• Nenhum resultado encontrado

«Chronica do Algarve» terá sido o primeiro jornal algarvio?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "«Chronica do Algarve» terá sido o primeiro jornal algarvio?"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)
(2)

«CHRONICA DO ALGARVE»

TERÁ SIDO O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO?

JO S É C A RLO S V IL H E N A M E SQ U IT A

RESUMO

A pós se te r com em orado, em d a ta errada, os 150 anos d a im p ren sa algarvia, h av e rá q u e definir o b jectiv am en te qual te rá sido o prim eiro jornal algarvio. A p o n ta-se como pioneiro o bissem anário «Chronica do Algarve», p resu m iv elm en te nascido a 15 de Julho d e 1833, aq u an d o das invasões liberais co m an d ad as pelo D uque da Terceira. Todavia, o a u to r d e s ta com uni­ cação discorda d e ssa afirm ação exibindo como prova o único exem plar q ue se conhece e q u e não p a s s a d e um sim ples prospecto.

M as, o prim eiro jornal algarvio, n a v e rd a d e acep ção da palavra, q ue será ig u alm en te exibido aos c o n g ressistas, te v e por título «O Popular Jornal do A lgarve», do qual se publicaram pelo m enos 30 nú m ero s d u ra n te o ano d e 1847.

Será ainda focada a re c e n te in stalação n a U niversidade do A lgarve de um a H em eroteca, cujo valioso espólio foi doado pelo dr. M ário L yster Franco. Por fim, o au to r an u n ciará p a ra breve a publicação de um a H istória da Im prensa Algarvia, ap o n tad o d e sd e já p a ra a p reserv a ção dos espécim es m ais antigos, assim como dos boletins paroquiais ou cam arários, órgãos de associações laborais, e stu d a n tis, desportivas, culturais e o u tra s q u e se publicaram em to d a a província. N este con tex to o a u to r ap ela à ajuda de todos p ara o enriquecim ento d a «m onum ental» H em eroteca da U niversidade do Algarve.

Tem sido p reocupação c o n stan te, não só dos historiadores como de outros in v estig ad o re s afectos às várias ciências h u m a n a s e sociais, a p e rsis­ te n te p e sq u isa d a s origens, c a u sas ou raízes dos ev en to s q u e d e algum modo m arcaram o curso da História ou o desenvolvim ento bio-sócio-económico da H um anidade. Ora, aco n tece q u e a com unicação a tra v é s do reg isto codi­ ficado da m e n sag em se considera, depois da invenção do fogo, como o p a sso m ais g ig an tesco d a H istória do H om em pois p erm itiu às d iferen tes Civilizações e E sta d o s m a n te r um diálogo sincrónico com m últiplos e v aria­ dos espaços, circu n stân cia e s s a q ue no futuro acab aria por se tran sfo rm ar num te ste m u n h o diacrónico do se u próprio m o tu s vivendi dirigido aos vindouros de o u tras e ras e c u ltu ras. A ssim n a sc e u a H istória, assim se desen v o lv eu a A rqueologia e assim floresceu o g osto pela A rte e por tu d o q u an to fizesse reviver o passad o .

(3)

Os jornais e o jornalism o são o fruto d e ssa p reo cu p ação d e com unicar sincronicam ente com a sociedade e, em ce rta m edida, se p ode considerar o tem plo de Karnak como o maior e m ais v asto jornal d e todos os tem pos. N essa lítica p ág in a d a H istória a noção de p re s e n te não ex iste e a realidade é u n icam en te o p assad o . Daí os jornais terem um a vida efém era g e ra d a pela c o n sta n te m u tação da actualidade. No e n ta n to , são e sse s insignifican­ te s jornais, q ue d esp reziv elm en te lançam os no lixo, a fonte b asilar da história do n osso tem po.

D ep ressa o Hom em se n tiu a n e c e ssid a d e d e in v e n tar um p ro cesso de com unicação fácil e inteligível, q u e se p u d e s s e m an u sear, tra n sp o rta r e, sobretudo, adquirir a um preço acessível a to d a s as bolsas. A ssim , m ercê da invenção dos cara c tere s m óveis d e G otem berg, n a sc e u o jornal, folha v olante p rim eiram en te fan tasio so e folhetinesco, m as q u e a b rev e a trech o se transform aria num in te re s s a n te caderno noticioso e formativo.

Todavia, a origem e o p rocesso d e d esenvolvim ento da noção jornal/ /inform ação foi b a s ta n te lento. As su a s raízes rem o n tam à a n tig a Roma. Aí se conheceram vários órgãos oficiais e particulares, te ste m u n h a d o re s da vida político-sócio-económ ica d a m ais p o d e ro sa p o tên cia m ilitar do m undo mediterrânico. D esde os «Anais Máximos», q ue relatavam os acontecim entos em qu e se envolviam os C ônsules, p a ssa n d o pelo «C om entário Diurno», instituindo por A u g u sto p ara to rn ar públicos os su c e sso s d a corte imperial, term inando n as «Actas Senatus», órgão oficial do Senado, e n as fam osas e p opulares «Actas Diurnas», fu n d ad as por M arco Aurélio, cujos «diurnari», os prim eiros jornalistas de to d a a história d a im prensa, davam a conhecer ao povo os feitos m ilitares das ligiões, as lu tas dos gladiadores, os d ecreto s im periais e a té as notícias de casa m en to s, divórcios, falecim entos, e s p e c tá ­ culos, etc. Diz-se m esm o q ue Cícero e Plínio o nde q u er q u e estiv essem , não d isp en sav am a leitu ra d e ste s jornais m an u scrito s que, em bo a verdade, eram os que entre todos mais se assem elhavam aos periódicos do nosso tempo.

C uriosam ente, seria n a Itália q u e se d esen v o lv era o g osto pela inform a­ ção actu alizad a e logicam ente pelo jornalism o. Foi e n tã o q u e su rg iu na cidade de V eneza as «Notizie Scritte», tam b ém d en o m in ad as «G oglietti d'avisi», cujos principais inform adores ou co rre sp o n d e n te s eram os m arin h ei­ ros q ue percorrendo as c id ad es m ed iterrân icas d a Europa, d a África e da Á sia traziam consigo, m uito q ue co n tar sobre g u erras, m ercados, p e ste s, t/ad içõ es, m onstros, lendas, etc. A título de curiosidade a c re scen tarem o s q ue e sse s jornais m an u scrito s eram alu g ad o s por um a m oeda, de relativo valor, p o p u larm en te d e sig n a d a por «gazeta». Pouco depois o nom e da m oeda transform ar-se-ia em título d e jornal. A p artir do século XVI, com o desenvolvim ento das técn icas de im pressão, iria n a sc e r o g osto pelos jornais e o jornalism o sagrar-se-ia num a arm a im p o rtan te e b a s ta n te re sp e ita d a

(4)

pelos próprios órgãos do p oder q ue am iu d ad as v ezes se serviam deles p ara to rn ar públicas não só as d eterm in aç õ es reais como ainda as am eaças m ilitares ou económ icas das po tên cia s e stran g e iras. Em Portugal, por exem ­ plo, d u ra n te o dom ínio napoleónico publicaram -se im en sas folhas, g ran d e p a rte delas c lan d estin am en te, exortando o povo à rebelião e lançando m esm o vários bo ato s q u e em ce rta s localidades m otivaram algum as e sc a ra ­ m uças contra a ocupação estran g eira. Daí p a ra a fren te os jornais tornaram - -se num objecto quotidiano de g ra n d e im pacto social m ercê do d esen v o l­ vim ento do aparelho escolar e dos m eios d e com unicação. T am bém a vida político-partidária, q u e in te n sa m e n te se vivia na capital, contribui em g ran d e p a rte p a ra a incontrolável inflação jornalística a q u e assistiram os vintistas, c artistas, se te m b rista s, ca b ralistas e reg e n erad o res.

M as a idade de oiro da im p ren sa p o rtu g u e sa desen v o lv eu -se n a se g u n d a m e ta d e de O itocentos, m arcada a té certo p o nto pelo ap arecim en to dos prim eiros diários com recursos próprios e esp ecificad am e n te inform ativos, como foi o caso d e «O Jornal do Comércio e d as Colónias» (1852) e do «Diário d e Notícias» (1864).

M as ainda a n te s de n ascer e s te tipo d e jornal/inform ação eram co rren tes os jornais jocosos, político-satíricos, polem istas, oficiais, m ilitares, etc. É d e ste últim o gén ero o prim eiro jornal q ue se publicou no A lgarve. C ham ava- -se «Chronica do Algarve», n a sc e u por ocasião da Invasão do A lgarve p elas tro p as do D uque de T erceira e publicou-se no dia 15 de Julho d e 1833. No en ta n to , sobre a legitim idade de se con sid erar e s te jornal como o prim eiro q u e no A lgarve se d eu à esta m p a falarem os m ais ad iante.

E fectivam ente, m uito se falou e m uito se escrev eu acerca dos 150 anos da im p ren sa algarvia, cujo aniversário se com em orou no ano tran sacto . Porém, tu d o q u a n to a té ao m om ento se d isse sobre e s te a ssu n to não é correcto e enferm a de m á inform ação. Na v erdade, todos os artigos e notícias q u e se referiram ao aniversário d a im p ren sa e, esp ecialm en te, à publicação d a «Chronica do Algarve», tiveram por única e exclusiva fonte d e inform ação o trab alh o do cap. Vieira Branco, in titulado Subsídios para

a História da Im prensa Algarvia de 1833 aos n o sso s dias (1938).

A contece, porém , q ue o livro do cap. Vieira Branco com eçou por ser m ais um a das su a s b rilh a n tes secções de c a rácter histórico-cultural, igual a m uitas o u tras q ue deixou pub licad as n a s colunas do «Correio do Sul», no «Diário do Algarve», no «Correio Algarvio», etc. Por conseguinte, tratavam - -se de artigos de jornais sem g ra n d e s preo cu p açõ es d e correcção ou de rigor histórico. Aliás, g ran d e núm ero d a s inform ações n eles incluídas foram- -lhe facu ltad as por terceiros, te n d o algum as d elas como único fu n d am en to a p e n a s fugazes recordações de am igos m ais velhos ou dos se u s próprios tem pos de infância.

(5)

Por outro lado, as dificuldades de co n su ltar as colecções com pletas da m aioria d e sse s jornais levou-o a com eter a im previdência d e im aginar certas e d e term in ad as conclusões, das quais resu ltariam im perdoáveis equívocos. Por conseguinte, em bora se trate de um a obra de inegáveis m éritos devemos, contudo, aco n selh ar os seu s c onsultores a confirm arem to d a s as inform ações nele contidas, pois q ue é rara a noticia q ue não co n tém om issões, gralhas, confusões, equívocos e, por vezes, a té incongruências, o q u e é m ais grave ainda. Em sum a, o livro do cap. Vieira Branco não é um a fonte de inteira confiança.

Não o b sta n te isso, d esco n h ecen d o os perigos q u e corriam , todos os jornais qu e a esta, an tec ip ad a, com em oração se associaram , não fizeram m ais do q u e v erter por o u tras palav ras os inform es do cap. Vieira Branco, acabando d e ste modo, por re p etir os m esm os d isp arates, sem co n tar já com aq u eles q ue tiveram o d e sca ram en to de nem se q u e r citar a fonte a qu e recorreram , o que, francam ente, acham os inadm issível e desleal.

Convém a c re sc en ta r q u e a m elhor fonte p a ra se e s tu d a r a história da im prensa portu g u esa p ertence ao jornalista e esforçado investigador António Xavier d a Silva Pereira qu e redigiu um e x ten so D iccionano Jornalístico

P ortuguez em 4 tom os q u e en tre g o u à A cadem ia das Ciências de Lisboa

p a ra ser publicado, m as que, por razões várias, p e rm an ece ainda inédito n a Biblioteca d aq u ela instituição na secção d e R eservados, m anuscrito n.° 447, azul. A su a área d e acção vai d e sd e 1825, com a publicação d a Relação

Universal do q u e su c e d e u em Portugal e m a is províncias do O cidente e Oriente, a té 19 de O utubro d e 1889, d a ta do falecim ento de D. Luiz I, sendo

o últim o jornal O Puritano, afecto ao p artid o re g e n e rad o r da vila de Alm ada. E obra d e extraordinário in te re sse e d e fu n d am en tal consulta.

Todavia, relativ a m en te «Chronica do A lgarve», m uito em bora o au to r a considere u ltra-raríssim a e afirm e q u e a p e n a s vira o n.° 1, o certo é q ue d ela dá como d a ta de publicação o dia 15 de Ju n h o de 1833, o q u e é m an ifestam en te errado. Contudo, p osso p e rfe ita m en te adm itir q u e a justifi­ cação d e s ta falha se te n h a ficado a dever a ulteriores inform ações colhidas, talvéz, no relatório do leilão ex e cu tad o em Abril de 1890 da livraria do d esem b arcad o r da Relação do Porto, sr. M anuel Francisco P ereira de Sousa, q u e era d e te n to r do único exem plar conhecido da «Chronica do Algarve». Contudo, a sín te se q u e elabora d as notícias in serid as no jornal, a p e sa r de correcta, é m a n ife stam en te incom pleta e cu rio sam en te nos inform es de Xavier Pereira tra n sp a re c e um a certa in se g u ran ça m otivada pelo facto de a d a ta d aq u ele periódico não se co ad u n ar com o relato dos ev en to s q u e já eram dados como p a ssad o s, o q u e se to rn av a num co n trasen so . Creio, m uito sinceram ente, q u e se Xavier Pereira tiv e sse visto a «Chronica do A lgarve» ou co n h ec esse o seu a rre m a tan te tu d o faria p ara d esfazer e s te equívoco,

(6)

ftumero jv

Anno 18 .'7.

JO R N A L DO A L G A R V E .

V- ■ •

Quarla-íoira .‘Jl tlc; ÍM

íiivo

.

Parte Oflicial.

* l c l u $ O j J t c i í f c s d a J u n l a U ^ v c i i t u l i i t a do sJlj(\rve. j Y J u n t a G o v e r n a l i v a d o A l g a r v e a l t e n d e n -d o a q u e a e s c a c e e -d a c o l h e i t a p a s s a -d a e a n • x l r a o r d i n a r i a s c i r c u n s t a n c i a s , ei)i q u e h a d iui lo bç a c h a o P a i z , lo r i ia i u d ií f ic u l lo s ô a *olu<;£o tol ul da» d i v i d a s o c o n t r i b u i ç õ e s d o ft£»tado; e a t l e n d e n d o a q u e es sa » mes'uias c i r c u n s t a n c i a s r e c l a m a m a c o b r a n « ; a p i l m n e -no> p a r c i a l (Tess»** romliniuiiUtif í - J I i i |)i)r b o m « t u t e l a r o « e g u i u l e . A r t i g o I . * —— E x i g i r - s ç . - h a d o H . c o l l e c t a - á o s n a d e c i m a e i m p o m o s a n i m x o s , o d c ^ u a e s q u e r o u t r o s d e v e d o r e s «lo l i s t a d o , t-ó- m e n t e a a m e t a d e d a i m p o r t a n c i a d e t u a s c o l l e c t a s o u d i v i d a s , r e l a t i v a s a u m só a n n o « c o n o m i c o , s e n d o - l h e s c o m l u d u f a c u l t a d o o p a g a m e n t o t o t a l d « s e u s d e b i ( o i > o u d o q u e «p ii zer em i a l U f a z o r alvSm tio q u e l h e s á e x i ­

gido. A rt. t . ‘ --- Q* c o l l o c l a d o * e ' d e v e d o r e s s e r i o i m n i e « l i a l a m « n t e i n t i m a d o s p a r a p a g a ­ r em no p r a z o d e t r e a d i a s * im p i or ogav««i s «i s o i n m a t , a q u o fica ip o b r i g a d o s p e l o a r ­ tig o a n t e c e d e i u d . A r t . 3 --- O * q u n p a g a r e m i n d e p e n d e u * UMiienUt «I i n l i m a r A o g-nsnrfífl, p e l o q u e re s- piMlâ Á* q u a n t j a 6 q u e cntr«,*^nn*m , d o Imno" Ãoio c ç n s i g n a d o no D ç c r e l o d'tf* ta J u n t a , d e IJ d e J a n e i r o pL O ii m o p a s s a d o , s e m .»paga- (uouto d o c u s t u a o u u m o l u i n e n t Q * nlfluns.' ú n i c o , —r— G o s a r á r t d o íue.-tmo }»ene- flcio, m a s c o m p a g a m e n t o «la* c o m p e t e n t e s , ou c u l lu ti ta d o * . o u d c y e J o r e t » , q u e p r u r e m d e n t i o «I» p r a t o u i a r c a d o n o a ç li g o * ji U ç e d « n l * A r t - i. " --- O s q u e nAo p a g a r e m no rn f e r i d o p r a s o p e r d e r ã o t o d o o d i r e i t o a o b o n e l ie i o , d e q u e t r a t a o m e n c i o n a d o D e c i v l o , e ser.To p r ô / o s o c o n s e r v a d o s n a C a d e i a a U p l o n a *oly«,;\o d o p r i n c i p a l e cusla s» A r t . 5 . ' - —— N o a c t o d o p a g a m e n t o so e n t r e g a r ã a c a d a u m d o s c o n t r i b u i n t e s o u d e v e d o r e s u m r e c i b o i n t e r i n o «la i m p o r t a n c i a q u e s a l U f i r e r , a s s i g n u d o p«*lo R e c e b e d o r e A d m i n i s t r a d o r d o C o n c i d l i o K ^ p c c t i v o s , lan* ç a n d o - s e n o v e r * o «lo c o n h e c i m e n t o a d e e l a * . r a ç . l o d a i m p o r t a n c i a , «pm fica >atislV»ita. A r t . tí.* —— O a K m p r e ç a d o s P u b li c o * q u e s e r e c u s a r e m a o c u m p r i m e n t o d ’ e * t e D e c r e t o , s e r 3 o infuli vqI in«>n t e «lemii l i d o s , i n c o r r e r i t ò n a p e n a tio pri^Ao d e d e z a t é trin» t a « l i a s , «* pagar«U1 u m a m u l t a d e c i m i o a t j cincoiMila ml i reis. §. I.* N a m e s m a m u l e t a i n c o r r e r a : ! op q u e p o r q u a l q u e r f o r m a i n d u z i r e m o s C i d a -« R o s . a. q t m n/to p a g u e u i o q u e d e v e m à K a - z q in la iNacioual. §. 2.' As p e n a s c o m p r e h e n d i d a s no pro* s o u t o A rt ig t i s e n t o i m p o r t a s e m J u i z o «lo l*o l i c ia C u iT u f c io i ia l . A r t . 7 . ’ —— P a r a fiol e x e c u ç ã o i T e s l a s d i p o s i ç õ e s' ' ó c ç i u d o u m ' I C m p r e g a d o S u p e r i o r r i s c a i , q u o e x e r c e r ; l ' e r ti l o « l o * o D i s l i ici«» a * a t i ri b u i r d e s n e c e s s á r i a s p a r a s o c o n s e g u i r o p y g n r m m l o «los r « » n « l i m o n l n ,• «lo f ^ l a t l o e m c o i i f u P i n i i l m b ? c o m o r i i s p o s l u n u p i « * > e n l e H e Cl « r io ; e x e r c e n d o a l é m « T i t i o o d i r e i t o d ç su* p c r i n i e n d c r s o b r e t o d a s a s R e p a r t i ç õ e s l 'i s* c a o s , c u j o s R u i f v e g a d o * I h e - o b e « l o c « u á 0 c o ^ i ^ a m a i o r p o n « ' l u a l i d a d o . u n ic o . N e m a s A l f â n d e g a s d ' e s l a P io » v i m t i a . rie m os- K m p r e g a í l o j d a s i n c s n i a s s;lo « .o m p r o h e n d id o s n a s «li^posi^òtM «11 «tsle D r c r e t o .

(7)

",»tr Prl od»ro írtfa»,'» s»bb»doft.'. Ctifli *40 trjt rfl(Ja f\u«nrfo.' r .Supple* • n r n i o £ 0 i c i » • c u d o fie tj um rio.

C H R O N I C A D O A L G A R V E .

o - * C « ± ... .-O I r a m u m p l o r e dui i do Jíin pequeno volume u q u i t e d ou

D o i nundo aoi ol boi teui , par* que vejat J ’oi onda v i l , o que d«»ejai.

Ld»i»d. Car t. X . Oit 79. b E O U . N D A F H I I I A 15 D K J U L H O L>£ 1833. N. I j u i o s p j e c t o. E u f K f B i D ó í e m d e f e n d e r • C a u t a d a H o n r a , « d a Le g i l i m i d a d e d o T l i r o n o , e d a » L i l w r d a d e t P a l r i j » , l i nj e f e l m n e n - t e ' e n l a l a ç a d o » e i n e H i e i t o v i n c u l o ; <■ «oj c o m b a t e r p e i t o • j i f i i o . t c o m o i t t t í i f i c i o d e i i o i t o i b * v e f p i t a n c e g o , e v i d a (*fue Co n t e n t e » h a v e m o s e i p o » - t o^í e. Ti pr e ‘q u »• o e x i g a t> l>ero d a l ’a - t r r » ) a Diai» d e t a l o r f i d a e a l e i v o s a u * u r - p & ç ã t ^ q u e a t e fagora v i o o m u n d o c i vi » l l t a d o , n ã o p o d e m o s , a p e z a r d a n o n a i o r u í f i c i e n c i a , n r u n r - n o i -ao c o n v i t e q u e n o i f a Z ’-iifi> P a l r i o t a , a m a n t e d a Ujesroa j m t a C a m a , > i g u a l m e n t e d e d i ­ c a d o b «-lia de*dp - o p r i n c i p i o d a e m i - g i * ç ã o ( d e Concnrr rr *nj r >« c o m o p e q u e ­ n o - c a b e d a l d e f i o n o t d e b e i i f o r ç a i À r e ­ d a c ç ã o d e ur u J í r r i o d i c o e m q u e o a t é h o ­ je « p p r i u i i d o , m a i ( e m p r e fiel 1’o v o d e » -

teOíeino leia iioi -soccenoi do dia o pip^rauo 'da tueim» bani» C ausa, ta>

q o » -«‘t p ò n U n e a t u e o l e »e - e m p e n h o u * «Júdnr noi . 1 D i r e m o i c o m a i n j e n u i d a d e ' p r a p r i * d e l i u m v e r d a d e i r o l i b e r a l t u d o o q u e o e d o r r e r d e - . ( l o l a v e l ' n a » o p e r a ç õ e » d a K i p e d i ç ã o , d e r t i n a d a a q u e b r a r a t a l - f r t i i a t, q u e . r o a o i a l a v i o o i p u l s o » d o t f i e i » _ P o r l u j ; u e z e « n e i l e I t e i n o , e p r o v í n ­ c i a l i m i l r o p b e ; • n a a i n g e l a n a r r a ç ã o d o n o n o d e s e m b a r q u e , e r u a r e b a g l o - T i o i a d e n o m a » T r o p a » , v e r ã o a » n a ç õ e s c u h a t d a K u r o p a d e f i n i t i v a m e n t e r e s o l ­ v i d a a - q u e s l ã o , q u e l e p e t l e n d i a o b s c u ­ r e c e r , o u l o m a r o m b i g u a , i i l o b e — t e t > P o r t u g a l q u e r o u n ã o a 1 l a i n h a e a C a r l a — e t e " b e i j a o » g r i l b õ e » d o d e i - p o t i t m o , o u l u i p i r a p e l o f e l i t , d i a , e o i q u e p o n a a r r o j a - l o » p « r a l o n g e , s u b s t i ­ t u i n d o - l h e o g o v e r n o d a L e i e d a J n s t i » Ça. - A n o n a - r o d e p e n n a d e i x a r á t a l r e f { n ã o p o r f a l t a d e v o n t a d e , t r a i »ó -d» t a l e n t o ) d e a p r e c i a r d e v i d a m e n t e a g l o - I l o » B p a r l a , «j u« t t o ^ e i u ; j U l l l u . u » U i t ^

300

(8)

o q u e n a v erdade, não aco nteceu. Daí, concluir, com algum as reticências que Xavier Pereira n u n ca viu aq u ele jornal, em bora sobre ele receb esse, talvez de fonte d ig n a d e todo o crédito, as inform ações con tid as no seu inédito e precioso Dicionário Jornalístico.

Por sua vez, o cap. Vieira Branco b aseando-se nos conhecim entos daquele em érito investigador, acab o u por com eter os m esm os erros, a p e n a s com a a g ra v a n te de p rocurar justificar o d esfazam en to d as d a ta s com razões p e rfe ita m en te irreais e to ta lm e n te inadm issíveis p a ra um hom em da su a ilustração.

N esta conformidade, os órgãos da im prensa regional e da grande im prensa diária procederam in d ev id am en te no dia 15 de Ju n h o do ano p a ssa d o às com em orações dos 150 A nos da Im p ren sa Algarvia, q u an d o o deveriam te r feito p re c isa m e n te um m ês depois. E tu d o isto derivado das inform ações p e rc ip itad am en te colhidas no livro do cap. Vieira Branco. De q u alq u er modo, diga-se d e abono da v erdade, q ue e ssa s com em orações não p a ssa ra m de sim ples e fugazes notícias nos jornais já q u e não se realizaram q u aisq u er actos, oficiais ou p articulares, q u e p u d e sse m com algum brilho assin a lar a efem éride. Se por um lado foi triste e im perdoável deixar p a s s a r a soleni­ d ad e d aq u ela d ata, o q u e só vem confirm ar o d e sin te re sse dos algarvios por tu d o q u an to d e g ran d e e de im p o rta n te lhes diz respeito, pelo outro a té foi bom pois q u e p elas razões qu e a seg u ir exporei iria com erter-se ig u alm en te um d isp a ra te p e rfe ita m en te escusado.

BREVE ANÁLISE DA «CHRONICA DO ALGARVE»

Veio e ste periódico a público no dia 15 de Julho de 1833 fazendo-se tra n sp a re c e r como órgão oficial das tro p as liberais e do p artid o constitucio- n alista de D. Pedro, Im perador do Brasil, R eg en te do Reino e futuro Rei de Portugal. Como era c o rren te n a época enun ciav a-se como b issem an ário e p ro p u n h a-se vir a público às q u a rta s e sáb ad o s, inform ação e ssa q ue se acha inserida no canto superior e sq u e rd o do cabeçalho. Do lado contrário estip u la o preço de cad a exem plar: «C usta 40 réis cada N um ero: e S u p le­

m e n to 20 réis sen d o d e quarto.» A o cen tro o s te n ta as A rm as Reais P o rtu ­

g u e sa s sob as quais a p a rece o título d a publicação. A inda no cabeçalho, no canto inferior direito cita um ex tracto da estâ n c ia n.° 79 do C anto X dos

L u sía d a s: «... o tra n su m p to reduzido/E m p e q u en o volum e aqui te dou/Do

m undo aos olhos teu s, p a ra q u e vejas/P or o n d e vás, e irás; e o q u e desejas.» A bre com o título «Prospecto», o q u e idêntica claram en te e s te exem plar com um folheto anúncio do futuro periódico com o m esm o título. Diz e sta r em p en h ad o «em d e fe n d e r a Causa da Honra, e da L eg itim id a d e do Throno,

(9)

d e h u m verdadeiro liberal tudo o q u e ocorrer d e no tá vel n a s■ operações da

Expedição d estin a d a s a quebrar as algem as q u e m aniatavão os p u lso s dos fiéis P o rtu g u eses n e s te Reino, e p ro vin d a lim itrophe;». Isto dav a a e n te n d e r

q ue as tro p a s liberais receavam a oposição m ilitar e popular d e s ta província servindo-se d a «Chronica» exclusivam ente p a ra te n ta r inform ar o povo, principalm ente a b u rg u esia com ercial e dos serviços e se r m ais ou m enos instruída, acerca do poderio do exército d a R ainha e dos se u s êxitos no cam po de b atalh a. Como é óbvio não se excluia dos objectivos d e s te jornal o recurso ao boato e às falsas declarações, tão co rren te s em tem p o de guerra. Por outro lado, serviria como elem en to de p ro p a g a n d a d as novas ideias e como veículo de re c ru ta m en to d e novos efectivos m ilitares q u e p o ssibilitassem a organização dum exército liberal. É claro q u e n a d a disso a co n teceu e como as tro p as m iguelistas se p u se ra m em d e b a n d a d a p a ra o A lentejo n ad a justificava a p erm an ên cia dos hom ens do D uque d a Terceira, q ue d e s te m odo tinham à su a m ercê o cam inho livre p a ra Lisboa.

Na «Parte não Official» relata-se a Expedição ao A lgarve, por vezes com alguns exageros m as, sobretudo, sem escam o tea r a v erd ad e dos factos. C onstitui um im p o rtan te elem en to de c o n su lta p a ra a H istória das L utas Liberais no Algarve. A seg u ir publicam -se d u as «Proclam ações», sen d o a prim eira a ssin ad a por D. Pedro — D uque d e B ragança, na qual exorta os algarvios a aderirem à cau sa liberal e legitim ista da R ainha D. M aria II e, especialm ente, à C arta C onstitucional: «Correi às armas. Uni-vos aos bravos

que marchão intrépidos contra a usurpação... Ajudai-M e a restaurar o Throno d e vossa Rainha a leivo sa m en te usurpado... A colhei-vos às bandeiras da Honra e da F idelidade», e term in a d an d o vivas à R ainha e à C arta. Na

se g u n d a proclam ação, a ssin a d a pelo C onde d e Villa-Flor, D uque da Terceira, faz-se sen siv elm en te o m esm o apelo, justificando-se a invasão do A lgarve como um acto d e libertação: «P o rtu g u e zes lea es vem (sic) debaixo do m eu

com m ando libertar P ortuguezes... Uni-vos a m im e aos m e u s Soldados; e a Rainha legitim a será p o r nós restituída ao Throno de s e u s A v ó s aleivoza- m e n te usurpado; e à nossa Pátria será restituída a Carta C onstitucional e a liberdade.»

T erm ina por noticiar a heróica rêsistên cia das tro p a s liberais d u ra n te o cerco do Porto e refere q ue no dia 10 um a força do Exército Expedicionário liberal b a te u -se em Beja com as forças do g en eral Mollelos c a u san d o às tro p as m iguelistas cerca de 60 baixas. A fechar inclui um a curiosa indicação dos custos da publicidade: «E ste Periodico continuará a sahir todas as

Quarta-Feiras e Sabbados. Seu preço 40 rs. avulso, e 30 rs. para os Snrs. A ssig n a n tes. Os S u p p lem e n to s sen d o de m ais folha são p a g o s com o os nú m ero s ordinários, e os d e quarto em razão d e 20 rs. para os não a ssig ­ nantes, e de 15 rs. para os A ssig n a n te s. Paga-se h u m m e z adiantado. A

(10)

correspondecia (sic) para o Director será = M anoel A ntonio Ferreira Portugal, Director de Im prensa do Governo, Rua do A lju b e N.° 998 = R eceb e m -se Anúncios para se incerirem n e ste periodico, por praço (sic) commodo. Quarta- -Feira 17 ha Chronica.»

A indicação da «Im prensa do Governo» dá a e n te n d e r q u e existiu em

Faro um a tipografia oficial, o qu e nos leva a considerá-la, a té prova em contrário, como a prim eira casa de arte s gráficas dos tem p o s m odernos, a qual vem su c ed er ao histórico prelo d e Sam uel G acon q ue n e s ta cidade d eu à e sta m p a o prim eiro incunábulo im presso em Portugal. R elativam ente ao seu Director, M anoel A ntónio Ferreira de Portugal, n a d a de concreto consegui ainda apurar, q u er nos livros de óbitos das freg u e sias da Sé e de S. Pedro q u er nos livros de e n te rra m en to s da M isericórdia, d e S. Francisco, da Sé, do Carmo ou da E sperança. P ortanto, e s te hom em não faleceu em Faro, o q u e a té certo p o nto m e leva a adm itir q u e n ão se tr a te de um algarvio. Talvéz fosse um ilhéu q u e de algum m odo e stiv e sse ligado à célebre «Chronica» da T erceira ou à «Chronica do Açores», órgãos do partido constitucional n aq u e le arq uipélago d e onde, aliás, foram recru tad o s d ezen as de voluntários p a ra co m b ater no A lgarve. Por outro lado, n a d a me rep u g n a adm itir q ue se tra te de pseudónim o, já que, convenham os, expôr p u b licam en te a su a en tid a d e num órgão afecto aos reb eld es liberais não era p roeza co rren te p a ra q u em tiv e sse am or à vida. Se acaso as tro p as m iguelistas v e n d essem a guerra, logicam ente q u e m u itas c a b eças iriam rolar, e o mínimo q u e poderia aco n tecer a e s te D irector da Im p ren sa do Algarve era ser d e stitu íd o e d eportado. Por co n seg u in te é m uito possível que seja um p seudónim o e n g ed rad o pelos hom en s do D uque d a T erceira para d ar à saída da «Chronica» um a a p arên cia m ais oficial e resp o n sáv el aos olhos do povo algarvio.

UM PROJECTO JORNALÍSTICO FALHADO

E fectivam ente, em m eu e n ten d e r, o jornal «Chronica do A lgarve» nun ca existiu. A razão é sim ples. O exem plar q u e se conhece com e s te título não p a ssa de um p ro sp ecto an u nciado a saíd a dum periodico com idêntica designação e, em bora a p a reça n u m erad o com o n.° 1, o certo é q u e não te v e continuidade, pelo q u e não se pode cham ar jornal a um folheto/anúncio de 140 x 200 mm de que ap en as se publicou um único número. Isto parece-m e lógico. Por outro lado, a prova resid e in c o n te sta v e lm e n te no facto de no cabeçalho se anunciar a saída d e ste bissem anário p ara todas as Quarta-Feiras e Sábados, sen d o a té de realçar q ue na últim a linha d e s te p ro sp ecto se lê o seg u in te: «Quarta-Feira 17 ha Chronica». P ortanto, anu n ciav a-se p a ra o dia 17 de Julho d e 1833 a saída do verdadeiro n.° 1 d a «Chronica do

(11)

Algarve». Ora se o jornal só saia às q u a rta s e sá b ad o s não é adm issível q ue o n.° 1 a p a re c esse num a segunda-feira, ten d o ainda por cim a como n o ta de a b e rtu ra o título «P rospecto» e não Editorial ou q u alq u er outro, como seria v erd ad eiram en te lógico. Além disso, como p a rece provado que n enhum outro núm ero saiu a público, n ad a m ais n a tu ra l do q ue afirm ar q ue a «Chronica do Algarve» como jornal, na v erd ad eira acep ção da palavra, nunca existiu, pois q ue co n tin u id ad e jam ais se lhe reconheceu.

As razões q ue d itaram a su a presum ível extinção u ltra p a ssa m to ta l­ m en te os m eus conhecim entos e em p a rte algum a en co n trei razões q ue justificassem ta l atitu d e . Contudo, supom os q ue a explicação talvez resid a no facto d e no dia 17 d e Julho e conselho m ilitar reunido n a M essejan a d eterm in ar a p artid a dos exércitos do D uque d a T erceira com d estin o a Lisboa e, por co n seg u in te, já não precisariam de publicar um órgão oficioso p ara dar a conhecer ao povo a in stau ração do p oder liberal. E ste jornal só teriam razão d e existir se acaso p rev a lec esse a ideia de tran sfo rm ar a ideia de transform ar o A lgarve num reino in d e p e n d e n te e num conclave liberal/ /c o n stitu cio n alista q u e serv isse de tram polim a um a g ran d io sa ofensiva em direcção à capital co n certad a en tre as tro p as do norte, a q u a rte la d a s na cidade Invicta e as forças algarvias, q ue com o tem p o seriam a u m e n ta d a s pela c h eg ad a d e efectivos d as ilhas e do estran g eiro . Portanto, q u an d o se decidiu m archar sobre Lisboa, face aos erros estratégicos do general Mollelos q ue se refugiara em Beja, e sta v a a u to m a tic am en te d ita d a a extinção d e ste jornal. M uito em bora se so u b e sse ou pelo m enos se d esco n fiasse q u e o A lgarve e o A lentejo após a p a ssa g e m dos exércitos do D uque reg ressa riam à d efesa da c a u sa m iguelista, o q ue e fectiv am en te veio a aco n tecer, sen d o de realçar a leonina acção do fam oso guerrilheiro Jo sé Joaquim d e Sousa Reis, popularm ente designado por Remechido, qu e tev e foros mítico-lendários q ue ainda hoje p erd u ram n a m em ória d as g e n te s d a serra algarvia.

R esum indo, a desocu p ação m ilitar da cid ad e de Faro, sem significar o seu abandono, e de to d a a província do A lgarve d ev erá e s ta r n a b a s e da extinção da «Chronica do A lgarve», órgão não oficial do exército liberal do R eg en te D. Pedro, D uque d e B ragança. P e ra n te os factos qu e acab ei de a p o n tar e a té q ue surja prova em contrário continuarei a s u s te n ta r q u e a «Chronica do Algarve», c o n sid erad a como o prim eiro jornal algarvio, jam ais existiu.

Julgo q u e e s te m eu esclarecim ento, do qual, n a a ltu ra própria, fiz publica m enção nas colunas do «Diário de Notícias» e do sem anário faren se «O Algarve», é o prim eiro q ue a priori em term o s tão radicais e p erem ptórios se coloca à d iscu ssão e reflexão d a opinião pública. C abe-m e, igualm ente, o orgulho e confesso qu e a vaid ad e d e te r sido a prim eira p e sso a a to rn ar público, nos órgãos acima citados, a v erd ad eira im agem do jo rn al/p ro sp ecto

(12)

qu e se acaso tiv e sse co n tin u id ad e seria o m ais an tig o periódico a sul do Tejo. E ssa im agem volto a reproduzi-la aqui p a ra q ue todos os c o n g ressistas p o ssam te r a inequívoca certeza d a sua existência, visto qu e já houve quem su p o se sse a su a to tal irrecu p erab ilid ad e ou d esap arecim en to . Felizm ente a «Chronica» ex iste e te n h o fortes razões p a ra supor q u e talvez su b sistam , pelo m enos, dois exem plares, d e s te núm ero único, no nosso país, sendo um deles p ro vavelm ente em Faro n a s m ãos m o d estas d e quem não se ap e rceb e do valor q u e possui. D esse exem plar extraiu o dr. Mário L yster Franco um a fotocópia e com m ágoa n o ssa já não se recorda do nom e do seu antigo d e ten to r, q ue julgo ser um ex-trab alh ad o r d a ca sa Fialho.

O exem plar que agora se ap rese n ta encontra-se depositado na Biblioteca Nacional, secção dos jornais, te n d o por conta J. 2585 V. e poden d o ser facilm ente consultado.

CHAMAVA-SE «O POPULAR» E FOI O PRIMEIRO JORNAL ALGARVIO

Para term inar, devem os a c re sc en ta r q ue o prim eiro jornal algarvio, tam b ém b issem an ário como se p ro p u n h a ser a «Chronica», d e q u e conheço pelo m enos trin ta exem plares, tin h a por título «O Popular — Jornal do

A lg a rve» , en co n tran d o -se o últim o núm ero de q u e te n h o noticia d a ta d o de

18 de Ju n h o de 1847. N e sta conform idade, tra ta -se ig u alm e n te do seg u n d o jornal a ser publicado a sul do tejo, visto q u e a «Chronica E b o re n se » iniciou a su a publicação a 13 d e Janeiro d e 1847, se bem qu e se ex tin g u isse prim eiro, ao cab o d e 64 n ú m ero s, no dia 15 d e Ju n h o . E n q u a n to q u e «O Popular — Jornal do A lg a rve» dev e te r iniciado a su a publicação p recisa­ m en te no dia 10 de M arço de 1847, n a m edida em qu e o exem plar n.° 7, único espécim e d ep o sitad o na Biblioteca N acional d e Lisboa, te m a d a ta de 31 d e M arço d a q u ele ano. No e n ta n to e s ta afirm ação só é válida no caso d e se con sid erar qu e A ntónio Francisco B arata e s tá equivocado q u a n d o s u s te n ta a prim azia p a ra o «Boletim E borense». P e sso alm en te concordo com Francisco B arata e não com a ac tu a l opinião dos in te lectu ais alen tejan o s que só pelo facto de conhecerem ap en as quatro «Boletins» e do seu conteúdo se resum ir a d ecreto s e ordens d e serviço m ilitar e n te n d e m q u e não se tra ta de um jornal. É lógico q u e a p re s e n te concepção d e jornalism o não se p ode to ta lm e n te tra n s p la n ta r p a ra a q u ela época, fu n d a m e n ta lm e n te pelo próprio co n tex to histórico em q u e se inseria o «Boletim» como órgão das forças m ilitares revoltosas q u e co n stitu íam a J u n ta G overnativa d a Província do Alentejo. C uriosam ente, «O Popular — Jornal do Algarve» é p re cisam en te idêntico no estilo ao «Boletim E b o re n se » e, no e n tan to , eu n ão duvido em afirm ar qu e se tra ta , sem som bra p a ra dúvidas, de um jornal, tal como se pode ler no seu sub-título. Por outro lado, «O Popular» era ta m b é m o órgão da J u n ta G overnativa do Algarve.

(13)

Saliente-se q ue ta n to Xavier P ereira como Vieira Branco d esco n h eceram a existência d e ste jornal, o qu e vem en riq u ecer a m inha inform ação, pois q ue lhe dá um sabor de inédito. C abe-m e ig u alm en te referir q u e a notícia da su a publicação m e foi facu ltad a pelo Dr. L yster Franco q ue p o ssu i na sua H em eroteca, re c e n te m en te oferecida à U niversidade do A lgarve, a p en as dois exem plares com os n.os 24 e 30. Como n o ta curiosa convém realçar o facto d e s te jornal te r sido com posto e im presso na tipografia do Governo Civil, q u e suponho se r a m esm a q ue na rua do A ljube n.° 998, hoje rua do Município, d eu à e sta m p a a «Chronica do A lgarve» em 1833, ou seja q u ato rze anos depois ainda existia, m uito p ro v av elm en te nos baixos do prédio o nde se enco n tra hoje a tipografia «União». No en ta n to , n e s s a altura não era a única tipografia e x iste n te na cidade pois q u e em 1846 já existia na rua do Rego n.° 460, hoje rua D. Francisco G om es n.° 4, a tipografia Paz Furtado o nde se imprim iu a Collecção de M em órias e D o cu m en to s para a

História do Algarve, livro raro e b a s ta n te valioso, d a autoria do esquecido

com endador B ernardino Jo sé de Sena F reitas, eru d ito de in eg áv eis m éritos q ue foi sócio da A cadem ia d as Ciências.

UMA HOMEROTECA PARA A UNIVERSIDADE DO ALGARVE

A concluir e s ta já longa com unicação não q uero deixar de frisar a re c e n te in stalação na U niversidade do A lgarve d e u m a im p o rtan te H em ero­ te c a cujo riquíssim o espólio foi doado pelo Dr. Mário L yster Franco, o que, valha a verdade, co n stitu i um altruíssim o g e sto d e gen u in o algarvíssim o e co n tra sta r com o generalizado egoísm o d a q u e le s q u e por to d o s os m eios ao seu alcance p re te n d e m e n tra v ar o len to p ro g resso científico-cultural da n o ssa juventude.

A colecção de publicações periódicas oferecida por aq u ele conhecido escritor d e stin a -se à con su lta livre e e s tá à disposição d e todos q u an to s p re te n d a m utilizar a inform ação jornalística como fonte b asilar dos seu s trab alh o s d e investigação. E stá ta m b ém em p rep araçã o um ficheiro o n o m ás­ tico e ideográfico de apoio aos jovens in v estig ad o res q u e assim poderão m ais facilm ente co n su ltar as publicações a d e q u a d a s à co n secução dos seu s trabalhos. A H em eroteca d a U niversidade do A lgarve p o ssu i de m om ento a m elhor colecção de jornais algarvios do pais, sen d o d e realçar a existência de periódicos ultra-raros d e origem algarvia e d e alg u m as re v istas nacionais q u e m arcaram v in cad a p re s e n ç a no c o n te x to d a lite ra tu ra p o r tu g u e s a contem porânea.

Prevê-se, igualm ente, a oferta d e algum as colecções com p letas de jor­ nais já extintos e outros em fase d e laboração, cujos D irectores e x p ressaram a sua in tenção d e as doar à U niversidade do Algarve. E spera-se, d e ste

(14)

modo, erigir no A lgarve a m aior h e m ero teca regional do país, tu d o d e p e n ­ dendo da boa v o n tad e dos algarvios q u e m uitas vezes, por falta de espaço n as su as residências, chegam a q ueim ar colecções de jornais antigos h e rd a ­ dos dos seu s avós. A ctos d e s te género, q u e infelizm ente, ta n to q u an to sabem os, não tem sido pouco num erosos, acab am por lesar p ro fu n d am en te a cultura algarvia, privando os se u s n a tu ra is dum a fonte de co n su lta v e rd a ­ deira m en te im prescindível a q u alq u er estudioso.

N esta conform idade, fazem os d aq u i um sincero apelo a todos q u an to s p o ssu am colecções de jornais antigos ou rec en tes, q u er sejam eles boletins paroquiais, boletins cam arários, órgãos de associações laborais, estu d a n tis, desportivas, culturais, recreativas, ou o u tras, p a ra que, num g e sto de boa v o n tad e e apreço pela cultura, os ofereçam à H em eroteca da U niversidade do A lgarve a fim d e servirem não só os e s tu d a n te s como esp ecialm en te to d a a população algarvia.

Para fechar com chave d e ouro, resta -m e a c re sc e n ta r q ue n e s te preciso m om ento encontro-m e a trabalhar na elaboração de um a História da Im prensa Algarvia, q u e servirá fu tu ra m e n te d e fe rram en ta de tra b alh o aos e s tu d a n te s e in v estig ad o res q ue p rocurarem o b ter nos jornais algarvios a inform ação co n clu d en te e p recisa à concretização do se u s estu d o s.

B IB LIO G R A FIA

A R A N H A , Pedro V asconcelos de Brito — M o u v e m e n t d e la P r e s s e P é r io d iq u e e n P o rtu g a l d e 1894 à 1899, Lisboa, Im prensa Nacional, 1900.

R a p p o r t d e la S e c tio n P o rtu g a ise , l e' C o n g rè s In te r n a tio n a l d e la P r e s s e (1 8 9 4 -A v ers), Lisboa,

Im prensa U niversal, 1894.

BESSA, A lb erto — O Jo rn a lism o . E s b o ç o H isto ric o da s u a O rig em e D e s e n v o lv im e n to a t é a o s N o s s o s D ia s , Lisboa, Livraria Editora V iúva Tavares Cardoso, 1904.

B o le tim d o S in d ic a to N a cio n a l d o s J o rn a lista s, Lisboa, 1941.

B RANCO , Cap. Vieira — S u b s íd io s p a ra a H istó ria da Im p r e n s a A lg a rv ia d e 1833 a o s N o s s o s Dias, Faro, Tipografia Caetano, 1938.

C o n trib u içã o p a ra o E s tu d o d a C o m u n ica ç ã o Socia l n a R e g iã o A le n te jo , 2 Vols., Évora,

Com issão d e Coordenação da R egião do A len tejo, 1981.

C U N H A , A lfre d o — O D iário d e N o tíc ia s. A S u a F u n d a ç ã o e o s s e u s F u n d a d o r e s. A l g u n s F a c to s p a ra a H istó ria d o J o rn a lism o P o r tu g u ê s, Lisboa, Tip. Universal, 1914.

E l e m e n to s p a ra a H istó ria da Im p r e n s a P erió d ica P o r tu g u e s a (1641-1821), Lisboa, sep. das M e m ó ria s d a A c a d e m ia d a s C iê n cia s d e L isb o a , C lasse de Letras, tom o VI, 1941.

R e la n c e s s o b re o s T r ê s S é c u lo s d o J o rn a lism o P o r tu g u ê s, Lisboa, Gráfica Santelmo, 1941. Im p r e n s a P eriódica P o r tu g u e s a n a M e tr ó p o le e n o Im p é rio , S é c u lo s X V II-X IX , Lisboa, Bilbio-

teca Nacional, 1941.

MARQUES, Correia — A Im p r e n s a Diária, sep. do n.° 3 do Boletim Inform ativo. Cultura Popular.

(15)

f

)

M A R TINS , Rocha — P e q u e n a H istó ria d a Im p r e n s a P o r tu g u e sa , Lisboa, Editorial Inquérito, 1942. > M O NTEIRO , G. F ra n c o —C o lecçã o d e J o rn a is P o r tu g u e s e s , Coimbra, 1887.

PEREIRA, A gu sto X avier da Silva — D iccionario J o rn a lístic o P o r tu g u e z , 4 vols., Ms. 447 azul da

Secção d e R eservad os da B iblioteca da A ca d em ia das Ciências d e Lisboa. ^

O J o rn a lism o P o r tu g u ê s. R e s e n h a C h ro n o lo g ica d e T o d o s o s P e n o d ic o s P o r tu g u e s e s P u b lic a d o s n o R e in o e n o E s tr a n g e iro d e s d e o M e a d o d o S é cu lo X V II a t é à M o r te d e D. L u iz I. Lisboa,

A n tig a Casa B ertra n d — José Bastos, 1896.

O s J o rn a is P o r tu g u e s e s . Su a Filiação e M e ta m o r fo s e s . N o tic ia S u p p le m e n t a r A lfa b é tic a d e

to d o s o s P e rio d ic o s M e n c io n a d o s na R e s e n h a C h ro n o lo g ica d o J o rn a lism o P o r tu g u ê s, Lisboa, y

Im prensa de Libânio da Silva, 1897. I

PROSTES, H enrique de Carvalho — S ta tis tiq u e d e la P r e ss e P o r tu g a is e 1641 à 1872, Lisboa, ^ Lallem ant Frères, 1873.

SA LG AD O , Joaquim — V ir tu d e s e M a le fíc io s da Im p r e n s a , Porto, Portucalense Editora, 1945. f

TE N G AR RIN H A, José — H istória da Im p ren sa Periódica P o rtu g u e sa , Lisboa. Portugália Editora, 1965.

f ' > i > > > > f f V f y f j

308

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

A Escala de Práticas Docentes para a Criatividade na Educação Superior foi originalmente construído por Alencar e Fleith (2004a), em três versões: uma a ser

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

No primeiro livro, o público infantojuvenil é rapidamente cativado pela história de um jovem brux- inho que teve seus pais terrivelmente executados pelo personagem antagonista,

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that 

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em