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Relatos de Experiências Como Contribuição Para a Gestão do Conhecimento em Megaeventos Esportivos

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Academic year: 2021

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REPORTS OF ExPERIENCES AS A CONTRIBUTION TO THE MANAgEMENT OF KNOWLEDgE IN SPORT

MEgA-EVENTOS

Ailton Fernando Santana de OLIVEIRA1

ailtonufs@gmail.com

Introdução

Sou professor de Educação Física formado a quase 30 anos, dos quais os últimos 10 anos, me dedico aos estudos de políticas de esporte e lazer. Assim, participei direta e indiretamente dos debates acadêmicos sobre os novos direcionamentos da política de esporte no Brasil em sediar megaeventos esportivos. Organizei e participei de debates e avaliações do pós Pan e Parapanamericano 2007, da Copa do Mundo de futebol 2014 e dos jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio 2016.

Embora estivesse presente nos debates científicos e nas anális-es de políticas públicas danális-essanális-es eventos, não tinha assistido a nenhum dos jogos dos eventos antes dos jogos Rio 2016. Como uma exceção, fui a um jogo das copas das confederações, que ocorreu na cidade do Recife-PE.

Assim, para os jogos Rio 2016, inicialmente não me entusiasmei, mesmo estando envolvido nos estudos e pesquisas sobre o assunto, não me organizei para assistir a esse espetáculo esportivo. Porém, os ventos mudaram, fui convidado para uma palestra sobre instrumentos de avaliação em políticas de esporte, em um evento na Casa Brasil2,

que ocorreria na primeira semana das Olimpíadas, somado ao fato que grande parte dos amigos e colegas de debates nessa temática, estavam de malas prontas para embarcar para os jogos, e que minha 1 Professor Doutor da Universidade Federal de Sergipe; Coordenador do Cen-tro de Desenvolvimento de Pesquisa em Políticas de Esporte e Lazer de Sergipe e líder do SCENARIOS.

2 Espaço Localizada no Píer Mauá, no centro do Rio de Janeiro, a Casa ofer-eceu ao público um espaço interativo com programação diária diversificada. A estrutura contou com auditórios, lounge, varanda, palco e sala de imprensa.

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esposa Giselle Machado e filha Lavínia Machado, me cobravam o fato de não termos ido assistir nenhum jogo da copa do mundo de futebol. Essa Conjuntura fez mudar os rumos e resolvi ir ao jogos, já que es-taria no Rio, aproveies-taria.

Isto posto, decidi ir ao jogos, me organizei para passar 15 dias. Providenciei passagens, para mim, esposa e filha. Entrei no site de com-pra de ingressos, verifiquei algumas disponibilidades, e comprei ingres-sos para alguns jogos da fase de classificação, com jogos da seleção brasileira, das quartas e semifinal e final, de algumas modalidades.

Bela Surpresa! A aparência

Jamais imaginei o que meus olhos iriam presenciar, que me encheu de orgulho, pois a grande mídia brasileira, por mais de meses apontavam erros, desastres na organização dos jogos, aparentava que nada ia funcionar. Porém, para minha surpresa, os jogos revelaram outra realidade, pois o que percebíamos era que as coisas estavam funcionando perfeitamente.

Circulei durante esse tempo pelo Rio de Janeiro, fui ao centro, no Boulevard, no maracanã, Copacabana (local do voleibol de praia) e especialmente no parque olímpico, conversei com turistas, cariocas, fiz observações, peguei metro, BRT, etc, me encantei com o clima de satisfação e alegria que tomou conta da cidade.

Minha esposa e filha ficaram encantadas com a estrutura e orga-nização como relatado por minha filha de 15 anos abaixo:

“O que eu tenho para dizer sobre os Jogos Olímpicos de 2016 é que foram maravilhosos. Lembro que na época da Copa do Mundo que ocorreu aqui no Brasil, eu quis muito ir e não tive a oportunidade. Então, fiquei muito feliz quando pude participar desse momento tão especial que foi o Rio 2016. Já tinha visitado o Rio outras vezes, mas dessa vez foi mais es-pecial, a cidade tinha um clima diferente, tudo estava mais bonito e mais organizado.

Ao entrarmos no metrô, já sentíamos a atmosfera da olimpíada. As pessoas felizes, vestidas com a camisa do Brasil, orgulhosas de seu país e daquele evento que estávamos sedi-ando. O caminho foi animado e tranquilo.

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Ao entrar no parque olímpico, me deparei com um outro universo. O sistema de segurança era eficiente e a organização era de outro mundo. Lá dentro, me senti muito segura e feliz. Eu amei aquele lugar e queria que todos tivessem a experiência que eu pude ter naquele dia.

O primeiro jogo que assisti foi de Handebol, Brasil x Ân-gola. Foi simplesmente incrível poder torcer pelo Brasil, no Bra-sil, ao vivo e à cores, fiquei tão orgulhosa. Foi tão bom ver que, apesar de todos os problemas, meu país tinha conseguido fazer tudo aquilo, e que estava tudo tão lindo, me veio um sentimento de patriotismo tão forte, que muitas vezes nos falta no dia a dia. Após o jogo de Handebol, no qual o Brasil foi vitorioso para minha imensa alegria, fomos dar uma volta pelo parque. Atividades não faltavam, tinham vários stands de empresas que ofereciam interações e brindes, a loja oficial da olimpíada, vários telões para assistirmos alguns jogos, área de gramado enorme para descansar e conversar, tinha de tudo um pouco. A área de alimentação também era muito boa, tinham mesinhas e ban-cos para acomodar as pessoas e as barracas vendiam diversas comidas para agradar a todos. A sensação do momento eram os copos colecionáveis das olimpíadas que vinham com os esport-es e um desport-esenho, acho que temos uns 10 ou mais aqui em casa.

Enfim, só tenho elogios a fazer aos Jogos Olímpicos rio 2016, foi uma experiência fantástica.

Lavinia Machado Um relato como esse representa o sentimento da grande parte dos participantes. Porém, como estudioso e pesquisador de políticas de esporte, sabia da realidade que estava por trás daquela aparência, os problemas ante e pós jogos, especialmente o pós, ou seja, quais lega-dos de políticas adviriam pós jogos.

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Figura 1 : Momentos no Parque Olímpico da Barra

FONTE: Arquivo do Proprio autor

Realidade Concreta

Como líder do grupo de pesquisa SCENARIOS, já vinha debaten-do com os colegas pesquisadebaten-dores debaten-do grupo, inclusive com a realização de três ciclos de debates sobre as consequências e caminhos da políti-cas de esporte no Brasil pós megaeventos.

Nesse sentido, diante do quadro que presenciamos durante a realização dos jogos, reforçamos o desejo de organizar uma obra que reunisse diversos olhares/experiências de diversos participantes, sobre os jogos Rio 2016.

Isso se justifica, quando adotamos a gestão do conhecimento como uma ferramenta que possibilita compreender possíveis hiatos a serem resolvidos para uma efetiva avaliação do sucesso na implemen-tação de tais empreendimentos gigantes, quer por planejamento antes e durante o evento ou sobretudo depois de sua realização (legados).

Essa lógica, proposta pelo grupo SCENARIOS, está ancorada nos estudos de Bitencourt (2005), quando cita que na atualidade o capital humano é o maior ativo das organizações contemporâneas e o apre-ndizado produto do conhecimento, assim, o grande desafio das

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orga-nizações está em saber gerir o aprendizado, a fim de construir e reter os conhecimentos aplicados na prática organizacional e que possa ser útil a práticas posteriores.

A gestão do conhecimento, aqui adotada, é justificada no con-ceito de Valentim (2003), como “um conjunto de estratégias que per-mite criar, adquirir, compartilhar e utilizar ativos de conhecimento, bem como estabelecer fluxos que garantam a informação necessária no tempo e formato adequados. E reforçada em DaCosta (2005), na apre-sentação do “Atlas do Esporte no Brasil”, a gestão de conhecimento fa-vorece à criação, ao uso e ao compartilhamento de informações reun-indo e integrando pessoas e/ou organizações que compartilham dados e saberes, construindo conhecimentos por meio de suas interações ou desenvolvimento individual e coletivo

Assim, passado o os jogos Rio 2016, os setores responsáveis pela sua organização, bem como pesquisadores e estudiosos da área, precisam oferecer dados técnicos, estudos científicos, etc, que pos-sibilitem análise de curto e médio e longo prazo sobre os legados e as consequências para a política de esporte no Brasil, demonstrando uma cultura organizacional baseada na coleta e armazenamento de dados tão necessária para a boa gestão de futuros eventos do mesmo porte ou até mesmo maiores.

Este procedimento tem se revelado essencial na construção de cenários futuros ex ante (anterior ao evento) e na avaliação de seus impactos ex post (posterior ao evento) como tem demonstrado DaCosta (2008) em estudos no tema aqui em questão.

A construção de uma cultura organizacional, para gestão do con-hecimento em coleta de dados para a organização de megaeventos esportivos, que crie um capital social confiável, passa a ser urgente, pois na nossa interpretação, a partir da segunda década do século XXI, esses eventos internacionais serão organizados em condições de grandes incertezas e seus resultados analisados contra os mais diver-sificados e desafiadores critérios

Nesse sentido as instituições que lidam com o esporte em especial o poder público deveriam caminhar na busca da gestão do conhecimen-to estimulando e produzindo mecanismos que permitam a compilação, armazenamento e difusão de informações, que gerem conhecimento no setor do esporte bem e que contribua para avaliar, acompanhar, monito-rar ou até mesmo para organizar eventos esportivos.

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Assim, durante o evento na casa Brasil, em pleno realização dos jogos e entusiasmo, eu e o prof. Marcelo Haiachi, junto com o grupo SCENARIOS, decidimos assumir a materialização de uma obra que reunisse e compartilhasse saberes e experiências de diversos atores envolvidos nos jogos Rio 2016, e dessa forma pudesse contribuir na gestão do conhecimento para análise sobre os jogos Rio 2016.

Figura 2; Pola Aquático no Parque Olímpico

FONTE: Arquivo do proprio autor

Referencias

BITENCOURT, Valéria da Silva. A Gestão do Surfe no Brasil segundo o Modelo das Organizações de Aprendizagem: Uma Proposta Em-preendedora. (Dissertação de Mestrado Educação Física e Cultura) Universidade Gama Filho: Rio de Janeiro, 2005.

CHOO, Chuan Wei. Gestão da informação para a organização in-teligente: a arte de explorar o meio ambiente. Lisboa, Portugal: Ed. Caminho S.A, 2003.

DACOSTA, Lamartine Pereira. Atlas do esporte no Brasil - Atlas do esporte, educação física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

DACOSTA, Lamartine Pereira. O Modelo 3D de Interpretação de Mega-eventos e Legados Esportivos. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho (paper para discussão), 2007.

DRUCKER, Peter F. 10 Gurus: e suas lições sobre trabalho, emprego e sucesso. VOCÊ S.A. Edição Especial.. Ano 1. Edição 3. Dezembro, 2002. São Paulo: Abril.

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OLIVEIRA, A.F.S. Diagnóstico Esportivo no Brasil: Desenvolvendo Mé-todos e Técnicas. Tese Doutoral. Universidade Federal da Bahia, Sal-vador, 2013.

OLIVIERA, Ailton Fernando Santana de. Gestão do Conhecimento em diagnósticos esportivos no Brasil. São Cristovão:editora UFS, 2012. VALENTIM, Marta Ligia Pomim. Cultura organizacional e gestão do con-hecimento. mar. 2003. [http://www.ofaj.com.br/colunaicgc_mv_0303. html].

Referências

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