• Nenhum resultado encontrado

VENCENDO A SÍNDROME DE BURNOUT: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "VENCENDO A SÍNDROME DE BURNOUT: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

1

VENCENDO A SÍNDROME DE BURNOUT: UM DESAFIO

PARA A ENFERMAGEM

Ruane Ketlin Barbosa de Lima

Enfermeira, formada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) Campus Guarujá.

ruaneketlin@hotmail.com

Mara Rúbia Ignácio de Freitas

Professora do Curso de Enfermagem

Unaerp-Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá

mararubia-rp@outlook.com

Pollyanna Pellegrino

Professora do Curso de Enfermagem

Unaerp-Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá

pollyanna.pellegrino@gmail.com

RESUMO: A Síndrome de Burnout acomete profissões que exigem intenso contato interpessoal, como por exemplo, a enfermagem. É considerado o estágio mais avançado do estresse ocupacional. Esse estudo teve como objetivo discorrer sobre os principais fatores no ambiente de trabalho que favorecem o surgimento da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem e realizar um levantamento bibliográfico sobre as estratégias que podem ser utilizadas para a prevenção da mesma. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, realizada por meio da busca dos artigos entre os anos de 2010 a 2014, as fontes de publicações de artigos foram obtidas na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Ficou evidente que a enfermagem é uma profissão com grande possibilidade de desenvolver Burnout, a instituição de trabalho deve desenvolver ações que promovam o bem-estar dos trabalhadores e previna a síndrome.

Palavras-chave: Esgotamento profissional; Saúde do trabalhador; Enfermagem do trabalho e Burnout.

Área de conhecimento: Ciências da saúde 1

1. Introdução

O termo estresse corresponde a um desgaste do organismo que pode causar alterações psicofisiológicas, tais variações ocorrem quando o ser humano enfrenta situações que geram medo, tensão ou irritação (MENEGHINI; PAZ; LAUTERT, 2011).

Em 1995, o estresse foi considerado uma epidemia global pela Organização Mundial de saúde (OMS). O ser humano pode enfrentar diferentes situações de estresse que surgem ao longo da vida (FRANÇA; FERRARI, 2012).

(2)

2 Considera-se estresse laboral o estresse resultante das experiências vividas no ambiente de trabalho, que por sua vez interfere na qualidade de vida do indivíduo. O trabalho é a principal fonte de bens e renda do ser humano e deve ser exercido de forma agradável e prazerosa. O constante avanço no mercado de trabalho tem exigido que o profissional se mantenha atualizado, muitas vezes a pressão causada durante esse processo faz com que o indivíduo entre em um estado de constante preocupação e ansiedade, caracterizando o estresse (ULHOA et al., 2011).

A incidência do estresse laboral tem sido motivo de pesquisa nos últimos anos devido às altas taxas de absenteísmo, incapacidade temporária, aposentadorias precoces e risco à saúde associados ao mesmo (MORENO et al., 2011).

Uma das consequências mais conhecidas do estresse ocupacional é a síndrome do esgotamento profissional ou síndrome de burnout, considerada como doença do trabalho pela Lei n° 3048/99, da Previdência Social, sendo que o Ministério da Saúde preconiza o tratamento através do acompanhamento psicoterápico e farmacológico e intervenções psicossociais (MORENO et al., 2011).

A síndrome de burnout é identificada como um conjunto de manifestações físicas e emocionais geradas pela resposta ineficaz do indivíduo ao estresse no ambiente de trabalho. Os profissionais que se dedicam ao cuidado alheio são mais vulneráveis a esta síndrome. O termo burn significa queima e out significa exterior, sugerindo que a pessoa se consome física e emocionalmente (CUNHA; SOUZA; MELLO, 2012).

Não há um conceito único para a síndrome de burnout, no entanto, a definição mais aceita concebe a síndrome de burnout como uma reação à tensão emocional crônica do indivíduo, por lidar excessivamente com pessoas. É um conceito formado por três dimensões relacionadas, mas independentes: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização profissional (MORENO et al., 2011, p. 141).

A organização das unidades de saúde mostra-se como uma importante variável para o estresse nos profissionais, a síndrome acontece quando as estratégias utilizadas no ambiente laboral não são eficazes (GALINDO et al., 2012).

O burnout modifica a qualidade de vida do indivíduo, e traz consequências não só no emocional, mas também no físico. Essas alterações também podem interferir na vida pessoal, e no relacionamento com os familiares. Já no trabalho, essa síndrome pode interferir na qualidade do trabalho, aumento do absenteísmo, alta rotatividade de emprego e comportamento violento (GALINDO et al., 2012).

Segundo Mauro et al (2010), a categoria profissional formada pelos trabalhadores da saúde necessita de maior atenção e valorização, já que é uma classe numerosa e composta por diversos profissionais. Contudo, o que tem se observado é um descaso nas condições de trabalho por parte do sistema de saúde, trabalhadores são exposto diariamente a riscos e sobrecarga de trabalho. Ressalta-se ainda, que é necessário humanizar o trabalho, pois o bem-estar do profissional vai interferir diretamente no modo como o mesmo vai realizar o cuidado aos clientes.

(3)

3 Por ser considerada uma profissão desgastante, a enfermagem tem recebido uma atenção maior dos pesquisadores, isso se deve ao fato de estar diariamente em contato com doenças e exposta a riscos biológicos, químicos, físicos e psíquicos (HANZELMANN; PASSOS, 2010).

Devido à vasta gama de atividades atribuídas à enfermagem, ao cuidado direto com o paciente desde seu nascimento até a morte, ao vínculo criado durante o processo terapêutico, bem como o acompanhamento dos anseios, medos e complicações vivenciados pelo paciente, a equipe de enfermagem está propícia à sobrecarga de trabalho e instabilidade emocional (CUNHA; SOUZA; MELLO, 2012).

Escassez de pessoal, sobrecarga de trabalho, trabalho noturno, a vivência com usuários problemáticos, a falta de plano de cargos e salários, o sentimento de injustiça nas relações laborais e os conflitos com colegas e/ou instituição também são fatores que geram estresse no ambiente laboral (GALINDO et al., 2012).

A diminuição da incidência de burnout pode ocorrer através da habilidade para administrar as situações estressoras do cotidiano, para isso, o profissional pode fazer uso de estratégias, que pode ser definida como uma resposta comportamental que o indivíduo emite para se adaptar de melhor forma diante do evento estressor (GALINDO et al., 2012).

É necessário que o profissional desenvolva estratégias de enfrentamento visando diminuir a sobrecarga de trabalho, o desgaste físico e emocional, a insatisfação pessoal, e promover assim, uma melhor qualidade de vida, dentro e fora do ambiente terapêutico (MORENO et al., 2011).

Devido ao trabalho exercido diariamente, os profissionais de enfermagem possuem alto risco de desenvolver Síndrome de Burnout. Sendo assim, decidiu-se realizar esta pesquisa para verificarmos na literatura quais são os fatores no ambiente de trabalho que favorecem surgimento da síndrome de Burnout e como podemos prevenir a esta síndrome em profissionais de enfermagem.

Segundo Cunha, Souza e Mello (2012), a síndrome de burnout acomete profissionais que se dedicam a cuidar das necessidades de outras pessoas. Diante do exposto, justifica-se esse estudo pela necessidade de adquirir estratégias para prevenir o desenvolvimento da síndrome nos profissionais de enfermagem.

O objetivo geral dessa pesquisa foi realizar um levantamento bibliográfico referente à presença da síndrome de burnout nos profissionais de enfermagem.

Os objetivos específicos foram discorrer sobre os principais fatores no ambiente de trabalho que favorecem o surgimento da síndrome de burnout em profissionais de enfermagem e realizar um levantamento bibliográfico sobre as estratégias que podem ser utilizadas para a prevenção da síndrome de burnout.

2. Metodologia

Trata-se de uma pesquisa descritiva através de uma revisão bibliográfica,tendo por base de dados a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Na pesquisa, foram acessadas as bases de dados no período de Abril à Setembro de 2015. Nas bases de dados foram utilizados os descritores:

(4)

4 Esgotamento profissional, Saúde do trabalhador, Enfermagem do trabalho e Burnout com operadores boleanos AND.

Para realização da seleção dos artigos científicos foram utilizados os filtros ano de publicação 2010 a 2014, idioma português, artigos completos, limite adultos. Após este levantamento e leitura dos resumos, procedeu-se a seleção dos artigos a serem analisados.

3. Resultados

Quadro 1: Apresentação da busca usando descritores e cruzamentos segundo artigos visualizados, filtros e artigos selecionados, Guarujá, 2015

Portal de pesquisa DeCs.bvs.br

Operador lógico boleano AND

Descritores Burnout

Esgotamento profissional Saúde ocupacional Enfermagem

Sinônimos utilizados Esgotamento profissional Burnout

Saúde do trabalhador Enfermagem do trabalho

Cruzamento http://bvsalud.org/ Visualizado Com filtro Selecionados

Burnout and saúde do trabalhador

1.475 41 3

Burnout and enfermagem do trabalho

3.705 52 4

Esgotamento profissional and saúde do trabalhador

1361 42 5

Esgotamento profissional and enfermagem do trabalho

3456 54 4

Saúde do trabalhador and enfermagem do trabalho

11294 159 5

Total 25

Fim do quadro

Fonte: As autoras

Quadro 2: Apresentação dos artigos com os cruzamentos, segundo título, autor, ano, publicação, volume, página e base de dados

Burnout and esgotamento profissional

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS BASE DE DADOS UTILIZADO? Estresse de enfermeiros em unidade de hemodinâmica no Rio Grande do Sul, Brasil.

LINCH e GUIDO, 2011 Revista Gaúcha de Enfermagem/Vo. 32/ Páginas 63-71 BDENF NÃO

Estresse dos profissionais enfermeiros que atuam na

MONTE et al. 2013 Acta Paulista de Enfermagem/ Vo. 26/

(5)

5

unidade de terapia intensiva. Páginas 421-427

Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. MENEGHINI, PAZ, LAUTERT. 2011 Texto e contexto-enfermagem/ Vo. 20/ Páginas 225-233 LILACS-ESPRESS SIM Os fatores intrínsecos ao ambiente de trabalho como contribuintes da síndrome de burnout em profissionais de enfermagem CUNHA, SOUZA e MELLO, 2012 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo. Ed. Supl./ Páginas 29-32

BDENF SIM

Burnout and saúde do trabalhador

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS

BASE DE DADOS

UTILIZADO?

Síndrome de Burnout entre os trabalhadores de estratégia de saúde da família TRINDADE e LAUTERT. 2010 Revista da escola de enfermagem da USP/ Vo. 44/ Páginas 274-279 LILACS SIM As estratégias defensivas utilizadas pelo trabalhador de enfermagem: uma revisão integral da literatura

SILVINO et al. 2010 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo. 2/ Páginas 1121-1127

BDENF NÃO

Síndrome de Burnout em enfermeiros: uma revisão integrativa OLIVEIRA, COSTA, e SANTOS. 2013 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online / Vo. 5 / Páginas 3168-3175

LILACS SIM

Esgotamento profissional and saúde do trabalhador

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS

BASE DE DADOS

UTILIZADO?

A produção cientifica sobre a saúde do trabalhador de enfermagem VALENÇA et al. 2013 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo. 5/ Páginas 52-60

BDENF SIM

Caracterização dos sintomas físicos de estresse na equipe de pronto atendimento

FARIAS et al. 2011 Revista da escola de enfermagem da USP/ Vo. 45/ Páginas 722-729

BDENF SIM

Estresse, coping e estado de saúde entre enfermeiros hospitalares

GUIDO et al. 2011 Revista da escola de enfermagem da USP/ Vo. 45/ Páginas 1434-1439

LILACS NÃO

Estresse ocupacional dos trabalhadores de um Hospital Público de Belo Horizonte: um estudo de caso nos centros de Terapia Intensiva

ULHOA et al. 2011 REGE/ Vo. 18/ Páginas 409-426

LILACS SIM

Assédio moral no trabalho e suas representações na mídia jornalística.

GARBIN e

FISHER

2012 Rev. Saúde Pública/ Vo. 46/ Páginas 417-424

LILACS SIM

(6)

6

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS

BASE DE DADOS

UTILIZADO?

Síndrome de Burnout: Impacto da satisfação no trabalho e da percepção de suporte organizacional NEVES, OLIVEIRA e ALVES.

2014 Revista PSICO/ Vo. 45/ Páginas 45-54 INDEX PSI SIM Síndrome de Burnout no enfermeiro: Um estudo

comparativo entre atenção básica e setores fechados hospitalares. ROSSI, SANTOS, PASSOS 2010 Revista de Pesquisa: cuidado é fundamental online/ Vo. 2/ Páginas 1232-1239

BDENF SIM

Síndrome de burnout entre enfermeiros de um hospital geral da cidade de Recife

GALINDO et al. 2012 Revista da escola de enfermagem da USP/ Vo 46/ Páginas 420-427. LILACS SIM Estratégias e Intervenções no enfrentamento da síndrome de burnout

MORENO et al. 2011 Revista de enfermagem UERJ/ Vo. 19/ Páginas 140-145

LILACS SIM

Esgotamento profissional and enfermagem do trabalho

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS BASE DE DADOS UTILIZADO? Burnout em residentes de enfermagem

FRANCO et al. 2011 Revista da escola de enfermagem da USP/ Vo. 45/ Páginas 12-18

BDENF SIM

O esgotamento dos

profissionais de enfermagem: Uma revisão integrativa sobre a síndrome de Burnout em uti.

MACHADO et al.

2012 Rev. Pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo 4/ Páginas 2765-2775

BDENF SIM

Imagens e representações da enfermagem acerca do strees e sua influência da atividade laboral.

HANZELMANN e PASSOS

2010 Rev. esc. enferm. USP /

Vo. 3/ Páginas 694-701

LILACS SIM

Burnout em residentes de enfermagem.

FRANCO et al. 2011 Rev. esc. enferm. USP/

Vo. 1/ Páginas .12-18

BDENF SIM

Saúde do trabalhador and enfermagem do trabalho

TÍTULO AUTOR ANO REVISTA/VOLUME/

PÁGINAS BASE DE DADOS UTILIZADO? Estresse ocupacional: avaliação de enfermeiros intensivistas que atuam no período noturno

VERSA et al. 2012 Revista Gaúcha de Enfermagem/ Vo. 73/ Páginas 78-85

BDENF SIM

Qualidade de vida no trabalho: repercussões para a saúde do trabalhador de enfermagem em terapia intensiva

RAMOS et al. 2014 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo. 6/ Páginas 571-583 BDENF SIM Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem do serviço de atendimento móvel de urgência FERNANDES et al. 2012 Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online/ Vo. 4/ Páginas 3125-31

(7)

7 Síndrome de burnout e os aspectos sócio-demográficos em profissionais de enfermagem. FRANÇA e FERRARI.

2012 Acta Paul. Enferm/ Vo. 25/ Páginas 743-748

LILACS SIM

Condições de trabalho da enfermagem nas enfermarias de um hospital uniiversitário.

MAURO et al. 2010 Anna Nery Rev. de Enferm./ Vo. 1/ Páginas 13-18

LILACS SIM

TOTAL 25 artigos selecionados e 21 utilizados. Fim do quadro

Fonte: As autoras.

Conforme apresentado nos quadros acima, foram selecionados no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), 24 artigos e utilizados 20.

4. Discussão

4.1 Síndrome de Burnout e enfermagem

Segundo Versa et al. (2012), o estresse é considerado um dos principais problemas de saúde no mundo atual, chegando a acometer aproximadamente 90% da população. O termo estresse ocupacional é utilizado quando o estresse influencia negativamente a vida profissional das pessoas.

Algumas profissões são mais suscetíveis ao estresse e desgaste emocional devido ao tipo de atividade exercida diariamente, geralmente são ocupações que exigem intenso contato interpessoal, como por exemplo, a enfermagem, medicina e docência (FERNANDES et al., 2012).

A Síndrome de Burnout é considerada o estágio mais avançado do estresse ocupacional. O excessivo desgaste de energia e de recursos são os fatores que podem desencadear a síndrome (OLIVEIRA; COSTA; SANTOS, 2013).

Trindade e Lautert (2010) reforçam que a Síndrome de Burnout caracteriza-se por um desgaste tanto físico quanto emocional do trabalhador, decorrente da falta de recursos para enfrentar situações de estresse no ambiente laboral.

A síndrome de Burnout compreende três dimensões: Desgaste ou exaustão emocional, é a fase inicial, onde o individuo sofre uma sobrecarga emocional, um desgaste tanto físico quanto mental, sensação de esgotamento de energia para realização das atividades diárias; despersonalização ou desumanização caracterizado por uma mudança de comportamento, o indivíduo trata clientes e colegas de trabalho com indiferença; sentimento de incompetência ou falta de realização profissional caracterizado pela baixa-auto estima, frustração, sensação de fracasso e baixa produtividade (TRINDADE; LAUTERT, 2010; FRANCO et al.,2011).

Para Oliveira, Costa e Santos (2013), a enfermagem está entre as profissões que mais tem desenvolvido Burnout, e isso deve a falta de reconhecimento profissional, sobrecarga de trabalho e sentimento de impotência por lidar constantemente com a morte.

(8)

8

4.2 Fatores que desencadeiam a Síndrome de Burnout

O dever de cuidar do outro faz com que a enfermagem seja uma profissão de grande responsabilidade, muitas vezes o profissional se preocupa muito com o cliente e acaba esquecendo-se de cuidar de si mesmo, a dificuldade na articulação desses dois eixos pode se tornar um fator de estresse (VALENÇA et al.,2013).

Neves, Oliveira e Alves (2014) ressaltam que a síndrome não é um problema apenas do individuo, a estrutura do ambiente laboral vai determinar o modo em que o trabalhador exerce sua função, quando o funcionário recebe grandes exigências, porém os recursos disponíveis são insuficientes para realizar a tarefa, aumenta a possibilidade de frustração e consequentemente, ocorrência do Burnout.

Segundo Oliveira, Costa e Santos (2013), o setor de trabalho também interfere no desencadeamento ou não da síndrome, setores fechados como Unidade de Terapia Intensiva, Centro Cirúrgico e Emergência onde há ritmo de trabalho intenso e sobrecarga de trabalho são alvos maiores de pesquisa por suas peculiaridades.

Os fatores que causam a Síndrome de Burnout estão interligados, são gerados por conflitos organizacionais, como por exemplo, condições de trabalho inadequadas, sobrecarga de trabalho, número reduzido de funcionários, dupla jornada de trabalho, trabalho por turno e/ou noturno, falta de autonomia, conflitos interpessoais, salário insatisfatório, falta de reconhecimento profissional, e também por fatores característicos da profissão, como por exemplo, relação com o paciente e seus familiares, contato com a dor, enfermidade e morte (CUNHA; SOUSA; MELLO, 2012; GALINDO et al., 2012; OLIVEIRA; COSTA; SANTOS, 2013).

Muitos enfermeiros optam por terem mais de um vínculo empregatício devido à baixa remuneração, tal fator gera alterações no padrão de sono e concentração, o que pode também ser um fator de estresse (OLIVEIRA, COSTA e SANTOS, 2013).

Outro fator causador de estresse e sofrimento é a violência praticada no trabalho, que pode ser entendida como situações repetitivas que denigrem a imagem do trabalhador e causam constrangimento. Muitos profissionais que são vítimas de assédio moral no trabalho sentem-se intimidados para denunciar tal fato, pois na maioria das vezes, a agressão acontece por parte de um superior (GABIN; FISCHER, 2012).

Trindade e Lautert (2010) reforçam que a inexperiência profissional também é um fator importante para desencadear o Burnout, visto que no inicio da vida profissional o individuo tem a necessidade de aceitação na equipe, dificuldade de realizar tarefas e instabilidade no emprego. Franco et al. (2011) também partilham dessa idéia, destacando que a falta de experiência profissional é um dos fatores do surgimento da síndrome em residentes de enfermagem.

4.3 Consequências da Síndrome de Burnout

Segundo Machado et al. (2012) a Síndrome de Burnout interfere não só na vida profissional mas também na vida pessoal dos indivíduos. Oliveira, Costa e Santos 2013 ressaltam que o lazer e a qualidade de vida dos enfermeiros estão

(9)

9 relacionados ao bom desempenho profissional, isso só é possível quando o trabalho proporciona condições para o funcionário desenvolver suas atividades sociais.

A Síndrome de Burnout causa sintomas físicos e mentais, tais como, cefaléia, mialgia, fadiga, dores no estomago, taquicardia, dificuldade para dormir, diminuição do interesse sexual, redução do apetite, ansiedade, irritabilidade, depressão, diminuição da concentração, raiva, confusão, perda do senso de humor, também podendo interferir na vida familiar e social (FARIAS et al., 2011; GALINDO et al., 2012; RAMOS et al., 2014).

Além disso, o ambiente de trabalho também é afetado por absenteísmo, alta rotatividade de emprego, baixa produtividade e condutas violentas, na tentativa de aliviar o estresse, o profissional acaba adotando uma postura que agressiva com a equipe e pacientes (GALINDO et al., 2012).

A qualidade da assistência também é afetada, já que o trabalhador fica impaciente e não tem tempo de repor sua energia, sendo assim, a Síndrome de Burnout gera riscos não só para o profissional de enfermagem, mas também para o cliente que necessita de seus cuidados (RAMOS et al., 2014).

As consequências psicológicas do Burnout e a insatisfação no trabalho também estão relacionadas aos índices de absenteísmo e abandono da profissão (MACHADO et al., 2012).

Estratégias para a prevenção da Síndrome de Burnout

As estratégias para redução do estresse podem ser focadas tanto no individuo como na instituição, ou em ambos (MORENO et al., 2011). As estratégias individuais envolvem o apoio familiar, de amigos e religioso e estão relacionadas à experiência de vida, cultura e peculiaridades de cada individuo (LIMA et al. 2013).

As estratégias individuais são bem particulares, o profissional pode optar pela prática de atividade física regular e relaxamento, dieta balanceada, bom padrão de sono, separar um tempo para o lazer, adquirir hobbies e sistema de apoio, como por exemplo, expor seus problemas para uma pessoa de confiança. Essas estratégias podem evitar a síndrome porque o profissional, de acordo com a sua necessidade e perfil, vai buscar meios de estar em equilíbrio físico e mental. (MORENO et al., 2011).

No âmbito laboral, a instituição pode fornecer melhores condições de trabalho, tempo adequado para descanso, sistema de apoio ao trabalhador, condições físicas agradáveis e plano de carreira. Quando a instituição se preocupa apenas com o aspecto econômico, não se importando com as condições de trabalho de seus funcionários, há uma queda na produtividade e qualidade da assistência, portanto, as instituições podem e devem investir na qualidade de vida no trabalho de seus funcionários, vendo que esse investimento irá refletir também no modo em como a instituição é vista pelos seus clientes (MORENO et al., 2011).

Lima et al. (2013) e Valença et al. (2013) destacam a importância da educação permanente para melhora na capacitação, tomada de decisão e

(10)

10 diminuição de riscos, visto que o apoio profissional também é considerado um fator de enfrentamento para o estresse.

Moreno et al. (2011), corrobora com a ideia de que se deve investir na educação permanente, e relacionam os riscos psicossociais do trabalho com a falta de preparo ou treinamento.

As ações para prevenção da síndrome de burnout devem ser educativas e terapêuticas, e devem contemplar tanto o individual como o coletivo (TRINDADE; LAUTERT, 2010).

Dentre as estratégias educativas e terapêuticas, podem-se citar reuniões de equipe que possibilitem uma discussão do problema, palestras que informem aos profissionais os riscos das atividades exercidas diariamente e também a identificação das manifestações da síndrome e uma atuação mais efetiva do serviço de saúde do trabalhador. Tais ações servem para otimizar as relações interpessoais, possibilitar a troca de experiências e .redução dos anseios (MORENO et al., 2011).

Ressalta-se ainda a importância do acompanhamento médico e de um profissional especializado em saúde mental para que haja uma possibilidade de escuta dos problemas e anseios dos trabalhadores na tentativa de diminuir os fatores que geram estresse (ROSSI; SANTOS; PASSOS, 2010; LIMA et al., 2013).

5. Conclusão

Diante do que foi exposto, fica evidente que o enfermeiro, pela função que exerce, necessita de uma atenção maior por parte da instituição de trabalho. As situações vivenciadas em seu dia-a-dia podem desencadear a Síndrome de Burnout. O ambiente laboral interfere diretamente na saúde do profissional de enfermagem, sendo assim, cabe a instituição oferecer condições favoráveis de trabalho, com recursos humanos que sejam suficientes para atender a demanda, diminuindo tanto o desgaste físico quanto mental.

Também é necessário que seja disponibilizado cursos de capacitação, visto que a falta de conhecimento para realizar as atividades torna-se um fator de estresse na vida do enfermeiro.

A criação de estratégias que promovam a saúde mental do trabalhador e previna agravos á saúde é uma importante ferramenta para que o enfermeiro possa realizar suas tarefas de maneira agradável e satisfatória, melhorando assim, a qualidade da assistência prestada.

O trabalho não deve ser um fardo pesado, mas uma atividade que proporcione satisfação e realização pessoal, portanto para se prevenir a Síndrome de Burnout devem-se adotar ações que valorize o profissional e lhe permita expressar a sua opinião sobre o ambiente de trabalho em que ele está inserido.

6. Referências bibliográficas

CUNHA, A.P.; SOUZA, E.M.; MELLO, R. Os fatores intrínsecos ao ambiente de trabalho como contribuintes da síndrome de burnout em profissionais de

(11)

11 enfermagem. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v.1, n.1, p.29-32, 2012. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-22377>. Acesso em: 28 jul. 2015.

FARIAS, S. M. C. et al. Caracterização dos sintomas físicos de estresse na equipe de pronto atendimento. Rev. esc. enferm. USP, v.44, n.2, p.274-279, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000300025. Acesso em: 23 set. 2015.

FERNANDES, M. A. et al. Síndrome de burnout em profissionais de enfermagem do serviço de atendimento móvel de urgência. Rev. pesq. cuid. Fundam. v.4, n.4, p.

3125-135, 2012. Disponível em:

http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1900/pdf_670. Acesso em 20 out. 2015.

FRANÇA, F. M.; FERRARI, R. Síndrome de burnout e os aspectos sóciodemograficos em profissionais de enfermagem. Acta Paul. Enferm., São Paulo, v.25, n.5, p.743-748, 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n5/15.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2015.

FRANCO, G. P. et al. Burnout em residentes de enfermagem. Rev. esc. enferm.

USP, v.1, n.45, p.12-18, 2011. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000100002>. Acesso em: 11 set. 2015.

GALINDO, R. H. et al. Síndrome de burnout entre enfermeiros de um hospital geral da cidade de recife. Rev. esc. enferm. USP. v.2, n.46, p.420-427, 2012. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-625152>. Acesso em: 23 jun. 2015.

GARBIN, A. C.; FISHER, F. M.. Assédio moral no trabalho e suas representações na mídia jornalística. Rev. Saúde Pública, v.46, n.3, p.417-424, 2012. Disponível em

http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102012000300003. Acesso em: 22 out. 2015.

HANZELMANN, R. S.; PASSOS, J. P.. Imagens e representações da enfermagem acerca do strees e sua influência da atividade laboral. Rev. esc. enferm. USP. v.3,

n.44, p.694-701, 2010. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342010000300020>. Acesso em: 25 ago. 2015.

LIMA, M. B. de et al. Agentes estressores em trabalhadores de enfermagem com dupla ou mais jornada de trabalho. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v.5, n.1, p.3259-3266, 2013.DOI:10.9789/2175-5361.2013. Disponível em:http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1907/pdf_68 3.Acesso em: 17 out. 2015.

(12)

12 MACHADO, D.A. et al. O esgotamento dos profissionais de enfermagem: uma revisão integrativa sobre a síndrome de burnout em UTI. Rev. Pesq.: Cuid. Fundam. Online, v.4, n. 4, p. 2765-2775, 2012. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1605/pdf_615. Acesso em: 20 de Out. de 2015.

MAURO, M. Y. C. et al. Condições de trabalho da enfermagem nas enfermarias de um hospital uniiversitário. Esc. Anna Nery Rev. de Enferm., v.1, n.14, p.13-18, 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452010000200006&script=sci_arttext>. Acesso em: 05 jun. 2015.

MENEGHINI, F.; PAZ, A. A.; LAUTERT, L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto contexto Enferm., Florianópolis v.20,n.2,p.225-233,2011.Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a02v20n2.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2015. MORENO, F. N. et al. Estratégias e intervenções no enfrentamento da Síndrome de burnout. Revista de Enfermagem UERJ, v.1, n.19, p.140-145, 2011. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-20242>. Acesso em: 02 abr. 2015.

NEVES, V. F.; OLIVEIRA, A.F.; ALVES, P. C. Síndrome de burnout: Impacto da satisfação no trabalho e da percepção de suporte organizacional. Psico, v. 45, n. 1,

p. 45-54, 2014. Disponível em:

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/12520/11440 . Acesso em: 17 set. 2015.

OLIVEIRA, R. K. M. ; COSTA, T. D.; SANTOS, V.E. P. Síndrome de burnout em enfermeiros: uma revisão integrativa. Rev. pesq. cuid. Fundam. v.5, n. 1, p.

3168-175, 2013. Disponível em:

http://bases.bireme.br/cgi-in/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=BDENF&lang=p& nextAction=lnk&exprSearch=24239&indexSearch=ID. Acesso em: 30 abr. 2015. RAMOS, E. L. et al. Qualidade de vida no trabalho: repercussões para a saúde do trabalhador de enfermagem em terapia intensiva. Rev. pesq. cuid. fundam., v. 44,

n. 2, p. 274-279, 2014. Disponível em:

http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2833/pdf_1244. Acesso em: 15 out. 2015.

ROSSI, S. S.; SANTOS, P. G.; PASSOS, J. P. A Síndrome de burnout no enfermeiro: um estudo comparativo entre atenção básica e setores fechados hospitalares. Rev. Pesq. Cuid. Fundam. Online, v.2, n.4, p.1332-1339,

2010.Disponível em:

http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/800/pdf_78. Acesso em: 17 set. 2015.

TRINDADE, L. L.; LAUTERT, L. Síndrome de burnout entre os trabalhadores de estratégia de saúde da família. Rev. esc. enferm. USP, v. 44, n. 2, p. 274-279,

(13)

13 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342010000200005. Acesso em: 15 set. 2015.

ULHOA, M. L. et al. Estresse Ocupacional dos trabalhadores de um Hospital Público de Belo Horizonte: um estudo de caso nos centros de Terapia Intensiva. REGE, v.

18, n 3, p. 409-426, 2011. Disponível em:

http://www.revistas.usp.br/rege/article/view/36745. Acesso em: 13 jul. 2015.

VALENÇA, C. N. et al. A produção científica sobre a saúde do trabalhador de enfermagem. Rev. pesq. cuid. Fundam., v.5, n.5, p.52-60, 2013. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1615/pdf_987. Acesso em: 30 out. 2015.

VERSA, G. L. G. S. et al. Estresse ocupacional: avaliação de enfermeiros intensivistas que atuam no período noturno. Rev. gaúch. enferm., v. 33, n. 2, p.

78-75, 2012. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472012000200012. Acesso em: 05 mar. 2015.

Referências

Documentos relacionados

Objetivo: Identificar a prevalência e fatores associados ao estresse relacionado ao trabalho e a síndrome de Burnout, entre profissionais de enfermagem que atuam em

O número de marcadores reflexivos utilizados (31) foi o suficiente para avaliar as estruturas anatômicas de interesse neste estudo, pois a reconstituição torácica

a) A Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (PROPLAN) torna público o edital de seleção de estudantes de graduação da Universidade Federal do

Paralelamente, foi conduzido um ensaio de metabolis- mo, para se determinar os valores de digestibilidade da PB, da fibra e da energia das rações com níveis crescen- tes de farelo

§ 5º Será considerado aprovado no Trabalho Final de Curso o estudante que ob ver nota mínima de 7,0 (sete) ou conceito &#34;C&#34;, no processo de avaliação, e encaminhar

Conclui-se que uma porção de cereais, com um teor de sal médio, pode representar 3 a 7% do VDR para um adulto saudável, sendo este valor bastante superior para grupos de riscos

A Fiscalização da COMPAGAS e/ou o Responsável pelo Contrato junto a COMPAGAS e/ou um dos Técnicos de Segurança da COMPAGAS ou, em seus impedimentos, seus substitutos,

em amostras de hambúrguer de carne bovina e de hambúrguer misto (carne bovina e carne de frango), comercializadas no município de Niterói-RJ, utilizando e comparando a