• Nenhum resultado encontrado

Dinâmica ‘que dilatação sou eu?’, um recurso didático para o ensino de Física

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Dinâmica ‘que dilatação sou eu?’, um recurso didático para o ensino de Física"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

315 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020 doi.org/10.26843/rencima eISSN: 2179-426X

DINÂMICA ‘QUE DILATAÇÃO SOU EU?’, UM RECURSO DIDÁTICO

PARA O ENSINO DE FÍSICA

DYNAMICS ‘WHAT DILATION AM I?’, A DIDACTIC RESOURCE FOR THE TEACHING OF PHYSIC

Bianca Martins Santos

Universidade Federal do Acre/Centro de Ciências Biológicas e da Natureza/Docente de Física Geral, bianca8ms@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-9967-0834

Victoria Cristina Morais Oliveira

Instituto Tecnológico de Aeronáutica/Departamento de física/Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Física, victoriacristina89@hotmail.com

https://orcid.org/0000-0001-9951-341X

Aline Mariane Alves de Amorim

Universidade Federal do Acre/Centro de Ciências Biológicas e da Natureza/Licenciada em Física, alinemariane001@gmail.com

https://orcid.org/0000-0003-4037-3824

Josilany Santos dos Reis

Universidade Federal do Acre/Centro de Ciências Biológicas e da Natureza/Mestranda no Curso de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física,

joisy.santos15@hotmail.com https://orcid.org/0000-0001-8387-6718

Resumo

Atualmente o ensino de física têm se diversificado cada vez mais, na busca de apresentar opções viáveis com a finalidade de facilitar o processo de aprendizagem. Nesta perspectiva, o trabalho tem como objetivo propor como metodologia para o ensino de física, especificamente no conteúdo de calor, a utilização da dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’ como recurso didático. Resultados para aplicação da metodologia proposta são apresentados. A atividade foi desenvolvida na escola pública Dr. Santiago Dantas, localizada em Rio Branco / AC, com alunos do terceiro ano do Ensino Médio, como parte integradora do projeto de extensão ‘Ciência na escola: Experimentação e Teoria’, que reúne durante uma semana no período do contraturno, aulas diferenciadas sobre física,

(2)

316 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

química e biologia, desenvolvida por graduandos de Licenciatura das respectivas áreas. Esta ação representa uma das frentes de trabalho desenvolvida por bolsista de física do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid / física) da Universidade Federal do Acre (Ufac). Os resultados mostram que os estudantes durante a aula e, sobretudo na dinâmica, aprimoram o raciocínio lógico e o trabalho em equipe, além de reconhecerem que a física torna-se mais atrativa com tais ações. Verificou-se ainda que o uso do recurso proposto representa uma nova estratégia de ensino com grande aceitação e participação ativa por parte dos alunos.

Palavras-chave: Ensino de Física. Recursos didáticos. Dinâmica. Dilatação térmica. Abstract

Currently, the physics teaching has been increasingly diversified, in the search to present viable options in order to facilitate the learning process. In this perspective, the paper aims to propose as methodology for the teaching of physics, specifically in the content of heat, the use of the dynamics "What dilation am I?" as didactic resource. Results for application of the proposed methodology are presented. The activity was developed at the public school Dr. Santiago Dantas, located in Rio Branco / AC, with students from the third year of high school, as part of the extension project "Science in school: Experimentation and Theory", which concentrates during one week in the period of the counterturn, differentiated classes about physics, chemistry and biology, developed by undergraduates of Degree of the respective areas. This action represents one of the work fronts developed by scholarship holders of the physics from Institutional Program of Scholarship of Teaching Initiation (Pibid / physics) from Federal University of Acre (Ufac). The results show that students during class and, especially in the dynamics, improve logical reasoning and teamwork, besides to recognize that physics becomes more attractive with such actions. It was also found that the use of resource proposed represents a new strategy of teaching with great acceptance and active participation by the students.

Keywords: Physics Teaching. Didactic resources. Dynamics. Dilatation thermal.

Introdução

Traçando um panorama geral sobre o ensino de física, observam-se grandes avanços no sentido do professor passar a desempenhar o papel de professor/pesquisador, no qual o docente exerce a função de repensar e aperfeiçoar a sua prática por meio de um trabalho contínuo (SCHNETZLER, 2002). Neste caso, o professor reflexivo sobre sua docência, busca aprimorar seus recursos e métodos de lecionar para alcançar os processos de ensino e de aprendizagem nos discentes de forma facilitada durante suas aulas. Neste sentido, na literatura encontram-se uma forte tendência para inovação no ensino de física com o uso de diversos recursos, como exemplo a aplicação de jogos (PEREIRA, 2009), a ministração de aulas em espaços

(3)

317 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

alternativos como museus (MARANDINO, 2001), o uso do teatro como recurso didático (OLIVEIRA, 2004), a elaboração ou utilização de contos para construção do conhecimento ou emprego de analogias físicas (ROSA, 2015), entre outros. Neste amplo universo de recursos didáticos, a presente pesquisa concentra-se no uso de jogos ou dinâmicas empregado na componente curricular de física. Sobre o uso de tal recurso, Fortuna (2003, p. 16) afirma, “Enquanto joga, o aluno desenvolve a iniciativa, a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a curiosidade e o interesse, concentrando-se por longo tempo em uma atividade.”

Atualmente, um dos desafios da prática docente em física refere-se a conquistar o interesse dos alunos para estudar tal disciplina, tomada por grande parte dos discentes como difícil e temida (RICARDO; FREIRE, 2007). Em contrapartida, o uso de jogos ou dinâmicas produz a construção do conhecimento de forma divertida e prazerosa entre os estudantes, além de estimular a concentração e o trabalho em equipe. Observe, que a utilização de jogos como recurso didático, não deve significar apenas diversão ou dispersão do tema da aula, mas sim uma prática planejada, de modo que desenvolva um conhecimento significativo do conteúdo de física. Um jogo pode ser considerado educativo quando mantém um equilíbrio entre duas funções: a lúdica e a educativa. Segundo Kishimoto (1996), a lúdica está relacionada ao caráter de diversão e prazer que um jogo propicia. E a educativa refere-se à apreensão de conhecimentos, habilidade e saberes.

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio:

O jogo oferece o estímulo e o ambiente propícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidades pessoais e profissionais para estimular nos alunos a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma nova maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos. (BRASIL, 2006, p. 28)

Vale ressaltar que além do uso de jogos, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio também apresentam o uso de atividades experimentais para o ensino de física,

[...] as atividades experimentais devem partir de um problema, de uma questão a ser respondida. Cabe ao professor orientar os alunos na busca de respostas. As questões propostas devem propiciar oportunidade para que os alunos elaborem hipóteses, testem-nas, organizem os resultados obtidos, reflitam sobre o significado de resultados esperados e, sobretudo, o dos inesperados, e usem as conclusões para a construção do conceito pretendido [...] (BRASIL, 2006, p. 26)

Dessa forma a experimentação proporciona aos estudantes uma visualização melhor do conteúdo principalmente a experimentação em física, de fundamental

(4)

318 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

importância para estudos de alguns fenômenos. Neste cenário, o presente trabalho propõe a aplicação de uma sequência didática sobre o tema dilatação como o uso de exemplos do cotidiano, experimentos simples e a dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’.

O ensino de Física, especificamente o conteúdo de dilatação é abordado nos livros didáticos com poucas imagens do cotidiano do aluno e apenas ressaltam o caráter técnico-científico do tema. Assim, a aula idealizada contêm exemplos do cotidiano, e experimentos simples para demonstrar tal fenômeno, detalhados na metodologia. Além disso, uma dinâmica foi elaborada para estimular a construção da aprendizagem através de uma atividade prazerosa, estabelecendo uma relação afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno capaz de contribuir para o engrandecimento do indivíduo, como afirma a teoria de educação de Novak apud Moreira (2001).

Além disso, reforça-se o uso de atividades em grupo como afirma as Orientações Curriculares para o Ensino Médio,

[...] trabalhar em grupo dá flexibilidade ao pensamento do aluno, auxiliando-o no desenvolvimento da autoconfiança necessária para se engajar numa dada atividade, na aceitação do outro, na divisão de trabalho e responsabilidades, e na comunicação com os colegas. (BRASIL, 2006, p. 27)

Dentro da temática de calor para o ensino médio, inserido na componente curricular de física, o trabalho procurou investigar o seguinte problema de pesquisa: “O uso de um experimento e uma dinâmica simples podem contribuir para o ensino de física, de forma a deixar o ambiente de sala de aula mais agradável?”. Além disso, como desdobramento também foi avaliado a seguinte questão: “A dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, com uso de exemplos de situações físicas reais, pode contribuir para o ensino de física mais contextualizado?”. Assim, o trabalho tem como objetivo propor e aplicar uma metodologia diferente para aula sobre calor, especificamente no tema dilatação térmica, a partir da utilização de um experimento simples e da dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, como recursos didáticos. Inclui-se ainda ao objetivo, relatar a experiência didática e avaliar qualitativamente as impressões dos alunos sobre a aula aplicada.

Com ênfase no contexto apresentado, o trabalho apresenta resultados para aplicação de uma sequência didática com o uso de uma dinâmica inspirada no jogo ‘Quem eu sou?’. Esta ferramenta foi desenvolvida como parte do projeto de extensão ‘Ciência na escola: Experimentação e Teoria’ (SOUZA; SANTOS; GHIDINI, 2019), elaborada e executada por alunos do curso de Licenciatura em física da Universidade Federal do Acre (Ufac). O jogo se trata de uma ferramenta de baixo custo e um recurso pedagógico para trabalhar os conteúdos de física de maneira diferenciada, ao integrar o uso de experimento e o jogo, a aula, proporcionando aos alunos uma ativa participação da construção do conhecimento.

(5)

319 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Materiais e Métodos

Como metodologia de pesquisa, utilizou-se o estudo de caso (GIL, 2018) por se tratar da investigação sobre a aplicação de uma sequência didática em apenas uma turma específica de alunos, com características próprias. A saber, a escola envolvida é considerada de zona rural e atende parte dos alunos que moram em ‘ramais’, termo popularmente conhecido por locais distantes da rodovia principal que estão ligadas a esta por estradas de terra. Sobre este ponto, vale ressaltar que imprevistos como chuva ou mal tempo acarreta um número grande de ausente nas aulas, por causa da dificuldade dos alunos chegarem até a rodovia para esperar o ônibus da escola. Além disso, pelo fato de avaliar as percepções dos alunos sobre a metodologia utilizada na aula ministrada, a pesquisa tem característica qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 2013). O trabalho, portanto, apresenta o relato da experiência (GIL, 2018) didática sobre a metodologia de ensino aplicada.

A metodologia de ensino desenvolvida na aula baseia-se na aplicação de uma sequência didática apresentada na Tabela 1, sobre o tema de dilatação. A prática pode ser resumida em três momentos: exposição e discussão do conteúdo (1° Etapa), experimentação do fenômeno e a aplicação do conhecimento na dinâmica proposta (2° e 3° Etapas) e avaliação do conhecimento estudado, com resolução de questões de edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM (4° Etapa) e aplicação do questionário sobre a atividade desenvolvida (5° Etapa).

Tabela 1: Sequência Didática. Etapa Descrição da Sequência Didática

1ª Aula expositiva dialogada sobre dilatação com exemplos do cotidiano. 2ª Demonstração experimental do fenômeno de dilatação;

3ª Aplicação da dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’

4ª Resolução de questões de edições anteriores do ENEM

5ª Aplicação de um questionário para coleta de dados sobre a atividade Fonte: Dados da Pesquisa

A sequência didática foi aplicada na escola pública Dr. Santiago Dantas, localizada na cidade de Rio Branco / AC, dentro do projeto de extensão ‘Ciência na escola: Experimentação e Teoria’. Tal projeto tem por objetivo inserir graduandos dos cursos de licenciatura em física, química e biologia às práticas docentes ainda no período de formação inicial. Durante o contraturno de suas aulas regulares, alunos do terceiro ano do Ensino Médio durante uma semana tiveram aulas das citadas áreas com o foco de preparação para o ENEM, com o uso de metodologias diferenciadas, como experimentos, jogos, cenas de filmes, entre outros recursos. O preparo da aula, que envolvia a escolha do tema, preparação de apostila e recursos didáticos utilizados, foi elaborado pelos graduandos com a supervisão dos professores da Universidade Federal do Acre (Ufac) das respectivas áreas e dos professores da escola em questão, fortalecendo assim o

(6)

320 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

vínculo entre universidade, professor da educação básica e graduandos de licenciatura. A ministração da aula também foi executada pelos graduandos. Esta ação também compôs uma das frentes de trabalho desenvolvidas pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid / física da Ufac.

Em momento anterior a aula, houve a elaboração de uma apostila curta de cinco páginas sobre termologia, no qual estava inserido o tema de dilatação e alguns exercícios (SANT’ANNA, 2010). Tal apostila foi desenvolvida para os alunos acompanharem a aula e auxiliar a revisão para o ENEM, aproveitando o fato de a aula ser aplicada duas semanas antes do exame. A primeira etapa da sequência didática consistiu da ministração de aula expositiva dialogada sobre dilatação, no qual foram apresentadas situações do cotidiano para discussão com os alunos, com intuito de estabelecer ligação entre fenômenos observados diariamente e o conteúdo de dilatação. Esta oportunidade permitiu aos alunos estabelecer a revisão do conteúdo.

Em seguida, a sequência didática incluiu o experimento sobre a lâmina bimetálica para demonstrar a dilatação linear (TORRES, 2016, p. 77), demonstrando aos alunos um exemplo simples no qual ocorre o fenômeno de dilatação quando sujeitos a uma fonte de calor. Uma lâmina bimetálica é constituída de duas lâminas de materiais diferentes (alumínio e papel, por exemplo) unidas firmemente. Na temperatura ambiente, as lâminas são planas e possuem as mesmas dimensões. Quando é aquecida, como os dois materiais possuem coeficientes de dilatação diferentes, uma das lâminas se dilata mais que a outra. Para que as duas lâminas se mantenham unidas (com tamanhos diferentes), elas se curvam.

Vale destacar que a demonstração em sala de aula com o uso do experimento pode aflorar a curiosidade dos discentes em compreenderem o que está acontecendo, bem como procurar situação a sua volta que possa ser explicada pelo mesmo fenômeno. Neste momento o professor pode provocar os alunos a identificar e citar outras situações semelhantes, pois ao fazer isso o docente prepara o ambiente de sala de aula para aplicação da dinâmica proposta que incluía a identificação por meio de mímica a situação física envolvida na imagem e em seguida o tipo de dilatação.

A terceira etapa da sequência didática consistiu na aplicação da dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, com objetivo de estimular no aluno o questionamento sobre e onde ocorre o fenômeno da dilatação. A dinâmica proposta foi baseado no jogo “Quem sou eu?”. A regra do jogo é simples, a turma é dividida em grupos, a critério do professor ou dos alunos. Cada grupo deve escolher um representante para ser o primeiro jogador a colocar uma faixa na testa com uma imagem sobre um tipo de dilatação, por exemplo, a imagem dos fios dos postes de energia que inicialmente são instalados de forma alongada e ao ser exposto ao sol formam uma curvatura deixando seu primeiro estado (Figura 1). O jogador com a imagem na testa desconhece qual é a imagem. Neste caso, o mesmo, através de mímica dos outros componentes do grupo, deve descobrir e falar sobre o que é a imagem, e qual a dilatação associada: linear, superficial ou volumétrica. No exemplo da Figura 1, a imagem mostra a dilatação linear que ocorre nos fios dos postes elétricos (BONJORNO, 2016, p. 44). O jogo ocorre simultaneamente para todos os

(7)

321 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

grupos durante o período de cinco minutos. Ao final deste período, a equipe que acumular a maior quantidade de respostas corretas, descrição da imagem e tipo de dilatação, é declarada como equipe vencedora. Vale ressaltar que na oportunidade, cada grupo ao acertar a imagem, trocava o jogador que teria que acertar a próxima imagem, possibilitando a participação efetiva de todos os estudantes.

Figura 1 – Imagem de fios elétricos utilizado na dinâmica ‘Que dilatação eu sou?’, simbolizando a dilatação linear.

Fonte: https://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/fis-l6-cap2-p15.htm.

Outras imagens foram utilizadas, na Figura 2 está representada a dilatação linear que ocorre nos trilhos de trens quando submetidos a altas temperaturas (BONJORNO, 2016, p. 44).

Figura 2 – Imagem de trilhos de trens deformados utilizada na dinâmica ‘Que dilatação eu sou?’, simbolizando a dilatação linear.

Fonte: https://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/2014/12/dilatacao.jpg

Um exemplo interessante de dilatação linear pode ser visualizado na Figura 3, no qual, dependendo da temperatura ambiente, o topo da Torre Eiffel, que está a 300 m acima do solo, pode variar até 18 cm na altura em virtude da dilatação linear do material (TORRES, 2016, p. 74).

(8)

322 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Figura 3 – Imagem da Torre Eiffel utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação linear de seu topo.

Fonte: https://img.r7.com/images/torre-eiffel-30102018132631004?dimensions=460x305

Na Figura 4 está representada a dilatação superficial que acontece nos pisos quando colocado sem o devido espaçamento entre as peças. Por esse motivo o pedreiro ao assentar uma cerâmica no piso, deve deixar sempre um espaço entre as peças, que é chamado de juntas de dilatação térmica (BARRETO FILHO, 2016, p. 33), colocando massa de rejunte em intervalos regulares. Assim como é necessário deixar frestas estratégicas ao concretar calçadas ou pontes (Figura 5), para evitar trincas e rachaduras provocadas pela constante exposição ao sol.

Figura 4 – Imagem de um piso dilatado utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação superficial.

Fonte: https://studiotec.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/05/piso-porcelanato-dilatado-imagem.jpg

Figura 5 – Imagem de Ponte de Concreto utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação superficial.

Fonte:http://www.dojequi.com/files/caches/emp_2/site/site_16/album/uid_650/840x0/7292 0cb2964dcd5b46bd434b38b3d18d.jpeg

(9)

323 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Dilatações volumétricas também foram exemplificadas, como as das restaurações dentárias que são feitas com ligas metálicas (GUIMARÃES, 2016, p. 23), como apresentado na Figura 6. A variação das dimensões dessas ligas, com a mudança de temperatura, deve ser praticamente igual à variação das dimensões dos dentes, para que não se soltem quando se contraem, nem quebrem o dente quando se dilatam.

Figura 6 – Imagem de resina para restaurações dentais utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação volumétrica.

Fonte: http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2011/08/amalgama.jpg

Por fim, outro exemplo está apresentado na Figura 7, com a dilatação volumétrica que ocorre no mercúrio no interior do termômetro clínico de vidro.

Figura 7 – Imagem do termômetro utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação volumétrica.

Fonte: http://www.laifi.com/usuario/67/laifi/10320947_58_19582408_6866.jpg

É importante destacar que durante a sequência didática as situações físicas que apareceram na dinâmica foram discutidas durante a aula expositiva, no qual as imagens do jogo foram projetadas e abriu-se a enquete entre os alunos sobre qual tipo de dilatação eles classificavam as situações, e o porquê da resposta. A Figura 6, por exemplo, representou uma situação que embora os estudantes conheçam de perto por ter ou conhecer alguém que tenha feito uma obturação dentária, eles ainda não haviam associado o fenômeno de dilatação térmica importante para determinar qual o material a ser utilizado neste tipo de procedimento. Os estudantes também foram desafiados a citar exemplos no qual eles reconheciam o fenômeno da dilatação térmica envolvida, e uma situação local muito frequente foi confirmada por alguns discentes, conforme a Figura 4. Um fato interessante observado foi à associação estabelecida durante a aula entre o

(10)

324 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

efeito dos pisos do chão da escola soltarem em épocas que fazia tempo frio de forma inesperada, com a relação de eles se comprimirem em baixas temperaturas.

A quarta etapa consistiu na resolução de questões de edições anteriores do ENEM e de outros exames para ingresso no nível superior. E a quinta e última etapa da sequência didática incluiu o questionário investigativo sobre a metodologia utilizada. A aplicação da sequência didática ocorreu no dia 31 de outubro de 2017 e teve duração de duas aulas de 50 min. Ao final da aula, foi desenvolvido e aplicado um questionário para avaliar o ponto de vista dos alunos em relação à metodologia adotada na aula com uso do experimento e a dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’.

Além disso, procurou-se analisar as expectativas dos alunos sobre a inserção de jogos no ensino de física por meio de um questionário avaliativo, composto por três perguntas, duas de múltipla escolha e uma discursiva requerendo opinião do entrevistado. O total de estudantes que participaram da atividade e que responderam o questionário foram 21 alunos. As informações fornecidas pelos participantes da pesquisa ao questionário foram analisadas e apresentadas nas discussões.

Resultados e Discussões

O estudo de caso foi desenvolvido na Escola Estadual Dr. Santiago Dantas, situada na zona rural de Rio Branco / AC, por graduandas do curso de licenciatura em física da Ufac. A escolha da escola em questão se deu por esta ser parceira do Pibid / física da Ufac, onde já ocorrem atividades de iniciação à docência vinculada à área de física. Na Figura 8 são apresentados momentos da aplicação da sequência didática.

Durante a aplicação da atividade, observou-se que os estudantes demonstraram atenção na realização do experimento e empolgação quanto aos exemplos do cotidiano citados. Na dinâmica, verificou-se a participação efetiva dos alunos e a rivalidade criada entre as equipes, motivando-os a acertarem as imagens propostas no jogo. Quanto às respostas fornecidas pelos discentes ao questionário, foi possível constatar que, para os alunos o jogo torna-os mais motivados a aprender. A primeira pergunta do questionário avaliativo estava relacionada ao que os alunos acharam da aula. As opções para essa pergunta era: Ótima, Boa, Regular ou Ruim. Verificou-se que 90,5% dos alunos aprovaram a aula como ótima, e 9,5% (apenas dois alunos) consideraram a aula boa. Vale ressaltar a satisfação dos alunos com a aula lecionada. O interessante é que nenhum dos discentes marcou a opção regular ou ruim, legitimando o uso de tal metodologia para o ensino de física.

A segunda pergunta investigava a opinião dos participantes da pesquisa sobre o uso do jogo proposto: “Você acha que o uso do jogo ‘Que dilatação sou eu?’, ajudou você a compreender o conteúdo de forma mais fácil?”. As opções de resposta eram: Sim ou Não. A este questionamento todos os estudantes afirmaram que sim, o jogo ajudou na compreensão do conteúdo.

(11)

325 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Figura 8 – Momentos da aplicação da sequência didática.

Fonte: Dados da Pesquisa

Esta pergunta demandava uma justificativa, caracterizando a terceira pergunta. Com relação a tais justificativas, podem-se destacar três falas,

Aluno 1: “A dinâmica deixa a aula mais proveitosa, e o aluno tende a aprender e compreender com facilidade.”

Observa-se que o termo proveitoso foi utilizado pelo Aluno 1 e associado aos processos de aprender e compreender. Embora não há meios de aferir ou garantir que a dinâmica possibilitou o aprendizado e a compreensão do assunto plenamente, pode-se afirmar que durante a aula foi perceptível o envolvimento dos alunos ao participarem da atividade ‘Que dilatação sou eu?’. Quanto a fala do Aluno 1, esta é importante para extrair um posicionamento favorável a ação executada.

Aluno 2: “Porque através dele (o jogo) conseguimos nos expressar sobre o conteúdo.”

(12)

326 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Já na fala do Aluno 2, este se posiciona sobre a linguagem utilizada para praticar o conteúdo estudado. Por se tratar de uma dinâmica no qual os estudantes rapidamente compreendem a forma de participar, neste caso por meio de mímica, foi possível estabelecer na sala de aula uma ação experienciado por eles somente em ambiente informais. Este fato esta evidenciado no termo “conseguimos nos expressar” utilizado pelo Aluno 2. Por meio desta fala é importante frisar que o professor deve ficar atento aos termos utilizados pelos alunos durante a dinâmica, pois ao ser colocado algum conceito errado, o docente deve intervir de forma a possibilitar a reflexão dos educandos sobre a concepção errada mencionada. Envolver todos os alunos neste momento pode tornar a situação em sala de aula produtiva para o esclarecimento dos estudantes.

Aluno 3: “Sim, porque através do jogo podemos ver onde ocorrem os diferentes tipos de dilatação no nosso dia a dia.”

A afirmação do Aluno 3 representa um momento proporcionado em sala de aula intimamente relacionada à aplicação da dinâmica. Geralmente nas aulas de física ou de outras componentes curriculares, os professores citam exemplos de situações onde o respectivo conceito estudado aparece no cotidiano, entretanto, somente a citação deste durante a aula pode passar despercebido pelos alunos. Porém quando essas situações são o ponto principal abordado em uma dinâmica aplicada na sala, tais exemplos podem ser lembrados por mais tempo entre os alunos.

De forma geral, a proposta aplicada teve uma boa aceitação entre os alunos, com posicionamentos favoráveis quanto à dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, conforme as falas dos Alunos 1, 2 e 3. De acordo com o resultado obtido, observaram-se indícios de contribuições do jogo para o aprendizado do aluno em termos de simplificação e facilitação na construção do conhecimento. Assim como afirma Kishimoto (1996), verificou-se que o professor deve rever a utilização de propostas pedagógicas passando a adotar em suas práticas aquelas que atuam nos componentes internos da aprendizagem, já que estes não podem ser ignorados quando o objetivo é a apropriação de conhecimentos por parte do aluno.

Conclusões

Para responder os problemas de pesquisa levantados: “O uso de um experimento e uma dinâmica simples podem contribuir para o ensino de física, de forma a deixar o ambiente de sala de aula mais agradável?” e “A dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, com uso de exemplos de situações físicas reais, pode contribuir para o ensino de física mais contextualizado?”; o presente trabalho apresentou, aplicou uma sequência didática que contemplava um experimento e uma dinâmica sobre o tema de dilatação térmica. Além disso, relatou a experiência didática e avaliou qualitativamente as impressões dos alunos sobre a aula.

(13)

327 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Analisando os resultados obtidos por meio dos questionários, percebeu-se que alunos demonstraram grande aceitação a aplicação da dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, que através da mímica permite aos alunos exercitarem os conceitos sobre dilatação térmica. Os alunos participaram ativamente da aula durante a realização do jogo e da resolução das questões, evidenciando o aprendizado facilitado sobre o tema com o uso da metodologia proposta, bem como, o fato de serem estimulados pela dinâmica, pois durante sua aplicação, as equipes manifestaram-se com entusiasmo. Logo, o problema de pesquisa relacionado a verificar se a proposta de ensino proporcionaria um ambiente de sala de aula mais agradável, foi respondido de forma positiva com base nas impressões indicadas pelos educandos durante a aula.

Entretanto, a proposta de ensino apresentou limitações, por exemplo, o fato das condições climáticas no dia da aula não ter sido favorável e por esse motivo somente 21 alunos participaram. Devido à escola atender alunos que moram em lugares com acesso apenas por estrada de terra, o tempo chuvoso impossibilitou a maior frequência dos alunos. Por outro lado, os estudantes participantes aprovaram a metodologia utilizada na aula.

Mediante a presente análise, como contribuição para área de ensino de física, recomenda-se inserir o uso de jogos no ensino de física como estratégia facilitadora para os processos de ensino e de aprendizagem com o propósito de qualificar e aprimorar o ensino de física na educação básica, desconstruindo a ideia do senso comum de uma disciplina difícil e temida. Os jogos lúdicos podem despertar o interesse dos alunos para assuntos diversos da física, ajudam a contextualizar, e melhoram a relação professor-aluno e professor-aluno-professor-aluno, além de serem indicados para todas as faixas etárias.

Desse modo, o problema de pesquisa que investigava se a dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’, com uso de exemplos de situações físicas reais, poderia contribuir para o ensino de física mais contextualizada pode ser considerado respondido positivamente, principalmente ao olhar as falas dos estudantes sobre a metodologia. Assim, com base nos resultados, verificou-se que os jogos deveriam merecer uma atenção especial na prática pedagógica cotidiana dos professores.

Espera-se que a dinâmica “Que dilatação sou eu?’’, não apenas tenham contribuído para a apropriação de conhecimentos entre os estudantes, mas também para sensibilizar os professores para a importância desses materiais, motivando a elaboração de novos jogos didáticos. Nesta perspectiva, outros recursos didáticos estão em estudo e desenvolvimento pelos autores, com desafios maiores de forma aumentar a dificuldade nos temas abordados, considerando o equilíbrio entre a parte pedagógica e lúdica. Além disso, novos jogos estão sendo construídos com as devidas adaptações para a inclusão de deficientes visuais entre os jogadores para permitir plenas condições de competição.

(14)

328 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

Referências

BARRETO FILHO, B. Coleção Física Aula por Aula, 3.ed., São Paulo: FTD, 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações

Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas

Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

BONJORNO, J. R.; RAMOS, C. M.; ALVES, L. A. Física: Termologia, Óptica,

Ondulatória, 3.ed., São Paulo: FTD, 2016.

FORTUNA, T. R.; Jogo em Aula. Revista do Professor, Porto Alegre, v. 19, n. 75, p. 15-19, 2003.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa, 6.ed., São Paulo: Atlas, 2018.

GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R.; CARRON, W. Física Térmica, Ondas, Óptica, 2.ed., São Paulo: Ática, 2016.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2.ed. São Paulo: E.P.U., 2013.

MARANDINO, M. Interfaces na Relação Museu-Escola. Caderno Catarinense de Ensino

de Física, v. 18, n. 1, p. 85-100, 2001.

MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem, 2.ed., São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2001.

OLIVEIRA, N. R. A Presença do Teatro no Ensino de Física. 2004. Dissertação de Mestrado – Universidade de São Paulo, Instituto de Física e Faculdade de Educação, São Paulo, 2004.

PEREIRA, R. F.; FUSINATO, P. A.; NEVES, M. C. D. Desenvolvendo um Jogo de

Tabuleiro para o Ensino de Física. In.: VII Enpec - Encontro Nacional de Pesquisa em

Educação em Ciências, 2009, Anais. Florianópolis/SC: Universidade Federal de Santa Catarina, p. 12-23, 2009.

RICARDO, E. C.; FREIRE, J. C. A. A concepção dos alunos sobre a física do ensino médio: um estudo exploratório. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 2, p. 251-266, 2007.

ROSA, V.; ROSA, S. S.; LEONEL, A. A.; A Arte de Escrever Contos para a Aprendizagem Significativa de Conceitos Científicos. Aprendizagem Significativa em Revista /

Meaningful Learning Review, v. 5, n. 1, p. 33-56, 2015.

SANT’ANNA, B.; MARTINI, G.; REIS, H. C.; SPINELLI, W. Conexões com a Física, 1.ed., São Paulo: Moderna, 2010.

SCHNETZLER, R. P.; A Pesquisa em Ensino de química no Brasil: Conquistas e Perspectivas. Química Nova, Vol. 25, Supl. 1, p. 14-24, 2002.

(15)

329 REnCiMa, v. 11, n.3, p. 315-329, 2020

SOUZA, G. A. P.; SANTOS, B. M.; GHIDINI, A. R. Experiências da extensão universitária na formação de professores de ciências. Scientia Naturalis, v. 1, p. 130-139, 2019.

TORRES, C. M. A.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A. T. Física: Ciência e Tecnologia, 4.ed., São Paulo: Moderna, 2016.

Imagem

Figura 2 – Imagem de trilhos de trens deformados utilizada na dinâmica ‘Que dilatação eu  sou?’, simbolizando a dilatação linear
Figura 3 – Imagem da Torre Eiffel utilizada na dinâmica ‘Que dilatação sou eu?’,  simbolizando a dilatação linear de seu topo
Figura 6 – Imagem de resina para restaurações dentais utilizada na dinâmica ‘Que  dilatação sou eu?’, simbolizando a dilatação volumétrica
Figura 8 – Momentos da aplicação da sequência didática.

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Áreas com indícios de degradação ambiental solo exposto no Assentamento Fazenda Cajueiro A e no Assentamento Nossa Senhora do Carmo B, localizados, respectivamente, no Município de

A curva em azul é referente ao ajuste fornecido pelo modelo de von Bertalany, a curva em vermelho refere-se ao ajuste fornecido pelos valores calculados Lt, dados pela equação

Os estudos sobre diferenciais de salários são explicados por alguns fatores que revelam a existência da relação entre as características pessoais produtivas educação,

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

 Ambulância da marca Ford (viatura nº8), de matrícula XJ-23-45, dotada com sirene, luz rotativa e equipamento de comunicação (Emissor/Receptor com adaptador);.  Ambulância da

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam