TERMO DE REFERÊNCIA
CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO TÉCNICO ESPECIALIZADO PARA COORDENAÇÃO POLÍTICA DO PROJETO POVOS INDÍGENAS E PAISAGENS SUSTENTÁVEIS NO CERRADO E AMAZÔNIA (INDIGENOUS PEOPLES AND SUSTAINABLE LANDSCAPES IN THE CERRADO AND AMAZON), NO ÂMBITO DA PARCERIA FIRMADA ENTRE O INSTITUTO SOCIEDADE, POPULAÇÃO E NATUREZA (ISPN) E A AGÊNCIA NORUEGUESA DE COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO (NORAD).
Objetivo
Este termo de referência visa a contratação de serviço técnico especializado para Coordenação do componente político do projeto Paisagens Sustentáveis no Cerrado e Amazônia (Sustainable Landscapes in the Cerrado and Amazon), com o objetivo de conduzir as ações do projeto relativas ao fortalecimento das instâncias de governança do Mosaico Gurupi, ao fortalecimento político das organizações indígenas do estado do Maranhão e aos processos de gestão ambiental e territorial das Terras Indígenas que compõem o Mosaico Gurupi.
Contexto
O projeto Povos Indígenas e Paisagens Sustentáveis no Cerrado e Amazônia, apoiará a implementação de instrumentos de gestão de macro-paisagens como estratégia para frear e reverter o desmatamento e degradação de florestas na Amazônia e Cerrado. Estes instrumentos são: (a) o Mosaico Gurupi, um arranjo de áreas protegidas, com terras indígenas (TIs) e unidades de conservação (UCs), que busca a participação de atores locais na gestão das áreas e o desenvolvimento sustentável regional; e (b) os Planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PGTAs), que buscam organizar as propostas de futuro dos povos indígenas frente aos seus territórios e articular projetos para superar os desafios impostos após a demarcação dessas terras. O fortalecimento de direitos e o bem-estar indígena é aspecto fundamental da implementação desses dois instrumentos.
O Mosaico Gurupi, no Maranhão e parte do Estado do Pará, fica em uma das dez áreas mais críticas de desmatamento na Amazônia brasileira, com sérias ameaças à biodiversidade, serviços ambientais e direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais. Além da Rebio Gurupi, o Mosaico é composto pelas Terras Indígenas Alto Rio Guamá do povo Tembé (PA), Alto Turiaçu dos povos Ka’apor e Awá (MA), Caru dos povos Guajajara e Awá (MA), Awá do povo Awá (MA), Rio Pindaré do povo Guajajara (MA) e Arariboia do povo Guajajara e grupos Awá em isolamento voluntário. Importante destacar que as TIs Caru e Awá também contam com presença de grupos indígenas em isolamento voluntário. Embora ainda não reconhecido oficialmente, o Mosaico Gurupi tem sua estrutura de governança, formada por: i) Conselho Gestor, com representações das áreas protegidas, da sociedade civil, de instituições de ensino e pesquisa e de instituições de Estado, nas esferas estaduais e federais; Grupos de Trabalho temáticos, formados por representantes dos territórios e instituições envolvidas diretamente com o Mosaico. O projeto fortalecerá o Conselho do Mosaico e seus três Grupos de Trabalho, juntamente com apoio à elaboração e/ou implementação de instrumentos de gestão ambiental e territorial nas suas seis Terras Indígenas.
Instituições
O projeto Paisagens Sustentáveis no Cerrado e Amazônia será executado pelo Consórcio criado entre o Instituto Sociedade, População e Natureza, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e o Instituto NUPEF.
O ISPN é uma organização da sociedade civil organizada, brasileira, sem fins lucrativos, fundada em abril de 1990 e sediada em Brasília. Tem como missão contribuir para viabilizar a equidade social e equilíbrio ambiental, com o fortalecimento de meios de vida sustentáveis e estratégias de adaptação às mudanças do clima. O Instituto atua no campo ecossocial, com foco nos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares, bem como em suas organizações comunitárias.
Seu objetivo é contribuir para a democratização do acesso a conhecimentos, informações e recursos financeiros de forma adaptada à realidade e às necessidades desse público, assim como incentiva o fortalecimento da relação entre pesquisadores, gestores públicos e comunidades. Ao mesmo tempo, subsidia a atuação de movimentos sociais e ambientais e a formulação de políticas públicas nas interfaces entre desenvolvimento, população e meio ambiente.
O CTI foi criado por jovens antropólogos no início de 1979 e tem como marca de sua identidade a atuação direta em Terras Indígenas com o objetivo de assessorar os povos indígenas na gestão efetiva de seus territórios, fortalecendo sua autonomia e organização política. O CTI atua em Terras Indígenas inseridas nos Biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Em 2012, como resultado de um longo e contínuo processo de formação de pesquisadores indígenas, realização de diagnósticos socioambientais, assembleias e reuniões comunitárias o CTI, em parceria com a associação indígena Wyty Catë, finalizou a elaboração participativa do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) das Terras Indígenas dos povos indígenas timbira.
O Nupef é um instituto sem fins lucrativos dedicado à produção e análises de dados, à expansão do conhecimento e à promoção de atividades de aprendizado para formuladores de políticas e ativistas da sociedade civil, sensibilizando e conscientizando sobre as potencialidades do uso efetivo da tecnologia para aprimorar a democracia e defender os direitos humanos. O Nupef também produz materiais informativos sobre a relevância das tecnologias da informação e comunicação (TICs) como ferramentas para organizar a participação do cidadão em processos democráticos e promover e proteger os direitos do cidadão na Internet.
O Nupef implementa atividades que contribuem para práticas inovadoras das TICs em nível local por organizações da sociedade civil, movimentos sociais, indivíduos, empresários e governos locais.
Atividades
O serviço técnico especializado para Coordenação do componente político e de direitos do projeto Sustainable Landscapes in the Cerrado and Amazon deve considerar, dentre outras atividades que sejam tidas necessárias para o alcance dos objetivos deste Termo de Referência, a critério do ISPN e em acordo entre as partes, a realização das seguintes atividades:
o Participação em reuniões periódicas junto à equipe do ISPN para alinhamento de estratégias e acompanhamento das atividades;
o Acompanhamento e coordenação das atividades referentes à equipe técnica e às consultorias relacionadas às atividades de promoção dos direitos dos povos indígenas; o Atuar em articulação com os demais componentes do projeto;
o Supervisão da produção dos materiais teóricos e práticos relacionados ao Componente Política e Direitos dos Povos Indígenas;
o Atuar em constante articulação com os territórios e instituições integrantes do Mosaico Gurupi para execução das atividades;
o Atuar em constante articulação com o movimento e organizações indígenas do estado do Maranhão;
o Articular ações estratégicas com as demais instituições do Consórcio;
o Acompanhar os editais dos microprojetos e pequenos projetos ecossociais no âmbito do contrato e fornecer suporte técnico aos projetos selecionados;
o Contribuir com a sistematização das lições aprendidas;
o Elaboração de relatório de atividades de todas as ações em campo, de acordo com a coordenação do projeto;
o Elaboração de relatórios mensais à coordenação do ISPN.
Outras atividades correlatas não relacionadas acima poderão ser inseridas para o bom andamento dos serviços.
Qualificação
• Mínimo de 5 (cinco) anos de experiência profissional na área de Ciências Humanas, prioritariamente em Antropologia;
• Experiência com metodologias participativas na elaboração e execução de projetos junto aos povos indígenas e populações tradicionais;
• Conhecimento da política indigenista, dos direitos indígenas, organização e movimento indígena e de processos de participação;
• Familiaridade com temáticas relacionadas à gestão integrada de áreas protegidas; • Capacidade comprovada com articulações interinstitucionais;
• Experiência em elaboração de relatório técnico de atividades; • Desejável proficiência em inglês.
Pagamento dos honorários
O pagamento dos honorários se dará em parcelas mensais e sucessivas, durante a vigência do contrato. O valor dos honorários será negociado no processo seletivo, em observância à política salarial do ISPN.
O valor será pago em até 10 dias úteis após a validação e aceite do respectivo relatório de atividades mensal por parte do ISPN, após recebimento da nota fiscal eletrônica.
As despesas de viagem serão custeadas pelo ISPN, de acordo com sua política de viagem.
Vigência
A vigência do Contrato será de 8 meses, corridos a partir de sua assinatura.
Seleção
A seleção do(a) prestador(a) de serviço especializado será realizada por Comissão composta por membros da equipe do ISPN, em duas etapas:
• Análise de currículo e carta de intenções, descrevendo as razões para pleitear a função. A carta não pode ultrapassar uma lauda;
• Entrevista.
Recebimento de propostas
O(a) profissional deve submeter currículo resumido (máximo 5 páginas) e carta de intenções, descrevendo as razões para pleitear a função (a carta não pode ultrapassar uma lauda) ao e-mail projeto.mosaico@ispn.org.br até o dia 20 de maio de 2021.
Código de conduta
A gestão interna da contratante visa promover a equidade de oportunidade e de perspectivas, independente da identidade de gênero, orientação sexual, etnia, condição de saúde, origem social, religião ou idade. A diversidade de seu pessoal, assim como um ambiente corporativo regrado pelo respeito e apreço mútuos, representa para a contratante um sinal de êxito e excelência em seu trabalho. A contratante prioriza a indicação de mulheres, de LGBTI, pessoas negras e indígenas, e pessoas com deficiência para palestras, representações, entrevistas e vagas de emprego.
Assim, o(a) consultor(a) ou empresa selecionado(a) deverá respeitar a diversidade de gênero, orientação sexual, etnia, condição de saúde, classe social, religião e idade e assumir atitudes que, com efeito multiplicador, ajudará a promover a igualdade entre os diversos atores envolvidos na consultoria deste TdR, adotando as seguintes posturas:
Postura pessoal:
● Escute e dê crédito a ideias de colegas de trabalho, independentemente de gênero, orientação sexual, etnia, condição de saúde, origem social, religião ou idade, mantenha a atenção para situações de vulnerabilidade, respeite sua oportunidade de fala e apoie as ideias de suas colegas de trabalho;
● Fale sobre assuntos relacionados a gênero, escute e tenha empatia com quem é vítima de desigualdades – em especial as mulheres, leia sobre o tema e incentive essa discussão nos espaços que circula, seja na empresa, organização, reuniões ou palestras;
● Questione e combata o assédio sexual, seja um exemplo de respeito às mulheres e não se cale diante da denúncia ou testemunho a um assédio;
Ao prestar o serviço:
● Seja um exemplo de respeito aos direitos das mulheres, de LGBTI, das pessoas negras e indígenas, pessoas com deficiência e idosas;
● Procure estar sempre informada(o) sobre as políticas de promoção da equidade de gênero em seu ambiente de trabalho, busque divulgá-las e respeitá-las. A implementação de estratégias de promoção de equidade de gênero visa uma transformação de cultura interna e pode impactar também externamente.
Fábio Vaz Ribeiro de Almeida Coordenador Executivo
