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DESENVOLVIMENTO DE UMA ESCALA PARA MENSURAR A CAPACIDADE DE ABSORÇÃO EM PEQUENAS EMPRESAS

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N o m e d o A u to r

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N o m e d o A u to r

A capacidade de absorção (ACAP) surgiu em 1989 como um processo de aprendizagem fundamental à organização, inicialmente sua mensuração ocorria por meio da utilização de

indicadores proxies como gastos e investimentos em Pesquisa

e Desenvolvimento (P&D). Em 2002 um conceito mais elaborado e difundido, definiu a ACAP como um conjunto de rotinas e processos organizacionais, pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e aplicam conhecimentos,

com o intuito de produzir capacidade dinâmica. Apesar do interesse crescente no assunto, poucos estudos conseguem

capturar a riqueza e multidimensionalidade do conceito da ACAP. A criação de uma escala de medição da capacidade de

absorção surge como uma ferramenta útil para os gestores avaliarem os pontos fortes e aqueles que precisam de maior zelo em relação à capacidade de absorção de sua organização, pois, assim como outros recursos intangíveis, a ACAP necessita

de atenção gerencial e investimentos constantes para manutenção da vantagem competitiva sustentável. O objetivo

deste estudo é o desenvolvimento de uma medida multidimensional para a capacidade de absorção, em pequenas e médias empresas, direcionada ao contexto brasileiro. O estudo inclui o desenvolvimento da escala e análise fatorial exploratória e confirmatória em uma amostra constituída por 309 empresas brasileiras do setor de comércio

e serviços.

Orientador: Éverton Luís Pellizaro de Lorenzi Cancellier, Dr

Florianópolis, 2015

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DESENVOLVIMENTO DE UMA

ESCALA PARA MENSURAR A

CAPACIDADE DE ABSORÇÃO EM

PEQUENAS EMPRESAS

ANO

2015

C RI ST IN A D EFRE YN T EN C ON I| D ES ENV O LV IM ENT O D E U M A E SC A LA P A R A M ENS U R A R A C A P A C ID A D E D E A BS O R Ç Ã O E M P EQ U ENA S E M P R ES A S

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECÔNOMICAS – ESAG

MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

CRISTINA DEFREYN TENCONI

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CRISTINA DEFREYN TENCONI

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESCALA PARA MENSURAR A CAPACIDADE DE ABSORÇÃO EM PEQUENAS

EMPRESAS.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Administração, na Linha de Pesquisa de Organizações, Tecnologias e Gestão, do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Éverton Luís Pellizaro de Lorenzi Cancellier, Dr

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T289d Tenconi, Cristina Defreyn

Desenvolvimento de uma escala para mensurar a capacidade de

absorção em pequenas empresas / Cristina Defreyn Tenconi. – 2015.

251 p. ; 21 cm

Orientadora: Éverton Luís Pellizaro de Lorenzi Cancellier Bibliografia: p. 195-219

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2015.

1. Empresas - Brasil. 2. Pequenas e médias empresas -

Administração. I. Cancellier, Éverton Luís Pellizaro de Lorenzi. II. Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDD: 338.70981 – 20.ed.

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CRISTINA DEFREYN TENCONI

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESCALA PARA MENSURAR A CAPACIDADE DE ABSORÇÃO EM PEQUENAS EMPRESAS.

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Acadêmico em Administração do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção de grau de Mestre em Administração.

Banca Examinadora

Orientador:

Dr. Everton Luís Pellizzaro de Lorenzi Cancellier

Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro: Dr. Rafael Tezza

Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro Externo:

Dr. Grace Vieira Becker

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela vida, pela saúde e por dar-me forças para perseguir e concluir mais este objetivo.

Aos meus pais, Sergio e Cleide, que despertaram o senso crítico e a vontade do saber, que me ensinaram grandes valores, o sentido do amor e da busca pelo conhecimento.

A meu esposo Jaison, pelo amor, carinho, vírgulas, compreensão e pelo apoio incondicional durante este período de imersão.

Ao orientador desse estudo, Prof. Dr. Éverton Luis Pellizzaro de Lorenzi Cancellier, pela orientação e valiosa contribuição, com seus ensinamentos e percepção de vida.

Ao Prof. Rafael Tezza e Profa. Grace Vieira Becker, pela disponibilidade em participar da avaliação deste estudo.

À Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC/ESAG, universidade pública e de qualidade, que me recebeu de portas abertas e que me possibilitou grandes transformações e crescimento.

Aos meus colegas do Programa de Mestrado em Administração da UDESC/ESAG, pelas trocas de experiência e pela amizade.

À Camila Pagani, pela troca de experiência, auxílio, motivação e por ter superado qualquer expectativa que uma amizade pode oferecer.

Aos companheiros, Rafael Maciel, Marcio Karsen e Diego Garrido, pelo auxílio e comprometimento com a aplicação e coleta dos questionários e por terem tornado esta etapa mais leve.

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por estarem mesmo assim presentes em pensamento, incentivando a finalização do processo.

Aos professores do mestrado, grandes mestres, por semearem reflexões importantes para a minha formação como pesquisadora e dos quais jamais esquecerei.

Aos gestores Fernando L. Cassini e Robison de Souza pelo apoio, compreensão e por propiciarem o tempo necessário ao término deste trabalho.

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RESUMO

A capacidade de absorção (ACAP) surgiu nos estudos de Cohen e Levinthal (1989) como um processo de aprendizagem fundamental à organização, inicialmente sua mensuração ocorria por meio da utilização de indicadores proxies como gastos e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para medir sua intensidade. O conceito desenvolvido por Zaha e George (2002), utilizado neste estudo, apresenta o conceito mais elaborado e difundido, definindo a ACAP como um conjunto de rotinas e processos organizacionais, pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e aplicam conhecimentos, com o intuito de produzir capacidade dinâmica. Apesar do interesse crescente no assunto, poucos estudos conseguem capturar a riqueza e multidimensionalidade do conceito da ACAP. A criação de uma escala de medição da capacidade de absorção surge como uma ferramenta útil para os gestores avaliarem os pontos fortes e aqueles que precisam de maior zelo em relação à capacidade de absorção de sua organização, pois, assim como outros recursos intangíveis, a ACAP necessita de atenção gerencial e investimentos constantes para manutenção da vantagem competitiva sustentável. Portanto, o objetivo deste estudo é o desenvolvimento de uma medida multidimensional para a capacidade de absorção, em pequenas e médias empresas, direcionada ao contexto brasileiro. O estudo inclui a análise fatorial exploratória e confirmatória em uma amostra constituída por 309 empresas brasileiras do setor de comércio e serviços.

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ABSTRACT

The absorption capacity (ACAP) emerged in the studies of Cohen and Levinthal (1989) as a process of fundamental learning to the organization. Initially, its measurement occurred through the use of proxies’ indicators such as spending and investment in Research and Development (R & D) to measure the intensity. The concept developed by Zaha and George (2002), used in this study, presents the most elaborate and broad concept by defining the ACAP as a set of organizational processes and routines by which businesses acquire, assimilate, transform and apply knowledge to produce a dynamic capability. Despite the growing interest in the subject, few studies capture the richness and multidimensionality of the ACAP concept. The creation of a measuring scale of absorption capacity emerges as a useful tool for managers to evaluate the strengths and those who need of greater zeal about the absorption capacity of their organization. Thus, like other intangible assets, the ACAP requires the management attention and constant investments to maintain the sustainable competitive advantage. Therefore, the study’s aim is to develop a multi-dimensional measure to the absorption capacity of small and medium enterprises and directed to the Brazilian context. The research includes an exploratory and confirmatory factor analysis on a sample of 309 Brazilian companies in the trade and services sector.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACAP Capacidade de Absorção/Absortiva AIC Critério de Informação de Akaike BIC Critério de Informação Bayesiano BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

ECOP Escolas de Comunidades de Práticas EO Orientação Empreendedora

ERP Enterprise Resource Planning KMO Kaiser Meyer Olkin

LMT Baixa e Media Tecnologia PME Pequenas e Medias Empresas PACAP Capacidade de Absorção Potencial P&D Pesquisa e Desenvolvimento RACAP Capacidade de Absorção Realizada RBV Visão Baseada em Recursos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 29

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 29 1.2 JUSTIFICATIVADAPESQUISA ... 30 1.3 PROBLEMADEPESQUISA ... 32 1.4 LIMITAÇÃODAPESQUISA... 34 1.5 OBJETIVOS ... 35

1.5.1 Objetivo Geral ... 35 1.5.2 Objetivos Específicos ... 35 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 37

2.1 CAPACIDADEDEABSORÇÃO ... 37

2.1.1 Conceito e evolução ... 38 2.1.2 Dimensões da capacidade de Absorção ... 47

2.1.2.1 Capacidade Potencial... 52 2.1.2.2 Capacidade Realizada ... 55 2.2 MEDIDASEESCALASDACAPACIDADEDE

ABSORÇÃO ... 59

2.2.1 Estudos de Caso ... 62 2.2.2 Indicadores proxy ... 65 2.2.3 Instrumentos de Percepção ... 72 2.2.4 Escalas multidimensionais da ACAP ... 77

2.2.4.1 Escala desenvolvida por Jansen, Van Den Brosch e Volberda (2005) ... 78 2.2.4.2 Escala desenvolvida por Lichenthaler (2009) ... 85 2.2.4.3 Escala desenvolvida por Cadiz, Sawyer e Griffith (2009) ... 88 2.2.4.4 Escala desenvolvida por Camisón e Forés (2010) ... 90 2.2.4.5 Escala desenvolvida por Kotabe, Jiang e Murray (2011)

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2.2.4.10 ... Escala desenvolvida por Chauvet (2014) ... 106 2.2.4.11 ... Escala desenvolvida por Sciascia, D´Oria, Bruni e Larrañeta (2014) ... 108 2.2.4.12 ... Escala desenvolvida por Thomas e Wood (2014)

... 110

2.2.5 Análise das escalas ... 117

2.3 PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS(PME´S) ... 119 2.4 DESENVOLVIMENTODEESCALA ... 124

2.5 TIPOLOGIASDEESCALAS ... 125

2.5.1 Escalas de Atitude ... 126

2.5.1.1 Escala de Thurstone ... 126 2.5.1.2 Escala Likert ... 127 2.5.1.3 Escala de Guttman ... 128

2.5.2 Escala Semântica Diferencial ... 129

2.5.2.1 Escala Visual Analógica ... 130 2.6 VANTAGENSEDESVANTAGENSDASESCALAS .... ... 130 2.7 ELABORAÇÃODEUMCONJUNTODEITENS ... 132 2.8 ELABORAÇÃODEQUESTIONÁRIO ... 133

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 135 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 141

4.1 GERAÇÃODOCONJUNTODEITENSDEESCALA ... ... 141

4.1.1 Pré-teste da escala de itens ... 150 4.1.2 Coleta de dados ... 157 4.1.3 Análise dos dados ... 159

4.2 ESCALA FINAL ... 181

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 187

5.1 SUGESTÕESNOVOSESTUDOS ... 190

REFERENCIAS ... 193 APÊNDICE A – REVISÃO DA LITERATURA 1990-2014 .

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1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo apresenta os aspectos introdutórios da capacidade de absorção, indicando a contextualização, objetivos, justificativa da pesquisa e apresentando os limites do estudo.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A absorção de um novo conhecimento auxilia as organizações a tornarem-se mais flexíveis e a alcançar níveis superiores de desempenho. Desta forma, as organizações são capazes de reconhecer oportunidades e ameaças, promover inovação e, com isto, conquistam desempenho superior às organizações que não se valem de seus recursos intangíveis de absorção de conhecimento para a obtenção de vantagem competitiva. Do mesmo modo, as organizações tornam-se capazes de utilizar o conhecimento prévio que, proporciona a capacidade de reconhecer valor à nova informação, possibilitando a assimilação e aplicação para fins comerciais (COHEN; LEVINTHAL, 1990; TODOROVA; DURISIN, 2007; VOLBERDA; FOSS, LYLES, 2010).

Neste contexto, em 1989 surgem os estudos seminais de Cohen e Levinthal introduzindo um novo conceito: a capacidade de absorção (ACAP). Este novo constructo consiste na habilidade das empresas em reconhecer o valor das novas informações, assimilá-las e aplicá-las para fins comerciais. Com o intuito de medir o nível de ACAP nas organizações, os autores propuseram dimensões que possibilitam sua mensuração. As dimensões propostas por Cohen e Levinthal (1989) consistem em: identificação, assimilação e aplicação do conhecimento.

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ferramentas como proxies de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), número de patentes, número de empregados doutores, publicações resultantes de ações de P&D, entre outros indicadores unidimensionais para a mensuração das quatro dimensões que compõe o constructo ACAP.

Flatten et al. (2011) afirmam que indicadores unidimensionais proporcionam resultados conflitantes e enganosos quanto à natureza e contribuições do fenômeno capacidade de absorção. Um exemplo disto pode ser percebido em empresas diferentes que possuem propensões distintas para patentear suas inovações. As próprias patentes diferem em termos de conteúdo de conhecimento. Sendo assim, a ACAP não deve ser explorada como um recurso estático. Para sua mensuração devem ser utilizadas métricas que capturem a complexidade de suas dimensões de forma multidimensional, como um fluxo do processo de absorção de conhecimento (ZAHRA; GEORGE, 2002).

O desenvolvimento de uma escala multidimensional que avalie o grau de engajamento das organizações, no processo de transformação do conhecimento externo adquirido para obtenção de vantagem competitiva, torna-se essencial para a avaliação das forças e fraquezas quanto à aplicação da ACAP por estas organizações. Uma escala multidimensional proporciona a possibilidade de maior compreensão da efetiva utilização da capacidade de absorção (FLATTEN et al., 2011).

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

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poucos modelos analíticos que analisem ao longo do tempo, proporcionando um estudo que viabilize a investigação dos caminhos da mudança (VOLBERDA; FOSS; LYLES, 2010).

Neste contexto Lane, Koka e Pathak (2006) indicam que o desenvolvimento e a manutenção da ACAP são fatores decisivos à sobrevivência de longo prazo da organização, visto que essa capacidade pode reforçar, complementar, ou refinar o alicerce de conhecimento da organização. Além disso, poucos estudos têm explorado o constructo original de Cohen e Levinthal (1990), deixando a desejar na fundamentação e aprofundamento do assunto. Portanto, instrumentos de mensuração do constructo são essenciais para a avaliação da ACAP nas empresas ao longo do tempo (CAMISÓN; FORÉS, 2010).

A ACAP consiste em uma complexidade de recursos aliados às capacidades individuais dos membros da organização, que em conjunto produzem capacidade de absorção para obter desempenho superior em ambientes com rápidas mudanças. Medidas unidimensionais e quantitativas direcionados à P&D não conseguem contemplar a complexidade do assunto. Deste modo, para compreender o fenômeno como um todo, faz-se necessária a aplicação de um modelo multidimensional que capture a complexidade das dimensões que compõe a capacidade de absorção (SCHMIDT, 2010).

Neste sentido, Lane, Koka, Pathak (2002) advertem que apesar do interesse crescente no assunto, poucos estudos conseguem capturar a riqueza e multidimensionalidade do conceito. Enquanto a maioria dos estudos centra-se nos benefícios competitivos da capacidade de absorção, antecedentes organizacionais estão sendo amplamente ignorados.

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avaliarem os pontos fortes e aqueles que precisam de maior zelo em relação à capacidade de absorção de sua organização, pois, assim como outros recursos intangíveis, a ACAP necessita de atenção gerencial e investimentos constantes para manutenção da vantagem competitiva sustentável (FLATTEN et al., 2011).

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Considerando que há poucos estudos empíricos em torno da ACAP, a criação de uma escala multidimensional aplicada ao contexto nacional, irá auxiliar o desenvolvimento de futuros estudos pautados em uma escala testada e aceita (FLATTEN et al., 2011). Estudos recentes de desenvolvimento de escalas têm sido aplicados em outros países, contudo, a generalização de escalas aplicadas em estudos internacionais com empresas importantes às suas economias, e ainda, com países em realidades distintas, poderá inviabilizar a pesquisa (CAMISÓN; FÓRES, 2010).

A escolha da escala de Flatten et al. (2011) como base para o desenvolvimento da escala própria, se deve ao estudo proporcionar, uma amostra robusta e aleatória, que incorpora um amplo conjunto de empresas no contexto alemão, uma escala generalizável, a qual permite a replicação, garantindo resultados válidos, facilitando a replicação e comparação entre estudos (FLATTEN et al., 2011).

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empresas possuem maior flexibilidade e podem assimilar e transformar mais facilmente seus conhecimentos.

A escolha do porte das empresas deve-se, ainda, à representatividade das empresas na economia nacional. Como demonstra a Figura 6, as pequenas e médias empresas atuam fortemente no país. As PMEs possuem especificidades importantes a serem avaliadas, como a escassez de recursos, de tempo e de funcionários qualificados, fatores que levam à dificuldade na captação de clientes e recursos necessários à inovação, elemento crítico à geração de receita nas empresas. Diante deste cenário, desenvolver a capacidade de absorção se torna essencial à sobrevivência destas empresas (CHAUVET, 2014; DAY, 2000).

Além disso, as PMEs possuem menores restrições na tomada de decisões quando comparadas às grandes empresas, por possuírem menores níveis intermediários de gestores ou quadro de conselheiros (LING et al., 2008). Desta forma, o gestor possui um grande conhecimento do processo organizacional e dos aspectos empresariais, garantindo uma visão holística da empresa.

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Figura 1- Número de micro e pequenas empresas por setor de atividade econômica no Brasil em 2012

Fonte: DIEESE; SEADE; MTE; FAT; Convênios regionais. Pesquisa de Emprego e Desemprego: PED. São Paulo, 2008 e 2012

A pesquisa encomendada pelo DIEESE tomou como base os setores de maior relevância econômica para o país: indústria, construção, comércio e serviço. Dentre os setores da economia, pode-se perceber que os setores de comércio e serviços representam 81% do total da economia do Sul do país no período.

1.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA

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Devido à representatividade das PMEs no país, a escolha pelos setores de comércio e serviços justifica-se pela robusta participação dos mesmos na amostra do porte das empresas escolhidas, contribuindo para uma amostra mais significativa. Além da delimitação do porte e setor das empresas, a escala desenvolvida será voltada ao dirigente ou gerente do estabelecimento. Os principais dirigentes foram escolhidos considerando que estes são os mais informados sobre as capacidades e estratégias das empresas (DIEESE, 2012; FLATTEN et al., 2011; SCIASCIA et al., 2014).

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

Desenvolvimento de uma medida multidimensional de mensuração para a capacidade de absorção, nas pequenas e médias empresas, direcionado ao contexto brasileiro.

1.5.2 Objetivos Específicos

Para cumprir o objetivo geral, são estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

1) Desenvolver escala de capacidade de absorção adaptada ao contexto de pequenas e médias empresas no Brasil; 2) Aplicar a escala desenvolvida em uma amostra de

pequenas e médias empresas brasileiras nos setores de comércio e serviços.

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utilizando outros estudos e conceitos que se fizeram necessários para a identificação dos itens possíveis para compor o conjunto de itens da escala em cada uma das dimensões da capacidade de absorção. Em seguida, foram realizadas entrevistas com especialistas acadêmicos e gestores para identificar ambiguidades e eliminar dificuldades de compreensão dos itens.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CAPACIDADE DE ABSORÇÃO

O presente capítulo aborda a construção da Capacidade de Absorção (ACAP). Por meio de uma revisão bibliográfica, será apresentada a constituição do conceito, sua evolução, as dimensões propostas e as diferentes formas de mensuração da ACAP.

O conceito de capacidade de absorção (ACAP) surgiu com os estudos de Cohen e Levinthal (1989) com a definição da ACAP como um processo de aprendizagem fundamental que consiste na capacidade da empresa em reconhecer o valor do novo conhecimento externo, assimilá-lo e aplicá-lo para fins comerciais. No âmbito organizacional, a ACAP pode ser entendida como uma capacidade dinâmica que permite, às empresas, a criação de valor para auferir e sustentar uma vantagem competitiva por meio da gestão do conhecimento externo. (COHEN; LEVINTHAL, 1989; CAMISÓM; FORÉS, 2010).

Outros conceitos de ACAP abordam o constructo como uma capacidade do indivíduo e percebem a capacidade de absorção como um aglomerado de capacidades individuais dos empregados da organização que, em conjunto, produzem uma competência de ordem superior objetivando a conquista da vantagem competitiva. Neste sentido, a ACAP corresponde a um amplo conjunto de habilidades necessárias para lidar com o componente tácito do conhecimento a ser transferido externamente e a necessidade de modificar esse conhecimento permitindo à empresa lidar com ambientes de rápida mudança (MOWERY et al., 1996; ZAHA e GEORGE, 2002).

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adquirem, assimilam, transformam e exploram conhecimento para produzir uma capacitação dinâmica (ZAHA e GEORGE, 2002; TODOROVA e DURSIN, 2007).

Os próximos subtítulos identificam os estudos subsequentes que surgiram para contribuir com o desenvolvimento da ACAP, apresentando os conceitos, evolução, as dimensões e as formas de mensurar a capacidade de absorção.

2.1.1 Conceito e evolução

Os estudos seminais de Cohen e Lenvithal em 1989, “Innovation and Learning: the two faces of R&D” introduziram a definição da capacidade de absorção, neste primeiro momento, os autores abordam a ACAP como um processo de aprendizagem fundamental à organização, utilizando indicadores proxies como gastos e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para medir sua intensidade.

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Figura 2 - Modelo de Capacidade de Absorção proposto por Cohen e Levinthal (1990)

Fonte: Adaptado de Todorova e Durisin (2007).

Como um processo cognitivo, a capacidade de absorção da organização dependerá da capacidade individual de seus membros em absorver conhecimento. O desempenho tardio da ACAP provoca dificuldades na identificação e apreciação de novas oportunidades, ocasionando uma diminuição em desenvolvimento tecnológico, dirimindo a obtenção de vantagem competitiva. O engajamento no processo interno de inovação torna-se insensível às oportunidades oriundas do ambiente externo COHEN; LEVINTHAL,1990).

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Os regimes de apropriação, que consistem na capacidade da empresa proteger seus conhecimento e ativos, modelam a relação entre a capacidade de absorção realizada e a vantagem competitiva sustentável, portanto, organizações com regimes de apropriação inferior, incorrerão em rendimentos inferiores de conhecimentos absorvidos (ZAHRA; GEORGE, 2002).

Lane e Lubatkin (1998) realizaram uma releitura dos conceitos de Cohen e Levinthal (1990) e identificaram que a capacidade de absorção deve ser analisada com base em alianças estratégicas de dupla aprendizagem, com uma relação professor aluno, em que há uma organização que detêm o conhecimento, denominada no estudo “empresa professor” e outra empresa que absorve o conhecimento, a “empresa

estudante”. O conhecimento novo transmitido pela empresa

professor é absorvido pela empresa estudante somente quando há semelhança entre os processos, práticas, estruturas organizacionais e quando há familiaridade da empresa estudante com relação ao conjunto de problemas que envolvem a empresa professor.

A habilidade de uma empresa estudante ou receptora em aprender com a empresa professora ou remetente depende de suas características em comum. Para Lane e Lubathin (1998), a capacidade de absorção consiste na capacidade de uma empresa estudante avaliar, assimilar e aplicar novo conhecimento a partir de uma empresa professor.

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transformam e exploram conhecimentos com o intuito de produzir capacidade dinâmica.

Para Zaha e George (2002), a capacidade de absorção pode ser dividida em duas naturezas que, em conjunto, permitem a eficiência na criação de valor da organização – capacidade potencial e realizada. A capacidade potencial (ACAP) é definida como um recurso dinâmico relativo à criação de conhecimento e capacidade da empresa em obter vantagem competitiva. A segunda subclasse se refere à capacidade realizada (RACAP) que consiste na aplicação do conhecimento para melhorar o desempenho e produzir vantagem competitiva.

Zahra e George (2002) ampliam o conceito de Cohen e Levinthal (1990) propondo uma nova dimensão - a transformação. A transformação consiste na capacidade de uma empresa combinar os conhecimentos prévios com os conhecimentos externos adquiridos e assimilados. O modelo de Zaha e George (2002) melhor pode ser traduzido pela Figura 3 Figura 3que apresenta as dimensões proposta pelos autores.

Figura 3 - Modelo de Capacidade de Absorção proposto por Zaha e George (2002)

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Como visto, os estudos iniciais de Cohen e Levinthal (1990) percebem os aspectos cognitivos do indivíduo como aspecto fundamental à capacidade de absorção. Posteriormente os processos organizacionais foram abordados por Zaha e George em 2002. Entretanto, os autores colocam em segundo plano o papel do indivíduo no desenvolvimento, implantação e manutenção da ACAP. Lane, Koka e Pathak (2006) retomam a relevância do indivíduo e, indicam os aspectos cognitivos como elemento base à ACAP. Os autores sugerem que os modelos mentais compartilhados entre os membros da organização fornecem “insights” valiosos ao processo de aprendizagem. O estudo propõe um novo modelo de construção da ACAP, em que capacidade de absorção pode ser definida como a habilidade de uma organização em reconhecer o valor por meio da utilização de três processos sequenciais de aprendizagem: exploratória, transformativa e exploradora (de aplicação).

Lane, Koka e Pathak (2006) discutem a separação proposta por Zaha e George (2002) da capacidade de absorção em potencial e realizada. Os autores defendem que esta separação não é possível, pois, desta forma, os resultados são identificados em curto prazo, sem que haja a possibilidade de um fluxo, essencial à vantagem competitiva sustentável, a qual é uma das maiores características da ACAP. Portanto, Lane, Koka e Pathak (2006) identificam suas dimensões que, em conjunto e em fluxo contínuo, formam um novo modelo de capacidade de absorção. Conforme apresentado na Figura 4, os autores consideram em seu modelo os elementos internos e externos que influenciam a ACAP e colocam um fluxo

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Figura 4 - Modelo de Capacidade de Absorção baseado em Lane, Koka e Pathak (2006)

Fonte: Adaptado de Lane, Koka e Pathak (2006)

Assim como Lane, Koka e Pathak (2006), os autores Todorova e Durisin (2007) indicam que a divisão da capacidade de absorção em potencial e realizada proposta por Zaha e George (2002), apresentara lacunas. Os autores defendem que a divisão não é correta por não indicar qual o papel dos dois subconjuntos para a obtenção de vantagem competitiva. O processo de absorção do conhecimento deve ser um processo contínuo, que segundo Todorova e Durisin (2007), envolve “loops” e “feedback”, neste processo, o sucesso na absorção de conhecimentos ao longo do tempo está relacionado à influência das ações absorvidas futuras.

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Figura 5 - Modelo de Capacidade de Absorção baseado em Todorova e Durisin (2007)

Fonte: Adaptado de Todorova e Durisin (2007).

Todorova e Durisin (2007) retomam os estudos originais de Cohen e Levinthal (1990), indicando omissões e ambiguidades no constructo original e, recolocam o reconhecimento de valor como passo anterior à ACAP. Os autores reconceituam os constructos de Zaha e George (2002), advertindo que a transformação não deve preceder a aplicação, mas sim, ser um processo alternativo a mesma. Os autores entendem que a transformação não incide em uma consequência como apresentam Zaha e George (2002), mas, sobretudo, um processo alternativo à assimilação.

Quanto aos mecanismos de integração social, os autores defendem que não só reduzem as barreiras entre assimilação e transformação, aumentando a ACAP como indicado por Zaha e George (2002), como também, acreditam que a influência pode ser negativa ou positiva, afetando todos os componentes da capacidade de absorção.

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componentes (aquisição, assimilação, transformação e aplicação do conhecimento). Os autores retomam o conceito de Zaha e George (2002) agrupando as capacidades em dimensões potencial e realizada.

No entendimento de Jiménez-Barrionuevo, García-Morales, e Molina (2011) as dimensões diferem entre uma organização e outra, e ainda, auxiliam a explicação das distinções no desempenho organizacional entre empresas similares presentes no mesmo ambiente mercadológico. Neste sentido, a partilha e aceitação de novos conhecimentos se torna fundamental para a capacidade de absorção.

O Quadro 1 apresenta por ordem cronológica as diferentes conceituações que trouxeram contribuições à construção da capacidade de absorção utilizada por diferentes autores.

Quadro 1 - Conceituações da Capacidade de Absorção (Continua)

Autor Conceituação

Cohen e Levinthal (1989)

Capacidade de Absorção refere-se à habilidade de reconhecer o valor de novas informações, assimilá-las e aplica-las para fins comerciais.

Lane e Lubatkin (1998)

Capacidade de absorção consiste na capacidade de uma empresa estudante avaliar, assimilar e aplicar o novo conhecimento a partir de uma empresa professor.

Zahra e George (2002)

Capacidade de Absorção refere-se a um conjunto dinâmico de rotinas e processos organizacionais pelos quais as firmas adquirem, assimilam, transformam e exploram conhecimento para produzir uma capacitação dinâmica.

Lane et al (2006)

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Quadro 1 - Conceituações da Capacidade de Absorção (Conclusão)

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Zahra e George (2002) ampliam a concepção original de ACAP definida por Cohen e Levinthal (1989) que divide a capacidade de absorção em três dimensões: capacidade de identificar, assimilar e explorar o conhecimento adquirido de fontes externas, para quatro dimensões: adquirir, assimilar, transformar e explorar. Os autores consideram que as dimensões da ACAP podem ser divididas conforme sua natureza em potencial (aquisição e assimilação de conhecimento) e realizada (transformação e aplicação do conhecimento). A nova construção de ACAP proposta por Zaha e George (2002) possibilita que as organizações explorem novos conhecimentos e fornecem recursos intangíveis cruciais ao desejado desempenho superior que possibilita a vantagem competitiva organizacional (Teece, Pisano e Shuen, 1997).

Conforme indicam Zahra e George (2002) a vantagem competitiva é alcançada por meio da inovação e flexibilidade estratégica. As etapas potencial e realizada definida pelos autores possibilitam a renovação nas bases de conhecimento e nas habilidades necessárias à competição. Portanto, as empresas flexíveis na utilização de seus recursos são capazes

Autor Conceituação

Todorova e Durisin (2007)

Capacidade de absorção é definida como a capacidade de uma organização para reconhecer o valor de novos conhecimentos, assimilá-lo e transformá-lo, implementando e utilizando estes conhecimentos.

Jimenez-

Barrionuevo et. al, (2011)

(48)

de identificar e reconfigurar seus recursos para a captação de estratégias emergentes.

Com base nos conceitos de ACAP apresentados, o conceito adotado no presente estudo é o modelo desenhado por Zaha e George que compreende quatro dimensões consideradas as mais representativas do constructo capacidade de absorção, dividindo as capacidades em potencial (aquisição e assimilação) e realizada (transformação e aplicação). Os autores e as dimensões da capacidade de absorção propostas serão apresentadas no subtítulo dimensões da capacidade de absorção.

2.1.2 Dimensões da capacidade de absorção

Os primeiros estudos da capacidade surgiram com Cohen e Levinthal em 1989 quando os autores estudaram a capacidade que os investimentos e inovações em P&D possuem em gerar novos conhecimentos para criação de novos produtos. Os autores utilizavam indicadores proxies para medir a capacidade de absorção, estes indicadores eram definidos conforme o papel fundamental da pesquisa e desenvolvimento na inovação e aprendizagem organizacional. A partir da análise dos indicadores, os autores apontam o surgimento das dimensões da ACAP: identificação (reconhecimento), assimilação e aplicação do conhecimento externo.

(49)

conhecimento externo. A segunda dimensão proposta pelos autores é a assimilação do conhecimento que ocorre por meio da internalização do novo conhecimento externo adquirido. Por fim, a terceira dimensão incide na capacidade da empresa em comercializar o novo conhecimento assimilado, denominada aplicação (COHEN; LEVINTHAL, 1989).

Lane e Lubatkin (1998) analisaram a capacidade de aprendizagem em relacionamentos interorganizacionais. Baseados nos estudos de Cohen e Levinthal (1989; 1990), os autores indicam que a capacidade de absorção em alianças estratégicas ocorre entre uma organização que detêm o conhecimento, denominada no estudo “empresa professor” e outra empresa que absorve o conhecimento, denotada “empresa

estudante”. Para os autores o processo da ACAP envolve três

dimensões que incidem sobre a habilidade do estudante avaliar, assimilar e comercializar o conhecimento de seu professor. As dimensões são: identificação, assimilação e aplicação do conhecimento.

Posteriormente Zahra e George (2002) identificaram novos constructos que permitiram a agregação de uma nova dimensão de capacidade de absorção. Os autores definem dois subconjuntos da ACAP que agrupam suas quatro dimensões: capacidade potencial (aquisição e assimilação) e capacidade realizada (transformação e aplicação).

(50)

os mecanismos de integração social, que aumentam a eficiência da assimilação e capacidade de transformação reduzindo barreiras de partilha de informação.

Lane, Koka e Pathak (2006) sugerem que a capacidade de absorção consiste na habilidade de uma organização em reconhecer o valor por meio da utilização de três processos sequenciais de aprendizagem: exploratória, transformativa e explotativa (de aplicação).

O primeiro processo sequencial exploratório de aprendizagem ocorre na medida em que a organização se torna capaz de reconhecer e compreender melhor o valor nos conhecimentos potenciais disponíveis. A aprendizagem transformativa, segundo processo, permite a assimilação de novos conhecimentos valiosos. E, por fim, a organização dispõe da capacidade explotativa (de aplicação) quando utiliza a assimilação do conhecimento existente, possibilitando benefícios comerciais e a criação de novos conhecimentos. A capacidade explotativa pode ser descrita como a aplicação do novo conhecimento obtido (LANE; KOKA; PATHAK, 2006).

Os conceitos de Cohen e Levinthal (1990) foram redesenhados por Zaha e George (2002). Todorova e Durisin (2007) realizaram um novo estudo avaliando as alterações realizadas e, em sua análise, os autores perceberam lacunas e ambiguidades nas novas propostas de Zaha e George (2002). Os autores apresentam uma nova proposição para as dimensões da ACAP, retomando a primeira dimensão: reconhecimento de valor, apresentada inicialmente nos estudos de Cohen e Levinthal (1990). Os autores consideram que, sem o aspecto cognitivo do indivíduo, as organizações não são capazes de avaliar as novas informações (reconhecer o valor) e, desta forma, não são capazes de absorver o novo conhecimento, essencial principalmente em ambientes dinâmicos.

(51)

seguinte à assimilação, mas sim, um processo alternativo, que se une à assimilação por diversos caminhos, propondo um ciclo que possibilita capturar o dinamismo e a complexidade do fenômeno. Desta forma, a proposição dos ciclos inviabiliza a conjectura de Zaha e George (2002), dividindo as dimensões em potencial e realizada.

Cadiz, Sawyer e Griffith (2009) realizaram um estudo propondo uma nova forma de mensuração da capacidade de absorção, em seu estudo, desenvolveram seu próprio entendimento das dimensões da ACAP com base nos estudos seminais de Cohen e Levinthal (1990), dividindo a ACAP em três dimensões: avaliação (identificação e filtragem de informações valiosas), assimilação (conversão de novos conhecimentos em conhecimento utilizável) e aplicação (uso de conhecimento).

Para Jiménez-Barrionuevo, García-Morales, e Molina (2011), a aquisição consiste na capacidade da empresa em localizar, identificar, avaliar e adquirir conhecimento externo. Para os autores, a concepção da ACAP consiste nas etapas da investigação em forma de assimilação que, representa a compreensão de conhecimento proveniente de fora da organização e pressupõe a combinação das experiências anteriores com novos conhecimentos, resultando no processo de transformação e aplicação do conhecimento novo. Os autores mantiveram as quatro dimensões da capacidade de absorção discutidas nos estudos de Zaha e George (2002), reforçando as dimensões: aquisição, assimilação, transformação e aplicação do conhecimento. Separando a capacidade em potencial e realizada.

(52)

Quadro 2 -Dimensões da Capacidade de Absorção

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

No presente estudo será utilizada a divisão das capacidades proposta por Zaha e George (2002) em que as dimensões “aquisição” e “assimilação” compõem a capacidade potencial e as dimensões “transformação” e “aplicação”, integram a capacidade realizada. Os autores que propuseram

Autor Dimensões da Capacidade de Absorção

Cohen e Levinthal (1989)

Determinada por meio de três dimensões: identificação (reconhecimento), assimilação e aplicação do conhecimento.

Lane e Lubatkin (1998)

Determinada por meio de três dimensões: identificação, assimilação e aplicação do conhecimento.

Zahra e George (2002)

Determinada por meio de quatro dimensões: aquisição e assimilação (capacidade de absorção potencial); transformação e aplicação (capacidade de absorção realizada).

Lane, Koka e

Patack (2006) Determinada por meio de três processos de aprendizagem: exploratória, transformativa e explotativa ou de aplicação.

Todorova e Durisin (2007)

Determinada por meio de quatro dimensões: reconhecimento de valor, aquisição de conhecimento externo, assimilação e/ou transformação de conhecimento entre firmas e aplicação do conhecimento.

Cadiz, Sawyer e Griffith (2009)

Determinada por meio de três dimensões: avaliação (identificação e filtragem de informações valiosas), assimilação (conversão de novos conhecimentos em conhecimento utilizável) e aplicação (uso de conhecimento).

Jimenez-

Barrionuevo et al.,

(2011)

(53)

suas dimensões para ACAP foram alocados nas capacidades: potencial e realizada, para fins de comparação entre estudos.

2.1.2.1 Capacidade Potencial

A capacidade da empresa em encontrar e utilizar novos conhecimentos depende da capacidade de absorção de seus funcionários e a percepção do conhecimento relevante a ser absorvido. As organizações dependem do conhecimento dos indivíduos para analisar e avaliar os possíveis conhecimentos relevantes, entretanto, a capacidade de absorver novos conhecimentos não depende somente das capacidades individuais dos funcionários, a organização como um todo deve perceber quais os tipos de conhecimentos e experiências são mais raros e valiosos do que outros. Muitas empresas tendem a absorver novos conhecimentos, quando são mais fáceis e baratos, contudo, o conhecimento mais raro é o conhecimento que deve gerar a vantagem competitiva (TODOROVA, DURISIN, 2007).

Quando uma empresa utiliza a capacidade de absorção em situação específica, assimilando e aplicando comercialmente os conhecimentos externos em seus processos internos, ocorre a capacidade de absorção potencial (LANE; KOKA; PATAK, 2006).

A capacidade potencial (PACAP) consiste na capacidade da empresa em adquirir valor externo por meio da construção multidimensional envolvendo a capacidade assimilar, criar valor e aplicar o conhecimento. Os autores apontam que a PACAP indica a combinação de esforços e bases de conhecimento (ZAHA; GEORGE, 2002).

(54)

seus recursos e capacidades podem reconfigurar suas bases de recursos para capitalizar oportunidades estratégicas emergentes (FLATTEN et al., 2011).

Camisón e Forés (2010) afirmam que as duas dimensões da PACAP devem ser estudadas em separado, contudo, executam papel complementar. Portanto, em sequência serão apresentadas as quatro dimensões da capacidade de absorção demonstrando sua complementariedade conforme proposto por Zaha e George (2002).

Aquisição – Esta dimensão foi originalmente identificada por Cohen e Levinthal em 1990, com a denominação: reconhecimento de valor do conhecimento, pesquisadores subsequentes utilizaram a denominação aquisição. A aquisição incide na capacidade que a empresa possui em identificar e adquirir os conhecimentos externos às suas atividades. Em relações de alianças estratégicas, a aquisição consiste na capacidade de compreender o conhecimento referente à relação de confiança entre as partes, a compatibilidade cultural, a base de conhecimento e a relação entre o negócio das partes. Quanto mais esforço for realizado, mais rápido a empresa constrói capacidades. Os esforços despendidos possuem três atributos que podem influenciar a ACAP: intensidade, velocidade e direção. As empresas não conseguem aplicar o conhecimento externo, sem antes adquiri-lo (ZAHA e GEORGE, 2002; JIMENEZ-BARRIONUEVO et al., 2011).

(55)

Quadro 3 - Capacidade de Absorção Potencial - Aquisição Capacidade Potencial: Aquisição de conhecimento

Cohen e

Levinhal (1990) A empresa só reconhece o valor de um novo conhecimento externo quando possui algum conhecimento prévio que possibilite a identificação e aquisição deste novo conhecimento.

Lane e Lubatkin (1998)

Habilidade da empresa em adquirir os conhecimentos externos a fim de facilitar o desenvolvimento das próprias capacidades.

Zaha e George (2002)

Capacidade que a empresa possui em identificar e adquirir os conhecimentos externos às suas atividades.

Lane; Koka;

Pathak, (2006) Processo pelo qual a organização se torna capaz de reconhecer e compreender melhor o valor nos conhecimentos potenciais disponíveis (capacidade exploratória).

Cadiz, Sawyer e Griffith (2009)

Capacidade de identificar e filtrar o conhecimento que será valioso (avaliação).

Jimenez-

Barrionuevo et al.,

(2011)

Capacidade da empresa para localizar, identificar, avaliar e adquirir os conhecimentos externos importantes para o desenvolvimento de suas operações.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

(56)

conhecimento para então assimila-lo (ZAHA e GEORGE, 2002; JIMENEZ-BARRIONUEVO et al., 2011).

O Quadro 4 apresenta a capacidade potencial – assimilação, com os principais conceitos transmitidos por seus autores:

Quadro 4 - Capacidade de Absorção Potencial - Assimilação Capacidade Potencial: Assimilação de conhecimento

Cohen e Levinhal (1990)

Capacidade da empresa em assimilar o novo conhecimento por entendê-lo como essencial à organização.

Lane e Lubatkin (1998)

Habilidade em processar o novo conhecimento, o modificando em relação aos sistemas estabelecidos, permitindo o processamento do conhecimento absorvido na aprendizagem, promovendo a vantagem competitiva sustentável.

Zaha e George (2002)

Conjunto de rotinas e processos que permitem à organização interpretar as informações obtidas de fontes externas.

Lane; Koka;

Pathak, (2006) Processo pelo qual a organização assimila os novos conhecimentos valiosos (capacidade transformativa). Cadiz, Sawyer

e Griffith (2009)

Processo pelo qual a organização organiza o conhecimento adquirido cognitivamente para torná-lo em conhecimento acessível para uso futuro.

Jimenez- Barrionuevo et al.,

(2011)

Capacidade da empresa em compreender, analisar, classificar, processar, interpretar, internalizar e entender o conhecimento (ou informação) externo à organização.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

2.1.2.2 Capacidade Realizada

(57)

Transformação – A capacidade de transformação é a internalização e a conversão dos novos conhecimentos adquiridos e assimilados. Combina conhecimentos existentes com novos conhecimentos adquiridos e consiste na capacidade de reconhecer conjuntos de informação e combiná-las para alcançar novas estruturas cognitivas. Esta capacidade está relacionada com o reconhecimento de oportunidades empresariais. Os recursos de transformação permitem que as empresas desenvolvam novos processos ou adicionem alterações nos processos existentes. A transformação incide na habilidade de uma empresa em reconhecer dois conjuntos de informações aparentemente incongruentes e combiná-los para se chegar a uma nova informação (ZAHA e GEORGE, 2002; JIMENEZ-BARRIONUEVO et al., 2011; FLATTEN et al., 2011).

O Quadro 5 apresenta a capacidade realizada - transformação, com os principais conceitos transmitidos por seus autores:

Quadro 5 - Capacidade de absorção realizada - Transformação

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Aplicação - A capacidade de aplicação do conhecimento possibilita a criação ou melhoria de novos bens, sistemas, processos, formas organizacionais e também competências. Os recursos de aplicação são utilizados para Capacidade Potencial: Transformação de conhecimento

Zaha e George (2002)

Capacidade de a empresa desenvolver e refinar as rotinas, facilitando a combinação de conhecimentos existentes e os recém-adquiridos e assimilados, gerando novos insights, facilitando o reconhecimento de oportunidades.

Jimenez- Barrionuevo et al.,

(2011)

(58)

converter conhecimentos em novos produtos para melhorar o desempenho e vantagem competitiva. A aplicação de informações dependerá das capacidades técnicas da empresa. Quanto maior a capacidade técnica da empresa, maior sua capacidade em compreender e assimilar o conhecimento externo. A aplicação versa no desenvolvimento de rotinas para aplicação dos conhecimentos, criação de novos produtos, sistemas e processos, melhoria das competências existentes, ou até mesmo criação de novas competências. A aplicação é uma dimensão estratégica às empresas, demonstrando sua capacidade em gerar resultados após os esforços em adquirir, assimilar e transformar o novo conhecimento (ZAHA e GEORGE, 2002; JIMENEZ-BARRIONUEVO et al., 2011; FLATTEN et al., 2011).

O Quadro 6 apresenta a capacidade realizada – aplicação, com os principais conceitos transmitidos por seus autores:

Quadro 6 - Capacidade de absorção realizada – Aplicação (Continua)

Capacidade Potencial: Aplicação de conhecimento

Cohen e Levinthal (1990)

Capacidade de a empresa aplicar o novo conhecimento adquirido.

Lane e Lubatkin (1998)

Habilidade de aplicar comercialmente os novos conhecimentos adquiridos para alcançar os objetivos da organização.

Zaha e George

(2002) Rotinas que permitem às empresas aperfeiçoar, estender e alavancar competências existentes em suas operações, ou ainda, criar novas competências. Lane; Koka;

Pathak, (2006) Processo pelo qual a organização o utiliza a assimilação do conhecimento existente possibilitando benefícios comerciais e a criação de novos conhecimentos (capacidade explotativa).

(59)

Capacidade Potencial: Aplicação de conhecimento

Cadiz, Sawyer e Griffith (2009)

Capacidade de assimilar o novo conhecimento, reconhecendo uma situação em que o conhecimento possa ser explorado e utilizado.

Jimenez- Barrionuevo et al.,

(2011)

Capacidade da empresa em incorporar o conhecimento adquirido, assimilado e transformado em suas operações e rotinas para aplicação e uso da empresa.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

As organizações podem desenvolver habilidades para adquirir e assimilar o conhecimento externo (PACAP), entretanto, estas duas dimensões isoladas não são capazes de transformar e aplicar este conhecimento, transformando-o em vantagem competitiva. Portanto, os dois subconjuntos de ACAP são essenciais, contudo, isolados são insuficiente na geração de valor para a empresa (CAMISÓN e FÓRES, 2010).

Cada dimensão desempenha um papel diferente, porém complementar, esclarecendo como a capacidade de absorção pode influenciar os resultados da organização. As quatro dimensões da ACAP são combinadas em dois subconjuntos com diferentes potenciais para a criação de valor - capacidade de absorção potencial e realizada. Como visto, a capacidade potencial permite que a empresa seja receptiva ao conhecimento externo, adquirindo, analisando, interpretando e compreendendo as informações. A capacidade realizada reflete a capacidade da empresa em transformar e explorar os novos conhecimentos, incorporando o novo conhecimento ao existente, em suas operações. Esta capacidade é, portanto, determinada pelas dimensões da transformação e aplicação do conhecimento (JIMENEZ-BARRIONUEVO et al., 2011).

(60)

importante para obtenção da vantagem competitiva sustentável (FLATTEN et al., 2011).

2.2 MEDIDAS E ESCALAS DA CAPACIDADE DE ABSORÇÃO

O desenvolvimento e manutenção da capacidade de absorção é fator essencial para o sucesso e sobrevivência de uma empresa em longo prazo. A ACAP possibilita a empresa reforçar, complementar ou reorientar as bases de conhecimento organizacionais. Portanto, a possibilidade de mensurar a ACAP nas empresas se torna fundamental para a sobrevivência e obtenção de vantagem competitiva sustentável.

As medidas ACAP proporcionam uma ferramenta útil para a avaliação das forças e fraquezas da capacidade de absorção na organização, proporcionando comparação entre outras organizações concorrentes, possibilitando a identificação dos pontos relevantes em que os gestores devem direcionar seus esforços, além de promover a oportunidade de maiores investimentos, permitindo melhorias no desempenho para garantir a vantagem competitiva. No contexto acadêmico, as medidas podem servir, ainda, como uma base para a comparação dos resultados entre estudos e configurações de pesquisa, tornando possível compreender o valor acrescentado de ACAP como uma construção, contribuindo para sua conceituação (ENGELMAN et al., 2010; FLATTEN et al., 2011).

(61)

indicadores proxies possuem a característica de utilização de dados únicos ao nível da empresa para medir a capacidade de absorção, utilizando entrada-orientada (esforços em P&D, capital humano em P&D) ou saída-orientada (patentes e publicações de P&D). Os instrumentos de percepção são realizados por meio de questões aplicadas ao nível operacional.

Uma vasta revisão da literatura nas principais bases de dados (Web of Science, SCOPUS, SAGE Journals Online, ScienceDirect, Oxford Journals, Gale Academic OneFile, Emerald Insight, Cambridge Journals Online, Applied Social Sciences Index and Abstracts (ASSIA) (ProQuest), Wiley Online Library e SocINDEX) foi realizada no período compreendido entre 1990, início dos estudos de capacidade de absorção, até o ano de 2014. No estudo, buscou-se identificar a evolução do constructo e sua respectiva mensuração.

Utilizando a palavra “absorptive capacity” identificamos um

total de 146 artigos que foram separados em: ensaio teórico, estudo qualitativo, medida proxy, escala quantitativa e escala ACAP – multidimensional.

(62)

Conforme apresenta o Gráfico 1, que indica a frequência dos tipos de estudos da ACAP, a revisão literária identificou 146 artigos que foram divididos em: 38 ensaios teóricos, que procuraram o desenvolvimento e melhoria dos conceitos de capacidade de absorção; 19 artigos que analisaram casos específicos em profundidade e ao longo de um período de forma qualitativa; 38 artigos que utilizaram proxies que mensuram de forma quantitativa a ACAP; 20 artigos abordaram a ACAP por meio de instrumentos de percepção utilizando o conceito ACAP unidimensional ou como um componente único, os quais estão identificados como escala quantitativa no gráfico e, por fim, 31 artigos utilizaram o desenvolvimento de escalas multidimensionais. Das escalas multidimensionais, 12 escalas foram desenvolvidas e 19 foram replicações das escalas já desenvolvidas em estudos anteriores.

Gráfico 1 - Artigos de capacidade de absorção de 1990 a 2014

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

(63)

que capture a capacidade de absorção em toda sua complexidade. Portanto, as escalas multidimensionais ACAP tornaram-se mais utilizadas ao longo do tempo, sendo o método mais utilizado de mensuração da ACAP, no ano de 2014, com 47,6% dos artigos produzidos do ano de 2014 abordando o desenvolvimento ou replicação das escalas multidimensionais.

O Gráfico 2 apresenta um panorama da quantidade de estudos proxies e escalas multidimensionais produzidas de 2009 a 2014.

Gráfico 2 - Artigos de proxies e escalas multidimensionais de 2009 a 2014.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Os subtítulos seguintes abordam as diferentes formas de mensuração da capacidade de absorção introduzidas neste tópico, indicando suas especificações, aplicação e frequência de uso.

(64)

Os métodos qualitativos utilizados na mensuração da capacidade de absorção consistem nos estudos de caso, que podem ser únicos ou múltiplos (SCHIMDT, 2009). O estudo de caso único apresenta somente um caso a ser analisado, por exemplo, o estudo de Uotila, Harmaakorpi e Melkas (2006), que aborda a importância da capacidade de absorção na inovação em um estudo de caso único na região Lahti, na Finlândia. A região foi escolhida por ser a líder em inovação no país. O conceito de visão baseada em recursos é utilizado no estudo para identificação dos recursos existentes na promoção das capacidades de inovação e absorção na região para a ascensão do desenvolvimento e inovação.

O estudo de caso múltiplo ocorre em mais de uma empresa, como no estudo de Fernández, Limón e Morales (2012), em que a capacidade de absorção foi analisada em três empresas da indústria de eletroeletrônicos no estado de Tamaulipas, no México. O objetivo do estudo foi a verificação das mudanças recentes realizadas em vários indicadores, como a geração de emprego e índices de produtividade, com base em dados dos últimos três censos econômicos.

O presente estudo realizou uma revisão bibliográfica nas principais bases de dados, abrangendo os anos de 1990 a 2014, identificando um total de 19 artigos com a abordagem de estudo de caso: Cuellar e gallivan (2006); Uotila, Harmaakorpi e Melkas (2006); Balbinot e Marques (2009); Mcadam et al. (2009); Ouimet, M. et al. (2009); Berta et al. (2010); Newey (2010); Melkas, Uotila, Kallio (2010); Steer e Wathne (2010); Cantner e Joel (2011); Biesma et al. (2012); Fernández, Limón e Morales (2012); Enkel e Mezger (2013); Larkin e Burgess (2013); Rose et al. (2013); Sié e Yakhlef (2013); Bengoa e Kaufmann (2014); Bradford e Saad (2014); Manfreda et al. (2014).

(65)

artigos encontrados, apenas 13% utilizavam estudo de caso como método de pesquisa. Como mostra o Quadro 7, o estudo de caso teve maior utilização nos últimos 8 anos. O fato de ser um método novo na análise da ACAP justifica sua pouca representatividade.

Quadro 7 - Estudos de caso nos últimos 10 anos Estudo de Caso nos últimos 10 anos

Ano 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Total 2 0 0 3 4 1 2 4 3

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

A utilização dos métodos qualitativos aplicados à ACAP é importante, pois fornece um histórico do desenvolvimento do constructo e suas alterações ao longo do tempo, com base em diferentes modelos teóricos. Contudo, os modelos analisam a evolução histórica da ACAP por um longo período e não focam na mensuração da ACAP em si, da intensidade e variações da utilização da capacidade de absorção ao longo do tempo (SCHMIDT, 2009).

(66)

2.2.2 Indicadores proxy

Os indicadores proxies de entrada orientada (intensidade de P&D) foram utilizados inicialmente nos estudos de Cohen e Levinthal, em 1989. Os autores identificaram que os esforços (gastos e investimentos) em P&D geram inovações e promovem a capacidade da empresa em identificar, assimilar e explorar o conhecimento externo.

Cohen e Levinthal (1990) sugerem que a capacidade de absorção da empresa depende da capacidade de absorção individual dos funcionários desta empresa, esforços P&D em capital humano surgem pela necessidade de informações relevantes referentes à qualidade do trabalho P&D. A forma de mensuração do capital humano em P&D ocorre por: cálculo do número de funcionários alocados no P&D, percentual de pós-graduados realizando atividade de P&D, proporção de P&D em pesquisa básica (VEUGELERS, 1997), número de funcionários alocados que se dedicam à P&D (MUROVEC e PRODAN, 2009), grau de funcionários que são incumbidos nas atividades de P&D. (MUSCIO, 2007).

(67)

Flatten et al. (2011) apresentou, em seu estudo, uma tabela com os artigos que utilizaram indicadores proxy para mensuração da ACAP, expondo os autores, tópicos de pesquisa e indicadores utilizados nos estudos, com dados de artigos publicados até 2007. Os dados foram atualizados neste trabalho, com artigos publicados até 2014. O resultado é definido no Quadro 8 contendo as diversas proxies utilizadas desde os estudos seminais de Cohen e Levinthal (1989) até 2014 para quantificar a capacidade de absorção utilizando medidas proxy.

Quadro 8 - Estudos que utilizaram proxies para mensurar a capacidade de absorção (Continua)

Tópicos de Pesquisa Proxy Autores

Investimentos em P&D Intensidade de P&D Cohen Levinthal (1989) e Influência dos processos

de gestão de TI com relação ao uso de TI em grandes empresas

Gestão do Conhecimento de TI

Boynton, Zmud, and Jacobs (1994)

Transferência de tecnologia e capacidade nacional de inovação

Os investimentos em educação superior, técnica e acadêmica

Mowery e Oxley (1995)

Alianças estratégicas e transferência de conhecimento na firma

Patentes e intensidade

de P&D Mowery et al. (1996)

Nível de atividades inovativas

Funcionários alocados no P&D, pós-graduados realizando atividade de P&D, proporção de P&D em pesquisa básica

Veugelers (1997)

Investimentos na

(68)

Quadro 8 - Estudos que utilizaram proxies para mensurar a capacidade de absorção (Continua)

Tópicos de Pesquisa Proxy Autores

Produtividade de P&D Número publicações de acadêmicas

Cockburn e Henderson (1998)

Forma de organização e

habilidade Sistemas incentivos de

Vandenbosch, Volberda, e De Boer (1999)

Sucesso da planta de produtos

Produtividade e qualidade do trabalho

Mukherjee,

Mitchell, e Talbot (2000)

Aprendizagem Intensidade P&D de Meeus, Oerlemans e Hage (2001)

Aquisição tecnológica e

desempenho da firma Número patentes de Ahuja (2001) e Katila Desenvolvimento de novos

produtos Intensidade P&D de Stock, Fischer (2001) Greis, e Desempenho da firma e

sucesso nas inovações Intensidade P&D de Tsai (2001) Inovações geradas pela

firma Intensidade P&D de Oltra e Flor (2003) Desenvolvimento da ACAP

Potencial em nível de gestão

Gestão do conhecimento (fluxos de informações)

Lenox e King (2004)

Heterogeneidade em cooperações de P&D I

Intensidade de P&D

Belderbos, Carree, Diederen, Lokshin, e Veugelers (2004) Fatores que afetam a

inovação radical

Intensidade de P&D e capacidade

técnica pessoal Carlo et al. (2006) Relação entre as atividades

de transferência de tecnologia e desempenho da inovação

Intensidade de

P&D Guan et al (2006)

(69)

Quadro 8 - Estudos que utilizaram proxies para mensurar a capacidade de absorção (Continua)

Tópicos de Pesquisa Proxy Autores

Efeitos das operações em pequenas e médias empresas

Grau de funcionários que são incumbidos de

P&D Muscio (2007)

Intensidade de exportação das filiais estrangeiras

Nível salarial das empresas estrangeiras em relação ao nível das empresas nacionais

Nielsen e Pawlik (2007)

Apoio organizacional e influência da ACAP no desempenho da TI sistema ERP

Grau em que os funcionários

compreendem o ERP

Park, Suh e Yang (2007)

Impacto da ACAP na TI

para produzir inovação Gestão Conhecimento de TI do Den, Doll e Cao (2008) Inovações geradas pela

firma em processos e produtos "outputs"

Treinamento de pessoal relacionado e intensidade de P&D

Murovec e Prodan (2009)

Relações entre concorrentes

estrangeiras

Intensidade de P&D, nº de patentes

Li e Vanhaverbekei (2009)

Efeitos da ACAP nas fontes estratégicas e formas de alianças para o desempenho da empresa

Intensidade de P&D e capacidade técnica pessoal

Lee, Liang e Liu (2010)

Identificação das fontes de P&D que promovem

ACAP Intensidade de P&D

Rodrıguez -Castellanos,

Hagemeister e Ranguelov (2010) Efeito de atividades de

P&D, recursos humanos e gestão do conhecimento.

Intensidade de P&D, nº de empregados em P&D.

Imagem

Figura 1- Número de micro e pequenas empresas por setor de  atividade econômica no Brasil em 2012
Figura  2  -  Modelo  de  Capacidade  de  Absorção  proposto  por  Cohen e Levinthal (1990)
Figura  3  -  Modelo  de  Capacidade  de  Absorção  proposto  por  Zaha e George (2002)
Figura  4  -  Modelo  de  Capacidade  de  Absorção  baseado  em  Lane, Koka e Pathak (2006)
+7

Referências

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