as f unções e as imag ens se impõ em pera nte realida des e s itu ações diversas. V ivem os num mundo de urb an izaç ão g enera liza da, pautad a por espaços monof uncio na is e f rag mentados. A arq uitectura in stalada ne ste sistem a cap italista e con sum ista em q ue vivemos tornou -se uma prát ica acr ít ic a, es va ziad a de d imen s ão étic a e bas ead a n a pura estet iza ção.

3

GUTIÉRREZ, Obdúlia. (Coordenadora). La ciudad y el miedo. VII Coloquio de Geografia Urbana. 7ª Edição. Barcelona: Diversitas (número 52), 2004. pp.269.

(25)

3

Interessa , p ortanto , exp lorar d e q ue f orma as cidad es de h oje pod erão vo ltar a ser lug ares de coes ão so cia l, con vívi o e p artilha de exper iênc i as entre indivíd uos de g rupos distintos . Par a q ue a cid ade se torne num s istema din âmic o e r ep let o de vid a, é nece ssário criar espaç os co lect ivos, integ rar pessoas, co s tumes e activid ade s.

Neste conte xt o, é objectivo d esta in vestig ação ente nder o pap el d a arq uitectura e d e q ue maneir a é q ue est a pode, atra vés do desen ho e projecto, parti c ip ar activamente n a resoluç ão dos problema s aprese ntado s.

Para uma c ompree nsão e dis cuss ão mais apr of undada deste tema, abordar ei co nce itos var iad os: o limite, o espaço, o esp a ço -limite, a transiç ão e os espa ç os intermé dios.

O estudo s obre os lu g ares de trans iç ão d ecorre d o e ntend ime nto de q ue é nesta pa ssag em q ue os es paç os cu mprem e f omentam uma f unção social f undame ntal, ao serem lug ares ve rdade iramente poten cia dores d e process os de intera c ção entre a s pess oa s.

Para at ing ir todo s estes object ivos de in vest ig ação, a disserta ção divid e-se em três g randes g rupo s:

- O primeiro grup o (capítulos 2 e 3) co nsiste na exp osiçã o crítica de obras e princípio s teóricos de referê n cia . O cap ítu lo do is abord a e aprese nta um co nju nto de ref le xões, e s truturado a par tir de visõ es d e vár io s autore s ( Ma n uel Caste lls, Jord i B orja, Zaida Mu xí, Re m k oolhaas, Marc Aug é, Franç ois Asc her, Mig ue l Áng le Roca, Y ves Graf meyer, Nuno Porta s, Jea n Rém y, entre outros ) sobre o esta do actua l da s cid ades e as d ivers as reperc urssõ es q u e a g loba lizaç ão p rovocou a o n ível es pac ia l, f ormal e s oc ia l n as cida des. J á o ca p ít ulo tr ês, também de te or teór ico, inicia um c onjunt o d e in ve stig açã o e co nce p tualiza ção q ue pretende a pro ximar -se g radualme nte de dom ín ios ma is operativos relat ivame nte à prát ica projectua l.

(26)

4

- O segu ndo grup o (capítul o 4) a pre senta a eleiç ão e análise de caso s de estu do , ou seja, de e xem plos prátic os q ue co mprovam as teorias , c once itos es t udado s nos ca p ít ulo s anteriores.

- E, por ú ltimo , o te rceiro gr upo res id e na apre senta ção, descriç ão e esclare cimento d o projecto r ealizad o ao ní vel pr ático , co ncretizand o -se n a a plic ação do s con hec imento s a d q uirid os a o lo ng o d a pe sq uisa. Integ rado neste g rupo , o cap ítu lo c inc o tem como objectivo a transmiss ão de um pos icioname nto claro no acto de projec to basea d o nas in vo caçõ es t eóric as est abe lec idas n os ca p ít ulo s q ue o antece deram .

(27)

5

(28)

6

“A um nível mais profundo, os fundamentos materiais da sociedade, do esp aço e do te mpo estão a transf ormar -se, organ i za n do -se em torno do esp aço d e fluxos e d o tempo a temporal. Para além do va lor metafórico d essas e xpressõ es, (...), existe uma hipót ese importante: as fun ções d omin a ntes s ão orga ni za d as em r edes pró prias d e um espaç o d e f luxo s q u e as lig a em t odo o mundo, enq uant o fr agmenta funções s ubord in ad as e in diví duos, no espaço d e múlt ip lo s lug ares, feito de loc ais c ad a ve z ma is s egreg ados e d eslig ado s uns dos outros.”4

A bas e mater ia l da socieda de c omeço u a ser rem ode lad a de f orma ace lerad a, de v id o a uma re voluçã o tecno lóg ica ce n trada na s tecno log ias de inf ormação – “As nossas sociedades estru turam-se,

cada ve z ma is, em torno de uma op osição bipo lar entre a rede e o

self.”5 Seg undo Bo rja e Cast ells, e ste para dig ma tec nológ ic o

represent a um aco ntecime nto h ist ór ico tão important e co mo o q ue constit uiu a Re vo luç ão Industr ia l.6

O resulta do é uma s ociedad e virtua l e g loba l, q ue é comp ost a por uma teia de f rag mentos de cidade s articu lad as em rede . Con stit uem -se a partir de área s sepa radas no es paço f ísico , mas unid as no e spaço d a comun icaç ão e dos f luxos (a b ase mat e ria l de todo s os pro cessos da socieda de) – “La red es una estru ctura cambiante de relaciones

informat i zad as que permite n la (.. .) acción simu ltá nea de

protago nist as a le ja d os en e l es pac io, c o munic ados e intera ctuand o en tiempo rea l. Un a est ructura no visible. ..”7. Assist imos, deste modo, ao predom ín io do espa ço do s f lu xos, estru cturado por c irc uito s q ue s e

4

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. A Sociedade em Rede. Volume I. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. pp. 614.

5

Idem. pp. 4. 6

BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y Global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997. pp. 22.

7

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.24.

A E R A D A I NFORM AÇ ÃO I A MORTE DA CID ADE

(29)

7

lig am entre s i, sobr e o espaç o dos lug a res, actua lmente f rag mentado e dilu íd o. Pod e cons ider ar -se q ue se pro du z a des apar içã o d a cid ade real em prol d a cid ade virtu al co necta da: “El fin de la ciudad del

encue ntro rea l, en b eneficio de su homó nima v irtua l...”8 As pala vra s

de Rem Ko olhaas acerca de Man hatt an , em Delir ious New York , parecem g en era liza r -se ao con ce ito de c id ade actua l – “(...)

exper imentaç ão co lectiva n a q ua l to da a c id ade se co nve rteu numa fábrica de exp eriênc ia human a, on de o real e o natur al de ixaram de exist ir.”9

A g loba lizaçã o , é f undamenta lment e , um processo de apr of undamento da int eg ração ec o nómic a , soc ia l, cultural, po lítica, pro duc tiva e tecno lóg ica e, como tal, inf lu ê nc ia e te m repercus sões, em todos os âmbitos d a acç ão h umana (a ltera as f ormas de produ zir, c onsum ir, distr ibu ir, inf ormar, pens ar, g erir ,...modif ica ndo prof unda ment e a estrutura s oc ia l e e spac ia l d as cidad es) : “(...) transforman los modos

de pro duc ir y, con e llo, los va lores ético s y mora les; los c a mbios qu e genera n o qued an circu nscrit os a una esfera etérea y amorfa. Las formas s iempr e tra nsmiten va lores, y la e stét ic a, por lo tanto, es

también una ética. Los n uevo s valor es tienen divers as

represent acione s fo rmales e interv ie ne n en la c onstrucc ión d e la ciu dad. La c iu dad e s el es pe jo materia l de la s circ untan cias socia les, politicas y económicas.”10 O f enómeno do g lo bal (q ue g era processo s

no vos e d e des eq uilíbr io) tem, portanto , claras c onf ig uraçõe s urbana s (onde s e centra c a da ve z ma is o e sp aço mund ia l) , nas q uais as f unções e as imag en s se impõ em a realid ades e s itua ções d iversas. A mane ira de f azer cid ade h oje é cons e q uência d o sistema insta la do, é um pro du to g lo ba l, pens ado por g rup os empres ariais , e base ia-se na produ ção e a pro priaç ão do terr itório , tendo como ún ico modelo e preocu paçã o a imag em. Este pro cess o modif ica as re laç õe s soc ia is

8

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.24.

9

KOOLHAAS, Rem. Citado por Luís Santiago Baptista In Delirious New York explicado às crianças. 2008. http://www.artecapital.net/arq_des.php?ref=37. consultado em: 1/10/12. 21:05h.

10

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.11.

(30)

8

nas c id ades, pro vo cand o um d ista nciamento e ntre se ctores e o aparec imento de es paços urba nos priva tizad os. “Nascem” os centros q ue recuper am e en cenam a história da cid ade, o s parq ue t emático s, os su búrb ios utó pic os e sed ado s, os e dif ícios corpor ativos , as re des de comun ic ação (a eroportos, a uto - estr adas... ou s eja, não -lug ares -

(“(...) los no lugares son la medida de la época, medida

cuantificable...”11), asseg urando a p erda de id ent ida de, pro vo cando o

f raccionamento da c ida d e: ”Si un lugar puede definirse como lugar de

ide ntid ade, re la ciona l e h istór ico, u n es p acio que no p ued e d efin irse ni como es pac io de identidad, n i como relac io na l, n i c omo históric o, defin irá un no lu gar (...) un mundo así prometid o a la ind iv idu alid ad

solitaria, a lo provisional a lo efímero, al pasaje. ”12 Esta s

inf raestructuras pe rcepc ionam -s e e enten dem -se de sd e uma macroesca la, q ue c ons idera soment e a ve loc ida de e rap id ez como virtude s. As c ida des como redes espac ia is de e xper iê nc ia pe ssoa l, de desco berta , an ulam -se ag ora, pelas mú ltiplas vias de c omunic açã o (auto-estrad as) par a percorrer em a utomó ve l (cáps ula espac ia l

desco ntextua li za da13). O Homem contem porâne o vive e atra ve ssa a no va c ida de , ind if erente ao se u entorn o , em busca de no vo s destinos (não-lug ares): “(...) sin más referencia que el punto de p artida y el de

llegada”.14 Deparamo - nos com a perd a de ide ntidade – a incerteza do

lug ar em q ue estamo s, de onde viem os e para on de vamos.

11

AUGÉ, Marc. Los no Lugares. Espacios del anonimato. Una Antropología de la Sobremodernidad. Barcelona: Ediciones Gedisa, 1994. pp.84.

12

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.41.

13

ROCA, Miguel Ángel. Cap. XVI “La ciudad y territorialización contemporánea”, em “De la ciudad contemporánea a la arquitectura del territorio”. Córdoba: Ediciones Udecor, 2003. pp. 250.

14

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.43.

(31)

9

Vivemos, ass im sendo , numa soc ie da de na q ual a c ida de, f onte histór ica d e assent a mento e de perm an ênc ia, const itui ma is do q ue nunca o espa ço s ímbolo d e mobilid ad e, ide ia d ef endid a por Sask ia Sasse n.15

Pertenc emos a uma civilização const itu ída por ár eas d e urb anizaçã o diss emin ada s, na s q uais a vid a se or g aniza em torn o d e uma te ia entre o trab alho inf ormatizad o e o lar ind ividu al , d omin ada pe la c ultur a aud io visu al (tráf eg o f ulg urante de imag e ns e sons) .

Outros autores, c omo Me lvin W ebber, Franço is Asch er, Pau l Vir ilio e Ulf Han ner z e voca m o assunto. W ebber enten de a c id ad e de h oje

como “(...) um vasto domínio, sem lugar, simples grelha de

interco nex ão c omp osta p or trans port es v isíve is e p or redes de comun icaç ão inv isív eis, onde a s oc iab ilidad e já n ão s e b ase ia n a

proximidade, mas sim no movimento.”16

; A scher t em “( . . . ) pers pect iv as inq uietantes de u ma n ão-c id ade em prolifera ção e se m coesã o social... ”17

Acr escent a ai nda q ue o r a cioc ín i o q ue sup or t a est a

conce pção é s imp les: “(...) estamos numa soc ie dad e onde a

informaç ão oc upa u m lugar ca da v e z mais important e nas a ctiv ida de s

15

SASSEN, Saskia. The global city. Nova York: Princeton University Press, 1991. 16

ASCHER, François. Metapolis: Acerca do futuro da cidade. 1ªEdição Portuguesa. Oeiras: Celta Editora, 1998. pp.12.

17

Idem. pp. 2.

(32)

10

económ ica s e so ciais; ora as n ovas tec nolog ias permitem tr ansportar facilmente a inform ação para lo nge e depress a; numa cer ta medida, ela s a nu lam a s d ist ânc ias, despr e zam o es paço e, desta f orma, as activ id ades ec onóm icas e so ciais, qu e necess itam cad a v e z m ais d e informaç ões, p ode m l oc ali zar -s e em qua lq uer lug ar.”18 As n o va s tecno log ias de inf ormação p ermitem a artic ulaçã o de process os sociais à d istânc ia – “(...) tele-trabajo, tele-compra, tele-información,

tele-d iv ersión ...”19, q uer seja n as áre as m etropo lita nas, e ntre reg iões

ou cont ine ntes.

Pau l Vir ilio, arq uitec to -f ilósof o, arg umenta q ue é o pró prio es paço q u e desap arece c om as telec omun icaç ões: “(...) cessa a diferença entre o

próximo e o longí nq uo...com a comunic ação instantâ nea, a chegad a sup lanta a partida: t udo ch ega s em que s eja nece ssár io p a rtir... (...) imagem de um urb a nismo sem ur ban id a de o nde o ta cto e o contact o deixam lu gar ao im pacte te lev is ivo... pr iva do de limites o bjectivo s, o eleme nto ar qu itectó nic o inicia e ntão u ma deriva, f lutua num éter ele ctrón ico des prov ido d e dime nsõe s espac ia is, mas inscrito n a temporalid ade ú nica de uma d ifusã o in sta ntânea.”20

Por ú ltimo, o A n tropólog o Ulf Han ner z pro nunc ia -se sobre a prob lemática d a c ida de, dizend o q ue esta é “(...) feita de prox imidad es

dese jad as, mas ta mbém é, por su a ve z , fonte de pr oxim ida des sofrida s, ou simp le s mente in esper adas. Se por um lado a v ida urban a favorece a ac ess ib ilidad e mútua dos seres s ociais qu e procuram relac io nar -se, mult ip lica ao mesmo tempo as ocas iõe s de encontro s não pro gramado s. O desenv olvime nto d os meios de teleco munic ação permite, e videntem ente, esta be lec er contactos ao mes mo tempo ind epe nde ntes da distâ nc ia física e dirigidos às pe s soas qu e queremos at end er. Mas a p erspe ctiv a (ou a utop ia) d e um mundo em

18

ASCHER, François. Metapolis: Acerca do futuro da cidade. 1ªEdição Portuguesa. Oeiras: Celta Editora, 1998. pp.25.

19

BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y Global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997. pp. 11.

20

ASCHER, François. Metapolis: Acerca do futuro da cidade. 1ªEdição Portuguesa. Oeiras: Celta Editora, 1998. pp.26.

(33)

11

que se gen era li za s se uma ac ess ib ilid ade un icame nte programad a

significaria, de certo modo, a morte da cidade. ”21

Seg undo o c onte xt o apre senta do, n o q ual nos enc ontra mos - da modern izaç ão tecno lóg ica e inf raestrutural -, deparamo - nos com uma crise ident itária (as cid ades ass emelham -se cad a ve z ma i s e perdem as su as particu lar id ades , pre va le cen do uma heg emon ia d e va lore s universa listas ), em q ue cada cidade e m proce sso de r ees truturação económ ica é torna da um produto, u ma imag em publicitária, uma marca, um neg ócio, como destaca Koo lha as (199 5) , ao re f erir -se a Barce lon a: “Às vezes uma antiga e singular cidade, como Barcelona,

através d a su pers implif ica ção de s ua ide ntid ade, tor na -se genér ica,

transparente, como uma logomarca.”22 Esta é a imag em mais

intern ac iona l e tecn ológ ica das c ida des: a req ualif ic açã o, ou melhor, a decoraç ão de g rand es áre as em d esus o para a insta la ção de s ímb olos corporat ivos da g loba lizaçã o. Quan do estamos p erante situaç ões destas, h á se le çõ es, omis sões e inclusões de esp a ços, q ue transmitem , pela im ag em , uma ling uag em coerente e só lida acerca d a cid ade. T oda via, n ão passa de uma s imp les cod if icaçã o . Muit as ve ze s , estes projectos “revitalizadores”, emblemas urbanos concretizados para ca ptar a ate n ção, prog ramados d e costas p ara a c idade e a cid adan ia, d emarca m novas f ronteira s urb ana s e des e ncade iam process os g erador e s de s eg reg ação e exclusão soc ia l. Os métodos g loba is utilizad os p a ra inter vir na c ida de pree xiste nte orig in a m a su a diss oluçã o , deter ior ação e ab and ono – constroem-na como um nódulo de uma rede in vis íve l ( à q ua l nã o p e rtence) , iso lad o da realid ad e pró xima e in dep end e ntemente do lug ar.

Estas s itu açõe s su scitam inúmer os d e bates acerca do f utu ro das cid ades, def enden d o An drea Bran zi o f im das mesmas ta l como as conhe cemos, “(...) a questão da eventual dissolução das cidad es

provoca da pe lo p rogresso d as técnic as de transpor te e de

comun icaç ão, cada avanço tecn ológ ic o importante ne ste s domínios

21

GRAFMEYER, Yves. Sociologia Urbana. Paris: Publicações Europa-América, 1994. pp.15. 22

ACSELRAD, Henri. A Duração das Cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2001. pp. 173.

(34)

12

permite progn ostica r, com entus iasm o ou terror, o fim d a s cidad es tradic io na is e o despont ar de uma ordem espac ia l rad ica lment e nova. ”23

Borja e Caste lls ta mbém ad vog am o p oss íve l de sap arec imento d as cid ades c omo f orma territorial d e or g anizaç ão soc ia l , express ão cultura l e g estão p olític a - c onseq uê n cia da r e vo luç ão te cno lóg ica inf ormacio na l, d a g loba lizaçã o da eco n omia e comun ic açã o (permite uma relação r áp ida e permane nte com q ualq uer terr itório) e da d if usão urbana g en eralizada .

Perante est e p ano rama de in vas ão dos me ios a ud io visua is, os ind ivíd uos te ndem a procur ar “(...)algures aq uilo que é capa z de

provocar as suas ‘emoções’, ist o é, etimologicamente, o que os pode

‘pôr em movimento’. ”24

Deste mo do, uma o b ra de arq uit ectura te m um pape l mu ito importante como me io de dar r eposta a estas nec e ssid ades – provocar emoções, g erar movimento. Quand o estamos per ante uma o bra de arte, uma obra d e arq uit ectur a, a pr ime ira co is a q ue aco ntece é u m silênc io (silênc io de s i, nã o t er pa la vr as) – uma interrupção mental. Este é um silênc io q ue comu nica, q ue provoca n o meu, nosso E u um moviment o reg ido pe la obra. E xiste ainda, neste pr imeiro c ontact o com a obr a, o espant o, a emoçã o. S ig nif ica q ue da obra (d e arq u itectu ra, neste caso) não se i nada . Den ota ao mesm o tempo q ualq uer cois a q u e reconh eço: uma e xp eriê ncia mister io sa. Daq ui não se ret ira ainda a obra. É o prime iro sin al da sua pres en ça – é o momento inicial de encontro. Nã o d iz t udo, n ão é suf ic ient e. Há um d inam ism o, g era -se um movimento. Nu ma obra de arte, o espanto e a emoç ão não s e esg otam - perduram.

23

ASCHER, François. Metapolis: Acerca do futuro da cidade. 1ªEdição Portuguesa. Oeiras: Celta Editora, 1998. pp.12.

24

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(36)

14

“AS CIDADES INVISÍVEIS”

“E no regresso, a nossa nem parece cidade. Só o tempo das casas velhas lhe deixou sinais de cidade. O rasto do nosso tempo foi levado para fora da nossa cidade. Os saberes-fazer já não conseguem melhor que subúrbio. A cidade como objectivo, produção e aprendizagem é outra.

- De agora em diante serei eu a descrever as cidades – disse o Kan – tu nas tuas viagens verificarás se existem.

Mas as cidades visitadas por Marco Polo eram sempre diferentes das pensadas pelo Imperador.

- Contudo eu tinha construído na minha mente um modelo de cidade de que deveria deduzir-se todos os modelos de cidades possíveis – disse Kublai – ele contém tudo o que corresponde à norma. Como as cidades se afastam em grau diverso da norma, basta-me prever as excepções à norma e calcular as combinações mais prováveis. - Também pensei num modelo de cidade de que deduzo todas as outras – respondeu Marco – É uma cidade feita só de excepções, impedimentos, contradições, incongruências e contrassensos”

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis, In REVISTA EGOÍSTA. Número

25 – Cidade I. Casino Estoril, Casino Póvoa de Varzim, Dezembro 2005.

(37)

15

“(...) si la urbanización es la forma de asentamiento espacial habitual de la es péc ie huma na, ¿tiene sent i do s egu ir ha bland o de c iud ades ? ¿S i, ten denc ia lmen te, todo es urba n o, no de beríamos camb iar nuestras categ orias mentale s y nuestra s po lítica s de gest ió n hac ia un enfoqu e defer enc ia l entre las d istinta s formas de re lac ión entre espac io y s ocieda d ?”25

No limiar do Sé cu lo X X I, q uase todas a s soc ie dade s e nf rentam uma prof unda transf ormação h istór ica: a d es anima dora p erspe ctiva de uma inf indá ve l crise urb ana e o encam inh amento para um mundo d e urban izaç ão g ener aliza da (“não-cidade”) , consequência de um modelo obso leto e ir rac ion al da ocup ação do es p aço.

É no seg u imento d este co nce ito de c idade q ue prete ndo estudar a prob lemática e vide n cia d a nos tec idos ur banos, nome adame n te no q ue respe ita à c onten ç ão dos f enómenos de f rag mentação, dis persão , saturaçã o e d esco ntinuidad e. No livro Po lít ica s Ur bana s esta situaç ã o é-nos descr ita: “Em face de uma realidade urbana que dificilmente dá

pelo nome d e c ida de – sem abusar da semântica ainda corrente -, é a própria dificuldade de dar nome à “coisa” que se observa nas denom inaç ões ou adjectivaçõ es d a literatura rec ente (.. .), como:

emergente, g enér ic a, extens iva, disp ersa, d ifusa, d es contínua,

fragmentada, mosaico, etc.”26

É cl arif ic ada a dif erenc iaç ã o ent re “cidade” e “urbano” : “(...) existem diferenças profundas de modelo de

trajectória de “cidade” (densa, compacta, fisicamente contínua e limitada, reconhecível na sua morfologia e traçados) ao “urbano” (centrífugo, des contí nuo, ex pans iv o, frag mentário, c aótico)...”27 Borjas

25

BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y Global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997. pp. 11.

26

PORTAS, Nuno; DOMINGUES, Álvaro; CABRAL, João. Politicas Urbanas – Tendências, Estratégias e Oportunidades. 2ªEdição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. pp. 17. 27

Idem. pp. 17.

A CID ADE FR AGM E NT AD A

(38)

16

e Cate lls s istemat izam a dif erenç a entr e os d ois conc eit os: o urba no ref ere-se à articu lação espac ial, c o nt ín ua o u des cont ínu a, de popu laç ã o e act ivid ades; por su a ve z, a cida de imp lica u m sistema espec íf ico d e relaçõ es soc ia is, cu ltura is e inst itu içõe s po lít ic as. 28 Mumf ord des ig na a cid ade de h oje d e « cid ade in vis íve l», visto q ue a cid ade, enq ua nto ha bitat comp acto, está a desa parec er.29

Aq uilo q ue ante s era ape nas uma ameaç a transf ormou -se em urban ismo s em coe rência pre estab elec ida, urba nismo sem cid ade30, arranjos territor ia is q ue apontam para a dualidade, q ue e vid enc iam uma organização “just in time”31, q ue se reg e apenas pe las ló g icas d o

mercado imob iliário (esqu i zofre nia e megaloman ia da e ncena ção

especta cu lar32). Há uma ten dênc ia , im posta pe lo actua l sistem a cap italista, para co nvert er a arq uitect ura e a c id ade nu m parq ue temático, de cons u mo e d e ó cio (“espacio-basura ”33), em obje cto d e usar e d eit ar f ora, de cará cter ef émero, sendo q ue o impo rtante é o impacto q ue pro voca f undamentalmente como no vida de , com o objecto q ue suscit a cur ios id ade e s urpres a. And rea Bran zi af irma que a “(...)

cid ade d eixou d e ser um plac e (um lu gar) , tornando -se uma ‘condição’

28

BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y Global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997. pp. 13.

29

RÉMY, Jean; VOYÉ, Liliane. A Cidade: Rumo a uma nova definição?. Colecção: Cidade em questão/9. Porto: Edições Afrontamento, 1994. pp. 122.

30

BORJA, Jordi; CASTELLS, Manuel. Local y Global. La gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Taurus, 1997. pp. 331. Tradução Livre: “ ( . . . ) s i g n i f i c a , ( . . . ) , l a e x i s t e n c i a d e e s p a c i o s d e f i n i d o s p o r f l u j o s , d e t e r r i t o r i o s d e l í m i t e s i m p r e c i s o s o s u p e r p u e s t o s y d e l u g a r e s s i n a t r i b u t o s y , p o r l o t a n t o , s i n c a p a c i d a d d e i n t e g r a c i ó n s i m b ó l i c a . ” 31

ACSELRAD, Henri. A Duração das Cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2001. pp. 170.

32

BAPTISTA, Luís Santiago. Delirious New York explicado às crianças. 2008. http://www.artecapital.net/arq_des.php?ref=37. consultado em: 1/10/12. 21:05h.

33

KOOLHAAS, Rem. El espacio basura. De la modernización y sus secuelas. Arquitectura Viva74, Septiembre - Octubre 2000. pp.23. Tradução Livre: “ E l e s p a c i o b a s u r a e s l a s u m a t o t a l d e n u e s t r a a r q u i t e c t u r a a c t u a l ; ( . . . ) E l e s p a c i o b a s u r a e s l a c o n t r a f i g u r a d e l e s p a c i o , u n t e r r i t ó r i o d e u n a a m b i c i ó n d e v a l u a d a , e x p e c t a t i v a s l i m i t a d a s y u n a s i n c e r i d a d r e d u c i d a . ( . . . ) E l e s p a c i o b a s u r a e s t á v e r d e y m a d u r o a l m i s m o t i e m p o ; e s u n c o l o s a l m a n t o d e s e g u r i d a d e q u e c u b r e l a t i e r r a , l a s u m a d e t o d a s l a s d e c i s i o n e s n o t o m a d a s , d e l o s p r o b l e m a s n o a f r o n t a d o s , d e l a s o p c i o n e s n o e l e g i d a s , d e l a s p r i o r i d a d e s d e j a d a s s i n d e f i n i r , d e l a s c o n t r a d i c c i o n e s p e r p e t u a d a s , d e l o s c o m p r o m i s o s a d o p t a d o s . . . ” .

(39)

17

domin ada por re laçõ es de c onsumo e u m modo de comp ortamento.”34

Há q uem des ig ne es te process o de co n versão da c id ade re al à cida de de atracçõ es e entr etenime nto de “disneylandificación”35. Estes id e a i s para co nstruir c id ad es são mu ito d ébe is – passado o breve momento do espa nto in aug ura l da obra rec ém che g ada, surg e a f adig a do

déjà-vu: “Una vez pasada la fuer za del momento inicial, es nece sária una

nueva in venc ió n pa ra que la c iu dad s iga esta ndo v iv a se gú n est os parámetros de consumo.”36 A e xp eriênc ia do monum ento c o mo lug ar

de intercâmb io pe s s oal, submete -s e ag o ra à e xper iênc ia do consumo (programa soc ia l as s ente na ilusã o e alie nação das mass as37).

A socieda de de hoj e é f eita de project os ind ivid ua is, é f racciona da pelas estratif icaç õe s , seg mentos s oc ia is e orientad a p elo poder de opção s ing u lar - pod er narcis ista . A f orma das cid ade s e a vida urban a sof reram transf ormações - ma nif esta das em no vas f ormas de territorialid ade (f ragmentos des cont ínu o s , de g eometria variá vel e monof uncio na is ) e n uma mob ilidade es p acial d if usa e g e n era lizad a. As cid ades, q ue têm co mo princ ip ais caract er íst icas o reco nhec imento e a ide ntif icaç ão, e vo lu íram para um conju nto de nó du los e linh as de f luxos ( pe los q ua is se tem q ue transitar) , q ue conf ormam e se aprese ntam, actu almente, como as ún icas a lternat iva s d e con e x ão, crian do p ercursos in divid ua list as e det erminan do a imposs ib ilidad e d e deriva na cidade. A ideia de uma “colagem” aleatória, construída sobre a ba se de f rag mentos autó nomo s, da s obrep os ição de p artes opostas, ref orça a p ermanênc ia d o cao s e imped e a f or mação de uma imag em g loba l, sinté tica, clara, un itár ia d a cid ade.

A vio lê nc ia, a perd a de sent ido, as d if icu ld ades d a vid a q uotid ia na, tornam -nos se ns íve is ao carácter d es est ruturante de ssas mu dança s.

34

ASCHER, François. Metapolis: Acerca do futuro da cidade. 1ªEdição Portuguesa. Oeiras: Celta Editora, 1998. pp.13.

35

MUXÍ, Zaida. La Arquitectura de la Ciudad Global. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2004. pp.106.

36

Idem. pp. 31. 37

BAPTISTA, Luís Santiago. Delirious New York explicado às crianças. 2008. http://www.artecapital.net/arq_des.php?ref=37. consultado em: 1/10/12. 21:05h.

(40)

18

A cidad e red u ziu -se a uma p la nif ica ção urban a ind ividu alizada, a s er uma soma de esp aços monof unc iona is, de partes in dep ende ntes, perden do o seu c ará cter, a sua espec if ic ida de , por não ser o lug ar de exerc íc io de uma ú nic a f unção - como é o caso de uma escola, hosp ita l, cas a. A c idade de veria ser o lug ar q ue co loca ess as vár ias f unções em int er -relação, at ra vés da r elação c om o esp aço e não o lug ar ond e se justap õem essas f unções espec íf icas: “E cresce, cresce

sempre, porqu e par a a cid ade p arar é morrer. E porque cresce em ritmo qua se lou co, n ão é ma is possív e l impor um sistema de rela çõe s coerente entre os seus es paço s orga ni za dos e ela cons titui a ss im mais uma soma de espaç os d o qu e um todo e struturado, e m que se

misturam e confundem funções, em que a desordem é soberana. ”38

Esta visão utop ista e voluntar ista d a socieda de co ntempo rânea, a o atribu ir um esp aço e spec íf ic o a ca da f unção (parc elamento f unc iona l) , le vou a uma “zonificação”39 q ue não toler a nen huma f racção d e espaç o, e xcepto par a aq ue la para a q ua l f oi e xp licit amente des ig nad a e reser vad a:

“La ciudad como superposición de fragmentos selecionados por el mercado no e s más que una ag lomera c ión de partes que s e qu iere n difere ntes y qu e n o bus can f ormar u na e ntid ade nu eva, clar a o reconoc ib le. Las difere nc ias e ntre los fragme ntos so n meras aparen cias, y a q ue todos se han se lec ionad o a part ir d e u n mism o dircurs o y de un a misma lóg ica: la v ida e s consumo y e l ciud adan o ha cambiado s u estat uto y der echo civ il por uno c omerc ial, e l d el consum idor. Cad a fragmento es autó n omo y sin re lac ió n entre sí,

como nómad as.40

38

TÁVORA, Fernando. Da organização do Espaço. Porto: FAUP Publicações, 2006 (1ª Edição 1962). pp.35.

39

RÉMY, Jean; VOYÉ, Liliane. A Cidade: Rumo a uma nova definição?. Colecção: Cidade em questão/9. Porto: Edições Afrontamento, 1994. pp. 16.

40

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/410. consultado em: 14/5/12. 23:28h.

(41)

19

Octávio Iann i, f ormado em c iênc ias s ociais, def ende tam bém esta ide ia d e territór io f rag mentado: “A condição experimental e em

constant e mudanç a, a fugacidad e e transitor ie dad e das relaçõ es sociais e a ausê nc ia ou impo ssibilid ade de re prese ntar a cid ade como uma totalidad e, be m como entender a vida urb ana corr endo num território fragmentad o que é a ne gaç ão de territor ia lidad e, se tornou

imagem corrente.” 41

Dan ie l In nerar it y, n o te xto q ue escre veu para O J orna l Arqu it ectos “A

Nova Ur ban id ade”, afirma que as cidades perderam as características

q ue melhor as d if erencia vam: “No início do séc. XX, a Escola de

Ch icag o estab elece u três característica s dist int ivas d a cid ade, ho je convert idas em lugar es comun s: heter oge neidad e, esp essur a e gran de dimensão. ” 42

41

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/410. consultado em: 14/5/12. 23:28h.

42

INNERARITY, Daniel. A Nova Urbanidade. Jornal Arquitectos, Número 231. Portugal: Publicação Trimestral da Ordem dos Arquitectos, 2008. pp.18.

F I G U R A 2 . 3 e 2 . 4 ( r e s p e c t i v a m e n t e ) – Um a c idade form ada por f rag m entos . C a r t a z p u b l i c i t á r i o d o p r o j e c t o d e r e f o r m a d a r u a 4 2 , N o v a I o r q u e , 2 0 0 0 ; P a u l C i t r o e n , M e t r o p o l i s , 1 9 2 3 . U n i v e r s i d a d e R e a l d e L e i d e n , P r e n t e n k a b i n e t .

(42)

20

(43)

21

A c ida de tem como uma da s pr inc ip a is causas d a s ua orig e m real e conce ptua l a nec ess ida de q ue os sere s humanos têm de s e sentirem seg uros. Como me io de resp osta, f oram criad os espa ços e e strutur as sociais, q ue estabe leceram uma relação de opos içã o “dentro-fora”. A muralh a43 def iniu -se como “limite real y metafórico”44, q ue impôs orde m ao esp aço urb ano , social. Deste mo do, as pes soas s entiam -s e proteg idas do e xt erior, “(...) en principio más sometid o a

incertindumbres y arbitrariedades o al alcande del enemigo”45.

Contu do, dur ante a s últ imas d écad as, esta visão f a vorá ve l da vida urbana f oi a lterad a por uma outra ma is ad vers a à vida n as cid ade s:

“(...) una mirada que reposiciona al peligro den tro de los límites

43

RÉMY, Jean; VOYÉ, Liliane. A Cidade: Rumo a uma nova definição?. Colecção: Cidade em questão/9. Porto: Edições Afrontamento, 1994. pp. 40. Tradução Livre: “A muralha reveste-se também de uma significação simbólica que perpetua a do simples fosso que os fundadores traçavam muitas vezes para delimitarem o território da cidade: a muralha marca a separação entre um exterior e um espaço «culturalizado» que quer ser um lugar de «ordenamento» do espacial e do social.”

44

GUTIÉRREZ, Obdúlia. (Coordenadora). La ciudad y el miedo. VII Coloquio de Geografia Urbana. 7ª Edição. Barcelona: Diversitas (número 52), 2004. pp.15.

45

Idem. pp. 6.

A CID ADE E O MEDO

2.2. 

Referências

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