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Análise territorial do entorno do reservatório de Salto Grande (SP) com o uso de geoprocessamento : contribuições para usos múltiplos da água

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MARCELO FERNANDO FONSECA

ANÁLISE TERRITORIAL DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DE SALTO GRANDE (SP) COM O USO DE GEOPROCESSAMENTO: CONTRIBUIÇÕES PARA USOS

MÚLTIPLOS DA ÁGUA

CAMPINAS 2013

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NÚMERO: 200/2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

MARCELO FERNANDO FONSECA

“ANÁLISE TERRITORIAL DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DE SALTO GRANDE (SP) COM O USO DE GEOPROCESSAMENTO: CONTRIBUIÇÕES PARA

USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA”

Orientador: Prof. Dr. Lindon Fonseca Matias

TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS (IG) DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP) NO PROGRAMA DE GEOGRAFIA NA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM CIÊNCIAS.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO MARCELO FERNANDO FONSECA E ORIENTADO PELO PROF. DR. LINDON FONSECA MATIAS.

________________________________________________________________

CAMPINAS 2013

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Geociências Cássia Raquel da Silva - CRB 8/5752

Fonseca, Marcelo Fernando,

1980-F733a FonAnálise territorial do entorno do reservatório de Salto Grande (SP) com o uso de geoprocessamento : contribuições para usos múltiplos da água / Marcelo Fernando Fonseca. – Campinas, SP : [s.n.], 2013.

FonOrientador: Lindon Fonseca Matias.

FonTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

Fon1. Territorialidade. 2. Solo - Uso. 3. Água - Uso. 4. Geoprocessamento. 5. Reservatórios - Salto Grande (SP). I. Matias, Lindon Fonseca,1965-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em inglês: Territorial analysis surrounding Salto Grande reservoir (SP) through

geoprocessing : contributions to multiple uses of the water

Palavras-chave em inglês:

Territoriality Land - Use Water - Use Geoprocessing

Reservoir - Salto Grande (SP)

Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial Titulação: Doutor em Geografia

Banca examinadora:

Lindon Fonseca Matias [Orientador] Ailton Luchiari

Andréia Medinilha Pancher Silvia Méri Carvalho

Edilson de Souza Bias

Data de defesa: 07-06-2013

Programa de Pós-Graduação: Geografia

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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Aos meus queridos pais,

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AGRADECIMENTOS

Inúmeras pessoas contribuíram de forma decisiva para que este trabalho viesse a se tornar realidade, sendo assim, deixo meus sinceros agradecimentos:

Ao Prof. Dr. Lindon Fonseca Matias, pela oportunidade, confiança e apoio sempre irrestrito e por dividir comigo, durante todo o processo de orientação, sua imensa sabedoria, perspicácia, capacidade analítica e profundo conhecimento da ciência geográfica; mais que um exímio orientador, será sempre um grande amigo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por todo o apoio recebido desde o início da concessão da bolsa de estudos de doutorado, fundamental para a concretização desta pesquisa.

Ao profissional Sr. Fernando Ferrari, da Secretaria de Planejamento (SEPLAN), setor de Geoprocessamento, da Prefeitura Municipal de Americana, pela presteza no atendimento e eficiência no fornecimento de valiosos dados e informações.

Ao ambientalista Sr. João Carlos Pinto, fundador da ONG Barco Escola da Natureza, e a seus colaboradores, em especial Sr. Vicente Aparecido Neves, que gentilmente nos forneceram, sempre que necessário, o suporte adequado nas visitas realizadas no Reservatório de Salto Grande.

Aos professores Dr. Antonio Cezar Leal (UNESP-PP/UNICAMP) e Prof. Dr. Ailton Luchiari (USP), pela importante e significativa contribuição na banca do Exame de Qualificação, através de observações pertinentes e complementares a toda pesquisa realizada, promovendo, sobretudo, reflexões sobre as temáticas abordadas.

Aos amigos de longa data, Leandro, Glauco, João, Sérgio, Marcelo, e aos amigos da graduação e da pós-graduação, dos quais cito Francisco, Gustavo, Cinthia, Fernanda, Natália, Maria Isabel, Ederson, Danúbia e Joseane.

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A todos os integrantes do Grupo de Pesquisa denominado “Geotecnologias aplicadas à gestão do território” (Geoget), do qual com orgulho faço parte, sendo as atividades conduzidas e supervisionadas pelo professor orientador, pela crucial cooperação durante atividades de campo realizadas na área de estudo, dos quais participaram ainda voluntariamente outros alunos da graduação: Pedro, Lucas Guide, Lucas Amici, Gilson, Valderson, Dayane e Igor.

A todas as assistentes da Secretaria de Pós-Graduação do Instituto de Geociências (IG), representadas principalmente nas pessoas de Valdirene e Maria Gorete, pela incansável dedicação e atenção no atendimento às diversas solicitações.

A mulher da minha vida, minha querida esposa, companheira e motivadora, Vanessa, com quem sempre dividi todas as certezas e incertezas desta pesquisa, contando sempre com sua compreensão e carinho.

Ao meu estimado irmão Rodrigo e querida cunhada Elisangela, pelas palavras de incentivo, ânimo e coragem proferidas durante todo o período da pesquisa.

E, de forma muito especial, agradeço e dedico este trabalho, aos meus pais: minha sempre querida e dedicada mãe Sônia, por demonstrar indescritível apoio nos momentos de maior dificuldade, encorajando-me; e meu querido pai João, por transferir-me motivação através da crença de que a maior riqueza do ser humano encontra-se no conhecimento.

Também agradeço a todos aqueles que, por lapso, não tenham sido aqui mencionados.

E, sobretudo, a Deus, que me possibilitou viver momentos de muita felicidade nesta renomada Instituição chamada UNICAMP, durante o longo e valioso percurso acadêmico.

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"Ler fornece ao espírito materiais para o conhecimento, mas só o pensar faz nosso o que lemos”.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

ANÁLISE TERRITORIAL DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DE SALTO GRANDE (SP) COM O USO DE GEOPROCESSAMENTO: CONTRIBUIÇÕES PARA USOS

MÚLTIPLOS DA ÁGUA

RESUMO Tese de Doutorado Marcelo Fernando Fonseca

A pesquisa aqui empreendida consistiu na elaboração de um estudo destinado a fornecer indicativos para a tomada de decisão no âmbito do processo de planejamento e de gestão territorial do entorno do reservatório de Salto Grande, localizado nos municípios de Americana, Nova Odessa e Paulínia, Estado de São Paulo, adotando-se como prerrogativa a assertiva de usos múltiplos da água. Como subsídio às análises, utilizaram-se procedimentos e técnicas de geoprocessamento, concomitantes à metodologia de análise geográfica, para a constituição de uma ampla base de dados georreferenciados. O planejamento e a gestão de áreas urbanas, conduzidos de forma desarticulada e equivocada, têm contribuído decisivamente para o aprofundamento das contradições e desigualdades socioespaciais, dando origem a conflitos que devem ser objeto de reflexão, em especial, das ciências humanas e, sem dúvida, da Geografia. Constata-se a imersão da área de estudo em processos correntes de urbanização, acompanhados de impactos socioambientais diretamente relacionados, com notável prejuízo à qualidade da água e sua área de entorno. Desta forma, avaliando-se suas especificidades e potencialidades, sob um enfoque geográfico, argumenta-se no sentido da predição de um novo cenário e proposituras que contemplem os usos múltiplos da água para o reservatório e seu entorno, dando ênfase na importância das relações de todos os agentes sociais direta e indiretamente envolvidos com a problemática socioespacial que ali se desenvolve.

Palavras-chave: Análise territorial, uso da terra, usos múltiplos da água, geoprocessamento, reservatório

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UNIVERSITY OF CAMPINAS INSTITUTE OF GEOSCIENCE

TERRITORIAL ANALYSIS SURROUNDING SALTO GRANDE RESERVOIR (SP) THROUGH GEOPROCESSING: CONTRIBUTIONS TO MULTIPLE USES OF THE

WATER

ABSTRACT PhD Thesis

Marcelo Fernando Fonseca

The research undertaken here is to draw up a study to provide indicators for decision making in the process of territorial planning and management surrounding Salto Grande reservoir, located in the cities of Americana, Nova Odessa and Paulínia, in São Paulo State, adopting as prerogative the statement of multiple uses of water. As support to the analysis, it has used geoprocessing procedures and techniques, concurrently with the geographic analysis methodology for the establishment of a comprehensive georeferenced database. The planning and management of urban areas, conducted in a disjointed and misguided way, have contributed decisively to the deepening of contradictions and socio-spatial inequalities, giving rise to conflicts that must be reflected, in particular, in human sciences, and undoubtedly in geography. It has observed the immersion of the study area in current processes of urbanization, accompanied by environmental impacts directly related with remarkable damage to water quality and its surrounding area. Thus, evaluating their specificities and potentialities, under a geographical focus, it is argued in the sense of predicting a new background and propositions that address the multiple uses of water to the reservoir and its surroundings, emphasizing the importance of all social agents relations directly and indirectly involved with the sociospatial issue which is developed there.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS... xix

LISTA DE FOTOS... xxi

LISTA DE GRÁFICOS... xxiii

LISTA DE MAPAS... xxv

LISTA DE QUADROS... xxvii

LISTA DE TABELAS... xxix

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS... xxxi

INTRODUÇÃO... 01

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E BASES CONCEITUAIS ELENCADAS PARA A ANÁLISE TERRITORIAL... 07

1.1 Planejamento e gestão territorial: revisão, conceitos e aplicações... 09

1.2 Geoprocessamento em estudos geográficos... 17

1.3 Usos múltiplos da água: o reservatório e seu entorno... 25

2. O RESERVATÓRIO DE SALTO GRANDE (SP) – ÁREA DE ESTUDO, FORMAÇÃO E PARTICULARIDADES... 31

2.1 Delimitação da área de estudo: recorte político-administrativo e quadro atual... 33

2.2 Origens do reservatório: histórico de ocupação e aspectos geográficos... 45

2.3 Contextualização regional... 51

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E PARÂMETROS ESTRATÉGICOS NA AQUISIÇÃO DE DADOS... 61

3.1 Constituição da base de dados geográficos... 63

3.1.1 Uso da terra... 70

3.1.2 Áreas de Preservação Permanente (APP)... 75

3.1.3 Zoneamento Municipal... 79

3.1.4 Dados e mapas temáticos complementares... 82

3.2 Imagens de satélite e fotografias aéreas... 85

3.3 Recorte político-administrativo e o uso dos setores censitários... 88

3.4 Levantamentos realizados em campo... 89

3.5 Análise de parâmetros e da qualidade da água... 91

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4. PRESSUPOSTOS PARA O PLANEJAMENTO E PARA A GESTÃO DOS USOS

MÚLTIPLOS DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO... 97

4.1 Mapa base da área de estudo... 99

4.2 Mapeamento e diagnóstico do uso da terra... 104

4.3 Mapeamento e diagnóstico das Áreas de Preservação Permanente... 135

4.4 Diagnóstico do Zoneamento Municipal... 144

4.5 Mapas temáticos complementares... 156

4.6 Resultados da análise de parâmetros e da qualidade da água... 164

4.6.1 Parâmetros físico-químicos medidos em campo... 164

4.6.2 Análise geoquímica das águas superficiais... 170

4.7 Resultados da aplicação de entrevista estruturada... 177

5. PROGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO FUNDAMENTADO PELA ANÁLISE GEOGRÁFICA... 197

5.1 Novas práticas, novos rumos... 199

5.2 O enfrentamento dos conflitos de uso da terra... 201

5.3 Atuação política na esfera da gestão territorial... 207

5.4 O desafio dos usos múltiplos da água... 211

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 231

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 237

APÊNDICES... 259

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LISTA DE FIGURAS

Nº Título

1.1 Classes de enquadramento e relação com a qualidade da água e possíveis

usos... 28

2.1 Área de estudo e sub-bacia de contribuição direta do reservatório... 37

2.2 Leito original do rio Atibaia e área atual do reservatório de Salto Grande (SP)... 46

2.3 Mapa de solos do entorno do reservatório de Salto Grande (SP)... 50

2.4 Região Metropolitana de Campinas (RMC), onde se localiza a área de estudo... 54

3.1 Fluxograma representativo dos eixos temáticos e detalhamento associado - Modelo conceitual da base de dados... 65

3.2 Diagrama da metodologia utilizada no mapeamento da evolução urbana... 74

3.3 Imagem ALOS recobrindo a área de estudo (limites em destaque)... 86

3.4 Recorte selecionado de fotografias aéreas - Área urbanizada... 87

3.5 Recorte espacial exemplificando o mapeamento das quadras... 89

5.1 Uso das águas doces e sua relação com as classes de enquadramento... 212

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LISTA DE FOTOS

Nº Título

2.1 Registro histórico da década de 1970 na orla do reservatório, Americana

(SP)... 39

2.2 Registro do ano de 2011: lixo na orla do reservatório, Americana (SP)... 41

2.3 Registro do ano de 2011: água imprópria para banho, Americana (SP)... 42

2.4 Retirada de plantas aquáticas próximo à barragem, Americana (SP)... 43

2.5 Aspectos socioambientais da dinâmica existente na área de estudo... 44

2.6 Museu Municipal conhecido como “Casarão do Salto Grande”, Americana (SP)... 47

2.7 Antiga usina hidrelétrica na década de 1920, Americana (SP)... 48

2.8 Estrutura da usina hidrelétrica em 2013, Americana (SP)... 48

3.1 Equipe ajustando os equipamentos na preparação para o campo (2012)... 93

4.1 Plantação de cana-de-açúcar nas margens do reservatório, Americana (SP). 118 4.2 Área de vegetação natural no início do reservatório, município de Paulínia (SP)... 119

4.3 Unidade de uso campestre, Americana (SP)... 120

4.4 Uso por culturas comerciais (citrus), Americana (SP)... 120

4.5 Atividade de mineração em Americana (SP)... 121

4.6 Área urbanizada presente na orla, Nova Odessa (SP)... 122

4.7 Perspectiva aérea da região do bairro Antonio Zanaga (I e II)... 125

4.8 Casas do loteamento residencial Pazetti, bairro Saltinho, Paulínia (SP)... 126

4.9 Construções em APP, Americana (SP)... 141

4.10 Plantio de cana-de-açúcar em APP, Americana (SP)... 142

4.11 Queimada em APP, Americana (SP)... 142

4.12 Lixo e entulho em APP, Americana (SP)... 143

5.1 Assentamento Milton Santos, Americana (SP)... 202

5.2 Construções no acampamento Menezes, Paulínia (SP)... 202

5.3 Remanescente de vegetação em meio ao cultivo da cana-de-açúcar, Americana (SP)... 205

5.4 Diferentes tipologias habitacionais em meio à expansão urbana, Americana (SP)... 206

5.5 Casarão de Salto Grande fechado para a população (2009)... 214

5.6 Casarão de Salto Grande fechado para a população (2012)... 214

5.7 Lixo nas margens da rodovia Americana (SP) – Paulínia (SP)... 217

5.8 Poluição atingindo o reservatório, Americana (SP)... 217

5.9 Navegação por embarcação coletiva (educacional), Paulínia (SP)... 220

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LISTA DE GRÁFICOS

Nº Título

4.1 Uso da terra por classes no entorno do reservatório... 109 4.2 Uso da terra por subclasses no entorno do reservatório... 110 4.3 Uso da terra por unidades no entorno do reservatório... 117 4.4 Uso predominante nas quadras no entorno do reservatório (2012)... 132 4.5 Agrupamento de áreas com base no zoneamento urbano (2012)... 150 4.6 Valores obtidos para a variável oxigênio dissolvido na água... 168 4.7 Distribuição dos entrevistados por gênero e faixa etária... 181 4.8 Tempo de residência ininterrupta do pesquisado no município da

entrevista... 182 4.9 Renda familiar média mensal da amostra pesquisada... 183 4.10 Grau de instrução dos residentes no município... 185 4.11 Principais motivos apontados para residir no local... 186 4.12 Principais formas de lazer identificadas pela pesquisa de campo... 188

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LISTA DE MAPAS

Nº Título

2.1 Recorte espacial da área de estudo - entorno do reservatório de Salto Grande (SP)... 35 2.2 UGRHI 5 – Piracicaba, Capivari e Jundiaí (2011)... 57 4.1 Base cartográfica do entorno do reservatório de Salto Grande, SP (2012).... 101 4.2 Uso da terra por classes no entorno do reservatório de Salto Grande, SP

(2012)... 107 4.3 Uso da terra por subclasses no entorno do reservatório de Salto Grande, SP

(2012)... 111 4.4 Uso da terra por unidades no entorno do reservatório de Salto Grande, SP

(2012)... 115 4.5 Evolução urbana no entorno do reservatório de Salto Grande – 1950 –

2011... 129 4.6 Qualificação das quadras urbanas no entorno do reservatório de Salto

Grande, SP (2012)... 133 4.7 Mapa do diagnóstico das APP no entorno do reservatório (2012)... 139 4.8 Mapa do zoneamento municipal no entorno do reservatório (2012)... 147 4.9 Mapa hipsométrico do entorno do reservatório (2012)... 157 4.10 Mapa clinográfico do entorno do reservatório (2012)... 161 4.11 Distribuição espacial dos pontos de coleta das amostras de água (2012)... 165 4.12 Divisão e número total de entrevistas por setores censitários (2012)... 179 5.1 Prognóstico com base nos usos múltiplos da água (2013)... 225

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LISTA DE QUADROS

Nº Título

1.1 Classificação das águas doces e usos preponderantes... 27 3.1 Itens da planilha utilizada para o controle e verificação dos temas... 68 4.1 Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas medidos em

campo... 164 4.2 Enquadramento das amostras segundo resolução CONAMA 357/05... 169 4.3 Resultados da cromatografia de íons ( G/L)... 171 4.4 Resultados do ICP-MS – Concentração dos elementos para cada amostra

(P01 a P10) – Micrograma por litro (µg/L)... 173 4.5 Padrão de dureza da água... 176 5.1 Usos da água e algumas condições para sua adoção futura... 219 5.2 Exemplos de reservatórios e usos múltiplos da água... 223

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LISTA DE TABELAS

Nº Título

2.1 Dados para os municípios como um todo (A) e somente a área de estudo (B)... 38 2.2 Dados de saneamento básico em municípios da sub-bacia do Atibaia

(2011)... 59 3.1 Classificação do uso da terra por classe, subclasse e unidade... 71 3.2 Distâncias mínimas que constituem APP contempladas pela legislação e as

efetivamente consideradas para a área de estudo... 77 3.3 Zoneamento Municipal no entorno do reservatório de Salto Grande

(2011)... 81 3.4 Classes de declividade e suas características quanto à ocupação

recomendada... 84 3.5 Dados populacionais da área de estudo... 95 4.1 Classes de uso da terra no entorno do reservatório (2012)... 109 4.2 Subclasses de uso da terra no entorno do reservatório (2012)... 110 4.3 Unidades de uso da terra no entorno do reservatório (2012)... 113 4.4 Bairros e/ou loteamentos presentes no entorno do reservatório de Salto

Grande, por município, ordenados pelo ano de aprovação e/ou ocupação – (1949 – 2011)... 124 4.5 Número total de bairros e/ou loteamentos por período... 125 4.6 Resultados obtidos no entorno do reservatório (APP)... 137 4.7 APP: Áreas remanescentes com vegetação e áreas sem vegetação... 137 4.8 Divisão por zonas e cálculo das respectivas áreas em cada município... 149 4.9 Classes de declividade e área total correspondente... 159 4.10 Número de entrevistas realizadas por município e setor censitário... 177 4.11 Problemas identificados no entorno do reservatório... 190 4.12 Problemas de infraestrutura identificados no bairro ou região... 190 4.13 Problemas de infraestrutura identificados no bairro ou região – Outros... 191 5.1 Registros de reclamações de mortandade de peixes, por UGRHI (2011)... 213

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AGEMCAMP... Agência Metropolitana de Campinas

ALOS... Advanced Land Observing Satellite (Satélite de Observação Terrestre Avançado)

ANA... Agência Nacional de Águas

APAMA... Área de Proteção Ambiental Municipal de Americana APP……... Áreas de Preservação Permanente

ASTA…... Associação dos Sem-Teto de Americana CETESB... Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CLP... Controlador Lógico de Programação

COHAB... Companhia de Habitação Popular de Campinas CONAMA... Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONDEPHAAT... Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo

CONFEA... Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

COOESA... Cooperativa de Trabalho de Engenheiros, Arquitetos e Técnicos especializados

CPFL... Companhia Paulista de Força e Luz EIV... Estudo de Impacto de Vizinhança

EMBRAPA... Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMPLASA... Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano

ESRI... Environmental Systems Research Institute (Instituto de Pesquisa em Sistemas Ambientais)

FGV... Fundação Getúlio Vargas GASBOL... Gasoduto Brasil-Bolívia

GIS... Geographical Information Systems (Sistemas de Informação Geográfica) GPS... Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)

IAC... Instituto Agronômico de Campinas

IBGE... Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICP-MS... Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry (Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado)

ICTEM... Índice de Coleta e Tratabilidade de Esgotos dos Municípios IGC... Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo INPE... Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MDE... Modelo Digital de Elevação MDT... Modelo Digital de Terreno MME... Ministério de Minas e Energia MNT... Modelo Numérico de Terreno

MPA... Macrozona de uso Predominante Ambiental MPU... Macrozona de uso Predominante Urbano MST... Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

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NEPO... Núcleo de Estudos de População OD... Oxigênio dissolvido

ONU... Organização das Nações Unidas

OSCIP... Organização da Sociedade Civil de Interesse Público OTAN... Organização do Tratado do Atlântico Norte

PCH... Pequena Central Hidrelétrica

PCJ... Comitês das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí PDDI... Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

PDPR... Plano de Desenvolvimento Pós-Represa PMA... Prefeitura Municipal de Americana PMH... Plano Municipal de Habitação

PMNO... Prefeitura Municipal de Nova Odessa PNRH... Política Nacional de Recursos Hídricos

PRISM... Panchromatic Remote-sensing Instrument for Stereo Mapping (Instrumento de Sensoriamento Remoto Pancromático para Mapeamento Estéreo)

RMC... Região Metropolitana de Campinas

SABESP... Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SEADE... Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SEPLAN... Secretaria de Planejamento de Americana SIG... Sistema de Informações Geográficas

SIGRH... Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos SISNAMA... Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNGRH... Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos TIN... Triangulated Irregular Network (Rede Triangular Irregular) UAIU... Unidade de Área de Interesse Urbanístico

UAV... Unidade de Área Verde

UGRHI... Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo UHE... Usina Hidrelétrica de Americana

UNICA... União da Indústria de cana-de-açúcar

USEPA... United States Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos)

UTM... Universal Transverse Mercator (Projeção Universal Transversa de Mercator)

UZEIS... Unidade de Zona Especial de Interesse Social Z_I_ZPR... Zona de Preservação e Recuperação

Z_II_ZPH... Zona de Preservação e Moradia Horizontal Z_III_ZPE... Zona de Preservação e Atividades Econômicas Z_IV_ZPM... Zona de Preservação e Moradia

ZAE... Zona de Atividade Econômica ZE... Zona de Especial Proteção ZM... Zona Mista

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ZPATR... Zona de Produção Agrícola, Turismo e Recreação ZPI... Zona de Produção Industrial

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“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”.

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A presente tese apresenta uma análise dos aspectos e variáveis geográficas envolvidos no planejamento e na gestão territorial do entorno direto do Reservatório de Salto Grande, Estado de São Paulo, em áreas administradas pelos municípios de Americana, Nova Odessa e Paulínia. Para balizar a pesquisa, faz uso de metodologias e técnicas vinculadas ao geoprocessamento, constituindo uma relevante base de dados georreferenciados e possibilitando a geração de uma série de mapas temáticos para a área de estudo.

A partir destas informações, busca compreender as relações socioespaciais existentes nas temáticas apresentadas e enfatiza a necessidade de se considerar a aplicação de usos múltiplos da água como fator contribuinte para mudanças e transformações na dinâmica local.

Em se tratando de uma área extremamente complexa, do ponto de vista socioambiental, a abordagem caminha no sentido da necessidade de se pensar e agir sobre o território por meio de uma análise detalhada de suas especificidades, considerando as várias faces e nuances das contradições existentes no espaço geográfico e, portanto, concernentes a estudos de uma Geografia atuante e atual.

Desta forma, a tese central defendida nesta pesquisa sugere que as atuais práticas de desenvolvimento socioterritoriais vigentes para a área de estudo são contraditórias e por vezes conflitantes, o que acarreta equívocos no planejamento e inibe os processos que motivariam os usos múltiplos do reservatório e seu entorno, ocasionando significativas perdas sociais à comunidade local e regional, muitas vezes beneficiando apenas alguns segmentos da sociedade ou dando prioridade, também equivocadamente, apenas às aspirações econômicas de determinados agentes sociais.

Tais suposições implicam em reconhecer as dificuldades para se compor um cenário positivo envolvendo o entorno do reservatório, sobretudo pelos entraves políticos associados aos processos de intervenção territorial, mas pressupõe também a investigação contínua de possíveis caminhos alternativos, evidenciando novos dados e informações. Assim, com esta pesquisa, almeja-se contribuir de alguma forma com esta finalidade.

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A amplitude dos temas relacionados ao planejamento de qualquer território traz implícito o risco de não conseguir abranger no corpo do trabalho todos os temas possíveis, presentes de forma particular em inúmeros estudos de natureza geográfica, desafio que é superado pelo esforço de conduzir uma análise integradora dos temas tratados, muito embora sua individualidade seja também considerada.

Para alcançar as metas e objetivos traçados, em um primeiro momento, realiza-se a conceituação e a fundamentação teórica do conhecimento produzido acerca das distintas contribuições e abordagens científicas sobre as temáticas de planejamento e gestão, que assumem neste trabalho importante papel, fundamentando a posição previamente assumida de diferenciação dos referidos conceitos, considerando-os como complementares e intrinsecamente ligados do ponto de vista territorial. No capítulo intitulado “FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E BASES CONCEITUAIS ELENCADAS PARA A ANÁLISE TERRITORIAL”, apresentam-se também as concepções históricas do geoprocessamento e instrumentos associados, discorrendo sobre o avanço de sua utilização na contemporaneidade como suporte e auxílio na tomada das decisões, auxiliando fortemente nos processos de planejamento territorial; por fim, procura-se fazer neste primeiro capítulo algumas considerações sobre os usos múltiplos da água e suas bases, estabelecendo o ponto de partida para o tratamento destas questões especificamente no contexto desta pesquisa.

No segundo capítulo, sob o título de “O RESERVATÓRIO DE SALTO GRANDE (SP) – FORMAÇÃO, PARTICULARIDADES E ÁREA DE ESTUDO”, busca-se inicialmente destacar as justificativas associadas à opção pelo recorte espacial fundamentado na divisão político-administrativa e se realiza um breve relato de como se apresenta na atualidade o espaço geográfico analisado. Discutem-se também aspectos relacionados ao histórico de ocupação e aspectos geográficos peculiares ao entorno do reservatório, para então proceder a contextualização regional da área estudada em vistas ao pertencimento dos municípios de interesse à Região Metropolitana de Campinas (RMC).

No momento seguinte, no capítulo “PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E PARÂMETROS ESTRATÉGICOS NA AQUISIÇÃO DE DADOS”, aborda-se a metodologia

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utilizada para a constituição da base de dados geográficos que, por sinal, subsidiam as análises posteriores. A diversidade de dados de referência coletados e tratados pela aplicação de técnicas de cartografia e geoprocessamento, aliado a métodos investigativos de levantamentos de campo, inerentes à prática geográfica, fornecem informações substancialmente balizadoras da pesquisa. Neste contexto, o uso de instrumentos computacionais e de métodos automatizados de análise de dados espaciais georreferenciados contribui e torna-se relevante pela sua capacidade de permitir o manuseio rápido e eficiente de uma ampla gama de dados que, ao se tornarem informações, amplificam o conhecimento sobre a realidade geográfica. A esta defesa, faz-se a ressalva de que existem limitações analíticas para a compreensão da realidade em sua totalidade apenas pelo uso destas técnicas, o que nos leva ao cabo da reflexão de que estas não poderão, indubitavelmente, por si só responder a todos os questionamentos impostos por qualquer pesquisa que faça uso destes instrumentos.

Já no capítulo seguinte, denominado “PRESSUPOSTOS PARA O PLANEJAMENTO E PARA A GESTÃO DOS USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO”, realiza-se a exposição e oportuna discussão dos resultados alcançados, com a apresentação de novos produtos cartográficos envolvendo todos os eixos analíticos elencados anteriormente. Discute-se o diagnóstico do uso e ocupação da terra, das Áreas de Preservação Permanente (APP), do Zoneamento Municipal e outros complementares, disponibilizando-se mapas temáticos atualizados para a área de estudo. Apresenta-se também a análise de parâmetros indicativos da qualidade da água do reservatório, bem como os resultados da relevante atividade prática de coleta de dados na forma de entrevista estruturada, abrangendo variáveis socioeconômicas, atividade esta realizada junto à população residente no entorno direto.

Por fim, no capítulo intitulado “PROGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO FUNDAMENTADO PELA ANÁLISE GEOGRÁFICA” são delineadas algumas análises na tentativa de realizar explanações sobre um possível prognóstico para a área, a partir do entendimento de todo o conteúdo produzido ao longo da pesquisa e da apropriação de novas práticas de planejamento e gestão territorial.

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Tendo ciência das limitações inerentes a qualquer trabalho científico, projeta-se que este trabalho instigue novas questões para debates e pesquisas futuras, já que as premissas possíveis em face da tese aqui defendida não representam alternativa única, constituindo-se, portanto, em mais um ponto de partida para novas discussões e para a geração de novos conhecimentos.

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CAPÍTULO 01

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E BASES CONCEITUAIS ELENCADAS

PARA A ANÁLISE TERRITORIAL

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“O processo de globalização, em sua fase atual, revela uma vontade de fundar o domínio do mundo na associação entre grandes organizações e uma tecnologia cegamente utilizada. Mas a realidade dos territórios e as contingências do ‘meio associado’ asseguram a impossibilidade da desejada homogeneização. A questão que aqui se coloca é a de saber, de um lado, em que medida a noção de espaço pode contribuir à interpretação do fenômeno técnico e, de outro lado, verificar, sistematicamente, o papel do fenômeno técnico na produção e nas transformações do espaço geográfico” (Milton Santos - A Natureza do Espaço, 1997, p. 27).

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1.1 Planejamento e gestão territorial: revisão, conceitos e aplicações

A temática do planejamento e da gestão territorial, fundamentalmente ligada aos objetivos centrais da pesquisa, nos leva a apresentar alguns dados conceituais identificados durante o processo de revisão bibliográfica que, conjuntamente a outras atividades, foi realizado de forma sistemática e contínua. Afinal, são muitas as vertentes da Geografia e mesmo de outras áreas do conhecimento que tratam ou tentam imprimir análises focadas em pressupostos de planejamento e gestão, que, ao contrário do caso explícito deste trabalho, nem sempre são territoriais.

A opção pelo desenvolvimento de um estudo focando o planejamento e também a análise de aspectos da gestão territorial no entorno do reservatório de Salto Grande se apresenta como um enorme e instigante desafio de pesquisa, pois assume-se previamente uma dupla responsabilidade investigativa: realizar cuidadosamente uma reflexão envolvendo os conceitos de planejamento e de gestão, algumas vezes utilizados como sinônimos, mas que a nosso ver apresentam naturezas bem distintas, porém complementares, e buscar entender a relação intrínseca existente na aplicação destes conceitos no território. Tem-se aí um primeiro ponto chave.

O adjetivo territorial, por sua vez, atribuído a ambos os conceitos, evidencia uma escolha por uma temática em que a ciência geográfica há muito tempo se debruça e, por isso, com propriedade pode tratá-la, fundamentada, sobretudo, pela estreita ligação histórica entre a Geografia, o território e as práticas que nele se materializam.

Partindo do princípio de que o espaço geográfico, aqui entendido como um “[...] conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a história se dá” (SANTOS, 1997, p. 39), é o grande “sustentáculo” das relações e realizações socioespaciais, podemos derivar alguns conceitos mais amplamente utilizados, como os de lugar, paisagem, território e região. A nós interessa e cabe destacar o território, já que nesta pesquisa, concentram-se esforços para delinear ações visando o planejamento e a gestão territorial dentro de um recorte espacial selecionado (o entorno do reservatório de Salto Grande), por meio de análises e diagnósticos

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subsidiados pelas discussões teóricas, pela utilização de um instrumental técnico e por uma práxis geográfica crítica (MATIAS, 2004).

Ao trabalhar com o planejamento territorial, é inevitável confrontar-se com questões de cunho político, já que historicamente o conceito de território dentro da Geografia foi pensado a partir das relações de poder, como já explicitava Raffestin (1993, p. 144), uma das referências nesta abordagem, ao afirmar que:

[...] o território se apoia no espaço, mas não é o espaço. É uma produção a partir do espaço. Ora, a produção, por causa de todas as relações que envolve, se inscreve num campo de poder.

No entanto, nos últimos anos, muitos geógrafos têm procurado tratar a questão do planejamento urbano e territorial em suas várias facetas, destacando outras dimensões do mesmo, além da política, como por exemplo, os aspectos culturais. Souza (2001, p. 11) salienta que o território é um “[...] espaço definido e delimitado por e a partir das relações de poder”, e que o poder não se restringe ao Estado e não se confunde com violência e dominação. Assim, o conceito de território deve abarcar mais que o território do Estado-Nação. Nas palavras do autor:

Todo espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder é um território, do quarteirão aterrorizado por uma gangue de jovens até o bloco constituído pelos países membros da OTAN (SOUZA, 2001, p. 11).

E para este autor, além da questão da escala, o planejamento do território envolveria a análise do conceito de autonomia que, segundo ele, constituiria a base do desenvolvimento rumo a uma maior liberdade e menor desigualdade (SOUZA, 2001); em uma sociedade autônoma, tanto o planejamento como a gestão seriam conduzidos de forma democrática e descentralizada, além de tomar uma forma flexível, com a possível quebra de ideologias dominantes.

Ao se referir especificamente ao território, outros autores também trazem à discussão a questão escalar no âmbito de sua existência, como Saquet (2004, p. 28):

[...] o território se efetiva em diferentes escalas, portanto, não apenas naquela convencionalmente conhecida como “território nacional”; [...] as forças econômicas, políticas e culturais, reciprocamente relacionadas, efetivam um território, um processo social, no (e com o) espaço geográfico, centrado e

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emanado na e da territorialidade cotidiana dos indivíduos, em diferentes centralidades, temporalidades, territorialidades. A apropriação é econômica, política e cultural, formando territórios heterogêneos e sobrepostos fundados nas contradições sociais.

A compreensão das diferentes dimensões que contemplam as práticas socioespaciais no âmbito territorial é fundamental para poder sugerir intervenções no mesmo, de forma a prover ganhos para a sociedade como um todo, assim como nos lembra Lacoste (1988, p. 78), ao afirmar que:

Para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, é grave que seja somente a minoria no poder que saiba como a situação se transforma concretamente nas múltiplas partes do território, e como se pode intervir nessas mudanças.

Desta forma, julga-se importante destacar que a intervenção no território, seja ela de natureza administrativa, de cunho fiscal, jurídica, política, econômica, social ou mesmo ambiental, deveria necessariamente se pautar e se consolidar por instrumentos de planejamento e gestão efetivamente democráticos, ou seja, discutidos e aprovados pela participação de todos os agentes e movimentos sociais (comunidade, poder público, privado, ONGs, associações, pesquisadores, dentre outros) que são os verdadeiros responsáveis pela produção do (no) território e, porque não dizer, legitimadores deste processo. Na efetividade dos fatos, esta premissa nem sempre ocorre.

Enquanto território, o entorno do reservatório de Salto Grande presenciou ao longo das últimas décadas uma série de transformações oriundas de práticas e intervenções socioespaciais motivadas pelos mais variados interesses. A presença da rodovia Anhanguera no limite sul da área de estudo, apenas como título de exemplo, funcionando como eixo de ligação da economia local aos grandes centros econômicos do Estado de São Paulo, atraiu para a área importantes indústrias, o que por consequência, contribuiu decisivamente para uma ocupação residencial operária e a expansão dos processos de urbanização nas proximidades do reservatório, com implicações particulares e diretas sobre o planejamento da área.

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Da mesma forma, a gestão urbana e o pensamento urbanístico empreendido inicialmente para este território foi se modificando; se no início da década de 1950 os processos de urbanização estavam centrados na expansão de conjuntos habitacionais populares, foram posteriormente influenciados pela ação da própria comunidade residente, do poder público instituído e de agentes imobiliários interessados nesta expansão nas décadas seguintes (LIMA, 2002, p. 74), dando origem a bairros consolidados e a outras expressões de apropriação das terras, como as chácaras de veraneio e a constituição dos primeiros condomínios fechados, além da expansão do setor de serviços. Cabe reforçar, como citado por Santos (2005, p. 255), que “[...] é o uso do território, e não o território em si mesmo, que faz dele objeto de análise social”, caminho analítico que se mostrou palpável através da leitura dos processos sociais responsáveis pela evolução urbana no entorno do reservatório de Salto Grande, que são condizentes com as diferentes apropriações ao longo do tempo deste território, trazendo a tona inclusive seus aspectos contraditórios.

As especificidades que envolvem o planejamento e a gestão de um dado território estão longe de atingir uma unanimidade, o que demonstra a enorme gama de possibilidades e caminhos a serem trilhados. Nesta pesquisa, primeiramente optou-se pelas discussões envolvendo o planejamento, já que este antevê historicamente o conceito de gestão e, devido a sua natureza longínqua, aparece com mais frequência na literatura geográfica, bem como nas áreas do conhecimento que formam profissionais interessados, sobretudo, no estudo de como a sociedade se organiza em sua base espacial, casos dos cientistas políticos e sociais, arquitetos, urbanistas e planejadores.

O significado mais amplo de planejamento pode abarcar diferentes definições. O planejamento pode ser entendido como um processo contínuo que envolve decisões ou escolhas acerca de formas alternativas de utilizar os recursos disponíveis com o objetivo de atingir metas específicas no futuro. Nessa definição, alguns autores enfatizam quatro aspectos importantes do planejamento: envolve a tomada de decisões, é um meio para a distribuição de recursos, é um caminho para se atingir metas e, por último, envolve previsões (CONYERS e HILLS, 1984, apud FIDALGO, 2003).

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O planejamento, prática descrita algumas vezes em legislações específicas, também pode ser entendido como uma atividade que envolve a formulação sistematizada de um conjunto de decisões devidamente integradas, expressas em objetivos e metas, e que explicita os meios disponíveis ou necessários para alcançá-los, num dado prazo (CONFEA, 2005).

Dentre as muitas visões sobre o tema, uma mais abrangente é apresentada por Santos (2004), que propõe que o planejamento pode ser definido como um processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas das informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou a escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis; a ênfase do planejamento está na tomada de decisões, subsidiadas num diagnóstico que, ao menos, identifique e defina o melhor uso possível dos recursos do meio planejado.

Em se tratando de pesquisas de natureza geográfica, é o planejamento territorial que emerge ao longo da história como grande motivador de estudos voltados para o entendimento da dinâmica das cidades e do urbano, assumindo-se aqui a distinção entre os conceitos de cidade e urbano, como nos lembra Lencioni (2008, p. 114):

Tanto a cidade, como objeto, como o urbano, como fenômeno, se situam no âmbito das reflexões sobre o espaço e a sociedade, pois são produtos dessa relação; mais precisamente, são produzidos por relações sociais determinadas historicamente.

Assim, assume-se que todo e qualquer planejamento constitui-se através de ações dotadas de intencionalidade, e por isso este instrumental assume tamanha importância no contexto das cidades: suas premissas podem representar a formação de territórios de inclusão ou exclusão, de espaços de convivência ou privação, e assim por diante.

Já sobre o conceito de gestão territorial abordado nesta pesquisa, prática importante e complementar ao planejamento, ressalta-se a sua função estratégica: quando falamos em gestão do território, estamos nos referindo à ação de qualquer sujeito (ou agente social) com vistas à administração de suas práticas no/do território. Ou seja, entende-se que o planejamento só torna-se efetivo quando torna-seguido de práticas associadas de gestão territorial, que por sua vez, para

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concretizar suas ações a níveis socioespaciais, deveriam sempre ser precedidas de bases fornecidas pelo planejamento.

Neste sentido, alguns autores enfatizam a importância do termo gestão territorial, como Dallabrida et al. (2012, p. 2):

A gestão territorial refere-se aos processos de tomada de decisão dos atores sociais, econômicos e institucionais de um determinado âmbito espacial, sobre a apropriação e uso dos territórios, com vistas à definição de estratégias de desenvolvimento.

Comumente deliberado pelo Estado e pelos poderes instituídos, o processo de gestão territorial está relacionado à prática efetiva de regulação do território, sendo assim um item estratégico quando associado ao planejamento. A gestão do território dialoga não apenas com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, mas também com todas aquelas políticas setoriais e macroeconômicas capazes de produzir efeitos territoriais importantes. Justamente por isso, é preciso tomar cuidado, pois as ações de gestão do território com repercussões sobre a configuração socioespacial são cada vez mais condicionadas, em seus aspectos externos, por movimentos em direção a um aumento da competitividade territorial (DELFINO, 2004), o que por vezes não colabora para a redução das desigualdades territoriais, muito pelo contrário, pode acentuá-las.

Também deve-se ficar atento para o que Souza (2008a, p. 31) chama de enfraquecimento do planejamento acompanhado pela popularização do termo gestão, como o autor explica:

[...] como a gestão significa, a rigor, a administração dos recursos e problemas aqui e agora, operando, portanto, no curto e no médio prazos, o hiperprivilegiamento da ideia de gestão em detrimento de um planejamento consistente representa o triunfo do imediatismo e da miopia dos ideólogos ultraconservadores do “mercado livre”. Em outras palavras, ele representa a substituição de um “planejamento forte”, típico da era fordista, por um “planejamento fraco” (muita gestão e pouco planejamento), o que combina bem com a era do pós-fordismo, da desregulamentação e do “Estado mínimo”.

Tentando fugir desta armadilha é que se considera tanto o planejamento como a gestão territorial da área de estudo selecionada sob uma perspectiva socialmente crítica e

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geograficamente integrada, em que não pese uma maior ou menor importância de qualquer um dos conceitos, mas sim sobressaia uma análise conjunta de ambos e reveladora dos conflitos socioespaciais existentes.

Por intermédio desta premissa, é possível apresentar alternativas de planejamento que valorizem as potencialidades e procurem suprir as carências associadas à inexistência de usos múltiplos do reservatório e seu entorno, o que por sua vez implica também em expor as contradições existentes no uso e ocupação da terra, destacando os aspectos socioambientais latentes e como a tomada de ações efetivas podem significar a concretização de práticas de gestão territorial adequadas.

Enfatiza-se que as reflexões desenvolvidas no processo de construção da tese não almejam apresentar uma única e definitiva solução, referenciada em algum tipo de planejamento urbano considerado “ideal” ou “aparentemente ordenado”, até mesmo porque acredita-se que isso se constitui mais em utopia do que realidade; porém, pretende-se, com absoluta certeza, suscitar o debate acerca das possibilidades de planejamento e gestão territorial a partir da temática que Lefebvre (1991, p. 116) há décadas já nos chamava a atenção, quando escreveu sua obra O direito à cidade; afirmava ele:

O direito à cidade não pode ser concebido como um simples direito de visita ou de retorno às cidades tradicionais; só pode ser formulado como direito à vida urbana, transformada, renovada.

Para que o planejamento urbano possa assegurar a constante renovação do direito à cidade, contemplando com o máximo de rigor a realização de seus objetivos findos, torna-se fundamental realizar a crítica a partir do entendimento de sua composição como verdadeiro instrumento político, o que muitas vezes imprime em sua concepção ideias e anseios que beneficiam unicamente os grupos dominantes. Denominado comumente como planejamento tecnocrático, este tipo de planejamento:

[...] estrutura-se sobre um projeto de cidade ideal, construído em um círculo estreito de agentes participantes que o determinam e fundado em valores e interesses socialmente restritos [...], em um processo que envolve decisões centralizadoras (CARVALHO, 2009, p. 26).

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Em contrapartida a esta concepção, defende-se aqui o chamado planejamento urbano participativo, onde:

[...] o projeto de cidade constrói-se pela ação conjunta dos diferentes atores que interferem na vida urbana [...], e as decisões podem sempre absorver novas demandas, dado que se reconhece a existência de interesses e necessidades em geral não contempladas em face da desigual distribuição social de recursos (Id. Ibid.).

Estas questões apresentam-se como fundamentais para estabelecer novas práticas territoriais para a área, que devem respeitar a dinâmica social local e se pautar em políticas públicas urbanas apoiadas em aparatos legais de auxílio ao planejamento e a gestão, como os Planos Diretores Municipais e instrumentos associados. Embora ainda muito distante de cumprir com suas metas mais ambiciosas, tais planos assumem importante papel na tentativa de evitar que o planejamento sirva apenas como mote legitimador das formas de controle dos grupos dominantes sobre os dominados, o que implica em buscar também uma nova perspectiva em sua elaboração, ou como menciona Santos Júnior e Montandon (2011, p. 48):

O Plano Diretor feito e decidido unicamente por técnicos e por determinados grupos da sociedade não é eficaz para o enfrentamento dos problemas urbanos, pois, além de ter baixa legitimidade, não expressa um pacto para o desenvolvimento urbano do município, correndo-se o risco de ser um plano de uma gestão e não um plano da cidade e da sociedade. Assim, é fundamental que haja o controle social e os processos participativos associados ao Plano Diretor, tanto no seu processo de elaboração quanto na sua implementação.

Acrescenta-se a esta discussão a importância de se valorizar um planejamento territorial que contemple às aspirações democráticas da comunidade local, adaptadas aos novos mecanismos e formas de gestão da contemporaneidade e que garantam a todos os agentes sociais os benefícios desta pretensa conquista. Assim, busca-se em última instância prover informações valiosas para a formulação de diretrizes visando à tomada de decisão, efetivamente passível de realização, buscando selecionar as ações de planejamento mais adequadas para o quadro social em questão (FERRARI, 1979).

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No que tange a recente associação das atividades de planejamento nas cidades com a utilização de técnicas de análise associadas ao geoprocessamento, assunto tratado na sequência, esta relação se constrói no âmbito do acréscimo no fornecimento de subsídios para a tomada de decisão, evidenciado pelo “[...] aumento exponencial da quantidade de dados disponíveis sobre o território e da enorme capacidade de abstração permitida pelo uso destas técnicas” (BAYER et al., 2010, p. 295).

Assim, julga-se necessário introduzir as discussões envolvendo a questão do uso do geoprocessamento como suporte analítico a partir da constituição e utilização de bases de dados geográficos e suas implicações e inúmeras aplicações dentro do planejamento territorial, que são indicativos das novas possibilidades que as (geo)tecnologias1 trouxeram não só à Geografia, mas às diversas vertentes do conhecimento, não obstante à luz da reflexão teórico-metodológica sempre necessária.

1.2 Geoprocessamento em estudos geográficos

As ideias envolvendo o uso do geoprocessamento e de seus métodos e técnicas associados na presente pesquisa motivam reflexões acerca de suas definições, usos e aplicações, principalmente pela existência, atualmente, de enfoques conceituais distintos quando de sua utilização. A nós interessa particularmente sua inserção teórica e prática dentro da Geografia e o importante papel instrumental que pode desempenhar na sociedade contemporânea e, mais ainda, a possibilidade que sua utilização tem de influenciar diretamente as práticas socioespaciais, como suporte e auxílio na tomada das decisões no âmbito do planejamento e da gestão territorial.

Longe de significar um consenso entre os estudiosos da área, suas origens e avanços podem estar enraizados ao período histórico recente, após década de 1970, de expansão e

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O termo geotecnologias é empregado atualmente por muitos autores para designar um conjunto de aparatos tecnológicos relacionados à computação (hardware, software, peopleware, arquitetura de banco de dados, metodologias de análise), aliados aos conhecimentos científicos que lhes são necessários para realizar a aquisição, o tratamento e a produção de informações de forma georreferenciada, agregando, portanto, o Sensoriamento Remoto, a Cartografia Digital, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) (MATIAS, 2001).

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reestruturação do modo de produção capitalista, centrado, sobretudo, na revolução tecnológica da informação e comunicação. O termo “sociedade da informação”, empregado por alguns autores como substituto do termo “sociedade pós-industrial” (CASTELLS, 1999), denota a importância da informação como matéria-prima para uma sociedade cada vez mais pautada por um regime de acumulação “flexível”, guiada pela lógica das redes, pelos fluxos materiais e imateriais, e pela crescente convergência de tecnologias da informação, processamento e comunicação, como menciona Castells (1999); a expansão destas práticas no espaço cresceu acompanhada de uma necessidade de controlar e gerir o mesmo e, neste contexto, o emprego das técnicas e metodologias associadas ao geoprocessamento se apresenta como alternativa e suporte para se atingir tais objetivos.

O fato é que as (geo)tecnologias e os recursos digitais podem atualmente contribuir para um avanço na nossa forma de pensar e agir sobre o território, já que, como afirma Bonham-Carter (1996, p. 132), “[...] utilizando estas ferramentas pode-se produzir informações sobre o território em pouco tempo e com baixo custo”, combinando informações de dados espaciais multi-fontes e multi-temporais a fim de analisar as interações existentes entre as variáveis selecionadas, elaborando modelos preventivos, provendo diagnósticos e prognósticos e, como fim, dando suporte contínuo às tomadas de decisões no âmbito espacial.

Outros pesquisadores e cientistas já se debruçaram em estudos sobre a tríade capitalismo, revolução tecnológica e (re)produção do espaço geográfico, como David Harvey, que em um capítulo de sua obra Condição Pós-Moderna (1992, p. 140) expõe algumas características que marcam este período dominado pela produção e acumulação flexível:

[...] ela (a acumulação flexível) se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo; caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional [...]. Ela também envolve um novo movimento, a compressão do espaço-tempo no mundo capitalista – os horizontes temporais da tomada de decisões privada e pública se estreitaram, enquanto a comunicação via satélite e a queda dos custos de transporte possibilitaram cada vez mais a difusão imediata dessas decisões num espaço cada vez mais amplo e variado.

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Estes fatores corroboram para a importância das tecnologias da informação para a análise das novas práticas socioespaciais que buscam se materializar em diferentes porções do território. Porém, se é fato que a Geografia se apropria cada vez mais destas tecnologias para embasar seus trabalhos, também é iminente que se tome cuidado ao levar a cabo o uso indiscriminado deste instrumental como forma de justificar intervenções arbitrárias no espaço, já que os mesmos são comumente utilizados para a tomada de decisão. Esta linha tênue representa atualmente um grande desafio quando se faz a opção pelo uso do geoprocessamento e tecnologias similares em estudos de natureza geográfica.

Isso nos leva a concordar com Matias (2004, p. 7), quando afirma que:

[...] como qualquer advento no campo científico deve-se adotar uma postura prudente com relação às geotecnologias, nem valorização em excesso e tampouco rejeição peremptória. Há que se definir um posicionamento crítico, que permita entender seu real significado tanto no campo do conhecimento, em sentido restrito, como quanto aos benefícios e malefícios de seu uso pela sociedade.

Deste modo, posiciona-se para incluir o geoprocessamento muito além de uma visão tecnicista, já que qualquer análise que não faça uso e incorporação das dimensões políticas, econômicas, ambientais e sociais, minimamente, antes mesmo de sua apresentação, torna-se vazia e inconsistente.

O processo de revisão bibliográfica mostra uma vasta literatura e inúmeros posicionamentos ideológicos e conceituais quando a temática trata de geoprocessamento, termo adotado principalmente nos países latino-americanos, em especial no Brasil. Embora represente um conceito distinto, a denominação Sistema de Informação Geográfica (SIG2

), muitas vezes se confunde na literatura com o termo geoprocessamento o que, por vezes, acarreta confusões e generalizações.

Sem a pretensão de aprofundar o tema, visto o elevado número de definições de SIG dentro da ciência geográfica, Smith et al. (1987, p. 152) o define como “[...] um banco de dados

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indexados espacialmente, sobre o qual opera um conjunto de procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais”, enquanto Aronoff (1989, p. 43) o considera como sendo “[...] um conjunto computacional de procedimentos utilizados para armazenar e manipular dados georreferenciados”, conceito similar ao adotado por Burrough (1986, p. 31), ao assinalar que trata-se de um “[...] poderoso conjunto de ferramentas para coletar, armazenar, recuperar, transformar e visualizar dados sobre o mundo real”.

Alguns autores procuram associar o termo SIG com o conceito de geoprocessamento, como Câmara e Davis (2001, p. 1), que apresentam sua definição reforçando a amplitude deste último:

Denota a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica, permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos.

Tal definição engloba alguns termos que costumam aparecer com mais frequência na literatura, principalmente ao fazer referência às técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica, aplicações em diversas áreas e disciplinas, banco de dados georreferenciados e automatização de documentos cartográficos. São alguns dos elementos que fazem parte do rol de instrumentos disponibilizados pelo geoprocessamento, porém, outras definições procuram avançar um pouco mais na dimensão teórica da análise, associando a estas técnicas as necessárias metodologias para compreensão da realidade.

Neste contexto, perpassam-se desde visões mais tecnicistas (associando o termo exclusivamente a um conjunto de hardwares, softwares), passando por definições de cunho fenomenológicas (ressaltando sua relação com a questão da percepção ambiental) e chegando a conceituações mais amplas (talvez dialéticas), onde a transdisciplinaridade do termo é colocado em destaque.

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Uma das concepções de geoprocessamento, que se apresenta de forma distinta quanto a seu entendimento, é a proposta de Xavier-da-Silva (2001, p. 12-13), que ao abordar o termo, propõe que o mesmo deve ser considerado como:

[...] um conjunto de técnicas computacionais que opera sobre bases de dados (que são registros de ocorrências) georreferenciados, para os transformar em informação (que é um acréscimo de conhecimento) relevante, devendo necessariamente apoiar-se em estruturas de percepção ambiental que proporcionem o máximo de eficiência nessa transformação.

Segundo o referido autor, as relações de inserção (hierarquia), justaposição (proximidade/contiguidade) e funcionalidade (causalidade) podem se tornar operacionais através do geoprocessamento, afirmando ainda que “[...] os estudos que utilizam o geoprocessamento como instrumento auxiliar nas investigações socioambientais tendem a ganhar com efetivos e eficazes acréscimos de conhecimento, gerando novas possibilidades analíticas” (XAVIER-DA-SILVA, 2001, p. 31). Talvez este seja um dos pontos de maior concordância entre pesquisadores e estudiosos desta área, reforçando a potencialidade do uso destas técnicas nas mais diversas áreas do conhecimento.

Importante contribuição oferece também o autor quando diferencia geoprocessamento de cartografia automatizada:

O geoprocessamento, por seu lado, focaliza, primordialmente, o levantamento e a análise de situações ambientais representadas por conjuntos de variáveis georreferenciadas e integradas em uma base de dados digitais. Necessita, por definição, contar com uma base cartográfica confiável sobre a qual coligirá

seus dados, o que demanda conhecimentos sobre Cartografia Automatizada. Os

objetivos do geoprocessamento, entretanto, centrando-se na análise dos dados, não se confundem com os da cartografia automatizada (XAVIER-DA-SILVA, 2001, p. 22, grifo nosso).

O autor também chama a atenção sobre a diferença fundamental entre os tratamentos estatísticos elementares e as técnicas associadas ao geoprocessamento, sendo que estas últimas revelam, diretamente, a territorialidade dos fenômenos estudados (p. 35), o que acentua sua importância para os estudos geográficos.

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Outros pesquisadores procuram ampliar a margem de compreensão sobre o tema, tentando aproximar-se muitas vezes de uma visão holística, como no caso de Rocha (2007, p. 210), que argumenta e apresenta uma definição baseada no conceito de transdisciplinaridade, definindo o geoprocessamento como:

[...] uma tecnologia transdisciplinar que, através da axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados.

Este autor deixa em evidência a discussão sobre a transdisciplinaridade das técnicas e métodos de geoprocessamento, buscando uma abordagem científica que visa à unidade do conhecimento através da contribuição de várias áreas e disciplinas, porém não isoladamente, mas sim de forma articulada, através de um pensamento organizador, já que a complexidade presente nos fenômenos estudados (e quando pensamos nos fenômenos de cunho geográfico, esta complexidade é evidente) exigiria do pesquisador tal postura para a compreensão e interpretação plena do objeto de estudo.

Outras formas de conceituar geoprocessamento foram encontradas em fontes pesquisadas, e de forma complementar são apresentadas a seguir:

[...] a área de atuação do geoprocessamento envolve a coleta e tratamento da informação espacial, assim como o desenvolvimento de novos sistemas e aplicações. A tecnologia ligada ao geoprocessamento envolve equipamentos (hardware) e programas (software) com diversos níveis de sofisticação, destinados à implementação de sistemas com fins didáticos, de pesquisa acadêmica ou aplicações profissionais e científicas nos mais diversos ramos das geociências (TEIXEIRA et al., 1992, p. 12).

Conjunto de tecnologias de coleta, tratamento, desenvolvimento e uso de informações georreferenciadas (CTCG, 1996, p. 12).

O geoprocessamento é parte de um conjunto de tecnologias que, trabalhando integradamente, ajudam a representar, simular, planejar, gerenciar o “mundo real” (MENDES; CIRILO, 2001, p. 37).

Referências

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