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ANÁLISE INVESTIGATIVA DO EFEITO CHICOTE E AÇÕES CORRETIVAS EM EMPRESA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

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Revista UNIABEU, V.11, Número 27, janeiro-abril de 2018.

ANÁLISE INVESTIGATIVA DO EFEITO CHICOTE E AÇÕES CORRETIVAS

EM EMPRESA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

Douglas Baldino1

Jean Paulo Pires2

Rodnei Ramos3

Marina Mika Saito4

Eduardo Roque Mangini5

Resumo: O artigo contempla o estudo do efeito chicote, um fenômeno conhecido por causar uma perturbação dos fluxos da cadeia de suprimento com variabilidade nos pedidos que ocorre no sentido do consumidor ao fornecedor. Mesmo com vários estudos sobre esse efeito, a aplicação das soluções acadêmicas propostas ainda está aquém do desejado, motivo pelo qual sustenta a investigação realizada. O propósito do artigo, além de demonstrar a aplicabilidade das soluções advindas da academia, reside na busca da melhoria da qualidade e no atendimento aos clientes da empresa DMJR cujo nome foi modificado por questões de sigilo empresarial. Com o uso da pesquisa-ação como método de escolha, foi possível vislumbrar a dimensão do problema sofrido pela empresa bem como assegurar a confiabilidade dos resultados, sendo que os principais ganhos foi melhoria da tramitação da informação, redução de estoques, diminuição de custos de estoque e transporte, além de melhor relacionamento com os clientes e ganho de competitividade. É crível afirmar que a junção das soluções propostas por pesquisadores acadêmicos fortaleceu a competitividade e melhorou o desempenho organizacional e logístico da empresa, embora seja necessário o combate contínuo ao efeito chicote por se tratar de um fenômeno multicausal. Palavras-chave: Cadeia de Suprimento; Efeito Chicote; Pesquisa-ação.

Abstract: The article contemplates the study of the bullwhip effect, a phenomenon known to cause a disruption of the supply chain flows with variability in the orders that occur in the sense of the consumer to the supplier. Even with several studies on this effect, the application of the proposed academic solutions is still below the desired level, which explains the reason for the research. The purpose of the article, besides demonstrating the applicability of the solutions coming from the academy, resides in the search of the improvement of the quality and the service to the clients of the company DMJR whose name was modified by questions of business secrecy. With the use of action research as a method of choice, it was possible to glimpse the dimension of the problem suffered by the company as well as to ensure the reliability of the results, with the main gains being improvement of information processing, reduction of inventories, reduction of costs of inventory and transportation, as well as better customer relationship and competitiveness improvement. It is possible to affirm that the combination of the solutions proposed by academic researchers strengthened the competitiveness and improved the organizational and logistic performance of the company, although it is necessary to continuously combat the bullwhip effect because it is a multi-causal phenomenon.

Key-words: Supply Chain; Bullwhip effect; Action Research.

1 Tecnólogo em Logística

2 Tecnólogo em Logística

3 Tecnólogo em Logística

4 Tecnólogo em Logística

5 Professor do Instituto Federal de São Paulo, doutorando da Universidade Nove de Julho, pesquisador das área

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Revista UNIABEU, V.11, Número 27, janeiro-abril de 2018.

1. INTRODUÇÃO

A cadeia de suprimentos ou supply chain abarca todas as atividades empreendidas e relacionadas com a tramitação de materiais, desde a fase de matérias primas até o produto acabado (WANGPHANICH; KARA; KAYIS, 2010). Essa cadeia é composta por vários atores empresariais inter-relacionados, desde fornecedores, fabricantes, distribuidores, varejistas bem como os usuários finais (SINGH; CHALLA, 2016; SRIVASTAVA; IYER; RAWWAS, 2017).

A cadeia de suprimentos envolve quatro fluxos distintos e inter-relacionados e estão agrupados em materiais, informações, propriedade e fluxo financeiro (PAIK; BAGCHI, 2007) e embora o gerenciamento da cadeia de suprimentos busque a perfeita organização desses fluxos nem sempre isso é possível. Um dos problemas mais comuns é o efeito chicote, um fenômeno que provoca perturbação nessa cadeia no sentido do usuário final até o fornecedor e que gera variabilidade nos pedidos e desordem nos fluxos da cadeia de suprimentos (JIN; DEHORATIUS; SCHMIDT, 2017).

Mesmo com amplos mecanismos de controle discutidos por Lee; Padmanabhan; Whang (1997a); Mancilla e Sepúlveda (2017); Murfield e Tate (2017), entre outros, sua aplicação no meio empresarial ainda está aquém do desejado, como é observado na empresa DMJR (o nome da empresa foi modificado por questões de sigilo empresarial). A empresa coordena sua produção pelo número de ordens a serem atendidas, independente se a data de entrega é daqui a uma semana ou um mês. Isso causa um impacto quando a empresa fecha vários contratos, num mesmo período. O acúmulo de produto acabado é alto, gerando uma pressão desnecessária nos times de expedição, e transportes.

Com isso, se acarretam outros problemas, como, por exemplo, ordens carregadas sem notas fiscais ou até mesmo o inverso, as notas fiscais são embarcadas para o cliente e os volumes ficam parados na empresa; entre outros, o número de volumes carregados incorretamente, a acomodação dos volumes no veículo, má disposição e aproveitamento da cubagem do veículo. A partir dessa explanação, tem-se como problema de pesquisa: “Quais os aspectos do efeito chicote são passiveis de controle?”, sendo o objetivo principal avaliar desenvolver plano de ação para controlar o efeito chicote da empresa DMJR, além de melhorar o processo de expedição, controlar o processo logístico, reduzir o estoque de produto acabado e prever variações de demanda. O artigo está estruturado em cinco

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partes. A subsequente trata do referencial teórico seguido pelo método usado. A quarta parte traz a intervenção proposta e o resultado alcançado. A última parte abrange a conclusão, limitação e sugestão de continuidade do estudo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A cadeia de suprimentos tem como função estreitar o relacionamento entre clientes e fornecedores. A tecnologia fez criar o conceito de “tempo real para um produto”, que seria desde a criação do projeto de um produto até o consumidor final (NARAYANAN; MORITZ, 2015; PAIK; BAGCHI, 2007). Um objetivo da cadeia de suprimentos é otimizar e agilizar o processo de gestão de estoques com a finalidade de ter um fluxo de materiais mais eficiente. Entretanto, existem alguns problemas na cadeia de suprimentos que afetam todos os seus membros, sendo o efeito chicote um fenômeno amplamente estudado e discutido, tanto no meio acadêmico quanto no empresarial (KLUG, 2016).

O efeito chicote está relacionado com a propagação de erros sobre demanda na cadeia de suprimentos (SC) (LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997a), o qual foi identificado e formalizado por Forrester (1958) no MIT (Massachusetts Institute of Technology) nos EUA há mais de quatro décadas, quando estudava a questão da propagação de erros em sistemas dinâmicos e interdependentes. Efeito chicote é uma instabilidade da cadeia de suprimentos devido à amplificação da variação da demanda (LIN et al., 2014). O efeito chicote diz respeito à amplificação da variância das informações da demanda na SC, na medida em que elas crescem em um fornecedor que seria o montante, ou seja, as incertezas na demanda de um fornecedor de matéria prima – “MP” – tendem a ser bem maiores do que a real demanda existente entre o ponto-de-venda e o consumidor final (AL-KHAZRAJI; COLE; GUO, 2017; CHATFIELD, 2013).

É possível classificar as pesquisas sobre efeito chicote em seis fases: Fase 1 – Abrange o período anterior a 1958, cujo ponto central era o controle de produção e estoque; Fase 2 – de 1958 a 1969, caracterizada pela suavização da produção; Fase 3 – de 1970 a 1989, onde teve o desenvolvimento da teoria do controle; Fase 4 – de 1989 a 1997, chamada de fase do jogo da cerveja; Fase 5 – de 1997 a 2000, fase esta relacionada com o redescobrimento do efeito chicote; Fase 6 – de 2000 até o momento atual, fase direcionada a anular o efeito chicote (CANNELLA; CIANCIMINO, 2010; HOLWEG; DISNEY, 2005). O controle do efeito chicote descrito por Lee, Padmanabhan e Whang (1997) abrangem os fatores geradores da amplificação da demanda e classificados em (a) informações

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partilhadas, (b) alinhamento de canal e (c) eficiência operacional, conforme ilustrado no Quadro 1.

Quadro 1- Controle do Efeito Chicote

Causas do Efeito Chicote Mecanismos de Controle

Informações Partilhadas Alinhamento de Canal Eficiência Operacional

Previsão de Demanda Entendimento da

dinâmica do sistema Utilizar dados de pontos de venda

Compartilhamento de

dados eletrônicos (EDI) Internet

Arranjo realizado por

computador Estoque de vendas gerenciável Desconto de informações partilhadas Consumidor direto

Redução do lead time

Controle de estoque

baseado em ordem de importância

Arranjo de Lotes EDI

Arranjo via internet

Desconto de acordo com a variedade de carga do caminhão Compromissos de entrega Consolidação Terceirização do processo logístico

Redução no custo fixo por arranjo de lotes

através de EDI ou

comercio eletrônico

Arranjo realizado por

computador

Variação de Preços Programa de

reposição contínuo Custo baixo todo dia Preço baixo todo dia Atividade baseada em custo

Jogo de Racionamento Dados

compartilhados de Vendas, capacidade e estoques Alocação baseada em vendas passadas

Fonte: (LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997a, 1997b)

Com o intuito de reduzir o efeito chicote, uma prática comum consiste em promover a melhoria da tramitação da informação da demanda na cadeia de suprimentos (MANCILLA; SEPÚLVEDA, 2017), com isso as possíveis formas de controle do efeito chicote são (1) redução da incerteza, com centralização da informação e compartilhamento de informações sobre demanda (NARAYANAN; MORITZ, 2015); (2) redução da variabilidade, com eliminação da flutuação de preços através de medidas que promovam preços baixos todos os dias evitando-se descontos eventuais ou promoções (WANG et al., 2016); (3) redução do lead time, para diminuir a variabilidade da demanda e redução de estoques favorecendo a previsão da demanda (SVENSSON, 2005); (4) formação de parceiros estratégicos, para melhorar o fluxo de informação relativa ao comportamento da demanda e melhoria do gerenciamento do estoque ao longo de toda a cadeia de suprimentos (MURFIELD; TATE, 2017; SRIVASTAVA; IYER; RAWWAS, 2017), sendo uma prática utilizada o VMI (Vendor

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3. MÉTODO

O método de pesquisa utilizado foi a pesquisa-ação, considerada por Vergara (2005) como um método direcionado na busca de soluções de um determinado problema por meio de ações estabelecidas entre o pesquisador e os agentes envolvidos na situação. De acordo com Koerich et al. (2009), a pesquisa-ação é uma ferramenta metodológica que além de gerar ação corretiva, também proporciona aumento do conhecimento tanto dos pesquisadores quanto das pessoas envolvidas. Descreve Tripp (2005) que pesquisa-ação é um tipo de investigação-ação, cujo ciclo se assemelha ao ciclo PDCA postulado por Deming. Para este estudo, o método de pesquisa-ação envolveu seis passos.

O Passo 1 foi selecionar as atividades que trarão maior investimento no tempo gasto deixando em segundo plano atividades sem continuidade ou que são desempenhadas ocasionalmente. Essas atividades devem ser estudadas como um assunto prioritário e que ofereçam o maior escopo para melhorias.

O Passo 2 foi registrar o método atual, como a sequência de atividades no trabalho, o inter-relacionamento temporal das atividades no trabalho e a trajetória de movimento de alguma parte do trabalho.

O Passo 3 constitui a abordagem fundamental para o estudo do método, onde se devem examinar os fatos de forma ampla e crítica. São feitas algumas questões relativas ao propósito de cada elemento e o local em que cada elemento é feito. Isso sugere uma combinação de certas atividades ou operações, como a sequência em que cada elemento é feito, o responsável pelo elemento e os meios pelos quais cada elemento é feito.

Passo 4, onde se desenvolve um novo método eliminando partes inteiras da atividade sem importância, combinando elementos, mudando a sequência de eventos de modo que melhore a eficiência do trabalho ou simplifique a atividade para reduzir o conteúdo de trabalho.

Passo 5 e 6 são relacionados com o local, regularização e eficácia da implantação do novo método e deve ser usado como uma oportunidade para melhorar os métodos. Por meio de relatórios operacionais, com datas de previsão de entrega, entre outros dados, foram constatados os sintomas do problema de pesquisa. Com o intuito de melhorar o processo

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logístico e desempenho operacional da organização, foram analisados todos os dados utilizados no cotidiano da empresa. Com a análise dos relatórios gerenciais, por meio de técnica de análise de conteúdo, foi possível esclarecer o problema de pesquisa e alcançar os objetivos propostos pelo trabalho.

4. CONTEXTO DO PROJETO

4.1 Aspecto Organizacional da Empresa DMJR

A empresa DMJR é líder no fornecimento de redes de telecomunicações da próxima geração, e atende a 45 das 50 maiores operadoras globais, além de mais de um bilhão de usuários ao redor do mundo. A companhia tem o compromisso de fornecer produtos, serviços e soluções inovadoras e personalizadas para criar valor e potencial de crescimento a longo prazo para seus clientes. Os produtos e soluções da DMJR englobam produtos

wireless, produtos de núcleo de rede, produtos de rede, aplicativos e software, assim como

terminais. Os principais produtos são projetados com base no chipset ASIC da DMJR, e utilizam plataformas compartilhadas para oferecer produtos de qualidade a um custo acessível. Ao final de 2014, a DMJR tinha mais de 95.000 empregados, dos quais 45% são dedicados a Pesquisa e Desenvolvimento. Os centros de Pesquisa e Desenvolvimento da DMJR estão localizados nos Estados Unidos (Vale do Silício e Dallas), na Suécia (Estocolmo), na Rússia (Moscou) e na Índia (Bangalore), além dos centros na China, localizados em Pequim, Xangai, Nanquim, Shenzhen, Hangzhou e Chengdu.

Em um ambiente produtivo, onde o layout é favorável apenas ao processo de produção, encontra-se um problema maior, que é a parte final de todo processo produtivo. Após o produto ser finalizado, é levado para a área de pré-embarque onde aguarda a nota-fiscal, para assim ser embarcado. Porém devido ao crescimento inesperado, esse processo tem influenciado os demais, chegando a envolver 80% da capacidade produtiva. Quando a DMJR é contratada pelas operadoras, ela destina toda sua produção para atender esse contrato, e não planeja como será todo o processo. Alguns fatores contribuem para essa oscilação de demanda, entre eles, a falta de controle sobre o que deve ser produzido e entregue no tempo certo e na hora certa. Algumas ordens passam pelo processo produtivo e ficam prontas para enviar ao cliente com até 360 dias antes de sua data de entrega, gerando um estoque de produto acabado por quase 1 ano, ou seja, gera-se um custo

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elevado de estoque, ocupando espaço de produtos que poderiam estar abastecendo ordens com maior urgência.

Outro ponto impactante é o número de veículos envolvidos na operação e a falta de organização no sentido de priorizar os horários de chegada dos veículos. A informação sobre a quantidade de caminhões usados não é disponibilizada, bem como sobre a frequência e programação de veículos. Em outro ponto, tem-se um volume muito alto de recebimento de matéria-prima, sendo necessários para ordens futuras ou projetos ainda em fase de aprovação para produção. Isso gera efeito colateral devido a locação de espaços com custos de transportes para transferências de estoques, o que reduz a capacidade logística da empresa.

Todos esses fatores levam o processo de expedição a sofrer com a pressão diária para enviar as ordens para o cliente. Um ponto que causa uma das maiores dificuldades para esse processo é a falta de coordenação de ordens e de produtos, que provoca movimentação interna indevida e errônea, o que compromete outras operações como o embarque de produtos. Ainda deve-se adicionar o tempo da auditoria para o embarque, onde passa por duas auditorias, a do pré OQC (Out Quality Control), e do OQC (Out Quality

Control). Os processos de auditoria acontecem quando o material já está sendo

embarcado, aumentando o tempo de embarque, porém garantindo que não sejam feitos embarques errados, com ordens sem todos os volumes, ou até mesmo notas fiscais que não tem volumes embarcados. Essas garantias, tanto de embarque quanto da acomodação dos volumes dentro do veículo são feitas pelo time do cliente. Porém não é feita a otimização dos volumes na carga, onde se pode ganhar volume de embarque, os materiais são dispostos sem empilhamentos altos e mal organizados, tudo para garantir a integridade dos produtos. Os volumes influenciam negativamente nos aspectos de cubagem, devido à diversidade de embalagens e várias formas de equipamentos usados pela empresa dificultam a disposição dentro do veículo.

Após seu embarque, as ordens são relacionadas e assim o caminhão liberado para seu destino. A DMJR como líder no fornecimento de redes de telecomunicações da próxima geração tem como clientes a grande maioria das empresas de telefonias e um de seus sucessos em suas conquistas seria seus fornecedores (Figura 2)

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Figura 2 - Fornecedores e Cliente

Fonte: autores

4.2 Intervenção Adotada

A partir da avaliação organizacional, foi possível elencar, no Quadro 2, os problemas em relação ao efeito chicote, as prováveis causas e as ações recomendadas, bem como o departamento responsável e tempo.

Quadro 2 - Problema, causa e ação

Problema Causa Ação Responsável Inicio Fim

Informações Partilhadas

Falta de

entendimento da

dinâmica do sistema

Integração dos sistemas interdepartamentais Comercial e Produção 02/2015 09/2015 Excesso de compartilhamento de dados eletrônicos Controle de dados a serem compartilhados Planejamento e Produção 02/2015 07/2015 Alinhamento de Canal Estoque de vendas não negociável Terceirização do processo logístico Logística e Planejamento 01/2015 07/2015 Eficiência Operacional Tempo de entrega da ordem muito estendido

Redução do Lead Time Produção 04/2015 Contínuo

Excesso de estoque sem ordem de importância Redução de estoque, controle de ordem de importância Logística e Planejamento 04/2015 Contínuo

Fonte: autores baseados em Lee; Padmanabhan; Whang (1997a)

Um problema detectado corresponde às informações partilhadas, devido à falta de entendimento da dinâmica do sistema, que afeta diretamente o departamento comercial e produção, e sua solução seria a integração dos sistemas interdepartamentais tal qual ilustrado por Mancilla e Sepúlveda (2017). E outra causa possível era o excesso de compartilhamento de dados eletrônicos, de responsabilidade do departamento de

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planejamento e da produção, e sua solução consistiu em controlar os dados a serem compartilhados.

Outro problema era relacionado com alto estoque de vendas não negociável, sendo os setores responsáveis o departamento de planejamento e o departamento logístico, que se resolveria com uma possível terceirização do processo logístico. Em relação a eficiência operacional, o alto volume de produto acabado e o tempo de entrega exagerada poderia ser resolvido com redução de estoque e um controle total na ordem de importância. De acordo com análises, foi possível diagnosticar que a principal causa do Efeito Chicote na DMJR, consiste na falta ou ineficiência de informações partilhadas. Para diminuir a amplitude da previsão de demanda que é o fator que mais contribui para os problemas relacionados com a falta ou ineficiência das informações partilhadas, foi proposto e implementado um plano de ação específico.

4.2.1. Plano de ação especifico

Conforme a sequência de processos para entrada de pedidos e geração de ordem de produção, notou-se a ausência de prazos para a entrega do pedido ao cliente. Sendo assim, pode perceber-se que esse item é de fundamental importância para todo o planejamento de processos e para a previsão de demanda, o que diminui o fenômeno. Esse fator ajuda também a diminuir o número de ordens que são produzidas, com datas muito avançadas para sua entrega, que aumenta o estoque de produto acabado e reduz o nível de matéria-prima estocada, que pode ser usada em ordens urgentes.

Para a implementação desse campo, e torná-lo como item de checagem para processamento de pedidos, foi necessário estabelecer que o compartilhamento dessas informações seja realizado primeiramente entre os setores responsáveis pelo cadastro desses pedidos no sistema da DMJR. Após essa implementação, foi necessário medir sua eficiência, por meio do volume de estoque de produtos acabados, e o tempo que esses pedidos levavam para serem embarcados para o cliente final. Após a implementação dos prazos de entregas, foi possível verificar outros fatores para diminuir a amplificação de demanda. Para maior agilidade nos processos de cadastramento da ordem no sistema da DMJR, podem-se adiantar as barreiras de preço e estoques, em que a ordem passa para chegar efetivamente à produção, sendo assim, os departamentos que monitoram essas

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barreiras podem dedicar maior atenção ao que se deve produzir, e o que já está pronto para embarque.

A expedição, por sua vez, recebe resumo do que se deve entregar, com datas estipuladas e prioridades da programação de entrega. Isso ajudou também a monitorar o que estava sendo produzido e o que não foi. A auditoria de embarque OQC (Out Quality Control) deixou de fazer auditoria com o material separado na ilha, reduzindo o tempo desse processo. Por sua vez, garantiu que no processo de embarque todos os materiais sejam auditados na porta do caminhão, ou seja, todo o processo feito anteriormente com o material parado, agora é feito com o material entrando no caminhão, o que forçou a produção a garantir melhor qualidade de serviço para evitar possíveis atrasos no embarque.

O cronograma foi um balizador das ações a serem implantadas, e sinalizou o panorama geral do que foi executado, e suas respectivas responsabilidades. O Quadro 3 demonstra as ações implementadas de medidas de controle do efeito chicote na empresa DMJR.

Quadro 3 - Metas de controle do Efeito Chicote

Medida Quem Como Por que J F M A M J

Integração de Sistemas Interdepartamentais Comercial Produção Aumentar o fluxo de informações sobre o cliente Informações podem auxiliar a programação de produção, evitando o acúmulo de estoque de produtos acabados Implantação do Campo “data de entrega” nas ordens de produção TI Aumentar o filtro no cadastro da ordem de produção A informação pode auxiliar a programação de produção, transportes, entre outros Controle do estoque de produtos acabados Expedição Embarcar as ordens de produção prontas, com datas de entrega em dia Diminuindo o estoque de produtos acabados,

reduz o custo com estoques da empresa Indicador de desempenho (controle do tempo de entrega da ordem) Comercial Produção Expedição Medir o tempo de entrega das ordens desde sua aceitação no Comercial até a Expedição

Garantir que a ordem seja produzida no tempo

certo e entregue no tempo e lugar certo

Fonte: autores

Essas medidas adotadas estão focadas na integração dos sistemas interdepartamentais, implantação do campo “data de entrega”, e no controle de ordens de produto acabado, com o objetivo de reduzir o acúmulo do produto acabado, assim com menor custo de estoques.

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E no indicador de desempenho, o controle do tempo de entrega de ordem foi regularizado, reduzindo tempo com estoques em movimento, e principalmente a redução de custos.

Ainda como medida corretiva, o controle das ações tomadas foi medido semanalmente. Ou seja, um indicador de desempenho para evidenciar a manutenção da variação na amplitude da demanda. Outro controle foi estabelecido em relação ao tempo que a ordem fica parada na expedição, até o momento de embarque. Esses indicadores de tempo apontam se os processos estão afinados, conforme as necessidades do cliente. Em caso de aumento de tempo de produto acabado parado na expedição é sinal de falha na tramitação da informação ao longo do processo, o que pode gerar novamente estoque de produto acabado. Na fase atual é analisado o motivo da ocorrência, e se for por problemas de informação do cliente que não foi cadastrado no sistema, se deve retornar ao início do processo e rastrear a falha, corrigir, e garantir que não aconteça novamente. Esses indicadores apenas evidenciam o controle da variação de demanda, apontando se há ou não o Efeito Chicote.

4.3 Resultados Alcançados

Analisando a empresa, notou-se uma grande falta de percepção na gestão da cadeia de suprimentos, sendo visivelmente clara a falta de coordenação dos processos internos, afetando diretamente os clientes. Foi possível avaliar algumas soluções viáveis para a redução do problema, e enfatizou-se que o plano de melhoria deve ser sempre refeito, para a percepção de outros pontos conforme a situação da empresa no momento, como sugerido por Jin, Dehoratius e Schmidt (2017). A partir da melhora do fluxo de informações dentro da empresa, como proposto por Cannella e Ciancimino (2010), com controles em planilhas e outras ferramentas, foi alcançado o nível adequado de controle do que ocorre na cadeia de suprimentos onde a empresa está situada, e, com isso, estão sendo tomadas ações estratégicas para a melhoria da operação em contexto geral.

Ao estabelecer o plano de ação inicial, foi possível perceber que o ambiente geral da operação ficou mais alinhado e concatenado com o fluxo entre as empresas e a intensidade da operação tornou-se mais focada e controlada. Isso ajudou, também, a visualizar situações que antes não eram possíveis de ser observadas, devido à apuração momentânea e o volume produtivo alto; com isso, a visão sistêmica sobre o processo

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produtivo e logístico ganha dimensão estratégica. Os demais planos de ação proveram a empresa, um panorama diferente do trabalhado até o momento, tornando-se assim objeto de estudo para futuras situações similares. Na atual situação, a empresa implementou ferramentas que abordam a administração da cadeia de suprimentos, mas mantendo o foco em produção, isso devido à grande vantagem competitiva e a sua ampla participação no mercado. Apesar de não se ter uma política para redução de custos, e focar apenas na disseminação dos produtos, esses aspectos podem gerar altos custos, devido à desorganização dos processos que ainda impera.

Um ponto interessante foi a melhoria no mapeamento do processo, pois quanto menor o caminho das informações pertinentes a cadeia de suprimentos melhor o fluxo delas, o que tem gerado informações valiosas para planejamento estratégico mais eficaz. Também, sugeriu a melhoria na captação dos pedidos, para que sejam sintonizados conforme o potencial da empresa, padronizando alguns fatores estratégicos da empresa.

5. CONCLUSÃO

Ao implementar as ações propostas, a empresa diminuiu a percepção da amplificação da demanda na cadeia de suprimento onde a empresa está inserida, porém como o efeito chicote é uma síndrome multicausal, outras ações devem aplicadas. Uma possível ação seria a empresa assumir a coordenação da cadeia de suprimentos, tanto no sentido jusante quanto no sentido montante. É importante salientar a necessidade de coordenação e alinhamento entre os membros de uma cadeia de suprimentos na tentativa de diminuir a percepção do efeito chicote, cuja eliminação total é praticamente improvável.

Embora tenha sido possível elucidar parte do fenômeno, sugere-se que seja dada continuidade nas ações empreendidas no trabalho, para que a empresa tenha uma visão real de suas necessidades, tornando sua operação mais segura, econômica e eficaz, além da possibilidade de replicação dessas ações em outras empresas, de outros setores. Mesmo com a aplicação de ações recomendadas por Chatfield (2013), Lee, Padmanabhan e Whang (1997a) e Murfield e Tate(2017), e com o êxito obtido, trata-se de um estudo limitado a uma única empresa, e destarte os achados e resultados possam replicados, torna-se necessária a avalição de outras empresas e de outros setores para validar o desenho das ações empreendidas.

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As contribuições deste artigo no ambiente acadêmico estão diretamente relacionadas com a aplicação dos conhecimentos teóricos em empresa de grande porte atuante no mercado, embora seja salutar o contínuo aperfeiçoamento e estudos sobre o fenômeno observado.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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Submetido: 11 de abril de 2017 Aceito: 30 de outubro de 2017

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Figura 2 - Fornecedores e Cliente

Referências

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