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CP21: Sociedade e Universidade: estratificação social e desafios para a equidade. Coordenadores: Helena Sampaio e Rosana Rodrigues Heringer

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Academic year: 2021

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20º Congresso Brasileiro de Sociologia 12 a 17 de julho de 2021

UFPA – Belém, PA

CP21: Sociedade e Universidade: estratificação social e desafios para a equidade Coordenadores: Helena Sampaio e Rosana Rodrigues Heringer

Título do Trabalho: Educação a distância e a nova face da docência Hustana Maria Vargas – Universidade Federal Fluminense

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Resumo: A forte orientação para o mercado, que tem marcado a educação superior no Brasil, impõe mudanças significativas no papel e na natureza da experiência docente. A partir do debate sobre a desagregação do trabalho, a pesquisa busca analisar as mudanças impostas na docência considerando a expansão da educação a distância. Com base nos microdados do Censo da Educação Superior, apresenta o movimento de concentração de mercado em torno de grupos educacionais do subsetor lucrativo, e mobiliza instrumentos de avaliação de qualidade do Ministério da Educação para analisar o lugar atribuído ao tutor pelo poder público. Debate em que medida a atuação dos tutores como profissionais que tendem a ocupar cada vez mais espaço nos processos de ensino se coloca como tendência da atuação docente na educação superior. Conclui que a expansão da educação a distância pelas empresas do subsetor lucrativo e a maior atuação de profissionais mediadores do processo de ensino e aprendizagem são fenômenos interligados que apontam para uma nova face da docência, em que parte importante do trabalho é, não apenas, desagregado, mas descartado dos processos de avaliação da educação superior.

Palavras-chave: Educação superior a distância; Subsetor lucrativo; Tutores; Desagregação docente

I. Introdução

A marca central do processo de expansão da educação superior no Brasil é a massiva participação do setor privado. Dominando numericamente o sistema há mais de 40 anos, o setor tem sido o principal responsável pela diversidade do desenho institucional, resultando na criação de novos formatos organizacionais, percursos formativos, cursos e modalidades de ensino. Como consequência de um conjunto de orientações legais flexibilizadoras e da forte atuação das ações empresariais no estado brasileiro (FONTES, 2019), a educação superior é hoje muito mais diversificada nas suas formas organizacionais. Nesse processo se destaca o investimento na oferta de vagas na educação a distância (EaD) que, desde o início do século XXI, cresce em proporção maior do que na educação presencial, construindo um cenário favorável especialmente para os grandes grupos educacionais do subsetor lucrativo1, que hoje concentram a maior parte das matrículas na modalidade.

1 Uma das características da educação superior no Brasil é a divisão entre setor público e gratuito e setor privado, que domina o sistema de ensino com 76% do total de matrículas e se divide, sobretudo, em instituições sem fins lucrativos e com fins lucrativos (INEP, 2020). As diversas formas possíveis assumidas pelas categorias administrativas são chamadas neste texto de subsistemas porque se diferenciam internamente de acordo com os perfis institucionais. As instituições do subsetor lucrativo, por exemplo, obtêm mais receita por estudante do que

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Os processos de privatização e mercantilização se colocam como temas importantes e que ainda precisam de maior aprofundamento teórico e conceitual, conforme apontam Neves, Sampaio e Heringer (2018). Nesta direção, propomos contribuir com o debate lançando luz sobre a relação entre expansão do subsetor lucrativo e da modalidade a distância em diálogo com as novas formas de governança, gestão e atuação docente.

São poucos os países que permitem que as instituições de educação terciária adotem o formato lucrativo (VERHINE e DANTAS, 2017). No Brasil, a possibilidade foi aberta no final da década de 1990, incentivada pelo aumento crescente do financiamento indireto do governo federal e um clima regulatório mais favorável que outros países. Hoje, são mais de 50% das matrículas no subsetor lucrativo, o que coloca o Brasil em situação singular internacionalmente. Por outro lado, tal qual acontece em outros países, há um movimento de concentração de mercado em torno de grupos educacionais que passam a adotar novas práticas de gestão e governança, em um processo recente e dinâmico de mudança das configurações sociais na educação superior.

É possível distinguir diferentes níveis de análise pelos quais a concentração de vagas nas mãos de poucos grupos empresariais impacta na forma de ofertar e organizar a educação terciária no país. Nos detemos, neste texto, na maneira como reorientam a prática docente em direção a uma nova forma de exercício da profissão, menos organizada em torno de associações profissionais, mais fragmentada em seus conteúdos e sem uma formação específica estabelecida em torno de um corpo sistemático de conhecimento (RODRIGUES, 2003).

Nesse sentido, acionamos o conceito de desagregação da ocupação docente (MCCOWAN, 2018), que surge para explicar as transformações recentes no exercício profissional, especialmente por conta dos processos inovadores e disruptivos de separação da função acadêmica tradicional, envolvida em torno do tripé ensino, pesquisa e extensão. A desagregação tem a ver com uma variedade de forças associadas à modernização da educação superior, especialmente relacionadas ao crescimento do uso das tecnologias digitais e da emergência do subsetor lucrativo. Se refere à substituição do trabalho acadêmico por funções especializadas e ao surgimento do profissional “para-acadêmico”, trabalhadores que se especializam em apenas um elemento da prática acadêmica (MACFARLANE, 2011). Isso inclui a entrada de novos atores no processo educacional, como conteudistas e tutores,

web-designers e desenhistas instrucionais, entre outros, com implicações diretas para a dinâmica

aquelas sem fins lucrativos, recebem estudantes mais pobres, gastam menos com pagamento do quadro docente e ofertam mais vagas na educação a distância (VERHINE e DANTAS, 2017).

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de funcionamento das instituições. Dada a natureza e magnitude desta transformação, alguns autores têm chamado a rápida substituição da tradicional função docente de “revolução silenciosa”, indicando que a fragmentação envolve também desqualificação e substituição da mão de obra por trabalhadores semiqualificados ou sem qualificação (FINKELSTEIN, SEAL e SCHUSTER, 1998). Trata-se, portanto, de práticas que combinam inovação tecnológica, exploração da mão de obra e novas formas de organizar a atividade docente.

De forma mais grave, o caso do tutor em EaD exemplifica essa fragilização profissional. Dados da Associação Brasileira de Educação a Distância – um importante agente de disputa no campo - revelam a maior presença de tutores que de professores nos cursos a distância (ABED, 2019). A falta de profissionalização da função do tutor é expressa na ausência de formação específica para atuação, na flexibilização da função e na ausência de mensuração de sua presença e atuação no sistema. Instrumentos oficiais de levantamento e divulgação de dados como o Censo da Educação Superior, a Relação Anual de Informações Sociais e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, tampouco a Classificação Brasileira de Ocupações, categorizam a função, tornando-a opaca para estudos, pesquisas e políticas.

A questão principal que se coloca é, portanto, entender em que medida a reorganização da educação superior no Brasil redefine também as práticas futuras de atuação dos professores. Sabemos, de antemão, que o fenômeno faz parte de um movimento maior de reorganização do capital que alia processos de flexibilização dos vínculos trabalhistas e de redefinições das formas de atuação profissional (OLIVEIRA, 2003).

Para contribuir com a discussão, a próxima seção apresenta, a partir dos microdados do Censo da Educação Superior, a caracterização da organização e da reorganização do desenho institucional da educação terciária desde o início do século XXI, mostrando as diferentes dinâmicas entre as modalidades de ensino presencial e a distância. A sistematização dos dados permite observar a concentração de matrículas em torno de grandes grupos educacionais do subsetor lucrativo, com capital aberto na bolsa de valores. As consequências para a organização do trabalho docente são observadas especialmente a partir de duas variáveis: a que indica a opção das empresas educacionais pela oferta majoritária de vagas em EaD, medida impulsionada a partir de 2017, quando foi permitido que as instituições passassem a oferecer apenas vagas na modalidade a distância; e a razão docente/aluno, importante indicativo das condições de trabalho docente que, conforme veremos, é consequência da oferta pura de EaD nas instituições.

Na seção seguinte, considerado o panorama de expansão da EaD e das empresas do subsetor privado lucrativo, o artigo passa a discutir a participação do tutor a distância desse

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subsetor2 como um novo ator no processo de ensino e aprendizado, destacando a ausência de dados sobre suas formas de atuação nos instrumentos de levantamento de dados e de avaliação do Ministério da Educação. A discussão, conforme referido, é feita em torno do conceito de desagregação da ocupação docente.

Os resultados iniciais mostram que estamos diante de um fenômeno sem precedentes que tem como tendência a concentração de mercado em torno de empresas educacionais com maior capacidade de redução de custos e adaptação aos novos ambientes de mercado e tecnológicos, o que impõe mudanças significativas no status e na natureza da experiência docente.

II. Educação a distância nas mãos dos grandes grupos educacionais

A expansão da educação a distância é constante desde seu marco regulatório (Decreto 5.622/2005). São dois novos, convergentes e quase simultâneos elementos que se colocam na organização da educação superior, com impactos diretos na sua dinâmica interna. De um lado, uma modalidade de ensino que se define em oposição ao formato clássico e tradicional de ensino presencial, que faz amplo uso de tecnologias da informação como instrumentos mediadores e que incorpora novas práticas profissionais na sua dinâmica. De outro, grupos empresariais que adotam estratégias de gestão com maior capacidade de redução de custos e adaptação aos novos ambientes de mercado e tecnológicos. Favorecem ainda a atividade desses grupos empresariais o fato do artigo 52 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) facultar a criação de universidades especializadas por campo do saber, por tratar-se de empreendimentos mais econômicos e simultaneamente dotados de autonomia. Para esse setor, uma das maiores vantagens da autonomia é a possibilidade de criar e extinguir cursos, assim como de determinar seu número de vagas, facilitando a gestão e sintonizando-a com as ondas do mercado. Finalmente, os setores público e privado não concorrem quando o assunto é expansão, ocupando o setor público “regiões menos desenvolvidas, em que o mercado não se mostra atrativo à iniciativa privada” (IPEA, 2015, p. 232).

A expansão das matrículas na modalidade presencial observada no país desde meados da década de 1990 encontra certa saturação a partir de 2014, quando permanecem no patamar de 6.5 milhões, com leve queda a partir de 2016. Nesse mesmo ano assiste-se a um pico de

2 O setor público também pratica, minoritariamente, a educação a distância, concentrando sua oferta na Universidade Aberta do Brasil. Em oposição à baixa proporção de tutores no setor público, essa condição é objeto da maioria absoluta de reflexões e pesquisas acadêmicas.

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crescimento da EaD, conforme mostram os gráficos a seguir, que apresentam a curva de crescimento das duas modalidades e ajudam a ilustrar o caráter dinâmico dessa expansão.

Fonte: Microdados do Censo da Educação Superior (Inep, 2020). Elaboração própria.

Os gráficos indicam as diferentes trajetórias de crescimento das modalidades de ensino nos anos selecionados, ainda que saindo de patamares diferentes. O movimento mais acelerado na educação a distância, que começa a série com aproximadamente 41 mil matrículas e termina multiplicando esse número em 60 vezes, foi dinamizado, sobretudo, pelo subsistema lucrativo, responsável por 80% das matrículas em EaD. O dado sobre instituições credenciadas para oferta de ensino a distância em 2016 e 2018 é eloquente: em 2016 havia 128 instituições ofertando 1.222 cursos, e em 2018, 441 instituições ofertando 3.557 (HOPER, 2018).

A suspensão das atividades presenciais e a substituição por aulas remotas durante a pandemia de Covid-19 completa a série normativa e contextual favorável à expansão e consolidação da EaD. A verticalização da curva de crescimento nos anos finais da série, somada ao impulso dado pela pandemia, atesta que a modalidade tende a ser o principal meio de acesso às instituições de educação superior no país.

Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) revela que a aceitação da modalidade entre estudantes vem em uma crescente, potencializado pelo uso do ensino remoto: em 2017, sua aceitação era de 19%, em 2020, no período pré-pandemia de 40% e durante a pandemia, 78%. Esse crescimento, segundo a pesquisa, deve-se principalmente à perda de renda dos alunos, mas não apenas:

analisando o comportamento dos prospects do Presencial e do EaD em 2020.2, vimos que 68% dos prospects do Presencial mudariam para o EaD para começar os estudos no segundo 3,479,913 6,135,244 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 40,714 2,450,264 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9

Gráfico 01: Matrículas na educação superior, modalidade presencial. Brasil (2002 a 2019)

Gráfico 02: Matrículas na educação superior, modalidade a distância. Brasil (2002 a 2019)

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semestre de 2020, e os prospects do EaD que antes optavam pelo presencial afirmam que pretendem seguir no EAD mesmo se a condição financeira melhorar (ABMES, 2021, p. 16). Estima a ABMES que até 2023 a modalidade assuma 64% do mercado de novas matrículas. Presencia-se, assim, uma tendência que poderá inverter a estrutura da educação superior no Brasil, especialmente se considerarmos o uso intensivo de tecnologias da informação e da comunicação - com seu potencial de alterar as dinâmicas internas de funcionamento das organizações -, de forma ajustada à entrada do subsistema lucrativo3. Os cursos de formação de professores já representam uma evidência dessa tendência, a despeito da previsão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de que a formação inicial de profissionais de magistério deveria dar preferência ao ensino presencial, e apenas subsidiariamente fazer uso de recursos e tecnologias de educação a distância. Hoje, mais de 50% das matrículas das licenciaturas estão em cursos a distância (INEP, 2020).

A permissão para que as instituições de educação superior adotassem formato lucrativo marca uma virada na educação superior (Decreto 2.207/1997). Junto com a “Lei das S.A. da Educação” (Lei 9.870/1999), as normativas publicadas no final do século XX deram as bases para a entrada de fundos de investimento e novos modelos de gestão e governança. Durante a primeira década do século XXI uma série de mantenedoras, entidades que detém uma ou mais instituições de ensino, se organizaram em torno de grandes grupos educacionais, companhias de direito privado com capital aberto e listado em bolsa. São cinco as companhias de capital aberto na bolsa brasileira que possuem matriz no país: Cogna Educação S.A., Yduqs Participações S.A., Ser Educacional S.A., Ânima Holding S.A., Bahema Educação S.A. (TRICONTINENTAL, 2020). Juntas, somam 19% do total de matrículas na educação superior, sendo maior a participação na educação a distância, com 30% dos estudantes matriculados (INEP, 2020). Esses grupos começaram a redesenhar o modelo de gestão e governança de suas marcas, com tendência permanente de controle e redução de custos (CALEFFI e MATHIAS, 2017).

Os grupos educacionais e as instituições lucrativas que dominam a EaD, a partir do novo modelo de governança adotado, tendem a enxugar o maior fator de custo das instituições de ensino, o professor. A prática pode ser observada na alta relação professor-aluno encontrada em instituições que oferecem, sobretudo, cursos a distância. O quadro a seguir mostra as 10 instituições com maior número de estudantes matriculados na

3 De acordo com Tagliari (2020), com dados de 2010 a 2016, o subsistema lucrativo cresceu 64%, o público 16% e o sem fins lucrativos 1,7%.

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modalidade, os grupos educacionais aos quais pertencem, o percentual de vagas na educação a distância e a relação professor-aluno. Juntas, as 10 unidades selecionadas concentram 83% do total de matrículas da educação a distância no país (INEP, 2020).

Quadro 01: As dez maiores instituições de educação a distância – Brasil, 2019.

Fonte: Censo da Educação Superior (Inep, 2020). Elaboração própria.

Três características se destacam no quadro acima. A primeira pode ser descrita como “estágio puro de oferta”, quando as instituições optam por ofertar, quase que exclusivamente, cursos na modalidade a distância, conforme previsto pelo Decreto 9.057 de 2017. Dentre as maiores empresas do subsistema lucrativo com oferta de cursos a distância, sete possuem percentuais acima de 90% de inscritos na modalidade. A segunda, consequência deste desenho institucional, é a alta relação professor-aluno, notoriamente maior naquelas que concentram vagas na educação a distância. Ganha destaque o caso da Uniasselvi, com uma relação hiperbólica de 01 professor para 1.078 estudantes, que quase mascara as demais razões, também de alta magnitude. A razão professor-aluno é um indicativo das condições de trabalho docente e as observadas no quadro acima ultrapassam em muito a média nacional de 22 alunos por professor (INEP, 2020). A terceira característica é a concentração de mercado em torno de poucas empresas educacionais. No quadro, dois gigantes do mercado educacional se destacam, os grupos Cogna e Yduqs.

Existe um movimento de concentração empresarial e centralização financeira que pode ser lido a partir dos longos ciclos de inovações tecnológicas disruptivas que produzem mudanças significativas na composição orgânica do capital, nos níveis salariais e nas formas institucionais, permitindo que as classes dominantes liderem o processo de acumulação e alcancem posições monopolísticas em suas regiões, com amplo uso da superexploração das forças produtivas (DOS SANTOS, 2000). O que temos observado é exatamente o movimento

GRUPO EDUCACIONAL NOME DA IES % EAD

OBJETIVO UNIP 857145 52,26% 5832 76

COGNA PITÁGORAS UNOPAR 379762 96,85% 786 477

UNIASSELVI UNIASSELVI 283687 99,65% 262 1078

YDUQS ESTÁCIO 433852 55,69% 3047 79

UNINTER UNINTER 185503 98,71% 483 379

COGNA UNIDERP 165554 92,46% 721 212

CESUMAR UNICESUMAR 162366 93,81% 565 269

CRUZEIRO DO SUL UNICSUL 126802 63,60% 529 152

YDUQS ESTÁCIO RP 59874 91,25% 283 193

FAEL/VANTA EDUCATION FAEL 51760 99,82% 162 318

MATRÍCULAS TOTAL NÚMERO DE DOCENTES RELAÇÃO ALUNO/PROFESSOR

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de concentração das empresas dos grandes grupos educacionais, que conseguem, através de práticas gerenciais e padronizadas e da ampliação do ganho de escala, reduzir o tíquete médio das mensalidades e reorganizar a oferta de vagas na educação superior.

No processo de consolidação do ensino a distância aparecem novas funções, desempenhadas por profissionais distintos, que representam uma forma inovadora de prática docente e de relação com seus elementos constitutivos. A literatura tem observado esse fenômeno tanto a partir de aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem, que envolve questões como a falta de formação específica para o exercício da docência virtual, quanto de aspectos relacionados ao lugar ocupado pela docência no processo mais amplo de precarização estrutural do trabalho.

Essas duas dimensões se encontram e são sintetizadas na figura de um profissional com menor exigência de escolarização e maior flexibilização do regime de trabalho: o tutor. Trata-se do profissional que media o processo de ensino e aprendizagem e que, dada a tendência de expansão das matrículas na modalidade a distância, ocupa cada vez mais espaço no corpo profissional da educação superior. A próxima seção discute, a partir da análise dos instrumentos de avaliação de qualidade do Ministério da Educação, em que medida a ausência de dados públicos expressa, entre outros, a desqualificação do trabalho do tutor.

III. Tutores invisíveis e desagregação docente

O subsistema lucrativo administra a maior parte das vagas na educação a distância, o que coloca questões importantes quanto à reorganização da educação terciária, especialmente por conta das práticas de gestão e governança que adotam, com tendência permanente de enxugamento dos custos. E como o maior fator de custo das instituições de ensino é o docente, um novo movimento surge para adaptar as condições de atuação deste profissional a partir da lógica que opera nas empresas educacionais.

A nova face da docência está diretamente ligada a esse processo. O tutor é o profissional que surge a partir da separação da função docente tradicional, envolvida em torno do tripé ensino, pesquisa e extensão. A chamada desagregação da ocupação docente tem a ver com uma variedade de forças associadas à modernização da educação superior, especialmente relacionadas ao crescimento do uso das tecnologias digitais, e se refere à substituição do trabalho acadêmico por funções especializadas, notoriamente em contextos de crescimento do subsistema lucrativo (MCCOWAN, 2017). Esta noção tem sido empregada de maneira mais ampla para tratar da reorganização do modo de produção capitalista e da busca por aumentar a eficiência e produtividade do trabalhador através da flexibilização da

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divisão do trabalho. No Brasil, a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) tem sido interpretada como uma dessas medidas que favorecem as novas formas de vinculação trabalhista. No campo educacional, seus efeitos podem ser sentidos no aumento da contratação de docentes como pessoas jurídicas e até mesmo no embate ainda inconclusivo da possibilidade de terceirização da atividade. As consequências do processo se refletem na superexploração e enxugamento da mão de obra4, com efeitos diretos na qualidade do ensino.

Esse debate ganha relevância especialmente se considerarmos que são os tutores na modalidade EaD, profissionais de nível superior vinculados à instituição, que dão suporte às atividades dos docentes e na mediação pedagógica junto a estudantes (CNE, 2016), como afirma o Parecer 564/2015: “no contexto da EaD, os tutores desempenham importante papel no processo educacional e, especialmente, na mediação didático-pedagógica do ensino e aprendizagem, constituindo-se, desse modo, em profissionais da educação” (CNE, 2015, p. 25). Partindo dessa compreensão, adverte o Parecer de 2015:

um sistema de tutoria necessário ao estabelecimento de uma educação a distância de qualidade deve prever a atuação articulada entre professores e tutores, bem como política definida pelas IES sobre esses profissionais, incluindo as questões atinentes à formação (inicial e continuada), carreira, salários e condições de trabalho (CNE, 2015, p. 25).

Entretanto, a despeito de sua importância, pouco se sabe sobre sua forma de atuação e condições de trabalho no principal instrumento de levantamento de dados para a educação superior, o Censo anual organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Ora, sem conhecer as condições de trabalho do profissional que se apresenta em maior quantidade na educação a distância, e considerando a dinâmica de atuação dos grupos empresariais e a dinâmica de expansão da modalidade, pesquisadores e gestores educacionais ocupados nas dinâmicas da educação terciária navegam em um mar sem bússola. Assim, entende-se que o debate sobre o corpo docente, em especial na modalidade a distância sobre o tutor, se coloca como uma das medidas centrais para a construção da qualidade da educação terciária, o que implica em estabelecer, entre outras questões, a visibilidade destes profissionais. Medidas como a inclusão de uma variável sobre os profissionais de ensino que atuam nas instituições, se docente ou tutor, se apresenta como

4 De acordo com Mancebo (2020), ao longo do ano de 2020, empresas do subsistema lucrativo praticaram uma série de demissões e práticas que, se permitidas legalmente, colocam sérias questões éticas: “a Laureate, que congrega várias faculdades privadas, além de utilizar robôs na correção de trabalhos sem o conhecimento dos alunos, demitiu mais de uma centena de professores e a Uninove demitiu 300 professores, em junho. O Grupo Ânima de educação dispensou 150 docentes no início de julho, em Belo Horizonte. A Unisul, em Santa Catarina, demitiu 40% de seus professores. Faculdades particulares de São Paulo demitiram 1.674 professores durante a pandemia, segundo levantamento do Sindicato dos Professores de São Paulo” (p. 111).

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urgente na reorganização do Censo5. Outras variáveis como o local de residência do docente, região geográfica de atuação, número de turmas e disciplinas que leciona, permitem conhecer melhor as características socioeconômicas dos docentes e suas condições de trabalho. De igual maneira é fundamental para o mapeamento das condições de trabalho e da qualidade do ensino a incorporação de medidas como tempo de experiência no exercício da profissão, tipo de admissão, vínculo empregatício (pessoa física ou pessoa jurídica) e remuneração referente ao período ou ano trabalhado.

Sem visibilidade no Censo da Educação Superior, é possível encontrar menção aos tutores nos atos autorizativos de governo para instituições e cursos que, desde 2017, se dividem em dois: a) de autorização e b) de reconhecimento e renovação de reconhecimento, ambos simultaneamente para as modalidades presencial e a distância. Em todos esses instrumentos, encontram-se previsões sobre tutores.

No ato de autorização aparecem nas dimensões “Organização Didático-Pedagógica” e “Corpo Docente e Tutorial”. A primeira dimensão explicita as “atividades de tutoria”6 e comenta sobre o “número de vagas”, que deve ser “adequada à dimensão do corpo docente e tutorial”, na modalidade a distância7. Na dimensão “Corpo Docente e Tutorial” há indicadores sobre experiência no exercício da tutoria na educação a distância; titulação e formação do corpo de tutores do curso; experiência do corpo de tutores em EaD; interação entre tutores (presenciais e a distância), docentes e coordenadores de curso. Essa dimensão,

5 O manual de preenchimento do censo da educação superior indica que os tutores que atuam nos cursos de educação presenciais ou a distância não devem ser informados no banco de docentes, apenas os profissionais que atuam em ensino de pós-graduação e graduação, presencial e a distância, em curso sequencial de formação específica, extensão, pesquisa, gestão, planejamento e avaliação. Tampouco devem ser informados na aba de recursos humanos, onde devem ser listados apenas funcionários técnico-administrativos envolvidos na gestão da instituição (ex: RH, orçamento, logística, cientista de dados, infraestrutura de TI, etc.), ou no apoio acadêmico (atendimento a docentes e alunos), não devendo ser considerado os seguintes funcionários: suporte de informática (manutenção de equipamentos); serviços gerais e manutenção predial; serviços de limpeza; Central de atendimento (call center); Pessoal lotado em hospitais universitários; Tutor presencial e a distância; segurança; Motorista; Estagiário; Jardineiro; e Docente que exerce função técnico-administrativa sem contrato específico para essa finalidade (INEP, 2019).

6 “As atividades de tutoria previstas contemplam o atendimento às demandas didático-pedagógicas da estrutura

curricular, considerando a mediação pedagógica junto aos discentes, inclusive em momentos presenciais, o domínio do conteúdo, de recursos e dos materiais didáticos e o acompanhamento dos discentes no processo formativo, com planejamento de avaliação periódica por estudantes e equipe pedagógica do curso, embasando ações corretivas e de aperfeiçoamento para o planejamento de atividades futuras” (INSTRUMENTOS, 2017).

7 Destacamos que o Instrumento de Avaliação de 2015 foi mais explícito quanto ao indicador “Relação docentes e tutores – presenciais e a distância – por estudante” (Indicador 2.17). Quantificando, indica que o curso obterá conceito 5 no indicador, quando a relação entre o número de estudantes e o total de docentes mais tutores (presenciais e a distância) previstos/contratados for menor ou igual a 30 (INSTRUMENTOS, 2015).

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embora inscreva o Corpo Tutorial em seu título, avalia apenas o indicador “Regime de trabalho do corpo docente do curso”, que exclui os tutores8 (INSTRUMENTOS, 2017).

No Glossário dos Instrumentos de Avaliação Institucional externa (INSTRUMENTOS, 2017), também se encontram as definições de Tutor e de Corpo docente como agentes distintos. Tutor é o “profissional de nível superior vinculado à IES, que atua na área de conhecimento de sua formação, dando suporte às atividades dos docentes”9. Corpo docente, neste Glossário, refere-se ao conjunto de profissionais “com funções que envolvam o conhecimento do conteúdo, avaliação, estratégias didáticas, organização metodológica, interação e mediação pedagógica, como autor de material didático, coordenador de curso e professor responsável por disciplina” (INSTRUMENTOS, 2017).

Interessante marcar que se observa a mesma hesitação quanto à definição de “tutoria (na modalidade a distância)” no documento de apresentação do Glossário pelo Inep (GLOSSÁRIO, 2021). Enquanto os outros termos são objetivamente definidos, quantificados e prescritos pelo instituto, a tutoria não é definida, e sim aludida, com o recurso a citações de cunho propedêutico. Mais uma vez presenciamos o diáfano, inseguro e impreciso tratamento da atividade.

A fluidez das regras e a fragilidade dos dados coletados na avaliação da educação a distância também estão presentes no estudo encomendado pelo MEC/CONAES/CAPES à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O relatório “Repensando a garantia de qualidade para o ensino superior no Brasil” (OCDE, 2018) pontua, sobre educação a distância, que apesar de alguns pontos fortes, há preocupações sobre as regras que governam os provedores e programas de educação a distância, destacando:

No entanto, mudanças legislativas recentes facilitaram o estabelecimento de um grande número de “polos” de educação a distância (até 250 por ano) em vários locais, sem a necessidade de as instalações de cada local serem inspecionadas pelos avaliadores do Inep. Algumas partes interessadas no Brasil estão preocupadas que isso irá promover a expansão descontrolada da educação a distância, sem garantias de qualidade adequadas. Além disso, os critérios específicos de avaliação das instituições e programas de educação à distância usados atualmente são poucos e subdesenvolvidos à luz dos riscos associados a esse tipo de oferta (interação limitada entre equipe e alunos, risco de estudantes isolados, desafios da organização avaliações rigorosas e exames justos etc.) (OCDE, 2018, p.23).

8A Resolução de 1/2016 da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação descreve os “Profissionais da Educação”, discriminando, em dois parágrafos distintos, os tipos de profissionais. No primeiro, o “corpo docente”. No segundo, os “tutores” (CNE, 2016).

9 Observa-se, aqui, uma redução de escopo do trabalho dos tutores em comparação ao descrito na Resolução 1/2016, que determina o suporte às atividades docentes mais a mediação pedagógica junto a discentes.

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Pareceres disponíveis no site do MEC ilustram os desafios em garantir uma educação de qualidade na modalidade. É o caso do pedido de autorização de funcionamento de um curso a distância de uma Faculdade de Tecnologia, indeferido pelo Conselho Nacional de Educação, pela alta relação entre o número de docentes e de estudantes (3 mil alunos por docente) e pela sobreposição de funções, uma vez que os mesmos profissionais foram apresentados como tutores e coordenadores do curso (CNE, 2017).

Quanto ao aspecto das relações de trabalho no interior das instituições de ensino, uma reclamação trabalhista e seu recurso judicial10, ilustram a que ponto as lacunas e ambiguidades dos documentos de avaliação podem jogar a favor dos empregadores. Neste caso, o empregador (reclamada) quis caracterizar o trabalho da docente como de tutora, visando redução de custos. Embasa seu argumento em instrumento de avaliação do MEC, que foi rejeitado pelo juiz:

Contudo, o glossário do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação do MEC em que a empregadora fundamenta a existência de distinção entre esses profissionais permite concluir que as atividades de tutor não passam de fracionamento das atividades que sempre foram atribuídas aos professores. Ocorre que esse desdobramento da profissão de professor não tem regulamentação trabalhista, e o tratamento diferenciado a que alude a LDB quanto ao ensino a distância (artigo 80, § 4º, da Lei nº 9.394/96, também invocado pela reclamada) ainda não estabelece distinção entre profissionais da educação de acordo com as atividades desenvolvidas. Não existem, portanto, subcategorias de docentes quanto ao aspecto defendido pela reclamada (TRT-4, 2016).

Nesse mesmo processo, o empregador avoca o Projeto de Lei (PL) 2435/2011 que dispõe sobre a regulamentação do exercício da atividade de Tutoria em Educação a Distância em sua defesa. Enumera os objetivos do tutor art. 5º, I. Dentre eles, encontramos: proporcionar a descentralização, a capilarização e a universalização da oferta do ensino de qualidade. As inúmeras atribuições do tutor estão dispostas no art. 6º, dentre elas: II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em instituições e unidades de ensino; V – assumir, tanto nos cursos livres, nível médio, de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios da tutoria; e VII – dirigir e coordenar unidades de ensino e cursos de tutoria, em nível de formação e pós-graduação. Ao lado de tão relevantes objetivos e atribuições, o total silêncio sobre remuneração e regime de

10 Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região TRT-4 - Recurso Ordinário: RO 0020832-10.2016.5.04.0664. Disponível em https://trt-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/522170656/recurso-ordinario-ro-208321020165040664/inteiro-teor-522170685.

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trabalho e o rebaixamento da qualificação para o trabalho imperam neste PL - que ainda tramita, mas já com parecer desfavorável pela relatoria.

Percebe-se, assim, um ardiloso movimento de colonização de documentos legais que versam sobre tutoria a distância e outro, de proposição de regulamentação da profissão, que nitidamente podem fundamentar a superexploração e a desqualificação do trabalho do tutor. Não é demasiado repetir: é o profissional que está ou estará numericamente à frente no setor privado da educação superior, mais especialmente no subsetor lucrativo.

IV. Considerações finais

As questões levantadas neste artigo sobre a desagregação da ocupação docente, a entrada de novos atores no processo de ensino e aprendizado, a baixa visibilidade ou invisibilidade dos tutores nos instrumentos oficiais de avaliação, sinalizam desafios a serem enfrentados nos próximos anos tendo em vista a remodelagem da arquitetura institucional da educação superior.

Vimos que a modalidade de educação a distância é aquela que mais cresce no país, em ritmo mais acelerado nos últimos anos, impulsionada pelo clima regulatório favorável que, entre outros, possibilitou que pela primeira vez na história da educação superior brasileira houvesse maior número de vagas ofertadas e maior número de ingressantes do setor privado na modalidade. Ao mesmo tempo, a permissão para que as instituições assumissem o formato lucrativo e operassem na bolsa de valores criaram um novo movimento para o mercado educacional. Diversas instituições passaram a se organizar em torno de mantenedoras que se agrupam em grupos educacionais de direito privado com capital aberto, redesenhando o modelo de gestão e governança de suas marcas, com tendência permanente de redução de custos, concentração de mercado e centralização financeira.

Este trabalho buscou apontar as mudanças no papel e na natureza da experiência docente, considerando a expansão da educação a distância e a entrada de novos atores no processo de ensino e aprendizado, com destaque para os tutores, destacando as práticas de gestão do subsistema lucrativo que envolve, entre outros, a aceleração do que a literatura tem chamado de desagregação da ocupação docente. O fenômeno é relacionado ao crescimento do uso das tecnologias digitais, da participação de novos atores no processo e de formas de gestão e governança das empresas educacionais que buscam, sobretudo, geração de valor.

É um fenômeno recente que coloca questões importantes para a avaliação e planejamento educacional. É por isso que conhecer a realidade dos profissionais que atuam em funções cada vez mais especializadas da docência é essencial para o monitoramento da

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qualidade da educação. No entanto, a opacidade dos tutores nos principais instrumentos legais de avaliação e planejamento da educação superior não permite que pesquisadores e gestores conheçam a realidade de atuação desses profissionais. O Censo da Educação Superior, principal base de dados para compor os indicadores de qualidade preconizados pelo Ministério da Educação, falha ao não trazer informações sobre os tutores. Também falha ao apresentar poucas informações sobre a atuação dos docentes, se limitando a parcos dados socioeconômicos e de atuação profissional. A gravidade da situação se revela na medida em que esses frágeis dados sobre docentes – e inexistentes sobre tutores – subsidiarão a construção de indicadores de qualidade como o Conceito Preliminar de Curso e o Índice Geral de Cursos.

Simultaneamente, os instrumentos de avaliação de qualidade da educação superior nada contribuem para parametrizar e orientar o trabalho dos tutores. Pelo contrário, as lacunas e confusões verificadas em seus termos ensejam e retroalimentam a nebulosidade dessa profissão.

Sem acesso aos dados nacionais sobre as características da atuação do tutor, alguns caminhos para conhecer a realidade de sua atuação passam por pesquisas documentais, como análise de processos trabalhistas e matérias jornalísticas, e produção de informação através de entrevistas ou grupos focais. São técnicas de coletas de dados que permitirão conhecer com mais detalhes os rumos que a desagregação da ocupação docente toma no país. A tarefa se coloca como central na medida em que a entrada do subsetor lucrativo e sua opção pela oferta de vagas na educação a distância vem redesenhando as práticas de atuação dos professores, com efeitos tanto para o processo de ensino e aprendizagem, quanto para as condições de trabalho docente.

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