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Levantamento Faunístico de elasmobránquios nos estuários do estado do Ceará

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA

LEVANTAMENTO FAUNÍSTICO DE ELASMOBRÁNQUIOS

NOS ESTUÁRIOS DO ESTADO DO CEARÁ

RUI JORGE DE CARVALHO

Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia de Pesca do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências para a obtenção do título de Engenheiro de Pesca.

FORTALEZA - CE

2006

A.RIA o

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Prof. Manuel Anto o de Andrade Furtado Neto, Ph.D. Ori ntador / Presidente

Prof. Dr. Tito Monteiro da Cruz Lotufo

Prof. Marcelo Augusto Bezerra, M.Sc.

VISTO:

Prof. Dr. Moisés Almeida de Oliveira

Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca

Prof Artamizia Maria Nogueira Montezuma, M.Sc.

(3)

C327l Carvalho, Rui Jorge de.

Levantamento faunístico de elasmobrânquios nos estuários do Estado do Ceará / Rui Jorge de Carvalho. – 2006.

30 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2006.

Orientação: Prof. Dr. Manuel Antonio de Andrade Furtado neto.

1. Elasmobrânquios(Peixes) - Levantamento faunístico. 2. Engenharia de Pesca. I. Título. CDD 639.2

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que sem o incentivo e a dedicação deles eu não teria chegado até este momento.

Ao Prof.° Dr. Manuel Furtado Neto que sempre me incentivou e idealizou junto comigo esta monografia. Também pelos valorosos ensinamentos durante o transcorrer do curso.

Aos amigos de infância Ivo, Joel, Davi, Dudu, Rodrigo, Adriano, Talles e Bebeto que muito contribuíram.

Aos meus amigos inacianos Emanuel Soares, David Borges, Guilherme Souza e de faculdade Walter, Lílian, Fernando, Tiago Fernandes, Katucha, Welliana.

A todos os meus amigos e a todos os funcionários do Curso de Engenharia de Pesca que direta ou indiretamente tiveram participação na minha formação.

Aos membros do ELACE, Thiago HB, Francisco Carlos, Frazão, Bruno Juca e todos os outros que fazem parte desse grupo, e que colaboraram com essa monografia. Aos amigos do projeto netuno, Léo Bruno, Pedrão, Eduardo Picolé, Góis, Rogério, Xéu, Gonçalves e todos os outros que fizeram parte dessa empreitada.

Ao Rommel, Rodrigão, Max Dantas, Miguel, que me ajudaram muito no Labomar e no projeto REVIZEE.

(5)

Dedico

Aos meus pais, Hermano J. B. de Carvalho e Tânia R. Jorge de Carvalho, a minha avó Aydil Jorge, por todo sacrifício, amor, educação e incentivo a mim dedicado.

A minha irmã, Nara Jorge de Carvalho, por todo amor e amizade durante a minha vida.

A minha namorada Helena Gurgel, pelas sugestões, cobranças, apoio e dedicação nas horas mais difíceis dessa caminhada

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LISTA DE TABELAS RESUMO

1. INTRODUÇÃO 2. METODOLOGIA

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO 3.1. Pristis pectinata (Latham, 1794) 3.2. Pristis perotteti (Müller & Henle, 1841) 3.3. Dasyatis guttata (Bloch & Schneider, 1801) 3.4. Dasyatis maríanae (Gomes, Rosa & Gadig, 2000) 3.5. Aetobatus narinari (Euphrasen, 1790)

3.6. Gymnura micrura (Bloch & Schneider, 1801). 3.7. Rhinobatos percellens (Walbaum, 1792) 3.8. lsurus oxyrinchus (Rafinesque, 1810). 3.9. Carcharhinus acronotus (Poey, 1860)

3.10. Carcharhinus limbatus (Müller & Henle, 1839) 3.11. Carcharhinus leucas (Müller & Henle, 1839) 3.12. Sphyma sp. 4. CONCLUSÕES 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS vii Viii 1 3 4 6 7 8 9 11 12 13 14 15 16 17 19 20 21

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1 - Seqüência de captura dos indivíduos de D. guttata no 3

estuário do Rio Curu

Figura 2 - Exemplares de peixe-serra (Pristis pectinata) capturados 6 na Barra do Ceará, em Fortaleza (MENEZES, 1981)

Figura 3 - Raia Pristis perotteti, conhecida como peixe-serra 7 Figura 4 - Raias bico-de-remo (D. guttata) capturadas no rio Curu 8 Figura 5 - Raia mariquita (D. marianae) capturada no rio Curu 9 Figura 6 - Raia chita capturada pela pesca artesanal 11 Figura 7 - Raia borboleta (Gymnura micrura) 12 Figura 8 - Cação viola (Rhinobatus percellens) 13 Figura 9 - Cação cavala (Isurus oxyrinchus) que encalhou vivo em 14

lparana

Figura 10 - Cação flamengo (Carcharhinus acronotus) 15 Figura 11 - Cação galha preta (Carcharhinus limbatus) 16 Figura 12 - Tubarão cabeça-chata que encalhou no estuário do rio 17

Cocó.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição das espécies de elasmobrânquios encontradas nos estuários do estado do Ceará.

Página 4

Tabela 2 - Registros de ocorrência de elasmobrânquios nos 5 estuários do Ceará

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RESUMO

O objetivo geral do presente trabalho foi o de fazer um levantamento da ocorrência de elasmobrânquios nos principais estuários do estado do Ceará. Como objetivos específicos, buscou-se o registro de tubarões e de possíveis áreas de berçários de raias. No trabalho estão incluídos uma pesquisa bibliográfica, dois registros da presença de tubarões nos estuários dos rios Ceará e Cocó no mês de outubro do ano de 2000, e os resultados de viagens de campo, realizadas no segundo semestre de 2005, aos estuários do Mundaú, Curu, Ceará, Cocó e Pacoti, todos no estado do Ceará, onde foram feitas entrevistas com pescadores que realizavam capturas de peixes utilizando tarrafas e outras artes-de-pesca, como redes-de-espera e espinhei. Foram registradas as ocorrências de doze espécies de elasmobrãnquios nos estuários cearenses, sendo cinco espécies de tubarões e sete espécies de raias, incluindo os registros bibliográficos. Raias do gênero Pristis, de acordo com relatos de pescadores antigos da Barra do Ceará, em Fortaleza, eram capturadas nesse estuário entre os anos de 1940 e 1960, porém nas últimas décadas não têm sido mais pescadas ou avistadas. Foram registradas as presenças de áreas de berçários de raias das espécies Dasyatis guttata e D. marianae, caracterizadas pela ocorrência de neonatos e juvenis, nos estuários do Curu e Mundaú. Foi feito o primeiro registro de ocorrência do tubarão Isurus oxyrinchus, além de três registros da presença de C. leucas para estuários do Ceará. Sugere-se ao final a realização de novos estudos para monitorar a presença de elasmobrânquios nos estuários do Ceará, além de proporcionar subsídios para futuros projetos de proteção às áreas de berçários detectadas nos estuários do Curu e Mundaú.

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LEVANTAMENTO FAUNÍSTICO DE ELASMOBRÂNQUIOS NOS

ESTUÁRIOS DO ESTADO DO CEARÁ

1. INTRODUÇÃO

RUI JORGE DE CARVALHO

A fauna aquática de regiões estuarinas é composta por espécies de animais de diversos grupos, incluindo peixes, que ocupam os variados níveis tróficos e buscam locais ideais para reprodução, alimentação, crescimento e proteção. Animais que ocorrem em estuários realizam migrações diárias, mensais ou anuais, passando parte ou toda a vida nestes ambientes naturais. Essa rica fauna estuarina representa uma fonte essencial de alimentos para as populações humanas ribeirinhas e costeiras, constituindo excelente fonte de proteína animal de fácil captura, com alto valor nutricional (SHAEFFER-NOVELLI, 1995).

É importante ressaltar que estudos da ictiofauna em regiões estuarinas são de fundamental importância quando se quer definir a qualidade de vida dos organismos desse ecossistema, bem como a avaliação do potencial de exploração dos recursos e de sua correta administração. Por estarem no topo da cadeia trófica dos estuários, os peixes são importantes bioindicadores da sanidade do ecossistema como um todo. Se a ictiofauna é rica e representada por uma grande quantidade de espécies, isto geralmente quer dizer que o ambiente como o todo está saudável, pois todos os níveis tráficos (primário, secundário, terciário etc.) devem estar representados nos estuários (VAZZOLER et aL, 1999).

Trabalhos de levantamento faunístico são o passo inicial indispensável para o estudo biológico e manejo de uma área, por fornecerem informações básicas para uma série de outros estudos científicos (CASATTI et aL, 2001). Estudos ecológicos e do ciclo de vida de espécies da ictiofauna de regiões estuarinas vem sendo desenvolvidos em todo o mundo, e, particularmente, no nosso país (VAZZOLER et aL, 1999), sendo estes de fundamental importância quando se quer avaliar qualquer impacto ambiental sobre ecossistemas de estuários (SPACH et aL, 2003).

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Os principais fatores que explicam a abundância de peixes nos estuários que apresentam manguezais são a grande e variada oferta de recursos alimentares, devido à alta produção primária e a conseqüente produção secundária adequada como alimento para juvenis de peixes, o aumento de refúgios contra predação, pouca profundidade, turbidez e o reduzido número de carnívoros de grande porte (SPACH et

al., 2003).

O conhecimento atual sobre a fauna de elasmobrânquios (tubarões e raias) do Ceará ainda é incipiente, se considerada a extensão da costa e a importância dos elasmobrânquios como elementos de destaque no sistema tráfico dos ambientes marinhos, sobretudo tropicais e subtropicais. Colocando as pesquisas de elasmobrânquios do Ceará em perspectiva, Gadig et al. (2003) recomendam que sejam fomentados estudos com o objetivo de conhecer os parâmetros biológicos das principais espécies de tubarões e raias freqüentemente capturadas no estado do Ceará.

O trabalho mais completo até o momento sobre a ictiofauna de elasmobrânquios do Ceará foi de Gadig et al. (2000), que indicou a presença de 42 espécies de elasmobrânquios na costa do estado, sendo 30 espécies de tubarões e 12 espécies de raias.

São poucos os registros de elasmobrânquios nos estuários do estado do Ceará, sendo a maioria deles baseados em informações não publicadas (GADIG et al., 2003). O primeiro destes trabalhos foi o de MENEZES (1981) que relata a captura de três exemplares do peixe-serra, a raia Pristis pectinata, na Barra do Ceará. Relatos mais recentes indicaram a presença de juvenis de raias do gênero Dasyatis em poças de marés nas praias do Pecém (PINTO et aL, 2002), e de áreas de berçários de raias do gênero Dasyatis em estuários dos rios Curu e Mundaú, no Ceará (BASÍLIO et al., 2005).

O objetivo geral do presente trabalho foi o de fazer um levantamento da ocorrência de elasmobrânquios nos principais estuários do estado do Ceará. Como objetivos específicos, buscou-se o registro de tubarões, e de possíveis áreas de berçários de raias em estuários cearenses.

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2. METODOLOGIA

Inicialmente, foram realizadas pesquisas nos principais jornais de Fortaleza para se obter registros históricos da presença de elasmobrânquios nos estuários do Ceará. Os animais registrados pelos jornais foram identificados em nível de gênero ou espécie, com base em fotografias e relatos escritos.

Foi também realizada uma revisão bibliográfica em trabalhos científicos e técnicos sobre a Ictiofauna dos estuários do Ceará, incluindo trabalhos recentes sobre a "Fauna Aquática do Rio Coreaú" (FURTADO-NETO et al. 2005a) e a "Ictiofauna dos Estuários da Zona Ecológica Econômica (ZEE)" (FURTADO-NETO et al. 2005b).

Dois registros de presença de tubarões nos estuários do Ceará e Cocó foram efetuados pelo autor da monografia como membro do Grupo de Estudo de Elasmobrânquios do Ceará (ELACE), no mês de outubro do ano de 2000.

Também foram utilizados os resultados de viagens de campo, realizadas no segundo semestre de 2005, a alguns estuários do Ceará, a saber: Mundaú, Curu, Ceará, Cocó, e Pacoti, tendo sido realizadas entrevistas com pescadores que realizavam capturas de peixes utilizando tarrafas (Figura 1) e outras artes-de-pesca, como redes-de-espera e espinhei.

Figura 1: Seqüência de captura dos indivíduos de D. guttata no estuário do Rio Curu. Alguns exemplares de tubarões e raias foram coletados e outros fotografados. Os espécimes coletados inteiros foram conservados em formol a 10% no Laboratório de Biologia Pesqueira do Departamento de Engenharia de Pesca da UFC.

Todos animais coletados foram identificados quanto à espécie. Os exemplares de tubarões e raias coletados foram identificados com base nos guias de identificação de Figueredo (1977), Rosa (1987) e Last (1994) e Gadig et al. (2000).

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No presente levantamento faunístico de elasmobrânquios nos estuários do estado do Ceará foram registradas as ocorrências de doze espécies, sendo cinco espécies de tubarões e sete espécies de raias, incluindo os registros bibliográficos.

A Tabela 1 mostra uma lista dessas espécies relacionando-as com os principais estuários nas quais elas foram encontradas.

Tabela 1 — Distribuição das espécies de elasmobrânquios encontradas nos estuários do estado do Ceará.

Taxon Nome vulgar ESTUÁRIOS

TI CR AC MU CU CE CO PA CH PI JA IC

Classe Chondrichthyes Subclasse Elasmobranchii Ordem Pristiformes

Família: Pristidae

Pristis pectinata Peixe-serra X

Pristis perotteti Peixe-serra X

Ordem Rajiformes

Familia: Dasyatidae

Dasyatis guttata Raia Bico-de-Remo , X X X X X X X X X X X X

Dasyatis marianae Raia mariquita X

Família: Myliobatidae

Aetobatus narinari Raia Chita X X X

Familia: Gymnuridae

Gymnura micrura Raia Borboleta X X X X

Família: Rhinobatidae

Rhinobatos percellens Cação viola X

Ordem Lamniformes Família: Laminidae

Isurus oxyrhinchus Cação cavala X

Ordem Carcharhiniformes Família: Carcharhinidae

Carcharhinus acronotus Cação flamengo X

Carcharhinus limbatus Galha preta X X

Carcharhinus leucas Cabeça chata X X X X X X

Sphyrna sp. Martelo ou Panã X

Legenda: TI = TIMONHA; CR = COREAÚ; AC = ACARAÚ; MU = MUNDAÚ; CU = CURÚ; CE = CEARÁ; CO = COCÓ; PA = PACOTI; CH = CHORÓ; PI = PIRANGI; JA = JABUARIBE e IC = ICAPUÍ.

(14)

A Tabela 2 mostra a lista de espécies de elasmobrânquios nos estuários do estado do Ceará, relacionando-as com os registros de ocorrência de cada uma delas, que pode ter sido diretamente obtido neste trabalho, através de registros históricos em jornais ou registros no relatório sobre a Ictiofauna dos Estuários da Zona Ecológica Econômica (ZEE) (FURTADO-NETO et al. 2005b).

Tabela 2 - Registros de ocorrência de elasmobrânquios nos estuários do Ceará.

registros históricos registros do ZEE (2005) registro desse levantamento

Pristis pectinata MENEZES (1981)

Pristis perotteti GADIG et al. (2000)

Dasyatis guttata X X Dasyatis maríanae X Aetobatus narinari X Gymnura micrura X Rhinobatos percellens X isurus oxyrhinchus X

Carcharhinus acronotus OPOVO (1983)

Carcharhinus limbatus OPOVO (1983) X

Carcharhinus leucas OPOVO (1986)

DN (1989) X X

Sphyrna sp. OPOVO (1982, 83)

A seguir estão relacionadas informações sobre cada uma das espécies que foram identificadas como parte da ictiofauna de elasmobrânquios que está presente nos estuários do estado do Ceará.

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Figura 2 — Exemplares de peixe-serra (Pristis pectinata) capturados na Barra do Ceará, em Fortaleza (MENEZES, 1981)

Três exemplares de raias da espécie Pristis pectinata (Figura 2), conhecida como peixe-serra ou espadarte, constituem o primeiro registro histórico da presença de elasmobrânquios nos estuários do estado do Ceará, publicado por Menezes (1981). Apesar desse trabalho ter sido publicado em 1981, parece evidente que a fotografia que nele aparece deve ser bem anterior a este ano.

De acordo com relatos de pescadores antigos da Barra do Ceará, raias dessa espécie ocorreram nesse estuário entre os anos de 1940 e 1960, porém nas últimas décadas não têm sido mais capturadas ou avistadas (FURTADO-NETO, com. pessoal). Raias dessa espécie são de grande porte, podendo medir até 760cm da ponta de seu proeminente focinho até a cauda, e pesar até 350kg, sendo encontradas no Atlântico Oeste, da Carolina do Norte (Estados Unidos) até o Norte do Brasil, na África e no Pacífico Oeste, na costa da Austrália (LAST & STEVENS, 1994). Nos estados do Pará e Amapá têm sido vítimas das redes-de-pesca, onde há inúmeros registros de mortandade por captura acidental nessas artes-de-pesca (CLAVET, 2004). É considerada pela IUCN como "Ameaçada de extinção" (Endengered - EN) (IUCN, 2005).

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3.2. Pristis perotteti (Müller & Henle, 1841)

Foto: E. Ferreira (IBAMA)

20cm

Figura 3 — Raia Pristis perotteti, conhecida como peixe-serra.

Raias da espécie Pristis perotteti (Figura 3), também conhecidas como peixe-serra ou espadarte, assim corno P. pectinata, foram registradas por Gadig et al. (2000), no primeiro levantamento da fauna de elasmobrânquios para o estado do Ceará.

Animais dessa espécie parecem ter sido bastante capturados na década de 1980 no estuário do Acaraú, segundo relato de pescadores que atuavam nesse rio, porém não são mais pescados nos dias de hoje (FURTADO-NETO, comunicação pessoal). Alguns "rostros" desses animais ainda podem ser vistos em casas de pescadores e restaurantes do município de Acaraú, Ceará.

Raias dessa espécie também são de grande porte, mas geralmente são menores do que P. pectinata, podendo medir até 590cm de comprimento total, sendo encontradas no Atlântico Oeste, do Texas (Estados Unidos) até o Norte do Brasil, na África e no Pacífico Oeste, na costa Norte da Austrália e na Indochina (FERREIRA et al., 1998).

Elas habitam águas rasas, raramente em profundidades maiores do que 10m, o que torna P. perotteti muito susceptível à captura por redes-de-pesca colocadas a baixas profundidades em zonas costeiras ou de estuários, principalmente na região Norte do Brasil (FERREIRA et al., 1998).

Também é considerada pela IUCN, assim como P. pectinata, como "Ameaçada de extinção" (Endengered — EN), tendo sido detectado uma grande diminuição em sua área de distribuição global (IUCN, 2005).

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Figura 4 — Raias bico-de-remo (D. guttata) capturadas no rio Curu.

D. guttata (Figura 4) teve a sua presença registrada nos estuários do Mundaú e

Curu. Também foram feitos registros por pescadores nos estuários dos rios Ceará, Cocó e Pacoti. Raias dessa espécie, capturadas no estuário do Curu, estavam a profundidades entre 3 e 5 metros, dependendo das marés. Foi verificado que os pescadores capturavam essas raias eventualmente em suas pescarias diárias e geralmente as liberavam de volta à água por não possuírem preço de mercado nem carne suficiente para o consumo.

De acordo com o relatório sobre a Ictiofauna dos estuários da Zona Ecológica Econômica do Ceará, esta raia está presente em todos os estuários do nosso estado (FURTADO-NETO et al. 2005b).

O menor indivíduo dessa espécie registrado por Basílio et al. (2005) no estuário do Curu mediu 14,7cm de largura de disco. Este fato sugere que os neonatos de D.

guttata, estão nascendo com tamanhos inferiores ao estimado para a espécie em

trabalhos anteriores (FIGUEREDO, 1977) que é de 19cm de largura. Entretanto, em estudos recentes, como o de YOKOTA (2005), os valores estão de acordo, pois os neonatos de D. guttata, amostrados em áreas de berçário de Caiçara do Norte (RN), estão nascendo com tamanhos entre 12,3 a 15,3cm de largura.

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Apresenta hábitos puramente bentônicos, vivendo em fundos arenosos, lamosos e até mesmo calcários. São ovovivíparas e foram encontrados exemplares com tamanho máximo de 210cm de largura de disco em nosso estado (FURTADO-NETO & BEZERRA, 2003).

De acordo com Silva et al. (2001), no Ceará esta espécie alimenta-se de equinodermatas (Holoturidae), sipunculídeos (Sipunculus sp.), anelídeos poliquetas (Eunicidae), moluscos bivalves e gastrópodas e crustáceos, tais como camarões do gênero Penaeus e siris do gênero Callinectes, além de peixes da espécie Pomadasys

corvinaeformis.

Tem importância comercial, pois sua captura tem valor para pesca artesanal no estado do Ceará e em algumas regiões do Brasil (SILVA et al., 2001). Entre 1995 e 2000, foi registrado o comércio para aquarismo (MONTEIRO-NETO et al., 2003).

3.4. Dasyatis marianae (Gomes, Rosa & Gadig, 2000)

Foto: Manuel Furtado-Neto

Figura 5 — Raia mariquita (D. marianae) capturada no rio Curu.

Foi registrada a presença de D. marianae (Figura 5) no estuário do Curu. Raias dessa espécie, capturadas no estuário do Curu, também estavam a profundidades entre 3 e 5 metros, sendo encontradas principalmente durante as marés cheias.

(19)

Esta espécie não havia sido relatada para o Ceará, no relatório sobre a Ictiofauna dos estuários do ZEE (FURTADO-NETO et al. 2005b). Entretanto, YOKOTA (2005) identificou a presença de D. marianae utilizando áreas de berçário e reprodução na zona costeira do Município de Caiçara do Norte, no Rio Grande do Norte, próximas a estuários.

A raia D. marianae foi recentemente descrita por Gomes et al. (2000) com base em exemplares desembarcados na enseada do Mucuripe, em Fortaleza. Ela difere das outras espécies do gênero que ocorrem no Ceará (D. americana, D. centroura e D.

guttata) por apresentar seus olhos maiores que os das outras espécies, padrão de

coloração dorsal diferentes, e possessão de marcas ventrais distintas no disco.

Esta espécie difere de D. americana por ser menor em tamanho, possuir espinhos dorsais menores e por falta de espinhos na cauda, e difere da D. guttata por ter um focinho menos pronunciado, menos espinhos dorsais, cauda menor e por possuir membranas caudais ventrais e dorsalmente distintas (GOMES et al., 2000).

Esta nova espécie era geralmente confundida pelos pesquisadores com D.

americana, que se mostrou mais próxima geneticamente a D. marianae, de acordo com

estudo filogenético que utilizou a técnica de RAPD (VAZ, 2005).

A raia D. marianae apresenta uma ocorrência de distribuição endêmica no Brasil, desde o Maranhão até o estado da Bahia, sendo habitante de águas costeiras (GOMES et al., 2000).

Raias dessa espécie chegam a um tamanho máximo de 40cm de comprimento de disco, não tendo sido registrada uma importância comercial na pesca artesanal, devido a seu tamanho reduzido em relação a outras raias que ocorrem no Ceará (SILVA et al., 2001).

Durante conversas com pescadores no estuário do Curu, não foi feito nenhum relato de captura de exemplares juvenis dessa espécie para comercialização como peixes ornamentais.

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3.5. Aetobatus narinari (Euphrasen, 1790)

Foto: Thiago Basílio

Figura 6 — Raia chita capturada pela pesca artesanal

A raia-chita (Figura 6) foi registrada pelo relatório sobre a Ictiofauna dos estuários da Zona Ecológica Econômica do Ceará, nos estuários do Timonha, Acarai' e Jaguaribe (FURTADO-NETO et al. 2005b). Anteriormente, Soares-Filho (1996) havia registrado a presença dessa espécie no estuário do Jaguaribe.

As raias-chita são cosmopolitas e podem ser encontradas em águas temperadas e tropicais. Geralmente são encontradas em águas costeiras, podendo apresentar hábitos oceânicos, e entrar em estuários (COMPAGNO, 1998).

Foi relatado por Furtado-Neto et al. (2005b) que indivíduos dessa espécie nadam próximo à superfície e podem saltar para fora da água de acordo com pescadores do estuário do Timonha, Ceará.

As raias-chita apresentam tamanho máximo de 300cm de largura de disco, são ovovivíparas e podem formar cardumes. Alimenta-se principalmente de bivalves, mas também comem camarões, caranguejos, polvos e pequenos peixes (COMPAGNO, 1998),

A raia A. narinari é capturada acidentalmente pela pesca artesanal no Ceará (GADIG et aL, 2000; FURTADO-NETO et al., 2001) e pela pesca comercial em águas temperadas e tropicais (COMPAGNO, 1998).

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3.6. Gymnura micrura (Bloch & Schneider, 1801).

Figura 7 — Raia borboleta (Gymnura micrura)

A presença de G. micrura (Figura 7) foi registrada nos estuários do Mundaú e Curu, além de registros feitos por pescadores nos estuários dos rios Ceará, Cocó e Pacoti. De acordo com Furtado-Neto et al. (2005b), foi uma surpresa, para a equipe de pesquisadores que estudou a ictiofauna do ZEE do Ceará, encontrar neonatos (recém-nascidos) de raias-borboletas (Gymnura micrura) nos estuários do Timonha, Coreaú, Mundaú e Curu, caracterizando esses estuários como áreas de berçário para essa espécie.

Ocorrem em águas neríticas da plataforma continental, em fundos arenosos, podendo entrar em águas estuarinas (CERVIGÓN et al. 1992). Raias dessa espécie são ovovivíparas, apresentam tamanho máximo de 137cm de largura de disco e alimentam-se de crustáceos e peixes (McEACHRAN & SERET, 1990).

As raias-borboleta ocorrem no Atlântico Ocidental, de Maryland (USA) ao Nordeste do Brasil; no Atlântico Ocidental, em Senegal, Gambia, Serra Leoa, Camarões e Congo. Também são registradas em Sri Lanka, India, Malásia, Singapura, Vietnã, Borneo e Sumatra (Indonésia) (CERVIGÓN et al. 1992).

Essa espécie de raia é capturada acidentalmente pela pesca artesanal, mas pouco comercializada (GADIG et al. 2000; FURTADO-NETO et al., 2001). Em alguns países é comercializada salgada (CERVIGÓN et al. 1992).

(22)

3.7. Rhinobatos percellens (Walbaum, 1792)

Foto: Manuel Furtado-Net

Figura 8 - Cação viola (Rhinobatus percellens)

Conhecida comumente pelos pescadores como cação-viola, a raia Rhinobatus

percellens (Figura 8) foi registrada para o estuário do Timonha pelo relatório do ZEE

(FURTADO-NETO et al., 2005b).

A raia R. percellens é um animal bentônico, encontrada em águas costeiras em intervalo de profundidades entre O e 110m, sendo que juvenis são encontrados em fundos arenosos ou lamosos de estuários (CERVIGÓN et al, 1992). São ovovivíparas e apresentam tamanho máximo de 100cm de comprimento total e alimentam-se principalmente de crustáceos (FIGUEIREDO, 1977).

Os chamados cações-viola podem ser encontrados apenas na região tropical do Oceano Atlântico, tanto do lado Oriental (costa da África) como no lado Ocidental (desde o Caribe até o norte da Argentina).

São capturados pela pesca artesanal no estado do Ceará em redes-de-fundo ou linha-de-mão (FURTADO-NETO et al., 2001), apesar de sua carne ser considerada de baixa qualidade (CERVIGÓN et al, 1992).

Foi registrado o comércio no estado do Ceará de exemplares para fins de aquarismo por Monteiro-Neto et al (2003).

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3.8. Isurus oxyrinchus (Rafinesque, 1810).

Foto: Rui Jorge de Carvalho

Figura 9 — Cação cavala (Isurus oxyrinchus) que encalhou vivo em Iparana

No dia 21 de outubro de 2000, um tubarão da espécie Isurus oxyrinchus, conhecido pelos pescadores como cação cavala e pelos pesquisadores como "mako", encalhou vivo na formação de pedras das poças-de-marés da praia de Iparana, depois de ter sido visto nadando no estuário da Barra do Ceará, em Fortaleza (Figura 9). Segundo relato de testemunhas, o tubarão após encalhar começou a se debater tentando chegar a águas mais profundas, sendo que após algum tempo foi abatido por pescadores locais.

Este foi o primeiro registro de ocorrência de I. oxyrinchus para estuários do Ceará, já que o relato anterior dessa espécie em águas de nosso estado foi feito por Gadig et aí. (2000) para animais capturados em águas costeiras.

Tubarões dessa espécie ocorrem em toda costa do Brasil, principalmente em águas oceânicas e eventualmente costeiras desde a superfície até cerca de 170m de profundidade. Apresentam tamanho máximo de 380 cm de comprimento total, sendo considerado um dos mais rápidos de todos os tubarões, podendo pular fora da água quando pescado (LAST & STEVENS, 1994). Espécie vivípara ovofágica, alimenta-se de grande variedade de peixes ósseos pelágicos, outros elasmobrânquios, invertebrados, tartarugas e pequenos cetáceos (FIGUEIREDO, 1977).

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3.9. Carcharhinus acronotus (Poey, 1860)

Foto: Otto Gadig

Figura 10 — Cação flamengo (Carcharhinus acronotus)

O cação-flamengo (Figura 10) foi registrado como sendo comumente capturado por pescadores que atuam próximo à Barra do Ceará, na edição do dia 17 de outubro de 1983, do jornal O POVO (1983). Tubarões desta espécie foram identificados por Gadig et al. (2000), no primeiro levantamento da fauna de elasmobrânquios para o estado do Ceará. Esta espécie não havia sido relatada para o Ceará, no relatório sobre a Ictiofauna dos estuários do ZEE (FURTADO-NETO et al., 2005b).

Tubarões da espécie C. acronotus ocorrem no Atlântico Ocidental, sobre a plataforma continental de águas tropicais, podendo ser encontrados desde águas rasas até cerca de 80m de pronfundidade e, eventualmente, em profundidade maior. No Brasil, têm sido encontrados com maior freqüência no Norte e Nordeste. No Amapá, foi encontrado até a 80m de profundidade. Poucos registros foram efetuados abaixo do Rio de Janeiro (GADIG, 2001).

Espécie vivipara placentária, apresenta tamanho máximo 160cm de comprimento total. Alimenta-se basicamente de pequenos peixes ósseos e, secundariamente, de invertebrados principalmente crustáceos (GADIG, 2001).

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3.10. Carcharhinus limbatus (Müller & Henle, 1839)

Foto: Marty Snyderman

Figura 11 — Cação galha preta (Carcharhinus limbatus)

Tubarões da espécie C. limbatus, conhecidos como cações-galha preta (Figura 11), por possuírem pontas pretas nas nadadeiras, foram registrados como tendo sido capturados por pescadores da Barra do Ceará, em 17 de outubro de 1983, pelo jornal O POVO (1983).

Esta espécie não havia sido relatada para o Ceará, no relatório sobre a Ictiofauna dos estuários do ZEE (FURTADO-NETO et al., 2005b).

Tubarões dessa espécie ocorrem em todo o mundo sobre a plataforma continental de águas tropicais, subtropicais e temperadas, podendo ser eventualmente encontrados na zona pelágica oceânica, não se aventurando a águas profundas. São capturados desde a superfície até cerca de 90m de profundidade (GADIG, 2001).

No Brasil, sua presença foi registrada ao longo da plataforma continental de toda a costa, incluindo ilhas oceânicas e, mais raramente, na região pelágica. São espécies vivíparas placentárias, apresentas tamanho máximo de 255cm. Alimentam-se de peixes ósseos, elasmobrânquios, moluscos, cefalópodos e crustáceos decápodos (GADIG, 2001).

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3.11. Carcharhinus leucas (Müller & Henle, 1839)

Foto: Rommel Feitosa

Figura 12 - Tubarão cabeça-chata que encalhou no estuário do rio Cocó.

O primeiro registro da presença do tubarão cabeça-chata (C. leucas), próximo a estuários do Ceará, foi obtido em fevereiro de 1986, quando foram capturadas duas fêmeas grávidas, ambas com aproximadamente 200cm de comprimento, no paredão da praia do futuro, em Fortaleza (O POVO, 1986).

Em 19 de maio de 1989 foi relatado pelo DIÁRIO DO NORDESTE (1989), que um tubarão cabeça-chata de aproximadamente 230cm e 200kg foi capturado por pescadores em frente ao clube "Caça e Pesca", na barra do rio Cocó, em Fortaleza.

No dia 29 de outubro de 2000, foi registrado, pelo autor, o encalhe de uma fêmea de tubarão cabeça-chata no estuário do rio Cocó. Na ocasião, o animal de aproximadamente 180cm (Figura 12) adentrou o rio indo encalhar em águas rasas de poças-de-maré. Dois salva-vidas do Corpo de Bombeiros de Fortaleza retiraram o animal da água, sendo que um deles teve vários cortes e arranhões no corpo. Um segundo tubarão foi visto nadando no mesmo local no momento em que o primeiro animal estava encalhado.

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A presença de tubarões cabeça-chata dessa espécie em áreas de estuário é considerada perigosa aos banhistas já que C. leucas foi identificado como sendo um dos principais responsáveis por ataques a surfistas e banhistas em Recife.

A presença do tubarão C. leucas foi registrada pelo relatório sobre a Ictiofauna dos estuários da Zona Ecológica Econômica do Ceará, nos estuários do Timonha, Coreaú, Acaraú e Jaguaribe (FURTADO-NETO et al. 2005b). Pescadores relataram que tem sido relativamente comum a presença de tubarões, que são avistados ou capturados próximos desses estuários nos últimos anos.

Tubarões cabeça-chata ocorrem em regiões costeiras de todo mundo, desde a superfície até cerca de 160m de profundidade, preferencialmente nas zonas tropicais e subtropicais. Habitam ambientes estuarinos, sendo a única espécie de tubarão que comprovadamente chega a penetrar em água doce de grandes sistemas de rios, até milhares de quilômetros. São conhecidos vários registros de sua ocorrência ao longo do Rio Amazonas, incluindo um espécime já na Amazônia peruana a cerca de 3.000Km a montante da foz (GADIG, 2001).

No costa do Brasil, o tubarão cabeça-chata tem ocorrência registrada na costa do Sudeste e Sul, sobre a plataforma continental. Mais encontrado Norte e Nordeste do Brasil, principalmente na plataforma continental dos Estados do Amapá e Pará.

Espécie vivípara placentária, nascendo de um a treze fihotes por parto, apresentando tamanho máximo de 350cm de comprimento total. Alimenta-se de grande variedade de organismos marinhos, como teleósteos, pequenos elasmobrânquios, mamíferos, tartarugas marinhas, vários invertebrados e ocasionalmente de lixo, existindo registros de predação de animais terrestres em rios. Espécie potencialmente perigosa, está envolvida em vários ataques contra surfistas na costa do Nordeste brasileiro, principalmente na Região Metropolitana de Recife (GADIG, 2001).

Tubarões cabeça-chata são capturados pela pesca artesanal nos municípios de Fortaleza, Camocim, Acaraú e Jaguaribe (FURTADO-NETO et al., 2001).

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3.12. Sphyrna sp.

Foto: Manuel Furtado-Net

Figura 13 - Tubarão martelo (Sphyrna sp.)

O primeiro registro de tubarão martelo (Sphyna sp.) em estuários do Ceará foi feito em 28 de agosto de 1982, no jornal O POVO (1982) quando foi relatada a captura, na Barra do Ceará, em Fortaleza, de uma fêmea pesando aproximadamente 300kg, provavelmente da espécie S. mokarran, o maior dos tubarões martelo.

Em 21 de julho de 1983, pescadores da Barra do Ceará capturaram um tubarão martelo de aproximadamente 4m e 300kg, uma fêmea grávida, com 27 embriões. Novamente no dia 07 de setembro de 1983, o jornal O POVO (1983) registrou a captura de uma "gigantesca" fêmea de tubarão martelo, também conhecido como "panã", na Barra do Ceará, em Fortaleza. Segundo depoimento dos pescadores locais, a provável causa de aparecimento de tubarões próximo à Barra do Ceará seria o despejo de restos de bovinos, suínos e grande quantidade de sangue pelo Frigorífico de Fortaleza (FRIFORT) nas águas do riacho Maranguapinho que deságua no rio Ceará, atraindo, por isso, os tubarões.

Após o fechamento do FRIFORT no final dos anos de 1980, relatos de presença de tubarões-martelo pelos pescadores da Barra do Ceará passaram a ser raros.

No Brasil, tubarões-martelo são registrados ao longo de toda a costa sobre a plataforma continental e insular, além de áreas oceânicas. Na plataforma continental do Norte e Nordeste são aparentemente comuns; no Sudeste e Sul sua ocorrência sobre a plataforma continental não é comum, com poucos registros conhecidos (GADIG, 2001).

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

• No presente levantamento faunístico de elasmobrânquios nos estuários do estado do Ceará foram registradas as ocorrências de doze espécies, sendo cinco espécies de tubarões e sete espécies de raias, incluindo os registros bibliográficos.

• Duas espécies de raias do gênero Pristis (P. pectinata e P. perotetti) apresentaram apenas registros históricos de ocorrências, não sendo mais citadas atualmente por pescadores de estuários como componentes da ictiofauna.

• Neonatos e juvenis de raias das espécies D. guttata e D. marianae foram registrados em alguns estuários da costa oeste do estado, caracterizando a ocorrência de áreas de berçários para essas espécies.

• Foi feito o primeiro registro de ocorrência do tubarão I. oxyrinchus para estuários do Ceará, com o encalhe de um animal desta espécie na praia de Iparana, próximo à Barra do Ceará.

• Três registros de Carcharhinus leucas, dois históricos e um no ano de 2000, foram efetuados em áreas de estuário, mostrando a presença de uma espécie que é considerada perigosa aos banhistas, e que, esporadicamente, pode estar relacionada a ataques.

• Novos estudos devem ser realizados para monitorar a presença de elasmobrânquios nos estuários do Ceará, além de proporcionar subsídios para futuros projetos de proteção às áreas de berçários detectadas nos estuários do Curu e Mundaú.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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