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ESTUDO DE CASO DE UMA REDE DE PEQUENOS SUPERMERCADOS SOB A ÓTICA DE DIFERENTES ENFOQUES DE REDES

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www.interscienceplace.org páginas 104-119 Estudo de Caso de Uma Rede de Pequenos Supermercados sob a Ótica de Diferentes Enfoques de Redes

Francisca Lucidan F. Ponte Mestranda MADE/ Universidade Estácio de Sá

lucidan@pimpinela.com.br

Maria Angela de Souza Fernandes Mestranda MADE/Universidade Estácio de Sá

angelsf@uol.com.br

Lamounier Erthal Villela Dr. - Prof. Mestrado MADE/Universidade Estácio de Sá

lvillela@estacio.br

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar a REDEMERCADO de Supermercados - com atuação no Estado do Rio de Janeiro, agregando 37 empresas supermercadistas de pequeno porte. Para tal, utilizou-se das teorias de redes abordando as seguintes óticas, ressaltadas no referencial teórico: sistema de informação (CASTELLS, 1999), cooperação (BRITTO, 2002), domínio do conhecimento (FLEURY, FLEURY, 2005), política (FLEURY, 2007), aprendizagem (FONTES, 2007), inovação (CASSIOLATO e LASTRES, 2003) e cidadania e responsabilidade social (TENORIO, 2007). Critérios analíticos foram estabelecidos para cada uma das óticas abordadas, os quais foram desdobrados em conceitos específicos. Como metodologia, utilizou-se de estudo de caso com pesquisa de campo e observação participante. Para análise dos dados utilizou-se do software MindManager Pro© que facilitou a elaboração de uma análise de sensibilidade indicando, através de gradações, a adequação da REDEMERCADO aos critérios desenvolvidos. Os resultados da pesquisa indicam que apesar de competitiva, a rede resguarda grande potencial de crescimento. As análises de sensibilidade podem contribuir para direcionar as ações estratégicas da rede.

PALAVRAS CHAVES: Redes, Estratégia e Gestão

ABSTRACT

This paper aims to analyze REDEMERCADO Supermarkets, acting in Rio de Janeiro State, encompassing 37 retail small enterprises. Theory of network focusing the following literature views were addressed in references: information system (CASTELLS, 1999), cooperation (BRITTO, 2002), knowledge domain (FLEURY, FLEURY, 2005), politics (FLEURY, 2007), learning (FONTES, innovation (CASSIOLATO e LASTRES, 2003), citizenship and social responsibility (TENORIO, 2007). Analytical criteria were defined for each network theoretical view, which were then evolved into specific concepts. Case study, field research and observation were used to support methodologically this study. MindManager Pro© were the software used to organize the ideas in order to proceed the sensitivity analysis, indicating through levels, the applicability of the criteria established to the network. The results point out that in spite of being competitive, the network presents a great development potential.

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as transformações nos ambientes sociais e institucionais vêm alterando o ritmo e a geografia do desenvolvimento tecnológico e da concentração de conhecimentos científico-tecnológicos. A mão-de-obra qualificada e a capacidade de gerar sinergia com base em conhecimento e informação apresentam a lógica do funcionamento de redes (CASTELLS, 1999). Os setores da economia evoluem rumo à formação de alianças estratégicas e de redes entre empresas, as quais além de serem oriundas de diferentes países privilegiam a relação de troca de experiências e a difusão de conhecimentos.

Nesse contexto, o mercado de varejo supermercadista do Brasil atraiu investimento direto de grandes empresas mundiais do setor tais como Wall Mart e Carrefour. A entrada destas grandes empresas no mercado brasileiro também se deu via aquisição de tradicionais redes regionais por essas transnacionais. Por outro lado observa-se também o fortalecimento das redes de supermercados nacionais. Por exemplo, a Companhia Brasileira de Distribuição – Rede Pão de açúcar - associa-se a outras empresas mais focadas em atacado como a rede Assai. Logo, observa-se o estabelecimento de alianças estratégicas que garantem a competitividade das grandes redes nacionais face à entrada das estrangeiras. Uma vez consolidada estas mudanças, os pequenos atacadistas perdem proporcionalmente sua competitividade. Daí, emerge a estratégia de associação em redes de vários pequenos supermercados agrupando-se numa mesma marca possibilitando se manterem no mercado.

Em agosto de 1998 surge a REDEMERCADO, denominação utilizada neste artigo para não identificar seu nome real, como uma Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro - pela união de sete empresas supermercadistas que passaram a operar sob a "bandeira” comercial: REDEMERCADO. A criação da rede de diferentes pequenos supermercados criou condições de estabelecer parcerias com produtores, distribuidores e fornecedores de serviços. De certo modo, esta foi a estratégia encontrada para fazer frente dos pequenos á competitividade das grandes empresas estabelecidas no mercado brasileiro.

No decorrer de dez anos desde sua fundação, a REDEMERCADO, pioneira no conceito de associação em rede, recebeu a adesão de outros oito pequenos mercados consolidando-se, desta forma, na posição de uma das maiores redes de empresas supermercadistas no país. Durante esse período, a rede chegou a ter 70 associados, perfazendo um total de unidades superior a 150. Cada associado dessa rede é representado por uma pequena rede de mercados em que a maioria das unidades localiza-se em bairros caracterizados como habitados por uma população de baixo poder aquisitivo e pouco atendidos por grandes supermercados. A governança da rede é formada por um conselho gestor composta por um membro de cada unidade supermercadista que a integra. A rede torna-se competitiva para o público com o menor poder aquisitivo e dado seu poder de barganha junto a seus fornecedores, pode ofertar uma maior variedade de produtos com maior qualidade. Pode-se inferir que fornecedores maiores passam a vender diretamente para a REDEMERCADO dispensando assim os intermediadores. Logo, a rede pode vender a preços mais acessíveis, fato este que fortalece seu vínculo das unidades da REDEMERCADO com as comunidades locais.

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Como problema de pesquisa, o artigo se propõe a identificar como os critérios teóricos de redes podem contribuir para avaliar a REDEMERCADO? Logo, o objetivo desta pesquisa foi avaliar através dos critérios teóricos obtidos das diferentes óticas das teorias de redes, mais especificamente: sistema de informação (CASTELLS, 1999), cooperação (BRITTO, 2002), domínio do conhecimento (FLEURY, FLEURY, 2005), política (FLEURY, 2007), aprendizagem (FONTES, 2007), inovação (CASSIOLATO e LASTRES, 2003) e cidadania e responsabilidade social (TENORIO, 2007) contribuem para avaliar a dinâmica da REDEMERCADO.

Supõe-se que, ao analisar os critérios teóricos com a realidade da REDEMERCADO, podem-se identificar diferentes graus de desempenho, ou seja, o cruzamento da teoria com a prática irá permitir avaliar em quais pontos a REDEMERCADO se aproxima ou se afasta dos critérios teóricos, daí permitindo diagnosticar os pontos fortes e fracos da rede estudada. Deste modo, o estudo visa aplicar a teoria na prática e facilitar a compreensão dos conceitos.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA – Diferentes enfoques sobre redes

Os aportes teóricos, citados na introdução deste artigo, serão resumidamente apresentados nesta revisão bibliográfica com a finalidade de se obter os critérios analíticos que foram utilizados para o estudo de caso da REDECONOMIA. Os autores, no entanto, reconhecem a amplitude e complexidade da temática de redes que vêm evoluindo nos últimos anos sobre os mais diversos pontos de vista. Os recortes desta revisão da literatura focam a questão de organização em redes, e foram selecionados em função do caso estudado.

3.1. SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Explora a estrutura e os processos que caracterizam as sociedades informacionais, explicitando a manifestação paradoxal do ser em um mundo multicultural e interdependente, que só poderá ser entendido e transformado a partir de uma perspectiva múltipla que reúna identidade cultural, sistemas de redes globais e políticas multidimensionais (CASTELLS, 1999). Com o informacionalismo, desponta uma nova estrutura social associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvimento manifestada sobre várias formas, conforme a diversidade de culturas e instituições em todo o planeta e que foi moldado pela reestruturação do modo capitalista de produção no final do século XX.

A lógica do funcionamento de redes tornou-se aplicável a todos os tipos de atividades sociais e econômicas, a todos os contextos e a todos os locais que possam ser conectados eletronicamente. Para Castells (1999), os aspectos centrais da tecnologia da informação são: a própria informação que é sua matéria-prima, a penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias, a lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto de relações, a flexibilidade (fluidez organizacional) e a crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado. As vantagens de estar na rede crescem exponencialmente e a penalidade por estar fora da rede aumenta em razão do número em declínio de oportunidades de alcançar outros elementos fora da rede. Ainda segundo Castells (1999), o paradigma da tecnologia da informação não evolui para seu fechamento como um sistema, mas rumo à abertura como uma rede de acessos múltiplos. É forte e impositivo em sua materialidade, mas adaptável e aberto em seu desenvolvimento histórico. Abrangência, complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos.

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As redes estratégicas interorganizacionais constituem uma alternativa quanto à forma de organizar a produção de bens e /ou serviços e podem ser utilizadas na busca pela melhoria de sua posição competitiva. A formação dessas redes dinâmicas de cooperativas pode ser vista como a solução para as pequenas e médias empresas que se encontra em desvantagem frente às grandes empresas para competir num mercado globalizado.

Destacam-se em Castells (1999) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Lógica de rede: presente em qualquer sistema ou conjunto de relações usando novas tecnologias da informação.

• Penetrabilidade de novas tecnologias: capacidade de reconfiguração por constante mudança e fluidez organizacional. Crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado.

• Flexibilidade: organizações e instituições que podem ser modificadas pela reorganização de seus componentes. Capacidade de reconfiguração por constante mudança e fluidez organizacional.

• Rede de acessos múltiplos: as organizações, como a tecnologia da informação, não evoluem para seu fechamento como um sistema, mas rumo à abertura.

3.2. COOPERAÇÃO

A cooperação inter-firmas tem sido uma estratégia amplamente usada tanto por grandes como por pequenas empresas. Segundo (VILLELA, 2006, p. 10).

“As redes de cooperação inter-firmas são construídas por empresas que guardam, cada uma sua independência, mas que optam por coordenar certas atividades específicas de forma conjunta, com os seguintes objetivos: criação de novos mercados, suporte de custos e riscos em pesquisa e desenvolvimentos de novos produtos, gestão da informação e de tecnologias, definição de marcas de qualidade, defesas de interesses, ações de marketing, entre outras”.

Para Britto (2002), a amplitude e complexidade das interdependências entre empresas têm sido estudadas, cada vez mais, através da utilização de um recorte analítico baseado no conceito genérico. A utilização deste conceito como referencial analítico, de forma mais ou menos explícita, tem auxiliado a investigação de temas bastante diversos, tais como:

• Alianças estratégicas entre empresas e outras formas de cooperação produtiva e tecnológica.

• Programas de cooperação específicos. • Processos de subcontratação e terceirização.

• Sistemas flexíveis de produção baseados em relações estáveis e cooperativas. • Distritos industriais baseados na aglomeração espacial.

• Sistemas nacionais e regionais de inovação baseados na especialização.

A presença de externalidades - técnicas, pecuniárias, tecnológicas e de demanda - em rede nos diversos mercados reflete a existência de efeitos diretos e indiretos da interdependência das decisões dos agentes que neles atuam.

Ainda segundo Britto (2002), a consolidação de estruturas em rede conectando diferentes empresas, muitas vezes surge a partir da formação de “alianças estratégicas” pontuais entre elas. Basicamente, essas alianças compreendem um “balanceamento” entre princípios de cooperação e competição, que pode assumir formas institucionais distintas. Dentre essas formas destaca-se:

• Alianças baseadas numa “integração conjunta”. • Alianças baseadas numa “configuração aditiva”.

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• Alianças baseadas numa “configuração complementar”.

A consolidação de sistemas técnico-produtivos estruturados na forma de redes implica na necessidade de aperfeiçoamento da logística de coordenação dos fluxos produtivos no interior desses arranjos. Quanto mais complexa for esta logística, maior será a necessidade de uma coordenação eficaz das ações dos agentes, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Com isso, é possível destacar os ganhos relativos ao aumento da eficiência operacional e ao incremento da flexibilidade associados às praticas produtivas adotadas ao nível da rede.

Uma das principais características das redes de empresas refere-se à criação e circulação de conhecimentos e informações envolvendo a disseminação de um processo de aprendizado coletivo que amplia o potencial inovativo da rede, que é resultante de um intercâmbio de informações e competências.

Destacam-se em Britto (1999) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Cooperação técnico-produtiva: ajuste nas tecnologias relacionadas aos produtos, característica de processo de produção, padrões de controle de qualidade, normalização técnica..

• Eficiência operacional: possibilidade de obtenção de economias de escala ou escopo ao nível de rede, aumento da qualidade e produtividade dos processos produtivos.

• Flexibilidade produtiva: otimização dos processos intra-rede por meio da incorporação e difusão de inovações organizacionais.

• Coordenação interorganizacional nas redes de empresas: grau de hierarquização interna da rede, tamanho de seus membros e maior ou menor centralização.

• Eficácia do processo de coordenação: afetada por características específicas da estrutura interna de rede e afetada pelo grau de centralização dos fluxos de autoridade internos à rede.

• Flexibilidade interorganizacional: mudança de função desempenhada pelos membros da rede, modificações na estrutura dos arranjos.

3.3. DOMÍNIO DO CONHECIMENTO

Para Fleury; Fleury (2005) é o acervo de conhecimento que uma empresa possui que determina a sua posição relativa na rede, ou seja, quanto mais estratégico for este conhecimento, maior será a possibilidade de ocupar papéis de liderança em redes empresariais.

A idéia central é de que as cadeias de produção tenham estruturas de comando (governança) em que uma ou mais empresas coordenem e controlem atividades econômicas geograficamente dispersas. Essa visão propõe a existência de dois tipos de cadeia produtiva global: as comandadas por produtores e as lideradas por compradores. Elas possuem as características de estrutura input-output (produtos/serviços ligados numa seqüência de atividades que adicionam valor econômico), territorialidade (dispersão ou concentração espacial) e estrutura de comando. Porém, existem empresas que se organizam em relações horizontais, em que há uma simetria de poder e, com o desenvolvimento de acordos de interesses mútuos, estabelecem alianças estratégicas, nas quais há o compartilhamento de informações e de recursos para atingir objetivos incomuns.

Destacam-se em Fleury; Fleury (2005) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

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• Estratégia: interação estratégica e alinhamento de três formas básicas de organização industrial: a fábrica, a empresa e a rede inter-empresarial.

• Competências da firma: estruturação da divisão do trabalho azeitado para garantir ganhos de especialização. Foco no desenvolvimento do essencial à rede.

• Competências dos parceiros: cadeia de fornecedores (producer driven): é forte em operação, produção e mercado. Cadeia de compradores (buyer driven): fraco em operação e produção e forte em mercado (maior poder de negociação, maior confiabilidade).

• Estrutura de comando: estruturas de governança, coordenação das decisões, ações coletivas que permitem obtenção de ganhos de eficiência e confiança mútua.

• Estoque de conhecimento - ajuste nas tecnologias relacionadas aos produtos, melhoria das características do processo de produção, padrões de controle de qualidade, normalização técnica.

3.4. POLÍTICA

A globalização econômica e as alterações no modo produtivo dela decorrentes, bem como o novo papel do Estado em suas relações com a sociedade provocam o surgimento de novos modelos de gestão e estruturas descentralizadas via parcerias entre entes estatais e organizações empresariais e sociais. Na América Latina, o processo de redemocratização simultaneamente à globalização são facilitadores para a proliferação de organizações sociais fruto de uma nova consciência cidadã que demanda uma maior participação na gestão de políticas públicas (FLEURY, 2007).

As redes de políticas são uma tentativa de criar formas de coordenação do poder que se apresenta plural e diversificado. Constituem-se em instrumento fundamental para a gerência de políticas sociais em contextos democráticos, permitindo a construção de novas formas germinais de organização solidária e coordenação social. Transcende o papel de instrumento gerencial, pois possibilita relações baseadas na confiança (capital social) e processos gerenciais horizontalizados e pluralistas (esfera pública democrática).

A existência de estruturas policêntricas não pode, contudo, camuflar a desigualdade social persistente na distribuição do poder, assim como a dificuldade intrínseca à estrutura da gestão pública em sociedades caracterizadas por processos de fragmentação e exclusão social que impedem a geração de consensos e ameaçam as condições de governabilidade.

Destacam-se em Fleury (2007) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Cooperação e competição: horizontalidade e a interdependência entre seus múltiplos nós ou participantes. Existência ou não de subordinação.

• Solidariedade e conflito: o comportamento das partes não pode ser visto isoladamente do dos demais. Tem como natureza as interações com ênfase nas relações pessoais.

• Igualdade e diversidade: a coordenação das interdependências deve considerar as relações causa e efeito e de insumo-produto entre as partes, bem como a necessidade de reduzir a incerteza para todos.

• Coordenação do poder: como os atores fazem parte da rede ou dela se acham excluídos. Ocorrência de deserção de atores. Modo de conectividade da rede. Critérios para participação.

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3.5. APRENDIZAGEM

Os benefícios que a aprendizagem organizacional (AO) promove, seja quando ela ocorre no interior das empresas ou nas relações interorganizacionais, são tão importantes que cada vez mais a literatura dedica tempo para investigações e análises mais profundas sobre o tema.

A AO pode ser relacionada como “grupo de indivíduos que age em conjunto, a partir de interações sociais, sendo essas ações pautadas por objetivos e atividades decorrentes de papéis das organizações na sociedade” (FONTES, 2007, p17). Ela se dá de forma individual ou coletiva e os benefícios podem se aplicar ao indivíduo e à organização seja no aprendizado coletivo dentro da empresa ou na elevação das competências de processos e de produção que ocorrem na rede. É o estoque de conhecimentos – tácitos e explícitos – que flui dentro da rede que levará ao desenvolvimento de toda a rede e à criação de um diferencial competitivo de cada nó.

Segundo FONTES, na maioria das vezes, a AO ocorre passivamente e sem custo, porém pode demandar investimentos e ações guiados por estratégias de crescimento das empresas. De uma forma ou de outra toda a rede vai se beneficiar, uma vez que essas ações interligam os componentes social, tecnológico e competitivo que podem ser observados nas interfaces de AO. Ainda que não se possa defender quantitativamente o retorno monetário de um investimento em AO as empresas permanecem investindo no aprimoramento de sua força de trabalho, pois percebem o valor final da “organização que aprende”.

Entre os vários benefícios da AO, Fontes (2007) destaca o ganho de eficiência em competências, com o que chama mais atenção, uma vez que leva diretamente à possibilidade de uma empresa desenvolver um diferencial competitivo em relação ao seu concorrente que, por sua vez, pode fazer parte dessa mesma rede e está se beneficiando das mesmas práticas. Mesmo com a transferência de conhecimento que ocorre dentro da rede, as empresas desenvolvem seu próprio estoque de conhecimento e é este somatório que permitirá o desenvolvimento da capacidade de inovar, que é o maior benefício que uma firma busca a partir da utilização da AO. Esse será o grande diferencial entre as empresas que competem num mesmo segmento.

Destacam-se em Fontes (2007) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Competências evolucionárias: competências geradas dentro da rede que garantem sua longevidade, sua eficiência e sua evolução no mercado.

• Aprendizado coletivo: grupamentos sociais com diferentes tipos de valores, regras, costumes influem na relação interorganizacional de conhecimento.

• Prevenção contra-oportunista: as oportunidades de AO estão associadas às estratégias individuais e coletivas, trazendo resultados competitivos e novas competências para a firma.

3.6. INOVAÇÃO

São dois os modos pelos quais as aglomerações podem evoluir para sistema produtivo. No primeiro, através da especialização da produção, com as empresas e organizações locais reestruturando-se, porém mantendo a mesma organização da produção e padrão de relações interfirmas. Num segundo modo, por meio da diversificação em produtos e “setores” distintos, com as empresas e organizações locais reorganizando a produção, estabelecendo e incorporando na sua área geográfica atividades produtivas “para frente” e “para trás”.

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Quando as empresas, individualmente e coletivamente, avançam em direção à produção de bens mais complexos graças à rede, exercendo as políticas públicas e privadas um papel mais decisivo na dinamização das aglomerações, a conseqüência inevitável deste tipo de estratégia é a competitividade passar do âmbito do mercado local para o interno e, finalmente ao mercado internacional.

Destacam-se em Cassiolato e Lastres (2003) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Inovação tecnológica: desenvolvimento de tecnologias visando à melhoria dos processos e maior agilidade.

• Inovação, diversificação de produtos e inovação de serviços: desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços buscando a atuação em um novo mercado ou a consolidação de um já atendido.

3.7. CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por desenvolvimento local com cidadania entende-se aquela ação coordenada entre a sociedade e o poder público municipal, instituída por meio de um processo participativo e democrático, em prol do bem estar social, econômico, político e cultural de um dado território. A integração entre desenvolvimento local e cidadania implica na redefinição de parâmetros tradicionais da gestão pública local, isto é, passar de uma gestão centralizada no poder Executivo e Legislativo para uma gestão descentralizada, na qual os diferentes grupos interagem com o poder público em benefício da comunidade.

“As pequenas empresas surgem na ausência de projetos políticos nacionais ou locais (...), todavia, o fato de participar de forma espontânea conferiu à pequena empresa uma áurea de magia e de mistério, mesmo se na base existem posições concretas que podemos analisar” (TENÓRIO, 2007, p.35)

O fator principal para o processo de desenvolvimento local, entre a sociedade civil, poder público e mercado é a proximidade entre a autoridade pública e a população.

A participação implica que o processo deliberativo na esfera pública ocorra de modo a garantir que a sociedade, Estado e mercado estejam presentes nos processos decisórios, posto que o ato de participar vai além do ato de votar.

Segundo Tenório (2007), a democracia representativa possui limitações que justificam um processo de alargamento da democracia na sociedade contemporânea através da integração entre a democracia representativa e deliberativa. É necessário que os executivos locais percebam que o debate parlamentar, por si só, não é capaz de identificar, com precisão, quais os problemas reais do cotidiano de uma sociedade. O que se coloca é a possibilidade de uma administração pública ampliada, onde as questões da sociedade não sejam apenas da gestão de gabinetes, mas de processos democráticos onde todos os interessados têm vez na decisão.

Destacam-se em Tenório (2007) os seguintes conceitos que sintetizamos como critério para a análise de sensibilidade do caso estudado:

• Trânsito nas esferas municipais e estaduais: desenvolvimento local com cidadania precisa de um trabalho conjunto entre sociedade e poder publico.

• Influência nas decisões da comunidade: pessoas organizadas em grupos participando das decisões referentes ao local onde vivem. Os atores, utilizando os recursos disponíveis, fazem valer seus interesses e constroem suas identidades.

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Optou-se por uma metodologia qualitativa, tendo como fim a análise da REDEMERCADO através da aplicação do estudo de caso. Segundo (YIN, 2001 p.32) “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

A pesquisa contou como fonte para coleta de dados a observação direta, documentos, observação participante - pois uma autora tem vinculação profissional com o negócio em análise – pesquisa de campo, depoimentos e análise de artefatos físicos da rede em questão. Do recorte dos principais autores selecionados, foram estabelecidos critérios analíticos aderentes tanto à fidelidade às óticas escolhidas quanto ao objetivo do estudo, os quais foram desdobrados em seus respectivos conceitos específicos. Para o tratamento de dados foram construídos critérios indicados no referencial teórico, que através de uma análise de sensibilidade indicaram a aderência do mesmo à teoria de redes por meio de gradação qualitativa que abrange Não Aplicável (NA), Fraco, A Desenvolver, Moderado e Intenso. O software MindManager Pro © elaborado pela Mindjet Corporation apoiou a organização dos dados e facilitou o cruzamento entre os critérios teóricos e os dados da REDEMERCADO.

A análise de sensibilidade dos critérios foi apresentada como resultado da pesquisa na seguinte ordem: Quadro I Sistema de Informação, Quadro II Cooperação, Quadro III Domínio do Conhecimento, Quadro IV Política, Quadro V Aprendizagem, Quadro VI Inovação e Quadro VII Cidadania e Responsabilidade Social.

A figura 1, a seguir, ilustra a ótica Cooperação, seus critérios, respectivos conceitos e a análise de sensibilidade realizada.

Figura 1. Análise de sensibilidade pela ótica de cooperação

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5 – ANÁLISES DE RESULTADOS

Seguem quadros sumarizando a análise de sensibilidade

Quadro I. Sistema de Informação

CRITÉRIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Lógica de rede

Penetrabilidade de novas tecnologias

Flexibilidade

Rede de acessos múltiplos

Apresenta-se na formação e na gestão do negócio da REDEMERCADO

Apresenta-se pouco e voltado para a gestão operacional das lojas

Apresenta-se pouco. As lojas que fazem parte da rede ainda preservam a rigidez da gestão local

Apresentam-se muito claramente nas parcerias estabelecidas entre os membros, os fornecedores, os clientes e os funcionários

INTENSO FRACO

FRACO

INTENSO

Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Castells (1999) e dados obtidos na pesquisa de campo

A lógica de rede é bastante acentuada tanto na formação da rede em si como no processo de gestão do negócio. Foram identificadas características intensas relativas a redes de acessos múltiplos, devido às parcerias estabelecidas entre os integrantes da rede.

No entanto, nota-se que a REDEMERCADO não explora todas as vantagens oferecidas atualmente pela revolução da tecnologia da informação, como se pode observar pelos conceitos fracos em penetrabilidade de novas tecnologias e em flexibilidade. A rede não disponibiliza comodidades aos seus consumidores, práticas atualmente utilizadas por seus concorrentes de grande porte, tais como compra via web, customização para satisfação de interesses e experiências sensoriais a serem experimentadas no local (café da manhã, lanches, uma taça de vinho). Na verdade, no tocante à tecnologia da informação, a REDEMERCADO somente dispõe de sistemas de informação não integrados, os quais são limitados ao controle de estoque, controle fiscal, financeiro e de venda (leitura ótica no caixa).

Quadro II. Cooperação

CRITÉRIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Cooperação técnico-produtiva

Eficiência operacional Flexibilidade produtiva Coordenação

interorganizacional nas redes de empresas

Eficácia do Processo de Coordenação

Flexibilidade Interorganizaciona

Aplica-se pouco. Principalmente nas negociações de vendas. Muito presente no ganho de negociações de preço e ações de mercado

Apresenta-se fraca no tocante a políticas de ação nas lojas. Acentuada no processo decisório e nas ações conjuntas.

Muito representativa pela forma de gestão aplicada na rede. Pouca mobilidade de cargos.

Poucas funções bem definidas e pouca mobilidade dentre as lojas que são fracas em resultados financeiros

A DESENVOLVER INTENSO NA INTENSO INTENSO FRACO

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www.interscienceplace.org páginas 104-119 Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Britto (2002) e dados obtidos na pesquisa de campo.

Sugere-se que a cooperação tecno-produtiva seja incentivada nos supermercados integrantes da rede considerando-se que o fluxo de informações entre os nós é visivelmente precário. A eficiência operacional é bastante acentuada na obtenção de economias de escala e escopo obtidas por meio das negociações com parceiros e fornecedores e nas ações de mercado. Observa-se uma perda de lucratividade de um supermercado integrante da rede que opta por deixar a rede ou dela seja excluída, pois deixa de oferecer a seus clientes preços atrativos, principalmente por que o volume negociado por item torna-se bem inferior ao que a rede costumeiramente trabalha. Para que essa unidade, então excluída, se mantenha no mercado de forma isolada e continue com preços compatíveis com o perfil de seus consumidores com baixo poder aquisitivo, ela acaba baixando sua margem de lucro.

Os conceitos relativos ao acréscimo da qualidade, produtividade dos processos, estruturação da divisão do trabalho para garantir ganhos e flexibilidade produtiva, destacados por Britto (2002), não se aplicam na sua totalidade à REDEMERCADO.

A coordenação interorganizacional é identificada por sua estrutura hierárquica, observada pela existência de um conselho que se reúne a cada quinzena, para deliberar sobre ações coletivas que permitam a obtenção de ganho de eficiência. Nesta reunião estudam as propostas de venda de fornecedores, definem estratégias referentes a preços e ações de marketing (normalmente encartes que são distribuídos nas residências dos bairros onde as unidades estão localizadas). A coordenação para a tomada de decisão relativa às ações a serem implementadas pela REDERJ fica a cargo de um presidente eleito por esse conselho a cada triênio.

Quanto ao conceito de flexibilidade interoganizacional, destacam-se aspectos de mudança de função desempenhada pelos integrantes da rede (nós) e modificações na estrutura do arranjo, devido à entrada e saída de unidades da rede.

Quadro III. Domínio do Conhecimento

CRITERIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Estratégia

Competências da firma

Competências dos parceiros

Estrutura de comando Estoque de conhecimento

Estratégias apenas ligadas ao aumento de vendas e redução de preço de compra.

Muito presente na rede estudada. O que é gerado de experiência torna-se conhecimento partilhado

Existe um trabalho ligado à compra de produtos que foca a barganha de preço, não a qualificação.

Existe um conselho que faz a “gestão compartilhada”, mas falta ligação com funcionários que atuam como gestores.

Tem alguns trabalhos ligados a ações de mercado (lojas).

FRACO INTENSO

A DESENVOLVER FRACO

A DESENVOLVER

Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Fleury;Fleury (2005) e dados obtidos na pesquisa de campo.

Salienta-se que o estilo de gerenciamento e liderança da rede está vinculado ao estilo do presidente em exercício, pois ele exerce uma liderança de fato e de direito. As características dessa liderança, na verdade, evidenciam a visão e consistem na estratégia da rede. A anuência ou não a esse direcionamento implica, uma vez que o presidente seja eleito, na implementação das ações propostas por ele. E daí, pode-se inferir que a discordância acaba resultando em conflitos e na pior das hipóteses, resulta na retirada do membro opositor.

Em se tratando das competências internas, ratifica-se que a divisão de trabalho é adequada e as ações são focadas no compartilhamento de experiências.

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A competência dos parceiros, cujos critérios de escolha são críticos, necessita de maiores esforços, pois, somente são identificadas ações focadas em barganha de preço. Semanalmente, o Conselho recebe propostas de fornecedores em potencial, bem como de novos itens a serem vendidos em suas unidades. Os membros do Conselho analisam essas propostas em suas reuniões quinzenais e nesse momento decidem conjuntamente se aceitam ou não a aquisição. Caso optem pelo aceite, eles definem a política de preço a ser aplicada em todas as unidades da rede. Não existem critérios além de preço para o balizamento da entrada de novos fornecedores e/ou produtos, ao contrário de grandes grupos que exigem de seus fornecedores vários pré-requisitos como certificados, regras de conduta, responsabilidade social, etc.

A estrutura de governança é fraca e consiste em um conselho formado por um membro de cada unidade que a integra, de forma que a maioria dos membros são seus proprietários, pois se trata, em grande parte, de empresas familiares. O estoque de conhecimento é praticamente nulo e requer esforços no mínimo incrementais de forma a municiar a rede de ferramentas para a sustentabilidade mercadológica.

Quanto ao estoque de conhecimento da comunidade cabe refletir: as empresas que compõem a REDEMERCADO possuíam - anteriormente, enquanto empresas isoladas - seus escritórios na região do Mercado São Sebastião, local onde a aquisição de produtos além de ser variada - como cereais, enlatados, embutidos, etc. - possui excelente preço, pois se trata de aquisição direta dos fornecedores. Atualmente, existe um único escritório, denominado central de negociação, em substituição aos vários, então existentes. Vale frisar que na região do Mercado São Sebastião existe um arranjo produtivo focado na negociação destes produtos, pois várias empresas deste segmento são ali instaladas, caracterizando um “cluster”. Ressaltamos ainda que grandes empresas do ramo supermercadista não têm interesse em se instalar nesta região, considerando que seu poder de barganha já é suficiente de forma isolada.

Quadro IV. Política

CRITÉRIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Cooperação e competição

Solidariedade e conflito

Igualdade e diversidade

Coordenação do poder

A rede é formada de concorrentes que, aliados mantêm-se no mercado de varejo de alimentos

A relação de solidariedade é forte quando foca preços, interesses comuns e conflitos nas lojas concorrentes. A REDEMERCADO é formada por membros do mesmo segmento com mesmos interesses.

A gestão da REDEMERCADO é feita por representatividade e tem um presidente eleito cujo mandato dura bastante tempo.

INTENSO

INTENSO

INTENSO

A DESENVOLVER

Fonte:Elaboração própria, critérios elaborados a partir de, Fleury (2007) e dados obtidos na pesquisa de campo.

Cooperação/competição, solidariedade/conflito e igualdade/diversidade estão presentes de forma intensa, mesmo porque o balanceamento entre estas idéias aparentemente opostas é inerente à operacionalização da REDEMERCADO, visto que é formada de concorrentes que optaram por trabalhar imerso nesta dicotomia que só uma estrutura em rede permite. Destaca-se, quanto à coordenação do poder que a única função bem delineada é a do presidente da REDEMERCADO que, como já citado, tem um mandato de três anos. Quando as eleições são convocadas, qualquer membro pode se candidatar ao cargo. Vale à pena lembrar que nos últimos três mandatos não ocorreu mudança de presidente e que esse período coincide com a expansão do negócio da rede.

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www.interscienceplace.org páginas 104-119 Quadro V. Aprendizagem

CRITÉRIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDAD E Competências evolucionárias

Aprendizado coletivo Prevenção contra-oportunista

Há apenas a transmissão da metodologia de negociação com fornecedores

Os que existem, estão ligados à operação de loja. Muito presente no aprendizado de tecnologias de merchandising, loja e compras.

FRACO

FRACO INTENSO Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Fontes (2007) e dados obtidos na pesquisa de campo.

Observa-se uma carência de competências que vislumbrem uma visão prospectiva e aquisição de novas habilidades e competências condizentes com um aprendizado coletivo que mobilize os integrantes para sair do status-quo. Este resultado leva à reflexão a cerca da sustentabilidade da rede no longo prazo. Como isto pode ser viável sem um esforço na aquisição de novos conhecimentos?

Este estudo ratifica o ganho para a rede quando há disseminação de uma boa prática existente em uma determinada unidade para as demais. O foco da REDEMERCADO está na eficiência operacional e na aquisição de competências essenciais. Com relação aos componentes analíticos da aprendizagem organizacional, busca-se refletir sobre o mecanismo de prevenção contra-oportunista, pois nota-se que novos conhecimentos são gerados na REDEMERCADO a partir da percepção do concorrente, isto é, na rede a AO concentra-se quase que exclusivamente em políticas de preço frente à concorrência.

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www.interscienceplace.org páginas 104-119 Quadro VI. Inovação

CRITÉRIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Inovação tecnológica

Inovação/diversificação de produtos e inovação de serviços

Não percebemos trabalhos focados nesse aspecto. Encontramos pouca coisa e ainda assim relacionada à loja e não a rede.

NA A DESENVOLVER

Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Cassiolato e Lastres (2003) e dados obtidos na pesquisa de campo.

Há, segundo Cassiolato e Lastres (2002) uma hierarquização política e econômica entre diferentes grupos. Observa-se que existem outras redes de empresas que atuam no mesmo segmento e pelo fato de estarem estrategicamente melhor estruturadas lideram o mercado varejista enquanto as demais, como a REDEMERCADO, simplesmente seguem as regras.

Ressalta-se ainda que a grande inovação dessas empresas está na própria associação em rede como estratégia para serem mais competitivas e firmarem-se no mercado do Rio de Janeiro. A organização política, a estruturação de marca e de preço são os pontos mais marcantes dessa inovação competitiva.

Quadro VII. Cidadania e Responsabilidade Social

CRITERIOS DADOS DA REDEMERCADO ANÁLISE DE

SENSIBILIDADE Trânsito nas esferas

municipais e estaduais Influência nas decisões da comunidade

Há pouca atuação e influências junto ao poder publico.

As lojas possuem atuação local na comunidade onde estão inseridas.

FRACO MODERADO

Fonte: Elaboração própria, critérios elaborados a partir de Tenório(2007) e dados obtidos na pesquisa de campo.

A REDEMERCADO, enquanto grupo de empresas organizadas em rede, participa e influencia as decisões referentes às comunidades em que estão situadas de forma moderada e seu trânsito na esfera municipal é fraco. Ao inaugurar uma nova unidade, consegue articular melhoria de infra-estrutura junto à prefeitura naquela região. Quando da abertura de uma nova unidade da rede, a melhoria de infra-estrutura então conseguida junto à prefeitura, beneficia conseqüentemente, a comunidade local. Destaca-se, também, a abertura de novos postos de trabalho considerando-se que se dá preferência à contratação da mão-de-obra local.

6 – CONCLUSÃO

Após a análise da rede em questão, a partir dos critérios retirados de algumas óticas da teoria de rede, pode-se perceber que a REDEMERCADO possui uma competitividade que se dá principalmente por sua atitude inovadora de se constituir em uma estrutura em rede, fato que permitiu a continuidade das atividades dos pequenos supermercados se manterem num segmento tão competitivo. Pode-se também afirmar que a cooperação entre as unidades da rede é um ponto forte da estrutura analisada. O acordo entre possíveis concorrentes os transforma em parceiros, permitindo competirem com as grandes empresas. Sua sustentabilidade é, talvez, a maior prova de que a associação em redes seja propulsora de inovação e competitividade.

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Por outro lado, observou-se pela análise de sensibilidade que os resultados fracos, a desenvolver ou não aplicáveis expõem a fragilidade dessa rede em determinados aspectos. Sobretudo, é importante ressaltar a necessidade de a rede direcionar maior atenção aos critérios ligados às óticas de aprendizagem e sistema de informação. Penetrabilidade, flexibilidade e competências evolucionárias precisam ser mais trabalhadas, para que a sua sustentabilidade seja mantida enquanto cooperação competitiva.

Por fim, ressalta-se que o caso estudado coloca em evidência que a sustentabilidade das pequenas empresas pode estar vinculada à formação de redes, como a exemplo de APLs – Arranjos Produtivos Locais - visto que o mercado atual exige cada vez mais, ações ágeis e estratégicas que dificilmente podem ser tomadas isoladamente por pequenas e micro empresas.

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CASSIOLATO, J. E. LASTRES, H. M.M. L O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas In: LASTRES, H. M. M.;CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. (Org.). Pequena empresa: Cooperação e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Relume Dumará: UFRJ, Instituto de Economia, 2003.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

COCCO, G.; URANI, A. P., SILVA, M.C.P.E. Desenvolvimento local e espaço público na Terceira Itália: questões para a realidade brasileira. In: COCCO, G.; URANI, A.P.; GALVÃO, A.P. (orgs.). Empresários e empregos: o caso da terceira Itália. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

FLEURY, A. e FLEURY,M.T.L. A arquitetura das redes empresariais como função do domínio de conhecimento. In: Redes entre organizações. São Paulo:Atlas, 2005.

FLEURY, S. F. e OVERNEY, A. M Gestão de redes - A estratégia de regionalização

da política de saúde. São Paulo Editora FGV, 2007

FONTES, S. Aprendizagem organizacional e redes de aprendizagem. São Paulo: FGV, 2007.

VILLELA, L.E. Estratégias de Cooperação e Competição de Organizações em Rede - Uma Realidade Pós-Fordista?ADM.MADE. Rio de janeiro, ano 6,v.10,n.12 p39-68, jul/dez 2006.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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Figura 1. Análise de sensibilidade pela ótica de cooperação

Referências

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