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Contribuição para o custeio de iluminação pública (CIP) X taxa de iluminação pública: análise da carga fiscal no município de Ijuí/RS

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

FABIELA DE OLIVEIRA

CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (CIP) x TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA: ANÁLISE DA CARGA FISCAL

NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS

Ijuí (RS) 2016

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FABIELA DE OLIVEIRA

CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (CIP) x TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA: ANÁLISE DA CARGA FISCAL

NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS

Monografia final apresentada ao curso de Graduação em Direito, objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Ma. Maristela Gheller Heidemann

Ijuí (RS) 2016

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Dedico este estudo à minha família, e a todos que compartilharam comigo a realização deste sonho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus – Ser onipotente, norteador da minha vida, sem Ele não estaria aqui.

À minha família, que no dia a dia me incentiva a persistir, me dando o suporte necessário para as batalhas da vida. Que me ensinou que o caminho que temos que percorrer não é só de espinhos mas sim de muita luz e de rosas, e que é preciso ter muita fé e paz interior para alcançar a luz.

À minha querida e amada orientadora, mestra Maristela Gheller Heidemann, com quem tive o privilégio de contar na elaboração deste estudo. Sua dedicação, disponibilidade e apoio foram fundamentais.

Às minhas colegas e amigas que fiz ao longo desta caminhada de conhecimento, essenciais no período acadêmico. A cumplicidade e a parceria foram imprescindíveis para não desistir ao longo do caminho.

Enfim, a todos os amigos, colegas e mestres que de uma forma ou de outra fizeram parte da minha caminhada acadêmica. A eles, os meus sinceros agradecimentos, com a certeza de que cada um tem um lugarzinho especial dentro do meu coração.

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“Que um homem pode mudar a si mesmo [...] e comandar seu próprio destino é a conclusão de toda mente que está desperta para o poder do pensamento certo.”

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RESUMO

O presente estudo faz uma análise da Taxa de Iluminação Pública e a sua mudança para Contribuição sobre o Custeio da Iluminação Pública. Inicialmente, parte do entendimento do que seja um tributo, suas características e espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimo compulsório, conforme consta na legislação brasileira. Na sequência, analisa mais detalhadamente as taxas e a alteração constitucional que autorizou os municípios e o Distrito Federal inserir na sua legislação a cobrança de Contribuição para o Custeio de Iluminação Pública em razão de o Supremo Tribunal Federal julgar inconstitucional a Taxa de Iluminação Pública. A pesquisa finaliza com uma análise do Município de Ijuí/RS a fim de evidenciar se com a alteração legal, ou seja, se com a troca de taxa para contribuição houve acréscimo de arrecadação e, em sendo positiva, qual o percentual de acréscimo da carga tributária comparada à cobrança da extinta Taxa de Iluminação Pública.

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ABSTRACT

This present work of course conclusion makes a analysis about lighting public rate and the change to contribution and defrayal about lighting public rate. Initially, an understanding about what are tribute, their characteristics and species: the tax, the rate of improvement contributions, special contributions, compulsory loan as stated in our Brazilian law. In sequence, analyzes in detail the taxs and the constitutional change that authorized municipalities and the Federal District include in their legislation the contribution collection for public lighting cost, because the Supreme Court deems unconstitutional the lighting public rate. The research ends with a analysis about the town Ijuí/RS, in order to show if with the change in the law, that is, the exchange rate for contribution was revenue increase, and being positive, which was the tax burden of the percentage increase compared to the collection of the former lighting rate public.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 TRIBUTOS – ALGUNS ASPECTOS GERAIS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ESPÉCIES ... 9

1.1 Natureza jurídica específica do tributo e critérios de identificação da espécie ... 9

1.2 Importância dos conceitos jurídico das espécies de tributos ... 11

1.2.1 Imposto ... 11

1.2.2 Taxa ... 12

1.2.3 Contribuição de melhoria ... 13

1.2.4 Contribuições especiais ... 15

1.2.5 Empréstimo compulsório ... 15

1.3 Taxa de Iluminação Pública ... 16

1.4 A decisão do STF acerca da inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública. ... 18

2 A CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA ... 23

2.1 Antecedentes históricos ... 24

2.2 Da hipótese de incidência ... 25

2.3 Cobrança da CIP nas faturas de energia elétrica ... 26

2.3.1 O custeio do serviço de iluminação pública ... 27

2.4 Uma análise comparativa entre a base de cálculo, as alíquotas e a arrecadação da Taxa de Iluminação Pública e a Contribuição Provisória sobre o Custeio de Iluminação Pública ... 28

2.4.1 Arrecadação obtida no Municipio de Ijuí/RS ... 29

CONCLUSÃO ... 39

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INTRODUÇÃO

O presente estudo apresenta uma análise da cobrança da Contribuição para o Custeio de Iluminação Pública, instituída a partir da decisão ocorrida no Supremo Tribunal Federal (STF) ao determinar a inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública.

A pesquisa está escrita em dois capítulos. No primeiro apresenta aspectos gerais do tributo, como conceito, características e espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimo compulsório, conforme consta na legislação brasileira. Trata, também, da decisão do STF ao estabelecer a inconstitucionalidade da cobrança da Taxa de Iluminação Pública nas faturas de energia elétrica.

Já no segundo capítulo, para fins de efetuar um entendimento mais detalhado sobre a questão de Taxa de Iluminação Pública e a sua mudança para Contribuição sobre o Custeio da Iluminação Púpublica, ocorrida em função de uma decisão do STF que determinou a inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública, o estudo faz uma análise dos valores arrecadados no Município de Ijuí/RS, tanto no último ano da aplicação da Taxa de Iluminação Pública quanto nos posteriores, ou seja, quando passou a ser cobrada a Contribuição para o Custeio de Iluminação Pública.

Para a realização deste estudo foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico. Também, foram analisadas as leis municipais de Ijuí/RS, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir o aprofundamento no tema ora pesquisado.

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1 TRIBUTOS – ALGUNS ASPECTOS GERAIS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ESPÉCIES

Este capítulo tem o objetivo de analisar aspectos gerais sobre a temática ora apresentada, como imposto, taxa, contribuição de melhorias, contribuições especiais, empréstimos compulsórios, taxa de iluminação pública e contribuição de iluminação pública.

1.1 Natureza jurídica específica do tributo e critérios de identificação da espécie

De acordo com o que estabelece o Código Tributário Nacional, entende-se que o tributo é uma espécie de receita derivada que o Estado recolhe do patrimônio dos indivíduos, baseado no seu poder de tributar. O tributo, portanto, é uma prestação monetária, compulsória e instituída por meio de lei. Sua natureza jurídica é determinada pelo respectivo fato gerador, é cobrado mediante lançamento, e está definido no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN):

Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

De acordo com o conceito supracitado pode-se apontar as características das receitas tributárias, segundo Maristela Heidemann e Valmor Luiz Alievi (2014, p. 40-41):

Prestação: representa uma obrigação de dar ou prestar; Pecuniária: prestação de valor econômico, monetário;

Compulsória: obrigatório, não depende da vontade das partes, mas da lei; Moeda: a regra geral ordena que se pague em moeda, mas existe pagamento de tributo in natura, porém se a lei permitir poderá ser de outra forma, inclusive em dação em pagamento, desde que transformável em moeda. Não ato ilícito: a tributação está calcada em fatos lícitos, não decorrendo de descumprimento da lei, mas sim do seu cumprimento. O tributo não se confunde com penalidade, pois ele decorre do exercício de uma atividade ou da realização do fato gerador;

Instituído em lei: o nascimento de uma obrigação tributária depende de lei específica que o tenha criado e instituído suas regras básicas, pois segundo o disposto nos artigos 5º, II, e 150, I, da Constituição Federal, nosso sistema tributário nacional submete-se ao princípio da legalidade, significando que deve prevalecer a vontade da lei e não das partes.

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Atividade administrativa vinculada: É um poder-dever. O administrador público não goza do poder e da liberdade de apreciar a conveniência e a oportunidade de agir, nem tão pouco lhe permite a possibilidade de quantificar a obrigação tributária segundo o interesse das partes. O que prevalece é a vontade da lei, ou seja, o que vincula e regula a ação administrativa é a ocorrência da hipótese de incidência prevista na norma. Assim como não lhe cabe o direito de não cobrar o que é devido, também lhe impõe a obrigação de não cobrar o que não é devido.

Saliente-se que os tributos são administrados por alguns princípios fundamentais, dentre eles, a igualdade; a legalidade; a razoabilidade e a anterioridade. O princípio da igualdade ou isonomia tributária é a confirmação de um princípio que consta na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), de que todos são iguais perante a lei, conforme art. 5º, inc. I. De acordo, porém, com Hugo de Brito Machado (2015, p. 281), as pessoas não são iguais; “pelo contrário, as pessoas e as situações de fato nas quais se inserem são desiguais, e as leis existem exatamente para regular essas desigualdades, reconhecendo-as e tornando-as jurídicas.” Diante dessa posição do doutrinador pode-se interpretar que na questão tributária, este princípio possui um sentido de proporcionalidade devido à interpretação de cada contribuinte, pois cada um recolhe o seu tributo de acordo com a sua categoria profissional.

O princípio da legalidade, no âmbito do direito tributário, é interpretado como a exigência de lei para instituir ou aumentar tributos, sendo que a lei deve definir o tipo tributário. Apesar de algumas exceções para esse princípio, a Carta Magna determina em seu art. 150 que:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

O princípio da razoabilidade consiste na análise e verificação dos atos jurídicos, sendo uma forma de controle dos atos estatais abusivos, de qualquer natureza. Esse princípio representa a exatidão de uma extensão concretizadora da supremacia do interesse público, ou seja, diretamente do Estado.

Em relação ao princípio da anterioridade, “a nossa Constituição exige, que a lei que crie ou aumente o tributo seja anterior ao exercício financeiro em que o tributo seja cobrado

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e, que se observe a antecedência mínima de noventa dias entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data em que passa a aplicar-se.” (AMARO, 2005, p. 121).

Diante do exposto entende-se que o princípio da anterioridade não se fixa apenas em disciplinar a majoração ou a criação de um tributo, mas também em regular as formas e as alterações dos prazos de pagamento em um mesmo exercício financeiro. Destarte, e de acordo com a norma, a entrada em vigor de um tributo depende da sua data de criação, sendo necessário decorrer o prazo da noventena.

A legislação brasileira vigente determina a existência de cinco espécies de tributos: o imposto, a taxa, as contribuições de melhoria, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios, que são identificadas nos termos que estabelece o art. 4º do CTN:

Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Desta forma, identifica-se uma espécie tributária pelo seu fato gerador, sendo irrelevante, para sua caracterização, a destinação da receita arrecadada e o nomen juris.

1.2 Importância dos conceitos jurídicos: imposto, taxa e contribuição como espécies de tributos

Como visto, para que haja a caracterização ou identificação da espécie tributária, deve-se analisar o deve-seu fato gerador, pelo que deve-se passa a estudá-los.

1.2.1 Imposto

O imposto é uma prestação pecuniária devida ao poder público pelo desempenho de determinada atividade ou pela propriedade de determinados bens, cujos fatos são especificados como “fatos geradores”, podendo ser classificados em diretos e indiretos. Segundo Heidemann e Alievi (2014, p. 14), o conceito de imposto consta no art. 16 do CTN e no art. 145, I, da CF/88:

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Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Art. 145, CF/88.

I- A União, os Estados, o Distrito Federal, e os municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I – impostos [...].

A doutrina, segundo Luiz Felipe Silveira Difini (2005, p. 29-30), classifica os impostos em diretos e indiretos. Os impostos classificados como diretos são aqueles cujo encargo tributário é da pessoa que efetuou o fato, possuindo como fato gerador uma situação permanente, não podendo transferir o ônus para um terceiro, tendo como hipótese de incidência uma situação patrimonial. Já os impostos indiretos são aqueles que passam por alguma situação instantânea, e ocorrem independente da situação patrimonial do sujeito passivo, sendo o ônus financeiro transferido ao consumidor final.

Na visão de Eduardo Sabbag (2015, p. 440),

O imposto direto é aquele que não repercute, uma vez que a carga econômica é suportada pelo contribuinte, ou seja, por aquele que deu ensejo ao fato imponível, exemplos: IR, IPTU, IPVA ITBI, ITCMD etc., e o imposto indireto é aquele cujo ônus tributário repercute em terceira pessoa, não sendo assumido pelo realizador do fato gerador. Vale dizer que no âmbito do imposto indireto, transfere-se o ônus para o contribuinte de fato, não se onerando o contribuinte de direito.

Todos os indivíduos pagam impostos, tanto de forma direta como indireta e, muitas vezes, sentem-se prejudicados com o retorno estatal que recebem. É preciso entender, porém, que cabe a todo cidadão contribuir para que possa usufruir de melhorias nos âmbitos federal, estadual e municipal.

1.2.2 Taxa

O conceito de taxa está previsto no art. 145, II, da CF/88, e nos arts. 77 a 80, do CTN:

Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

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II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

Art. 77, CTN. As taxas, cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único: a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.

A fim de seguir uma lógica de estudo quanto ao objeto pesquisado, o referido tributo será melhor analisado no final do capítulo.

1.2.3 Contribuição de melhoria

A contribuição de melhoria constitui-se num tributo vinculado à realização de obra pública que venha a beneficiar o sujeito passivo, ou seja, se ocorrer alguma melhoria pública o imóvel localizado naquelas dimensões automaticamente se autovaloriza, conforme conceito. A legislação em vigor, pautada no art. 145, III, da CF/88, nos arts. 81 e 82 do CTN, e no Decreto-lei 195/67, assim expressam:

Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

[...]

III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 81, CTN. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:

I – publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto;

b) orçamento do custo da obra;

c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada;

e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

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II – fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;

III – regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.

§ 1º. A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea “c”, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.

§ 2º. Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

Art. 2º, Decreto-Lei 195/67. Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras públicas:

a) abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;

b) construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e viadutos;

c) construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;

d) serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública;

e) proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e irrigação;

f) construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e melhoramento de estradas de rodagem;

g) construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;

h) aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.

Conforme a legislação e o conceito supracitados, pode-se afirmar que a função da Contribuição de Melhoria é fiscal e redistributiva, pois com a arrecadação dos recursos financeiros ela efetua a cobertura dos custos da obra pública.

Salienta-se, ademais, que o fato gerador é responsável pela valorização do imóvel para o proprietário, pois no momento em que a obra pública é realizada, e havendo valorização de determinado imóvel, é passível de cobrança da contribuição de melhoria pelo Poder Público. Consequentemente, o proprietário possui o direito de efetuar a valorização do seu bem.

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1.2.4 Contribuições especiais

As contribuições especiais previstas nos arts. 149 e 149-A da CF/88 são consideradas, por suas características, uma modalidade de tributo diferenciada, qualificada, principalmente em função do destino das receitas auferidas. São divididas em quatro tipos: sociais, de interesse da categoria profissional ou econômica, de intervenção no domínio econômico, e de custeio do serviço de iluminação pública.

Art. 149-A, CF/88. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III (incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002).

Parágrafo único: é facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica (incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002).

De acordo com Sabbag (2015), as contribuições especiais sociais referem-se àquelas que são repassadas aos órgãos sociais autônomos, como Incra, Senai, Senac, Sesc e outras instituições de direito privado, as quais realizam várias atividades de interesse público.

Enquanto isso, as contribuições de interesse da categoria profissional ou econômica se referem às contribuições sindical e confederativa, ambas descontadas em folha de pagamento dos empregados e repassadas aos órgãos de classe.

A modalidade de contribuição especial de intervenção no domínio econômico é efetuada, na maioria das vezes, por pessoas jurídicas de direito privado. Como exemplo pode-se citar a Cide, que é um tributo que incide sobre a importação e comercialização de petróleo e seus derivados (SABBAG, 2015).

1.2.5 Empréstimo compulsório

O empréstimo compulsório tem origem na Carta Magna de 1946, que no seu art. 4º enfatiza: “somente a União, em casos excepcionais definidos em lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios.”

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Trata-se, pois, de um tributo instituído pela União, por intermédio de lei complementar. Segundo a CF/88, art. 148, inc. II, este tipo de tributo não está sujeito ao princípio da anterioridade e à vacância nonagesimal apenas no caso de se destinar a investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

Art. 148, CF/88. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

a) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

b) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Em relação ao empréstimo compulsório destinado a cobrir despesas extraordinárias (CF/88, art. 148, inc. I), decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, vale o que diz respeito ao princípio da anterioridade e da noventena (HEIDEMANN; ALIEVI, 2014, p. 49).

De acordo com alguns doutrinadores, o fato gerador do empréstimo compulsório é constituído por uma gama de situações abstratas, previstas na legislação brasileira, que possibilitam instalar as relações jurídicas (HEIDEMANN; ALIEVI, 2014).

Em suma, o empréstimo compulsório vem para atender algumas situações de risco, ou seja, de emergências conforme previsão do artigo supracitado (CF/88, art. 148, inc. II).

1.3 Taxa de iluminação pública

Como já mencionado, conforme dispõe o art. 145, inc. II da CF/88 e os artigos 77 a 80 do CTN, citados anteriormente, a taxa é uma espécie de tributo em que o fato gerador é um exercício regular do poder de polícia, ou um serviço público, prestado ou posto à disposição do contribuinte. Seu fato gerador está ligado a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte. A taxa é entendida como um tributo contraprestacional, ou seja, seu pagamento refere-se a uma contraprestação do contribuinte ao Estado pelo serviço que lhe presta, ou pela vantagem que lhe proporciona (MACHADO, 2015).

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As taxas são classificadas conforme o seu fato gerador, pelo exercício regular do poder de polícia e pela utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.

Pode-se afirmar, então, que para o poder de polícia somente o Estado tem o controle da administração pública para a manutenção da coletividade ou do próprio Estado, podendo agir da forma que achar mais conveniente para manter a ordem e a justiça na sociedade.

É importante saber que dentro do poder de polícia existe uma divisão que denota a situação específica do município, a qual se refere à polícia administrativa e polícia judiciária. A polícia administrativa é a que comanda toda a administração pública, ela incide sobre os bens, direitos e atividades dentro do município e do Estado. A polícia judiciária, por sua vez, atua diretamente sobre as pessoas e é privativa de determinados órgãos (FERNANDES, 2002).

Até o ano de 2002 foi cobrada uma taxa de todos os contribuintes, sendo que em seu fato gerador não podia configurar qualquer contraprestação direta do Estado para com o cidadão contribuinte, razão de ter sido rechaçada pelo STF.

As taxas de serviços possuem várias interpretações controvertidas, apesar de o CTN assim estabelecer:

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte:

a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.

A taxa que se refere aos serviços públicos pode ser cobrada mesmo que não seja efetivada a sua utilização pelo contribuinte, basta que o serviço esteja a sua disposição, a exemplo da coleta de lixo.

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1.4 A decisão do STF acerca da inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública

Com relação à inconstitucionalidade é preciso compreender que ela condiz com uma lei ou uma decisão judicial, considerada inconstitucional ao ferir um dispositivo da CF/88.

Em suma, de acordo com a EC 39, de 19/12/2002, a Taxa de Iluminação Pública foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como inconstitucional devido à ausência da especificidade e divisibilidade do serviço público prestado. Em outras palavras, o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa, uma vez que não se configura como um serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.

Em sua substituição foi incluída a Contribuição de Iluminação Pública (CIP), que ocorreu por meio da Emenda Constitucional n. 39, de 19/12/2002. Sendo assim, passa-se a relatar a diferença existente entre a Taxa de Iluminação Pública e a Contribuição de Iluminação Pública, segundo entendimento de Sabbag (2015, p. 58):

[...] são tributos destinados ao financiamento de gastos específicos, sobrevindo no contexto de intervenção do Estado no campo social e econômico, sempre no cumprimento dos ditames da política de governo. Dessa maneira, não poderia, agora, o serviço de iluminação pública, ser custeado por uma contribuição, visto que, assim como nas taxas, a sua finalidade não é custear um serviço estatal indivisível e universal. As contribuições remuneram determinadas atividades destinadas à parte da sociedade, note-se, por exemplo, que as contribuições de custeio à Previdência Social visam amparar os segurados que cumpram os requisitos legais para o gozo do benefício previdenciário (auxílio-doença, aposentadoria, auxílio natalidade e etc.). Pelo exposto, verifica-se que a Contribuição de Iluminação Pública (CIP) está fadada a ser relegada do ordenamento jurídico pelo Supremo Tribunal Federal, assim como aconteceu com a TIP, pois contraria os conceitos básicos de direito tributário e administrativo.

Observa-se, portanto, que o tributo possui várias características e formas de aplicação, todas determinadas na legislação, em especial na CF/88 e no CTN. Assim, enquanto os impostos não podem ter destinação específica, salvo exceções previstas na CF/88, as taxas têm vinculação com o poder de polícia ou o serviço público específico e divisível. Já as contribuições de melhoria visam financiar obras públicas que venham valorizar imóveis particulares; enquanto as contribuições especiais destinam-se à seguridade social, entidades de classe e custeio de outras despesas, conforme previsão legal específica; e, finalmente, o

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empréstimo compulsório é concedido pela União em casos de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência.

A Taxa de Iluminação Pública, em 2002, deixou de ser considerada taxa e foi substituída pela Contribuição de Iluminação Pública (CIP). Mesmo assim, alguns doutrinadores entendem que ela está ameaçada de extinção, pois contraria os conceitos básicos de direito tributário e administrativo.

Desta forma, sobre a Taxa de Iluminação Pública, em caso anterior à EC 39/2002, incide a Súmula 670, segundo a qual o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa, como consta no Agravo de Instrumento 672.163, do Rio de Janeiro, votado pelo STF.

Em várias decisões do STF os recursos foram improvidos devido à inconstitucionalidade do fato, pois o serviço de iluminação pública não pode ser pago como taxa, uma vez que não configura serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição (CF/88, art. 145, inc. II). Da mesma forma, o Tribunal também se manifesta ao interpretar que o fato gerador é inespecífico, não mensurável, indivisível e insuscetível de ser referido ao contribuinte, razão porque não considera vulnerados os arts. 145 da CF/88 e 77 do CTN.

Tendo em vista as demandas judiciais e algumas decisões já proferidas a respeito da inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública, a seguir referenciam-se acórdãos colacionados de decisões de alguns Estados, todos julgados improcedentes pelos TRF e STJ em relação à Taxa de Iluminação Pública pelo fato da sua inconstitucionalidade.

TRF-2 – APELAÇÃO CÍVEL AC 419216 RJ 2004.51.01.505424-2 (TRF-2). Data de publicação: 26/06/2009. Ementa: EMBARGOS À

EXECUÇÃO. IPTU. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA.

TAXA DE COLETA DE LIXO E LIMPEZA PÚBLICA E TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A imunidade recíproca tem por fundamento preservar a isonomia e a autonomia dos entes federativos. Não há dúvida, portanto, quanto à imunidade da União Federal em relação à incidência do IPTU sobre bens de sua propriedade. 2. O Supremo Tribunal Federal tem declarado a inexigibilidade da Taxa de Coleta e Lixo e Limpeza Pública e da Taxa de Iluminação Pública, por configurarem serviços públicos de caráter universal e indivisível, devendo ser custeados através de impostos, e não taxas. 3. Remessa necessária e apelações providas.

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Na ementa anteriormente exposta pode-se observar a manifestação do TRF no ano de 2009 com relação à inexigibilidade da Taxa de Iluminação Pública, demonstrando o manifesto em relação a sua inconstitucionalidade devido à configuração do serviço público ser universal e indivisível.

A ementa a seguir trata de embargos de declaração no Recurso Especial, fazendo referência à cobrança unificada da Contribuição de Iluminação Pública juntamente com a tarifa de energia elétrica, que no referido caso em tela foi rejeitado.

STJ – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL EDcl nos EDcl no REsp 1010130 MG 2007/0280874-9 (STJ). Data de publicação: 05/06/2014. Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ARTS. 81 E 82 DO CDC. ART. 129, III DA CF. LC 75 /93. DIREITO CONSUMERISTA. COBRANÇA UNIFICADA DA CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA COM A TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA (ÚNICO CÓDIGO DE BARRAS). COERÇÃO PARA O PAGAMENTO CONJUNTO. LEGALIDADE DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA FATURA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. OFENSA AO ART. 149-A DA CF QUE NÃO PODE SER ENFRENTADA NO ÂMBITO DO RECURSO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DO COLENDO STF. LITISCONSÓRCIO

PASSIVO NECESSÁRIO. INTERPRETAÇÃO DE CONVÊNIO

FIRMADO ENTRE OS MUNICÍPIOS, DOTANDO A EMBARGANTE DE LEGITIMIDADE PARA RESPONDER A DEMANDA. DISSÍDIO NÃO CARACTERIZADO. ACÓRDÃOS PARADIGMAS QUE CUIDARAM DA LEGALIDADE DA TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, TEMA DIVERSO DO TRATADO NA PRESENTE DEMANDA. AUSÊNCIA

DAS DEMAIS OMISSÕES E CONTRADIÇÕES ALEGADAS.

PRETENSÃO DE REVISÃO DO JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA COMPANHIA FORÇA E LUZ REJEITADOS. 1. Na hipótese, quanto ao dissídio jurisprudencial invocado, do teor da argumentação externada no aresto embargado, verifica-se a inadmissibilidade de conhecimento do Apelo Raro pela divergência, eis que diversas as bases fáticas dos arestos confrontados. 2. Os paradigmas colacionados, ao tratarem da (i) legitimidade - tanto do MP para Ação Civil Pública quanto da Concessionária – cuidaram de casos em que se discutia a legalidade da própria taxa de iluminação pública, hipótese totalmente diversa da pretensão deduzida nesta demanda, que versa sobre a emissão de faturas de consumo de energia elétrica, com dois códigos de leitura ótica, com a informação, de forma clara e ostensiva, dos valores correspondentes à contribuição de iluminação pública e à tarifa de energia elétrica, fato que afasta a vedação encartada no art. 1º, parágrafo único da Lei 7.347/95 (Lei da Ação Civil Pública). 3. Tanto o acórdão que apreciou o Recurso Especial...

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A seguir segue jurisprudência de Apelação com Julgamento, em que o recurso foi desprovido. O referido processo trata de uma ação movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo no qual apela contra a Prefeitura Municipal de Cândido Mota, requerendo a suspensão da Contribuição da Iluminação Pública nas faturas de energia elétrica.

Sabe-se que a Contribuição sobre a Iluminação Pública é uma norma constitucional e que, portanto, pode ser cobrada pelos municípios de forma legal desde que embasada em lei municipal, conforme determina a CF/88.

APELAÇÃO CÍVEL – COSIP – CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA – Exigibilidade da COSIP reconhecida – Recurso desprovido. A ementa do acórdão condutor traz a seguinte redação: “Constitucional”. Tributário. Recurso interposto contra decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade estadual. Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – Cosip. Art. 149-a da constituição federal. Lei complementar 7/2002, do município de São José, Santa Catarina. Cobrança realizada na fatura de energia elétrica. Universo de contribuintes que não coincide com o de beneficiários do serviço. Base de cálculo que leva em consideração o custo da iluminação pública e o consumo de energia. Progressividade da alíquota que expressa o rateio das despesas incorridas pelo município. Ofensa aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva (TJ-SP - APL: 000097347200482601 20 SP 0000973-47.2004.8.26.0120, Relator: Octavio Machado de Barros, Data de Julgamento: 26/11/2015, 14ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 12/01/2016). Inocorrência. Exação que respeita os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Recurso extraordinário improvido. I - Lei que restringe os contribuintes da Cosip aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina à finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. V - Recurso extraordinário conhecido e improvido. Daí porque, nego provimento ao recurso para reconhecer a legalidade da cobrança da Cosip.

A jurisprudência a seguir refere-se a uma apelação em que uma contribuinte do município de Alfenas requereu a inconstitucionalidade da lei orgânica do município devido ao fato de que o mesmo não observou o principio da anterioridade e da nonagesimal para a cobrança da Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública. O relator, porém,

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negou o provimento pois a norma é constitucional e pode ser cobrada pelo município de Alfenas, assim como os demais que possuírem lei específica para o fim.

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO - MUNICÍPIO DE ALFENAS - CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - INSTITUIÇÃO POR MEIO DE LEI ORDINÁRIA – LEGALIDADE - UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. Seguindo a orientação deste eg. Tribunal de Justiça no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência n.1.0016.13.016577-8/001, publicado em 23/01/2015, é legal a cobrança pelo Município de Alfenas da Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública instituída por meio de Lei Ordinária. (TJ-MG - AC: 10016130101179002 MG, Relator: Afrânio Vilela, Data de Julgamento: 23/06/2015, Câmaras Cíveis/2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 29/06/2015).

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO - MUNICÍPIO DE ALFENAS - CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - INSTITUIÇÃO POR MEIO DE LEI ORDINÁRIA – LEGALIDADE - UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. Seguindo a orientação deste eg. Tribunal de Justiça no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência n.1.0016.13.016577-8/001, publicado em 23/01/2015, é legal a cobrança pelo Município de Alfenas da Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública instituída por meio de Lei Ordinária. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

Após descrever alguns aspectos pertinentes aos tributos e conhecer as decisões do STF com relação à inconstitucionalidade da Taxa de Iluminação Pública, parte-se agora à análise da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública, tema do capítulo que segue.

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2 A CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Neste capítulo pretende-se verificar o motivo da mudança da Taxa de Iluminação Pública para a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (CIP-COSIP). Nesse sentido são apresentados aspectos históricos da CIP, as suas hipóteses de incidência, bem como o entendimento de alguns doutrinadores com relação a essa mudança. Ainda, faz-se uma análise comparativa do Município de Ijuí com relação à arrecadação com a cobrança da Taxa de Iluminação Pública e após a Emenda Constitucional, que criou a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (CIP).

Tendo em vista as altas despesas com a iluminação de vias e logradouros públicos, alguns municípios do Estado do Rio Grande do Sul criaram uma Taxa de Iluminação Pública, cobrada juntamente com as contas de energia elétrica. Essa taxa foi a forma encontrada para o ressarcimento das despesas com a rede de iluminação pública.

De acordo com Kiyhoshi Harada (2004, p. 30-31), a referida taxa atribuída aos contribuintes é um

[...] tributo vinculado à atuação estatal, diretamente referida ao contribuinte, que pelo exercício do poder de polícia, quer pela prestação efetiva ou potencial de um serviço público específico e divisível, [...], desta forma verifica-se que a iluminação pública não configura um serviço público específico e divisível devido a sua indivisibilidade, pelo que não pode ser específica para cada contribuinte. Trata-se de serviço público prestado uti universi e não uti singuli.

Em relação à indivisibilidade da taxa de Contribuição de Iluminação Pública e pelo fato de a mesma ter sido julgada inconstitucional pelo Congresso Nacional, abriu-se uma lacuna legal e um rombo na arrecadação dos municípios. Para sanar as reclamações dos municípios e do Distrito Federal, o Congresso Nacional criou a Emenda Constitucional 39/2002, que insere na Constituição Federal o art. 149-A, determinando que os municípios e o DF podem instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública.

Art. 149-A, CF/88. Os municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. [...].

Parágrafo único: É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

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Pode-se afirmar que a mudança de taxa para contribuição teve o objetivo de melhorar a estrutura organizacional de cada município e do Distrito Federal, devido ao grande número de reclamações que havia no período de vigência da taxa, sendo que com a instituição da contribuição cada município poderá controlar a sua arrecadação.

2.1 Antecedentes históricos

A Taxa de Iluminação Pública (TIP) foi criada na década de 1980, com base no art. 145, inc. II, da CF/88 e no art. 77 do CTN, com o propósito de arrecadar recursos para saldar as dívidas que os municípios possuíam com as concessionárias de energia.

Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

[...] II. Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.

Até o mês de novembro de 2002 todos os consumidores de energia elétrica pagavam a Taxa de Iluminação Pública (TIP), a qual foi julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em dezembro daquele ano. O motivo foi o fato de que o serviço prestado era indivisível e só poderia ser cobrada uma taxa se o serviço fosse divisível, pois da forma como era praticada a cobrança não permitia identificar quem utilizou o determinado serviço, uma vez que era utilizado pela coletividade.

Dessa forma, foi promulgada a Emenda Constitucional 39/2002, que inclui o art. 149-A na CF/88, que é a autorização para a instituição da Cosip ou CIP. 149-Assim, os municípios e o Distrito Federal passaram a ter competência para a cobrança dessa nova contribuição, que poderia ainda ser cobrada juntamente com a fatura de energia elétrica.

Desta forma, a partir de janeiro de 2003, uma nova contribuição denominada de Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública ficou sob a responsabilidade dos municípios, de tal sorte que cada administração deve efetuar uma análise das questões locais e as respectivas condições para instituí-la, conforme prevê a CF/88 e, em especial, a observância dos princípios constitucionais apresentados no primeiro capítulo deste estudo: igualdade, capacidade contributiva, anterioridade e noventena.

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Assim, de acordo com a análise efetuada, cada município poderia autorizar, por lei, inclusive, as hipóteses de não incidência e as isenções nos casos em que intendesse pertinente.

2.2 Da hipótese de incidência

Em relação à hipótese de incidência tributária existe uma divergência doutrinária em relação ao fato gerador. Assim, para alguns, é impossível falar de hipótese de incidência sem falar em fato gerador em razão de que a hipótese de incidência é a descrição, a simples previsão do fato, ou seja, é o fato objetivamente.

Já o fato gerador é a ocorrência, isto é, a concretização da hipótese. Na doutrina de Machado (2015, p. 130-131) consta a forma como ocorre a distinção entre ambos. É necessário, contudo, ter consciência de que a hipótese é onde se descreve a situação considerada necessária e suficiente ao surgimento da obrigação tributária, enquanto o fato gerador de determinado tributo é considerado consumado antes que a hipótese esteja concretizada.

Importante lembrar o disposto no art. 4º do CTN, já transcrito no parágrafo primeiro, o qual estabelece que o fato gerador da obrigação é o que determina a natureza jurídica essencial do tributo. Nessa situação compreende-se que não se trata de fato gerador, mas de hipótese de incidência que determina a natureza jurídica, ou seja, é a concepção legal e não o fato concreto que gera essa determinação, “pois o que gera a relação jurídica tributária é a incidência da lei sobre o fato.” (AMARO, 2005, p. 258).

Neste aspecto geral, a expressão “hipótese de incidência” mostra a posição necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária. De certa forma a lei expõe teoricamente um estado de fato, um fato ou um conjunto de condições de fato, e “dispõe que a realização concreta, no mundo fenomênico, do que foi descrito, determina o nascimento de uma obrigação de pagar um tributo.” (AMARO, 2005, p. 258). Tem-se, então, uma definição legislativa, que é hipotética, de um fato; somente depois disso ocorre o fato.

Dessa maneira, é necessário proceder a diferenciação entre a previsão abstrata de uma situação que pode ocorrer e gerar a obrigação tributária, e a ocorrência, no plano fático, da situação prevista. Nesse momento surge a utilização do termo “hipótese de incidência” como

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uma situação que pode ocorrer e gerar a obrigação tributária, da ocorrência, no plano fático, da situação prevista, o que pode ser coroado, segundo a percepção de Sabbag (2015, p. 672).

No art. 114 do CTN consta que o fato gerador é a situação definida em lei, como necessária e suficiente para o surgimento da obrigação. Em se tratando de obrigação acessória, o fato gerador é uma situação que, na forma da lei aplicável, impõe a prática ou a abstenção do ato que não configure obrigação principal, como dispõe o art. 115. Efetuando uma análise dos dois primeiros arts. do capítulo II, Título II, do CTN, nota-se que eles não tratam da confirmação, mas da hipótese de incidência do tributo.

2.3 Cobrança da CIP nas faturas de energia elétrica

Como mencionado a Emenda Constitucional nº 39, datada em 20 de dezembro de 2002, instituiu o direito aos municípios e ao Distrito Federal de cobrarem uma contribuição para a manutenção dos serviços de iluminação pública, a qual passou a ser conhecida pela sigla CIP ou Cosip. Com a promulgação dessa Emenda foi acrescido na CF/88 o art. 149-A, que autoriza aos municípios a instituição de uma lei municipal para efetuar a cobrança da Contribuição de Iluminação Pública dentro da fatura de consumo de energia elétrica.

Destarte, cada município deverá firmar um convênio ou contrato com a concessionária de energia elétrica para que essa contribuição seja incluída nas faturas de energia elétrica, e após a sua cobrança e recebimento, o valor seja repassado aos cofres públicos.

Para poder efetuar a cobrança da contribuição, entretanto, o município terá que cumprir com dois requisitos: um deles é uma norma municipal específica que institui a referida contribuição, e o outro é que o município terá que possuir um convênio ou um contrato com a concessionária de distribuição de energia elétrica.

No Município de Ijuí/RS, a CIP foi instituída por intermédio da Lei nº 4.066, de 31/12/2002, regulamentada em 31 de dezembro de 2002 pelo Decreto nº 3.046/2002. Além da instituição da CIP, normas específicas também autorizaram o Ente Público Municipal a firmar convênio ou contrato com o Demei e a Ceriluz, as duas concessionárias de energia elétrica que atuam no âmbito municipal, a fim de incluir a contribuição juntamente com a fatura mensal de energia elétrica.

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2.3.1 O custeio do serviço de iluminação pública

A iluminação pública é a prestação de um serviço público essencial a todos os cidadãos. De acordo com Celso Antônio Bandeira de Melo (2015, p. 127),

Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade, fruível diretamente pelos administrados, prestada pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de direito público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais – instituídos pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como próprios do sistema normativo.

Da mesma forma, Roque Antônio Carrazza (2015, p. 471-472) ensina que os serviços públicos podem ser gerais ou específicos:

[...] os serviços públicos dividem-se em gerais e específicos. Os serviços gerais, ditos também universais, são os prestados uti universi, isto é, indistintamente a todos os cidadãos. Eles alcançam a comunidade, como um todo considerada, beneficiando número indeterminado (ou, pelo menos, indeterminável) de pessoas. É o caso dos serviços de iluminação pública, de segurança pública, de diplomacia, de defesa externa do País, etc. Todos eles não podem ser custeados, no Brasil, por meio de taxas, mas, sim, das receitas gerais do Estado, representadas, basicamente, pelos impostos [...].

Os serviços públicos específicos, também chamados de singulares, são os prestados uti

singuli. Referem-se a uma pessoa ou a um número determinado (ou, pelo menos,

determinável) de pessoas. São de utilização individual e mensurável. Gozam, portanto, de divisibilidade, ou seja, da possibilidade de se avaliar a utilização efetiva ou potencial, individualmente considerada. É o caso dos serviços de telefone, de transporte coletivo, que podem ser custeados por meio de taxas de serviço.

Para Machado (2015, p. 440), “Serviço Público é toda e qualquer atividade prestacional realizada pelo Estado, ou por quem fizer suas vezes, para satisfazer, de modo concreto e de forma direta, necessidades coletivas.”

Assim, conforme a doutrina, a Contribuição de Iluminação Pública foi instituída para custear um serviço público que satisfaz uma necessidade coletiva, e não pode ser caracterizada como de forma divisível, pois de caráter geral.

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2.4 Uma análise comparativa entre a base de cálculo, as alíquotas e a arrecadação entre a Taxa de Iluminação Pública e a Contribuição Provisória sobre o Custeio de Iluminação Pública

Como visto nos itens anteriores, até o mês de dezembro de 2002, era efetuada a cobrança da Taxa de Iluminação Pública pelas concessionárias de energia elétrica, substituída pela Contribuição de Iluminação Pública.

De acordo com algumas faturas de energia de um contribuinte, e analisando as alíquotas da época, verifica-se que a base de cálculo para a cobrança da taxa, até o período supracitado, levava em consideração o consumo de kWh. Utilizava-se uma tabela em percentual, de acordo com o nível de utilização, por exemplo: residencial, rural, comercial, industrial, poder público e consumo próprio, sendo que o percentual cobrado era a metade do que atualmente ocorre.

Com a entrada em vigor da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (CIP), o Município alterou os percentuais para a cobrança da referida contribuição nas faturas de energia elétrica. Destarte, no período anterior o percentual era de 3% sobre o consumo de 200 a 500 kWh, e atualmente passou a 6%, calculado sobre a base de cálculo, que é o consumo.

Ainda, ao se proceder uma análise detalhada em algumas faturas recentes, evidenciam-se casos que passam do percentual de 6% e não evidenciam-se conevidenciam-segue identificar na fatura a baevidenciam-se de cálculo utilizada para encontrar o valor referente àquela cobrança. Isso não condiz com a lei, que determina a quantidade de kWh utilizados como a base de cálculo, multiplicado pelo percentual da Tabela 1, apresentada mais adiante.

Esta constatação pode ser evidenciada, também, nos dados disponíveis no endereço eletrônico do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul-TCE/RS. Tendo em vista a mudança ocorrida e o Município ter assumido a cobrança da referida contribuição, houve um aumento considerável a partir do ano de 2004. Em 2003 manteve-se estável, pois foi o ano de adaptações ao novo tributo, mas a partir de 2004 o valor da Contribuição de Iluminação Pública arrecadada pelo Município aumentou consideravelmente, chegando a ocorrer uma elevação de 50% na arrecadação, sendo que a cada ano o aumento é visivelmente considerável.

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2.4.1 Arrecadação obtida

A Tabela 1, a seguir, demonstra a diferença entre a arrecadação da taxa e da Contribuição da Iluminação Pública, arrecadada entre os anos de 1999 e o segundo bimestre de 2016.

Tabela 1. Demonstrativo da receita obtida com a Taxa e a Contribuição de Iluminação Pública

Nome Utilizado Ano Receita Prevista Receita Arrecadada Código Orçamento Diferença Taxa de serviços urbanos 1999 300.000,00 226.839,86 112020200 73.160,14 Taxa de serviços urbanos 2000 500.000,00 419.296,18 112020200 80.703,82 Taxa de serviços urbanos 2001 450.000,00 343.151,94 112020200 106.848,06 Taxa de serviços urbanos 2002 510.000,00 433.163,02 112202000 76.836,98 CIP 2003 257.410,46 440.921,27 1220990100 183.510,81 CIP 2004 700.000,00 683.437,31 1220290000 -16.562,69 CIP 2005 750.000,00 755.194,33 1220290000 5.194,33 CIP 2006 800.000,00 820.068,74 1220290000 20.068,74 CIP 2007 900.000,00 946.896,77 1220290000 46.896,77 CIP 2008 1.500.000,00 1.041.099,86 1220290000 -458.900,14 CIP 2009 1.150.000,00 1.152.315,24 1220290000 2.315,24 CIP 2010 1.254.000,00 1.239.768,04 1220290000 -14.231,96 CIP 2011 1.450.000,00 1.365.310,67 1220290000 -84.689,33 CIP 2012 1.500.000,00 1.540.984,23 1230000000 40.984,23 CIP 2013 1.494.000,00 1.464.043,56 1230000000 -29.956,44 CIP 2014 1.577.000,00 1.656.733,15 1230000000 79.733,15 CIP 2015 1.836.100,00 2.245.281,30 1230000000 409.181,30 CIP 2016 2.143.500,00 993.981,63 1230000000 -1.149.518,37

Fonte: Prefeitura Municipal de Ijuí (2016).

Diante dos dados expostos pode-se evidenciar que houve um aumento real nos valores arrecadados pelo Município a partir de 2004, quando da introdução da Contribuição de Iluminação Pública, sendo visível um aumento de 50% neste período, pois a cada ano tem ocorrido uma elevação na sua arrecadação.

Pode-se observar, ainda, que apesar do acréscimo de arrecadação, o serviço de iluminação pública no Município de Ijuí não é satisfatório. Muitas vezes, conforme contato com o Setor de Iluminação Pública do Município, as lâmpadas queimadas nas ruas não são substituídas devido à sua falta e, além disso, muitas ruas estão sem a necessária e devida iluminação.

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Seguem algumas contas de energia elétrica que permitem observar os valores cobrados em diversos períodos da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública.

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Não se pode deixar de observar e fazer um comparativo em relação ao IPTU arrecadado no Município de Ijuí nos últimos anos, já que sofreu um aumento considerável, da

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mesma forma como a Contribuição de Iluminação Pública. A Tabela 2, a seguir, apresenta as receitas previstas e arrecadadas entre 1999 e o segundo bimestre de 2016, em que se percebe claramente que a receita prevista entre 2010 e 2011 teve um aumento de 40%, enquanto que de 2010 a 2014 houve um aumento da receita de 255%. Diante disso, questionam-se as razões para tamanho aumento nesses tributos, bem como o retorno para os cidadãos com a elevada arrecadação.

Tabela 2. Receitas previstas e arrecadadas entre 1999 e 2016 – Município de Ijuí, RS

Nome Ano Receita Prevista

Receita

Arrecada Código Diferença

IPTU 1999 1.305.461,00 1.113.594,96 11120200 191.866,04 2000 1.450.000,00 911.659,57 11120200 538.340,43 2001 1.300.000,00 1.244.366,91 11120200 55.633,09 2002 1.550.000,00 1.453.640,17 11120200 96.359,83 2003 2.000.000,00 1.705.664,67 11120200 294.335,33 2004 2.400.000,00 1.871.199,94 11120200 528.800,06 2005 2.400.000,00 2.124.118,59 11120200 275.881,41 2006 2.400.000,00 2.196.543,64 11120200 203.456,36 2007 2.400.000,00 2.479.037,57 11120200 79.037,57 2008 2.750.000,00 2.860.420,53 11120200 110.420,53 2009 3.000.000,00 2.923.184,82 11120200 -76.815,18 2010 3.750.000,00 3.638.698,77 11120200 -111.301,23 2011 5.640.000,00 4.146.255,63 11120200 -1.493.744,37 2012 5.200.000,00 4.642.696,49 11120200 -557.303,51 2013 5.450.000,00 6.870.398,67 11120200 1.420.398,67 2014 9.875.000,00 8.822.206,87 11120200 -1.052.793,13 2015 9.460.000,00 10.703.187,44 11120200 1.243.187,44 2 BI2016 11.512.000,00 9.433.011,61 11120200 -2.078.988,39

Fonte: Prefeitura Municipal de Ijuí (2016).

A Tabela 3, a seguir, é utilizada pelo Município de Ijuí, RS para efetuar o cálculo da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (CIP).

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Tabela 3. Contribuição para Custeio da Iluminação Pública – CIP Industrial Até 300 kWh 7,2% Mais de 300 até 500 kWh 7,8% Mais de 500 até 1000 kWh 8,4% Mais de 1000 KWh e limitado a 3000 kWh 9,0% Comercial Até 300 kWh 7,2% Mais de 300 até 500 kWh 7,8% Mais de 500 até 1000 kWh 8,4% Mais de 1000 KWh e limitado a 3000 kWh 9,0% Residencial Até 100 kWh 1% Mais de 100 kWh até 150 kWh 4,8% Mais de 150 kWh até 200 kWh 5,4% Mais de 200 kWh até 500 kWh 6,0% Mais de 500 kWh 6,6% Rural Até 100 kWh 1% Mais de 100 kWh até 150 kWh 3,6% Mais de 150 kWh até 200 kWh 4,2% Mais de 200 kWh até 500 kWh 4,8% Mais de 500 kWh 5,4% Poder Público Até 300 kWh 1,0% Mais de 300 kWh até 500 kWh 1,2% Mais de 500 até 1000 kWh 1,8% Mais de 1000 kWh 2,4% Consumo próprio Até 300 kWh 2,2% Mais de 300 kWh até 500 kWh 3,0% Mais de 500 kWh até 1000 kWh 3,6% Mais de 1000 kWh 4,2%

Fonte: Prefeitura municipal de Ijuí (2015).

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CONCLUSÃO

No presente estudo abordou-se os tributos, mais especificamente a Taxa de Iluminação Pública que, devido à inconstitucionalidade, foi alterada para Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública. Pode-se afirmar, contudo, que a identificação da espécie tributária necessita da análise do seu fato gerador.

Conclui-se daí que a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública é essencial para cada município, e todo o órgão administrativo necessita do ressarcimento das despesas geradas com a iluminação pública oferecida os cidadãos/contribuintes.

Este estudo permitiu o conhecimento e o aprofundamento do tema supracitado, e proporcionou um melhor entendimento sobre os tributos e, principalmente, sobre a forma de arrecadação e destinação dos recursos oriundos da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública.

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