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MODELAGEM HIDROLÓGICA NA BACIA DO RIO ITAPEMIRIM HYDROLOGICAL MODELING IN ITAPEMIRIM RIVER BASIN

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Academic year: 2021

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MODELAGEM HIDROLÓGICA NA BACIA DO RIO ITAPEMIRIM

Aline Garcia Duarte1; Javier Tomasella¹; Rochane de Oliveira Caram¹; Anderson Sene Gonçalves¹; Graziela Balda Scofield¹; Márcio Augusto Ernesto de Moraes1; Luiz Carlos Salgueiro

Donato Bacelar1; Claudia de Albuquerque Linhares1

Resumo – Este estudo na bacia do rio Itapemirim, apresenta resultados da calibração do modelo hidrológico distribuído MGB-INPE. O objetivo principal é adequar o modelo para previsão de vazões para ser implementado no sistema de alertas contra desastres naturais do Cemaden. Com este intuito foram utilizadas séries históricas de precipitação de um período de dez anos, obtidas das estações localizadas na bacia. A área estudada está localizada entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, ocupando aproximadamente 5190 km². Na região, há vários municípios que enfrentam graves problemas relacionados a ocorrência de inundações e deslizamentos, motivo pelo qual parte destes municípios são monitorados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). Os resultados obtidos até o presente momento mostram que o modelo necessita de novos ajustes a fim de representar adequadamente as vazões máximas.

Palavras-Chave – modelo hidrológico, previsão de vazões, bacia do rio itapemirim.

HYDROLOGICAL MODELING IN ITAPEMIRIM RIVER BASIN

Abstract – This study in the Itapemirim river basin presents results of the calibration of the distributed hydrological model MGB-INPE. The primary goal is to adapt the model to streamflow forecast in the warning system against natural disasters of Cemaden. Historical series flows of a ten year period was used, which was obtained from stations located in the studied basin. The study area is located between the states of Espírito Santo and Minas Gerais, occupying approximately 5190 km². In the region, there are several cities with problems related to the occurrence of floods and landslides, some of them are monitored by the National Center for Monitoring and Alerts Disaster (Cemaden). The obtained results show that the model needs further adjustments in order to adequately represent the peak flows.

Keywords – hydrological model, streamflow forecast, Itapemirim river basin.

INTRODUÇÃO

Um efeito da urbanização crescente é a intensificação dos efeitos das chuvas e dos processos erosivos em bacias hidrográficas. Sabe-se que, muitas das vezes as áreas inadequadas à moradia são ocupadas pela população, que desconhece o risco dos desastres associados às mesmas. As consequências podem ser materiais e humanas, o que torna necessária a aplicação de medidas para controle desses eventos. No caso das enchentes, podem ser executadas obras de engenharia para modificar o escoamento fluvial (medidas estruturais), mas também é possível implantar medidas de custo menor, com intuito de desenvolver a convivência harmônica da população; são medidas não estruturais. Uma vez que as enchentes sempre ocorrerão é importante aplicar medidas não estruturais, que, segundo Tucci (2003), podem ser agrupadas em: zoneamento de áreas de

1 Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais – Cemaden (aline.duarte@cemaden.gov.br; javier.tomasella@cemaden.gov.br; rochane.caram@cemaden.gov.br; anderson.sene@cemaden.gov.br; graziela.scofield@cemaden.gov.br; márcio.moraes@cemaden.gov.br;

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inundação através de regulamentação do uso da terra, construções à prova de enchentes, seguro de enchentes e previsão e alerta de inundação.

Os modelos hidrológicos são importantes ferramentas de gerenciamento dos recursos hídricos, como por exemplo, no monitoramento da qualidade de água, no planejamento do setor energético e no monitoramento e previsão de enchentes. Usado como instrumento em sistemas de alertas, o modelo hidrológico fornecerá a previsão de cheia, um subsídio necessário à tomada de decisão por parte das autoridades da defesa civil.

Com base no que foi exposto acima, o objetivo do presente estudo é ajustar um modelo hidrológico para utilização num sistema de alertas contra desastres naturais.

MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo

A Bacia do Rio Itapemirim, integrante da macrorregião hidrográfica do Atlântico Leste, neste estudo possui área de drenagem aproximada de 5190 km², e está distribuída em dezessete municípios do Espírito Santo e um município de Minas Gerais - onde está uma de suas nascentes. Sua foz se situa no Município de Marataízes e seus principais afluentes são o rio Braço Norte Direito, o rio Braço Norte Esquerdo, o rio Castelo, o Rio Muqui do Norte e o rio Pardo.

Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA, 2012), os limites físicos são ao norte e a noroeste a bacia do rio Doce; a nordeste os rios Jucu, Benevente e Novo; ao sul com a bacia do Itabapoana e a oeste com o Oceano Atlântico. Os solos predominantes na bacia são o Latossolo Vermelho Amarelo e Podzólico Vermelho Amarelo, seguidos de Terra Roxa Estruturada e Brunizem (Santos, 1999).

De acordo com a Agência Nacional das Águas (2012), a pluviosidade média anual da bacia é de aproximadamente 1320 mm, com mínimos nos meses de Agosto e Setembro, e máximos em Dezembro e Janeiro. O clima da região enquadra-se no tipo Cwa (inverno seco e verão chuvoso), de acordo com a classificação de Köppen.

A região é caracterizada por uma topografia muito acidentada, intercalada por reduzidas áreas planas (Mendonça et al, 2007). A bacia possui fragmentos de Mata Atlântica, dentre os quais se destacam a FLONA de Pacotuba e a Reserva Particular do Patrimônio Nacional – Cafundó (INCAPER, 2011). O uso predominante do solo é a pastagem e agricultura do café.

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Figura 1. Bacia do rio Itapemirim.

Segundo Agência Nacional das Águas (ANA, 2012), nas partes mais baixas, entre o mar de morros e o litoral, a erosão laminar das colinas e patamares de topos aplainados, tem sido responsável pela colmatagem dos vales, lagoas marginais e depressões fluviais. Este fato, junto com o processo de assoreamento oriundo de outras fontes, aumenta, sobremaneira, o risco de enchentes.

Descrição do Modelo Hidrológico MGB-INPE

Neste estudo, utilizou-se o Modelo de Grandes Bacias do Instituto de Pesquisas Espaciais (MGB-INPE), que é uma versão adaptada do Modelo de Grandes Bacias desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (MGB-IPH). O modelo MGB-INPE está subdividido em módulos que resolvem o balanço de água no solo, a evaporação de superfície livre, a transpiração da vegetação, os escoamentos superficial, subsuperficial e subterrâneo em cada célula; e o escoamento na rede de drenagem (Rodrigues, 2007). Maiores informações sobre as adaptações no modelo MGB-INPE poderão ser encontradas em Rodrigues (2007).

Nesta modelagem a bacia é subdividida em células regulares, quadradas, da ordem de 1km², e cada uma destas células é composta por blocos que combinam o uso do solo e a cobertura vegetal. O agrupamento de classes de uso e cobertura do solo gera áreas hidrologicamente semelhantes, o que permite reduzir o custo de computacional da modelagem.

A saída do modelo MGB-INPE fornece as vazões diárias para cada sub-bacia, para o período da série de entrada.

Base de Dados para Entrada no Modelo MGB-INPE

Os dados de entrada de um modelo distribuído podem ser obtidos de fontes como imagens de satélites, mapas de tipos de solos e modelos numéricos de terreno (Collischonn, 2001).

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Neste trabalho, a preparação dos arquivos de entrada necessitou de:

 Modelo numérico de terreno ASTER, de resolução 30m.

 Mapas de solo (levantamentos e texturas), obtidos através de informações do projeto Radar na Amazônia (RADAM) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

 Cobertura vegetal, obtida através do mapa do Projeto Vegetação (Proveg).

A Figura 2 apresenta a discretização da bacia do Itapemirim e as estações fluviométricas utilizadas na modelagem.

Figura 2. Discretização da bacia do Itapemirim

Além dos mapas de relevo, solo e cobertura vegetal, o modelo também utiliza dados interpolados de chuva, temperatura, radiação solar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e pressão atmosférica, que são obtidos de diversos postos localizados ao redor da bacia e adquiridos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).

Ajuste do Modelo Hidrológico MGB-INPE

Na calibração do modelo são definidos vários parâmetros que devem ser ajustados, de maneira que ao simular as vazões, essas apresentem valores próximos às vazões observadas. Portanto, o modelo gera vazões e coeficientes de funções de desempenho a cada simulação, os quais determinam se os valores estipulados para os parâmetros representam bem as vazões observadas.

A calibração utilizou séries históricas de precipitação do período de janeiro de 2001 a dezembro de 2011 para ajustar os parâmetros característicos do solo, dentre os quais se destacam: a capacidade de campo, as espessuras das camadas do solo, a condutividade hidráulica saturada, a transmissividade máxima e o coeficiente de recessão do escoamento subterrâneo. As vazões obtidas foram comparadas com uma série de vazões observadas para o mesmo período. O desempenho das simulações foi obtido através de hidrogramas e dos coeficientes Nash-Stucliffe (NS), Log-Nash (R2LOG), R2 e erro percentual de volumes (ΔV). O modelo utilizou uma rotina multi-objetivo de

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 apresenta as estações fluviométricas utilizadas neste estudo, para analisar as vazões simuladas pelo modelo.

Tabela2. Estações fluviométricas utilizadas na calibração do modelo

Código Nome da Estação Rio Área de Drenagem (km²)

57360000 Iúna Rio Pardo 435

57370000 Terra Corrida - Montante Rio Pardo 544

57350000 Usina Fortaleza Rio Braço Norte Esquerdo 192

57400000 Itaici Rio Braço Norte Esquerdo 1020

57420000 Ibitirama Rio Braço Norte Direito 337

57450000 Rive Rio Itapemirim 2220

57476500 Fazenda Lajinha Rio Castelo 433

57490000 Castelo Rio Castelo 972

57550000 Usina São Miguel Rio Castelo 1450

57580000 Usina Paineiras Rio Itapemirim 5170

A tabela 2 mostra o desempenho das funções objetivo. Observa-se que os coeficientes obtidos para NS, R2 e R2LOG têm valores acima de 0.4 para todas as estações. Segundo Gotschalk e

Motovilov (2000), esse é valor é considerado aceitável, porém não significa um bom ajuste das vazões. O modelo representa bem as vazões máximas quanto mais próximo de 1 estiver o coeficiente Nash. O erro percentual dos volumes chega a aproximadamente 19%, o que é superior ao limite considerado aceitável, cerca de 10%.

As estações 2, 4 e 10 apresentaram NS e Log-nash em torno de 0.7, o que significa um melhor desempenho da calibração. Essas bacias não são de cabeceira, o que melhora a calibração, tanto pelo aumento da área quanto pela contribuição das sub-bacias que a compõe.

A Figura 3 apresenta o ajuste das vazões simuladas às observadas para a estação Ibitirama, uma das bacias de cabeceira.

Tabela 2 - Valores das funções objetivo no Período de Jan/2001 a Dez/2011

Estação Rio NS R2 R2Log ΔV (%)

Iúna Rio Pardo 0.51 0.52 0.50 2.04

Terra Corrida - Montante Rio Pardo 0.70 0.72 0.74 10.38

Usina Fortaleza Rio Braço Norte Esquerdo 0.53 0.55 0.75 15.23

Itaici Rio Braço Norte Esquerdo 0.70 0.71 0.72 -5.32

Ibitirama Rio Braço Norte Direito 0.45 0.46 0.67 -7.61

Rive Rio Itapemirim 0.65 0.66 0.06 10.54

Fazenda Lajinha Rio Castelo 0.45 0.47 0.52 -10.06

Castelo Rio Castelo 0.65 0.66 0.63 3.61

Usina São Miguel Rio Castelo 0.57 0.64 0.74 12.47

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Figura 3. Ajuste das vazões na estação Ibitirama.

CONCLUSÃO

Os coeficientes da calibração do MGB-INPE obtidos até o presente momento indicam que as vazões simuladas ainda não representam satisfatoriamente as vazões observadas. Além disso, a análise dos hidrogramas mostra que há baixa representatividade das vazões máximas. Isso significa que o modelo necessita de novos ajustes para que as simulações apresentem resultados mais

fidedignos, o que está sendo realizado.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o suporte financeiro do CNPq (380651/2012-2 e 40 2240/2012-0), a Agência Nacional das Águas (ANA) e ao Centro de Previsão e Estudos Climáticos (CPTEC) pelo fornecimento dos dados hidrológicos e meteorológicos.

REFERÊNCIAS

Agência Nacional de Águas – ANA – Hidroweb. Sistema de Informações Sobre Recursos Hídricos. Disponível em: <http://hidroweb.ana.gov.br/cd4/index.htm>. 2012. Acesso em fev 2012.

Collischonn, W. Simulação Hidrológica de Grandes Bacias. Porto Alegre: UFRGS. Tese

(Doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental). Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 194p. 2001.

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Mendonça, G. S. et al. Uso de SIG no zoneamento agroecológico de pequena escala para

Araucaria angustifolia, Hymenaea courbaril e Myrocarpus frondosus para a Bacia Hidrográfica do Rio Itapemirim (2007). In Anais do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,

Florianópolis, Abr. 2007, 8, p. 1741-1748. Disponível em:

<http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/11.15.22.28/doc/1741-1748.pdf> Acesso: Mai 2012.

Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER.Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural Proater 2011 – 2013: Cachoeiro de Itapemirim. Disponível

em: < http://www.incaper.es.gov.br/proater/municipios/Caparao/Cachoeiro.pdf> Acesso em: nov 2012.

Gottschalk, L.; Motovilov, Y. 2000 Macro–scale hydrological modelling – a

scandinavianexperience. International Symposium on: ‘Can science and society save the water crisis in the 21st century – Reports from the World‘Japan Society of Hydrology and Water Resources. Tokyo. pp. 38-45.

Rodrigues, D. A.; Impactos dos Padrões Espaciais da Vegetação nas Variáveis Atmosférica e

Terrestre do Ciclo Hidrológico, em Bacia de Floresta Amazônica. Tese (Doutorado em

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Santos, A. R. dos. Zoneamento Agroclimatológico para a Cultura do Café Conilon (Coffea

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(Mestrado em Meteorologia Agrícola). Universidade Federal de Viçosa. 62 p. 1999. Disponível em:

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Tucci, C. E. M. Águas Urbanas. In: Tucci, C. E. M.; Bertoni, J. C. (org). Inundações Urbanas na

Referências

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