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QUAIS SÃO OS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM UMA REPARTIÇÃO PÚBLICA? - UM ESTUDO SOBRE A COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE PRÓPRIOS MUNICIPAIS DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

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DOI: 10.17271/2318847242320161305

QUAIS SÃO OS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM UMA REPARTIÇÃO PÚBLICA? -

UM ESTUDO SOBRE A COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE

PRÓPRIOS MUNICIPAIS DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

Marina Gonzalbo Cornieri

Mestre em Ciência Ambiental - USP. Bacharel em Gestão Ambiental - USP. Técnica da Secretaria de Gestão Ambiental – Prefeitura de São Bernardo do Campo – SP marina.gonzalbo@gmail.com

Paula Lopes de Araújo

Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental - UFABC. Bacharel em Gestão Ambiental - USP. Técnica da Secretaria de Gestão Ambiental – Prefeitura de São Bernardo do Campo – SP plaraujox@gmail.com

José Gonçalves da Silva

Tecnólogo em Gestão Ambiental – Faculdade Anchieta. Técnico da Secretaria de Gestão Ambiental – Prefeitura de São Bernardo do Campo – SP jose_gs@ig.com.br

Claudinei Correia de Mello

Biólogo – Universidade do Grande ABC. Técnico da Secretaria de Gestão Ambiental – Prefeitura de São Bernardo do Campo – SP nei.mello@saobernardo.sp.gov.br

Gabriela Priolli de Oliveira

Mestre em Ciências Florestais - USP. Bióloga. Diretora do Departamento de Gestão Ambiental da Secretaria de Gestão Ambiental – Prefeitura de São Bernardo do Campo – SP gabriela.oliveira@saobernardo.sp.gov.br

RESUMO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos prioriza a coleta seletiva e a reciclagem. Em São Bernardo do Campo, a coleta seletiva tem sido ampliada, incluindo próprios municipais. Há poucos estudos sobre caracterização gravimétrica de resíduos em prédios públicos, sendo este uma contribuição no tema. Foram caracterizados resíduos sólidos de sete próprios municipais. Os recicláveis foram categorizados por tipo e pesados. Obteve-se uma cotação média de valores em uma das cooperativas parceiras da Prefeitura. Os resultados mostraram que a coleta seletiva nesses próprios evitaria a perda de quase R$ 30.000,00 por ano.

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DOI: 10.17271/2318847242320161305

What solid waste are generated from a governmental department? – A study

about solid waste gravimetric composition of municipal departments of São

Bernardo do Campo – SP – Brazil

ABSTRACT

The National Solid Waste Policy prioritizes recycling. In São Bernardo do Campo, selective collection has been expanded, including municipal departments. There are few studies on characterization of waste in public buildings, this is a contribution on the subject. Seven municipal departments waste were characterized. Recyclable waste were categorized by type and it were weighed. It were obtained an average price values in one of the City Hall´s partner cooperatives. The results showed that the selective collection in these departmenrs would prevent the loss of nearly R$ 30,000.00 a year.

KEYWORDS: Solid waste. Characterization on public buildings. Selective collection

¿Qué residuos sólidos son generados en una oficina pública? - un estudio sobre la

composición gravimétrica de los residuos sólidos de edificios municipales de São

Bernardo Do Campo – SP – Brazil

RESUMEN La Política Nacional de Residuos Sólidos prioriza el reciclaje. En São Bernardo do Campo, la recogida

selectiva se ha ampliado, incluyendo edificios municipales. Existen pocos estudios sobre la caracterización de los residuos en los edificios públicos, lo cual esto es una contribuición sobre el tema. Se caracterizaron residuos de siete propios municipales. Reciclable fueron categorizados por tipo y ponderados. Se obtuvo un valor promedio de los precios en una de las cooperativas asociadas. Los resultados mostraron que la recogida selectiva en estos mismos evitaría la pérdida de casi R$ 30,000.00.

PALABRAS CLAVE: Residuos sólidos. Caracterización de edifícios públicos. Recogida selectiva

1. INTRODUÇÃO

Analisar a gestão dos resíduos sólidos é muito importante, pois se trata de uma temática sobre a qual as políticas públicas podem promover mudanças nos hábitos dos cidadãos, com objetivo de diminuir a degradação ambiental. Não há outro caso que possibilite tão claramente o estabelecimento de vínculos entre a atividade humana e o ambiente quanto a maneira como uma sociedade trata dos resíduos que produz (JACOBI, 2006).

Os programas de coleta seletiva são fundamentais no enfrentamento dos problemas ambientais e de saúde pública causados pelos resíduos sólidos, pois colaboram com a diminuição dos resíduos na fonte geradora, reciclagem de matérias-primas, redução dos impactos causados pelo

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 aterramento dos resíduos, geração de renda e inclusão de pessoas antes marginalizadas (JACOBI, 2006).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2010, reconhece o resíduo sólido reutilizável e reciclável dotado de valor econômico e social, que gera trabalho, renda e promove a cidadania. Para isso, prioriza a coleta seletiva como um de seus instrumentos, e estabelece a responsabilidade de geradores e do poder público. Institui também os Planos de Resíduos Sólidos nas esferas da União, Estados e Municípios (BRASIL, 2010).

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é condição para que os Municípios acessem recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados ao manejo de resíduos sólidos e à limpeza urbana, dando prioridade àqueles que implantarem a coleta seletiva, principalmente com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores. Entretanto, no Brasil, a situação dos municípios com relação à coleta seletiva ainda precisa avançar muito. Segundo pesquisa do IBGE, cerca de 33% dos municípios tinham o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e 29% possuíam Plano de Saneamento contemplando resíduos, e apenas cerca de 30% possuíam programas de coleta seletiva (IBGE, 2014).

Muitas vezes os programas de coleta seletiva começam com pontos fixos de entrega voluntária em alguns locais, chegando até a expansão para a abrangência municipal, mas nem sempre abordam os próprios públicos em seus programas. Existem alguns exemplos diferentes, como o caso da cidade de Araucária-PR, que iniciou seu projeto de coleta seletiva em alguns pontos, inclusive em próprios municipais, e depois ampliou para o resto do município (PREFEITURA, s.d.).

Na cidade de São Paulo-SP, foi elaborada uma proposta participativa do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos incluindo os próprios municipais. O documento afirma que São Paulo possui cerca de 3.000 unidades públicas municipais, presentes nas 32 Subprefeituras, nos 96 Distritos da cidade, com o desenvolvimento de atividades diversas, refletindo no tipo de resíduo gerado (PREFEITURA, 2013).

Nas unidades tipicamente administrativas, há geração de resíduos secos semelhantes aos das residências, como papéis e plásticos; já em uma escola há resíduos orgânicos por conta das merendas; nas unidades de saúde pode haver resíduos perigosos provenientes de procedimentos médicos (resíduos de serviços de saúde); nas unidades de serviços urbanos diversos, resíduos gerados na manutenção de veículos e máquinas. Para o estabelecimento do programa, o documento especifica os seguintes objetivos específicos: universalização do acesso ao sistema de coleta seletiva; ampliação dos níveis de recuperação dos resíduos; ampliação e fortalecimento da organização de catadores/as de material reciclável; inclusão e integração socioeconômica dos

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 catadores e das catadoras de material reciclável não organizados e em situação de vulnerabilidade; formalização e regularização da base (ferro velhos, sucateiros e outros) da cadeia econômica da reciclagem; implantação da logística reversa; implantação do Programa de Coleta Seletiva Solidária nos Próprios Municipais, garantindo-se a formação continuada dos servidores públicos municipais; fomento e estímulo à participação efetiva da população e sua adesão ao sistema de coletas seletivas; fomento e estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo (PREFEITURA, 2013).

O presente estudo ocorreu em São Bernardo Campo, município da Região Metropolitana de São Paulo, com 765.463 habitantes (IBGE, 2010). A produção diária aproximada de resíduos sólidos por habitante é de 800 gramas (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2011), gerando cerca de 600 toneladas de resíduos sólidos por dia. A coleta seletiva tem sido ampliada, de forma a atender a PNRS, estabelecendo metas na Política Municipal de Saneamento e instituindo a Parceria Público-Privada na gestão de resíduos.

A Política Municipal de Saneamento (PMS) foi disposta através do Decreto nº 17.401, de 8 de fevereiro de 2011. A partir da caracterização da situação dos resíduos sólidos no município, a PMS propõe um sistema de aproveitamento máximo dos resíduos sólidos urbanos, visando minimizar progressivamente a quantidade destinada ao aterro sanitário. Uma das diretrizes é a ampliação do Programa de Coleta Seletiva, com inclusão social de catadores de materiais recicláveis e melhoria das centrais de triagem já existentes. A coleta seletiva era feita, pela Prefeitura, principalmente a partir de Pontos de Entrega Voluntária, depois os materiais eram transportados pela mesma até as duas cooperativas de triagem parceiras. A PMS estabeleceu metas de recuperação de materiais, chegando a, no mínimo, 10% em 2017. Para atender os índices houve a reformulação do sistema, com a instituição de uma Parceria Público-Privada (PPP) para a gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana em São Bernardo do Campo.

Em junho de 2012, com o objetivo de realizar uma gestão de resíduos sólidos mais eficiente, ágil e dinâmica, capaz de acompanhar as inovações tecnológicas do setor e o aporte de recursos, a prefeitura de São Bernardo do Campo efetivou, por meio de processo licitatório, uma parceria público-privada, com duração de 30 anos, para concessão e outorga do Sistema Integrado de Manejo e Gestão de Resíduos Sólidos (SIMGRES) do município (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2015).

O SIMGRES compreende quatro eixos de ações:

- Serviços de limpeza urbana: ampliação dos serviços existentes e implantação de novos serviços, tais como coleta domiciliar; varrição e lavagem de vias; coleta de grandes objetos e de resíduos de construção civil; operação feira limpa; limpeza de núcleos e áreas de difícil

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 acesso; roçada, corte de mato e capina; limpeza de bocas de lobo e de córregos; podas e remoções de árvores, dentre outros.

- Programa de Coleta Seletiva: implantação do serviço de coleta seletiva porta a porta em 100% da área urbana do município; ampliação dos PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) e dos Ecopontos; melhoria e implantação de centrais de triagem de materiais recicláveis a serem operadas pelas cooperativas do município; programa de informação e educação ambiental para sensibilização e mobilização da população.

- Recuperação da área do Lixão do Alvarenga: recuperação e requalificação de área contaminada pelo descarte de resíduos domiciliares, industriais e de construção civil no período de 1972 a 2001. A remediação da contaminação da área será efetuada por meio de obras de infraestrutura, monitoramento e controle ambiental. Após esse processo, será realizada a implantação de um parque para uso da comunidade local.

- SPAR-URE: implantação de um Sistema de Processamento e Aproveitamento de Resíduos e Unidades de Recuperação Energética, para recebimento de resíduos e rejeitos.

De acordo com o SIMGRES, em 2013 começou a ser implantada em São Bernardo do Campo a coleta seletiva porta a porta. Em 2014 esse serviço passou a atender 100% da área urbana do município.

Com o incentivo à coleta seletiva, o índice de coleta seletiva de São Bernardo do Campo passou de 0,9% (em 2012) para 4% em 2015. A meta é atingir 10% de coleta seletiva até 2017.

Com a intenção de internalizar práticas de sustentabilidade nos próprios municipais, foi criada, em 2013, pela Secretaria de Gestão Ambiental, a Agenda Municipal de Sustentabilidade, que tem como um de seus eixos de atuação a Coleta Seletiva em Próprios Municipais – denominada Coleta Seletiva Interna.

A implantação do Projeto de Coleta Seletiva Interna em próprios municipais pode contribuir para que seja alcançada a meta de coleta seletiva do município.

O Projeto de Coleta Seletiva Interna é composto pelas seguintes etapas:

• Levantamento de informações sobre as características de atividades e rotina de limpeza e zeladoria do próprio;

• Caracterização gravimétrica inicial dos resíduos sólidos gerados; • Cálculo dos tipos e quantidades de lixeiras necessárias;

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 • Formação sobre a importância socioambiental da coleta seletiva para equipe de

limpeza e zeladoria;

• Palestra sobre a importância socioambiental da coleta seletiva para servidores; • Lançamento do projeto / instalação das lixeiras / início da coleta seletiva; • Caracterização gravimétrica de monitoramento dos resíduos sólidos; • Monitoramento e avaliação da coleta seletiva;

Como se vê, a caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos é uma das etapas do Projeto de Coleta Seletiva.

A caracterização gravimétrica é a determinação dos constituintes e de suas respectivas porcentagens em peso ou volume, em uma amostra de resíduos sólidos (ABNT, 2004). A partir da caracterização é possível chegar à composição gravimétrica dos resíduos sólidos.

Para que seja possível melhorar a gestão dos resíduos sólidos é preciso conhecer o que é gerado. Para isto, a caracterização gravimétrica do mesmo é de primordial importância (SOARES, 2011). Em relação à coleta seletiva, a caracterização de resíduos tem duas funções principais: uma anterior à sua implantação e outra posterior. Antes da implantação, a caracterização é importante para verificar qual a porcentagem de recicláveis gerados e se a coleta seletiva é viável. Depois da implantação da coleta seletiva, a caracterização pode ser utilizada para verificar se os resíduos estão sendo separados de maneira adequada.

Além disso, a caracterização é importante para planejar quantas lixeiras e quais tipos são necessárias para cada prédio.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo mostra o resultado da caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos gerados em sete prédios públicos, incluindo a sede administrativa da Prefeitura (Paço Municipal) de São Bernardo do Campo - SP. Cada próprio guardou os resíduos sólidos gerados no período de um dia. No dia posterior, foi determinada a composição gravimétrica dos resíduos sólidos gerados.

Todos os prédios eram pequenos ou médios, com exceção do Paço Municipal, edifício de 18 andares que abriga a maior parte das secretarias da administração pública municipal.

Foram caracterizados os resíduos gerados dentro do período de um dia, sendo que os resíduos de banheiro foram separados anteriormente pela equipe de limpeza para apenas serem pesados.

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 Todos os resíduos foram separados nas seguintes categorias: Recicláveis (Papel de escritório; Jornal, revista e outros papéis; Copos plásticos; Plásticos; Latas de alumínio e embalagens longa vida; Papelão); e Rejeitos (incluindo resíduos de banheiro, alimentos e outros não recicláveis, tais como isopor, lenços de papel e embalagens metalizadas). A identificação de cada categoria de resíduo está demonstrada no quadro 1.

Quadro 1: Resíduos identificados nos próprios, por categorias

Categoria Resíduos sólidos identificados

Papel de escritório Folhas de papel

Jornal, revista e outros papéis Jornais, revistas, folhetos, encartes, cartazes, papéis coloridos, cartolinas, pastas de papel, saco de pão

Copos plásticos Copos plásticos descartáveis de água e de café

Plásticos Garrafas, embalagens de iogurte, potes de margarina,

pratinhos descartáveis, talheres descartáveis, sacolas, sacos, embalagens de açúcar, saco de pão de forma, embalagens de produtos de limpeza

Latas de alumínio e embalagens longa vida Latinhas de alumínio, embalagens longa vida de 200mL e de 1 litro

Papelão Caixas de papelão

Rejeitos Resíduos de banheiro, restos de comida, pó de café,

guardanapos de papel usados, lenços de papel usados, isopor, embalagens metalizadas, clipes, grampos, papel carbono, papéis plastificados

Fonte: Dados da pesquisa.

Após separados, os resíduos foram pesados de acordo com a categoria para obtenção da geração média diária de cada tipo de resíduo por próprio municipal.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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DOI: 10.17271/2318847242320161305

Tabela 1: Quantidade de resíduos gerados em alguns dos próprios municipais

Prédio Público Quantidade de resíduos sólidos gerados em 1 dia (Kg)

Secretaria de Educação (SE) 136

Secretaria de Finanças (SF) 129

Prédio I da Secretaria de Saúde (SS) 36

Prédio II da Secretaria de Saúde (SS) 21

Prédio III da Secretaria de Saúde (SS) 6

Prédio IV da Secretaria de Saúde (SS) 14

Paço Municipal 190

Fonte: Dados da pesquisa.

O resultado por prédio público consta na tabela 2. A média aritmética simples de resíduos gerados por tipo está demonstrada no gráfico 1.

Tabela 2: Caracterização dos resíduos nos próprios municipais Componentes SE SF SS Prédio I SS Prédio

II SS Prédio III SS Prédio IV Paço Municipal Papel de escritório 32% 47% 14% 10% 26% 7% 32% Jornal, revista e outros papéis 12% 9% 9% 2% 10% 24% Copos plásticos 2% 1% 3% 2% 1% 3% Plásticos 5% 2% 3% 11% 5% 2% Latas de alumínio e longa vida 1% 1% Papelão 14% 16% 14% Rejeitos 48% 41% 56% 75% 58% 63% 39%

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DOI: 10.17271/2318847242320161305

Gráfico 1: Média de resíduos gerados por tipo

Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da composição gravimétrica dos resíduos sólidos, nota-se que cerca da metade dos resíduos gerados são recicláveis, sendo a maior parte composta por papel. Pelo tipo de atividade desempenhada, que é predominantemente administrativa, espera-se uma maior geração de papel. É possível perceber também que não foi encontrado vidro. Isso demostra a necessidade da adequação dos recipientes para a coleta seletiva aos tipos de resíduos gerados. Muitas vezes são adotados conjuntos de recipientes do mesmo tamanho para vários tipos de resíduos, como se a geração fosse a mesma para todos os tipos, o que não foi observado no caso estudado. Assim, justifica-se incluir mais recipientes para papel, e um recipiente menor para eventual descarte de vidro.

Um aspecto observado em todos os próprios participantes do estudo foi o desperdício de alimentos, aparentemente em condições de consumo, tais como: pães, sanduíches, frutas, biscoitos. Esse desperdício colabora para que a porcentagem de rejeitos seja elevada.

Nos próprios estudados também foi verificado o desperdício de materiais de escritório em perfeitas condições de uso, a saber: canetas, lápis, clipes, sacos plásticos, folhas de papel.

Em relação aos descartáveis, foi possível quantificar a geração média de copos plásticos, que é de 5 copos plásticos descartáveis por servidor por dia.

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 Frente a essas constatações, a sensibilização realizada nos próprios passou a incluir o tema do desperdício, ressaltando a importância dos 3Rs – reduzir, reutilizar, reciclar e esclarecendo que o desperdício de alimentos e materiais de escritório significa também desperdício de água e outros recursos naturais.

Em relação à quantidade de resíduos sólidos, a média de geração per capita nos sete próprios estudados é de 250 gramas de resíduos por servidor por dia. Os valores de geração per capita variaram entre 200 e 300 gramas.

Com objetivo de aumentar a sensibilização e a motivação para que se realize a coleta seletiva em próprios públicos, optou-se por calcular quanto de recursos financeiros está sendo “perdido” pelas cooperativas de catadores.

Para realizar o cálculo, foi verificado com a Cooperativa Cooperluz, parceira da Prefeitura no Programa de Coleta Seletiva, qual o valor de venda dos recicláveis praticado pela mesma.

Em seguida, multiplicou-se o valor de venda de cada tipo de reciclável pela quantidade média gerada em cada próprio. A tabela 3 apresenta o histórico dos cálculos.

É possível perceber que em um dia, apenas nos sete próprios municipais estudados, são “perdidos” cerca de R$ 123,00. Multiplicando-se pela quantidade de dias, verifica-se que são “perdidos” por mês, R$ 2.455,20 e por ano R$ 29.462,40.

Tabela 3: Valor médio para cada tipo de reciclável descartado Componentes

Média (Kg/dia) Preço Médio (R$/Kg)1 Valor (R$/dia)

Papel de escritório 176 0,45 79,20

Jornal, revista e outros papéis 78,4 0,15 11,76

Copos plásticos 11,4 0,6 6,84

Plásticos2 18 1,17 21,06

Longa vida 2 0,27 0,54

Papelão 8 0,42 3,36

Total médio por dia 122,76

Total médio por mês3 2.455,20

Total médio por ano 29.462,40

Fonte: Dados da pesquisa.

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Preço médio para o dia 08/04/2015 obtido junto à Cooperativa Cooperluz.

2

Valor médio, pois depende do tipo de plástico.

3

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DOI: 10.17271/2318847242320161305 Ressalta-se que se trata de um cálculo muito simples, que reflete apenas um rendimento que deixa de ser alcançado pelas centrais de triagem (operadas por cooperativas de catadores).

O cálculo de perdas financeiras poderia ser aprimorado com a inclusão de outras variáveis, tais como: a economia com disposição final em aterro sanitário e economia com transporte dos resíduos sólidos até o aterro sanitário.

Destaca-se ainda que os valores utilizados para o cálculo são aqueles praticados pela cooperativa de triagem, que comercializa resíduos em grande escala. Essa explicação é necessária para esclarecer que caso cada um dos próprios comercializasse seus resíduos o valor de venda seria bem mais baixo e em alguns casos a venda seria inviável, devido à geração pequena e necessidade de espaço para armazenar.

Vale lembrar que o formato do programa municipal de coleta seletiva em questão trabalha com a parceria de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, gerando trabalho e renda. Nesse caso, o programa de coleta seletiva interna nos próprios municipais evita o encaminhamento de resíduos recicláveis para aterro sanitário. Ao destinar para cooperativas, incentiva a abertura de postos de trabalho nas mesmas, elevando o potencial de inclusão social da coleta seletiva (BESEN, 2011).

Além disso, o papel da educação em projetos ambientais é fundamental para a obtenção de resultados satisfatórios. É necessário que sejam incentivadas ações nas quais a informação possa provocar uma resposta organizada da sociedade (NEDER, 1998). Sendo assim, nos próprios municipais os servidores precisam ser sensibilizados e informados, a partir de metodologias apropriadas, para que participem efetivamente do projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo revelou a importância da caracterização gravimétrica de resíduos sólidos para a implantação adequada de um programa de coleta seletiva. No caso de prédios públicos, a definição da composição gravimétrica se mostrou muito importante, pois, além de contribuir para a sensibilização dos servidores, que serão multiplicadores do programa de coleta seletiva municipal, demonstra o potencial de recuperação de materiais, e o valor que pode ser convertido em trabalho e renda na cooperativa de triagem.

Além da importância para o planejamento da coleta seletiva, a caracterização gravimétrica dos resíduos pode ser uma excelente ferramenta para monitoramento do projeto, pois possibilita a medição da quantidade de resíduos encaminhada à coleta seletiva e também da taxa de rejeitos.

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AGRADECIMENTOS

Os pesquisadores agradecem às equipes de limpeza dos próprios, que participaram do procedimento de caracterização dos resíduos sólidos. Agradecem também à Cooperativa Cooperluz pelas informações prestadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Resíduos sólidos: classificação – NBR 10.004/2004. BESEN, G. R. Coleta seletiva com inclusão de catadores: construção participativa de indicadores e índices de sustentabilidade. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. 2011.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em: < http://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em 18/05/2015. IBGE. Perfil dos municípios brasileiros: 2013. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/2013/>. Acesso em 24/03/2015.

JACOBI, P. R. (Org.). Gestão compartilhada dos resíduos sólidos no Brasil: inovação com inclusão social. São Paulo: Annablume, 2006.

NEDER, L. T. C. Reciclagem de resíduos sólidos de origem domiciliar: análise da implantação e da evolução de programas institucionais de coleta seletiva em alguns municípios brasileiros. In: VEIGA, J. E. (Org.).

Ciência ambiental: primeiros mestrados. São Paulo: ANNABLUME: FAPESP, 1998.

PREFEITURA de São Paulo. Reelaboração participativa do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

2013. Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/conferencia_meio_ambiente/arquiv os/PGIRS_secos.pdf>. Acesso em 24/03/2015.

PREFEITURA do Município de Araucária. Coleta seletiva. s.d. Disponível em:

<http://www.araucaria.pr.gov.br/pma/secretarias/meio-ambiente/limpeza-publica/coleta-seletiva/>. Acesso em 24/03/2015.

SÃO BERNARDO DO CAMPO. Decreto nº 17.401, de 8 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre a instituição do Plano Municipal de Saneamento Básico, em seus 3 (três) componentes: Resíduos Sólidos, Drenagem de Águas Pluviais e Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário, e dá outras providências.

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DOI: 10.17271/2318847242320161305

SÃO BERNARDO DO CAMPO. Gestão de Resíduos Sólidos em São Bernardo do Campo: possibilidades de

ação nas escolas. Um guia para professores. São Bernardo do Campo, 2015.

SOARES, E. L. S. F. Estudo da caracterização gravimétrica e poder calorífico dos resíduos sólidos urbanos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.

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Tabela 1: Quantidade de resíduos gerados em alguns dos próprios municipais
Gráfico 1: Média de resíduos gerados por tipo
Tabela 3: Valor médio para cada tipo de reciclável descartado  Componentes

Referências

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