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Análise de materiais publicitários de produtos farmacêuticos

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Academic year: 2021

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO E

ATENÇÃO FARMACÊUTICA

DÉBORA CAMILA NEU

ANÁLISE DE MATERIAIS PUBLICITÁRIOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Ijuí 2018

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DÉBORA CAMILA NEU

ANÁLISE DE MATERIAIS PUBLICITÁRIOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e Atenção Farmacêutica, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Orientadora: Christiane de Fátima Colet

Ijuí, 2018.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...4

2. METODOLOGIA ...5

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...5

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1. INTRODUÇÃO

A indústria farmacêutica, agências de publicidade, empresas de comunicação e o comércio varejista tem implementado uma intensa estratégia de marketing com vistas a elevar o consumo de medicamentos (NASCIMENTO, 2007).

A publicidade ou propaganda é o conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão com o objetivo de divulgar conhecimentos, tornar conhecido determinado produto ou marca, buscando influenciar o público a ponto de induzir à prescrição, dispensação, aquisição e utilização (BRASIL, 2008).

As indústrias de medicamentos muitas vezes estão mais preocupadas em divulgar e vender seus produtos, do que com a saúde pública, uma vez que os divulgam, na grande maioria das vezes, por meio de publicidades inadequadas e enganosa, gerando assim conflitos entre indústrias, governo e população (FAGUNDES et al, 2007).

Segundo a RDC n° 96 do ano de 2008, não é permitida propaganda ou publicidade enganosa, e estas não devem estimular ou induzir ao uso indiscriminado de medicamentos, bem como não deve constar se o medicamento possui características organolépticas agradáveis e também o uso de termos imperativos que induzam ao consumo. O material fornecido pelo fabricante pode informar sabor, informações sobre segurança e eficácia do produto (BRASIL, 2008).

As indústrias farmacêuticas tem trabalhado muito além da produção de novos medicamentos e produtos farmacêuticos, tem financiado muitas pesquisas científicas paa obter resultados satisfatórios de seus medicamentos, e tais resultados tem sido utilizados como estratégia de marketing (OLIVEIRA,2018).

A veiculação de campanhas publicitárias com objetivos meramente comerciais estimula cada vez mais o consumo irracional de medicamentos, para tanto se faz urgente a implantação de rígidas medidas de controle para que esse tipo de publicidade não venha a interferir na qualidade de vida da sociedade devido ao uso indiscriminado de medicamentos (LUCHESSI et al, 2005).

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O fato de haver essa indução a consumo indiscriminado de medicamentos nos mostram a necessidade de um controle mais eficaz das informações veiculadas em folhetos publicitários distribuídos a farmácias e drogarias em nosso país (GALATO, 2011) tendo em vista diminuir o uso abusivo de medicamentos e manter a qualidade e segurança dos que são ofertados a sociedade.

Diante do exposto o objetivo do trabalho foi identificar se as propagandas distribuídas a uma farmácia magistral de pequeno porte estão em acordo com o que preconiza a RDC n° 96 de 2008, no que se refere a questões como: linguagem adequada e com embasamento teórico comprovado mediante estudos científicos publicados em bases de dados.

2. METODOLOGIA

Foram selecionados todas as publicidades impressas de produtos farmacêuticos disponibilizados a uma farmácia de pequeno porte no mês de Julho de 2017 somando um total de 6 diferentes produtos, de fornecedores variados.

Foram avaliados alguns critérios de normas segundo a RDC n°96 de 2008, tais como: ter comprovação científica, emprego de termos imperativos que induzam consumo e termos que remetam ao sabor, buscando avaliar a veracidade das informações contidas no material fornecido.

Os artigos para embasamento teórico foram pesquisados nas bases de dados Scielo, PubMed, tendo como palavras-chave: medicamentos; propaganda, marketing. Aqueles citados nas peças publicitárias também foram pesquisados nas bases supracitadas.

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Foram analisadas 6 propagandas, de 4 laboratórios diferentes, sendo 4 insumos farmacêuticos e 2 produtos acabados. Ao analisar o material de publicidade destes seis diferentes produtos observou-se, quanto a referencial teórico, que todos citaram artigos livros que foram encontrados nas bases de dados pesquisadas, porém na propaganda 04, um dos artigos citados foi encontrado, mas com autor diferente do citado (QUADRO 01). A RDC 96 de 2008 diz que as referências bibliográficas devem estar disponíveis aos consumidores através do Serviço de Atendimento ao Consumidor e também para o serviço de atendimento a dispensadores de medicamentos e prescritores (BRASIL, 2008).

Quanto a veracidade das informações no material, de acordo com seu referencial teórico, apenas duas propagandas (01 e 06 (33,3%) estavam em total acordo, todas as demais possuíam alguma restrição, como: não apresentar os mesmos resultados que foram expostos, falar sobre outro assunto, ter alguns números subestimados, entre outros. Em estudo de Mastroianni .et al (2008) encontrou-se resultado semelhante, no qual 15,6% das informações estavam incompletas ou se referiam parcialmente ao referencial teórico e também 16,7% das informações da propaganda não foram possíveis encontrar na referência citada.

Segundo Luchessi (2005) o elevado número de irregularidades nas propagandas de medicamentos torna necessário uma nova abordagem frente a comercialização de medicamentos, bem como seu uso racional torne-se urgente, sendo esta uma questão de grande importância para a saúde da população.

QUADRO 01. Análise das propagandas de acordo com seu referencial teórico e linguagem utilizada.

Insumos Referencial teórico citado encontrado

Linguagem adequada

Informações de acordo com o referencial teórico

Propaganda 01 Sim Possui frase que instiga ao uso: “Os quilinhos a menos que você tanto deseja”.

Sim

Propaganda 02 Sim Ênfase na frase: As referências são citadas somente no final do material,

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“Até 50% menos barriga e 100% mais felicidade!”

não tem como identificar os autores durante o texto.

Propaganda 03 Sim Sim Há autores citados que não tem as informações no material.

Propaganda 04 Sim, mas um artigo é de outro autor, não do citado

Sim Descreve informações que não estão nos artigos e os autores de um dos artigos não são os descritos.

Propaganda 05 Sim Sim Sim

Propaganda 06 Há artigos que não foram encontrados.

Sim Alguns dos poucos artigos localizados, não condizem com as informações descritas.

Dois medicamentos possuem frases que induzem ao uso e propõe resultados surpreendentes, como: “Até 50% menos barriga e 100% mais felicidade!” e “Os quilinhos a menos que você tanto deseja”, o que estaria em desacordo com o Artigo n°8 da RDC n° 96 que diz ser vetado na publicidade “estimular e/ou induzir o uso indiscriminado de medicamentos”. Quatro dos produtos são considerados matéria prima e se enquadram como medicamentos, dois deles são fitoterápicos, os outros dois são produtos acabados, ou seja prontos para venda ao consumidor. Todos possuem nome comercial para divulgar o produto, o nome científico ou ativos componentes são descritos em letras menores ao longo do texto.

Não foram encontrados em nenhum dos materiais analisados as informações sobre contraindicações e reações adversas, mesmo fato encontrado no estudo de Galato (2011) no qual a única informação disponibilizada foi “contra-indicação a hipersensibilidade aos componentes da fórmula”, sendo esta uma informação muito breve e não informa corretamente o usuário. Batista (2013) ao analisar propagandas de medicamentos veiculadas em emissoras de rádio concluiu que todas as peças publicitárias apresentavam algum tipo de infração frente a RDC vigente e que 100% delas não continham

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informações sobre contraindicações,. Isto mostra que todo o tipo de propaganda desde a impressa ou a mídias como rádio e tv devem ser fiscalizadas e orientadas.

Quanto a posologia todos tinham as dosagens máximas permitidas ao dia ou ao menos alguma sugestão de uso. A falta destas informações ou sua precariedade gera uma propaganda enganosa, contribuindo para prescrições inadequadas e uso indevido de medicamentos e produtos, uma vez que estas deveriam ser fontes de informação e conhecimento para os profissionais da saúde (ABDALLA, 2017).

A conscientização dos profissionais de saúde é essencial, uma vez que precisam ter a ciência de que muitas vezes a publicidade pode influenciar tanto a prescrição quanto a venda de determinados medicamentos, e que isso pode, em algum momento, gerar um efeito negativo à saúde a ao bem estar da população (TREVIZOL, 2010). Pois esta, tendo acesso a informação inadequada acaba buscando por os produtos que chegam a seu conhecimento, mesmo sem necessidade, um exemplo disso é o resultado de Lira Junior (2010) com população idosa, na qual 17,8% da amostra relatou usar medicamentos influenciada pela propaganda. Para Palácios (2008), a estratégia mais significativa é trabalhar na formação dos médicos, para que se tenham profissionais mais atentos sobre a influência da indústria farmacêutica em seu cotidiano e prescrições, bem como desenvolver senso crítico para melhorar a qualidade das prescrições e também o cuidado frente aos pacientes.

As propagandas em questão foram fornecidas a farmácia magistral para divulgação do produto, sendo seu público consumidores e profissionais prescritores. Porém a linguagem utilizada é mais compreensível aos profissionais do que aos consumidores, e possui fontes reduzidas e com pouco espaço entre as letras, fato este também observado em estudo de Abdalla (2017).

Nenhuma das empresas fabricantes divulgou em seu material publicitário o número de registro da ANVISA, nos estudos de Luchessi (2005) e Abdalla (2017) em média 50% das propagandas analisadas também não possuíam número de registro disponível. Fatos estes que deixam evidenciado ainda mais a necessidade de um setor regulador e fiscalizador rígido e que priorize como bem maior a sociedade, e não interesses particulares de empresas ou afins (ABDALLA, 2017), uma vez que em vários países, assim como no Brasil, a legislação não permite que sejam veiculadas propagandas

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de medicamentos sem registro ou autorização do órgão sanitário, somente após obter o registro para comercialização que ele pode ser veiculado em mídias (BRASIL, 2005).

A indústria farmacêutica é sem dúvidas uma das etapas mais importantes em relação ao cuidado com a saúde, uma vez que através dela se desenvolvem novos medicamentos para auxiliar em diferentes patologias ou distúrbios de saúde (RABELLO,2012). Porém é necessário que sejam divulgadas as todas as informações sobre os medicamentos, desde benefícios quanto seus efeitos adversos, bem como orientar o uso somente se houver uma real necessidade ou orientada por seu médico ou farmacêutico, para que assim se promova realmente saúde.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se a necessidade de um setor que exija mais dos fornecedores frente a seu material publicitário, uma vez que falta de informações ao consumidor ou prestar informações impróprias ou com intuito de induzir consumo, não devem ser veiculadas. Pois os materiais são fonte de consulta e informação primária, sendo de suma importância que estejam de acordo com as normas vigentes. De mesmo modo deve se promover ações em saúde que mostrem os riscos da automedicação a sociedade, para que se evite o uso indiscriminado de medicamentos e demais insumos.

5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDALLA, Marcela Campos Esqueff & CASTILHO, Selma Rodrigues de. Análise da propaganda de medicamentos dirigida a profissionais de saúde. R. Dir. Sanit. São Paulo v.18 n.1, p. 101-120, mar./jun. 2017. Acesso em: janeiro de 2018.

BATISTA, A.M. & CARVALHO, M.C.R.D. Avaliação da propaganda de medicamentos veiculada em emissoras de rádio. Ciênc. saúde coletiva vol.18 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2013. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 96, de 17 de dezembro de 2008. Dispõe sobre a propaganda, publicidade, informação e outras práticas

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cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial de medicamentos. Diário Oficial

da União, Brasília, DF, 24 de julho de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Estudo Comparado: Regulamentação da propaganda de medicamentos. Série E, 1ª ed. Legislação de Saúde. Brasília, DF, 2005. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

FAGUNDES, MJD; SOARES, MGA; DINIZ, NM; PIRES, JR & GARRAFA V. Análise bioética da propaganda e publicidade de medicamentos. Cienc Saude Coletiva. 2007;12(1):221-9. Acesso em: 21 de julho de 2017.

GALATO, Dayani; PEREIRA, Greicy B & VALGAS, Cleidson. Análise de informes publicitários distribuídos em farmácias e drogarias. Rev Saude Publica 2011;45(1):212-5. Acesso em: 18 de julho de 2017.

LUCHESSI, A.D.; MARÇAL, B. F.; ARAÚJO, G.F.; ULIANA, L.Z.; ROCHA, M. R.G. & PINTO, T.J.A. Monitoração de propaganda e publicidade de medicamentos: Âmbito de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of

Pharmaceutical Sciences vol. 41, n. 3, jul./set., 2005. Acesso em: 22 de julho de 2017.

LYRA JR, D.P; NEVES, A.L; CERQUEIRA, K.S; MACELLINI, P.S; MARQUES, T.C & BARROS, J.A.C. Influência da propaganda da utilização de medicamentos em um grupo de idosos atendidos em uma unidade básica de saúde em Aracaju (SE, Brasil). Rev

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2108.

MASTROIANNI, Patricia C; NOTO, Ana Regina & GALDUROZ, José Carlos F. Propagandas de medicamentos psicoativos: análise das informações científicas. Rev

Saúde Pública 2008;42(3):529-35. Acesso em: 21 de julho de 2017.

NASCIMENTO, Álvaro. Propaganda de medicamentos: como conciliar uso racional e a permanente necessidade de expandir o mercado?. Rev. Trab. educ. saúde vol.5 no.2 Rio de Janeiro, 2007. Acesso em: 25 de julho de 2017.

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harmoniosa?. Disponível em:

http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/6mostra/artigos/SAUDE/CYNARA%20AM%C3%82 NCIO%20DE%20OLIVEIRA.pdf. Acesso em: 10 de fevereiro de 2018.

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PALÁCIOS, M; REGO, S & LINO, M.H. Promoção e propaganda de medicamentos em ambientes de ensino: elementos para o debate. Interface-Comunicação Saúde

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TEVIZOL, D.J; FERREIRA, M.B.C & KARNOPP, Z.M.P. A propaganda de medicamentos em escola de medicina do Sul do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 15 (supl.3): 3487-3496, 2010. Acesso em: 22 de janeiro de 2018.

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