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Formação para práticas sustentáveis em hortas das Escolas Municipais de Dourados-MS

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Formação para práticas sustentáveis em hortas das Escolas Municipais de Dourados-MS

Ana Paula Vieira da Silva1; Espedito Saraiva Monteiro2; Jucelino

Pereira Renovato3, Leila Tatiana Garcia3; Loreci Gottschalk Nolasco4; Valter Vieira Alves Junior 5; Zefa Valdivina Pereira5.

RESUMO: O Ministério da Educação estabelece, em seu manual de orientação, as diretrizes do Programa Mais Educação, que tem como finalidade ampliar a jornada escolar dos alunos por meio da Educação Integral, através de projetos ou ações socioeducativas oferecidas gratuitamente à crianças e adolescentes das escolas públicas de Ensino Fundamental. Uma das atividades propostas pelo Programa é a implantação de horta escolar dentro de uma perspectiva agroecológica. Na cidade de Dourados/MS existem 16 escolas municipais que desenvolvem essa atividade. Diante disso, este trabalho teve como objetivo diagnosticar o uso das práticas agroecológicas e a participação da comunidade escolar nas hortas. Esse processo foi

1Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Faculdade de Ciências Exatas

e Tecnologia da Universidade Federal da Grande Dourados (FACET/UFGD). Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 - Cidade Universitária-CEP: 79.804-970 - Dourados - Mato Grosso do Sul – Brasil. anapaulavieira100@hotmail.com

2Mestrando do Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da

Grande Dourados (FAED/UFGD). Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 - Cidade Universitária-CEP: 79.804-970 - Dourados - Mato Grosso do Sul – Brasil. espedito_monteiro@yahoo.com.br

3 Mestrandos do Programa de Pós Graduação em Biologia Geral/Bioprospecção da Faculdade de Ciências

Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (FCBA/UFGD). Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 - Cidade Universitária-CEP: 79.804-970 - Dourados - Mato Grosso do Sul – Brasil. jucelinouems@gmail.com; leila_tatiana@hotmail.com

4 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia e Biodiversidade da Rede Pró Centro-Oeste de

Pesquisa e Inovação da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob a orientação do Prof. Nilvaldo dos Santos. Curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) - Rod. Dourados - Itahum, Km 12, Cidade Universitária - CEP: 79804-970 - Dourados - Mato Grosso do Sul. lorecign@gmail.com

5 Docentes e Orientadores do Programa de Pós Graduação em Biologia Geral/Bioprospecção da Faculdade de

Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (FCBA/UFGD). Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 - Cidade Universitária-CEP: 79.804-970 - Dourados - Mato Grosso do Sul – Brasil.

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desenvolvido com a aplicação de questionário e troca de experiências entre os coordenadores do Programa Mais Educação, como também de uma capacitação por meio de palestra sobre Segurança Alimentar e Práticas Agroecológicas em hortas e posteriormente, o desenvolvimento de uma aula prática de construção de canteiros para o plantio de hortaliças. Conclui-se que os coordenadores do Programa têm um conhecimento adequado quanto à importância pedagógica, social e ambiental das hortas escolares e que a maioria já adota práticas agroecológicas, inserindo os alunos no processo de produção de alimentos e incentivando a propagação desses conhecimentos em sua comunidade.

Palavras-chave: Programa Mais Educação; Agroecologia; Alimentos orgânicos.

Education for sustainable practices in gardens of the municipal school of Dourados-MS

ABSTRACT: The Ministry of Education establishes in its guidance manual, guidelines More Education Program, which aims to extend the school day the students through comprehensive education through projects or socio-educational activities offered free of charge to children and adolescents from public schools elementary school. One of the activities proposed by the program is the implementation of school garden within an agro-ecological perspective. In the city of Dourados / MS there are sixteen public schools that develop this activity. Thus, this study aimed to diagnose the use of agroecological practices and the participation of the school community in the gardens. This process was developed through a questionnaire and exchange of experiences between the coordinators of the More Education Program, as well as a training through lecture on food security and agro-ecological practices in gardens and later the realization of a practical class building beds for planting vegetables. It is concluded that the Program coordinators have adequate knowledge about the pedagogical, social and environmental importance of school gardens and the majority has already adopted agroecological practices by inserting students in the food production process and encouraging the spread of this knowledge in your community.

Keyword: More Education Program; Agroecology; Organic food.

1. Introdução

O manual operacional de educação integral do Ministério da Educação (MEC) de 2014, orienta a implantação do Programa Mais Educação como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral (BRASIL, 2014).

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Dentro das atividades fomentadas neste programa estão os seguintes macro campos: 1) acompanhamento pedagógico; 2) uso de mídias e cultura digital e tecnológica; 3) cultura, artes, educação patrimonial; 4) educação ambiental, desenvolvimento sustentável e economia solidária e criativa/educação econômica; 5) esporte e lazer; 6) educação em direitos humanos; 7) promoção da saúde; 8) agroecologia; 9) iniciação científica; 10) memória e história das comunidades tradicionais.

Sendo assim, uma das atividades propostas pelo MEC é implantar a horta escolar e/ou comunitária dentro de uma perspectiva agroecológica, que objetiva: “O desenvolvimento de experiências de cultivo da horta como um espaço educador sustentável, a partir do qual se vivencia processos de produção de alimentos, segurança alimentar, práticas de cultivos relacionados à biodiversidade local e à formação de farmácias vivas e de combate ao desperdício, à degradação e ao consumismo, para a melhoria da qualidade de vida” (BRASIL, 2014).

A atividade de agroecologia envolve ações de educação ambiental voltadas para a construção de valores sociais, conhecimentos e competências que promovam a sustentabilidade socioambiental e a qualidade de vida. A agroecologia recupera antigas técnicas de povos tradicionais e das culturas locais, agregando a esses saberes os conhecimentos científicos acumulados sobre o cuidado com o solo, o manejo da terra, o cultivo das diversas espécies vegetais em equilíbrio com a fauna local. Seu objetivo é estimular o debate sobre a produção de alimentos, a segurança alimentar, o resgate de cultivos originais, a proteção da biodiversidade, a qualidade de vida e a sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014).

A Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (Losan, Lei 11.346/2001) estabelece em seu art. 3º:

“A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a

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outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.”

A implantação de Hortas Orgânicas nas escolas pode ser um canal de sustentabilidade, pois nesse espaço pode-se trabalhar os aspectos ambientais, sociais e econômicos com os educandos, gerando alimentos saudáveis.

Alimentos orgânicos são produzidos em sistemas que não utilizam agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas) e outros insumos artificiais tóxicos (adubos químicos altamente solúveis), organismos geneticamente modificados – OGM / transgênicos ou radiações ionizantes. Esses elementos privilegiam a preservação da saúde do homem, dos animais e do meio ambiente (DAROLT, 2007). Além disso, já existem pesquisas que relatam que alimentos orgânicos tem muito mais nutrientes do que os produzidos convencionalmente.

Em 23 de dezembro de 2003 foi sancionada a Lei n. 10.831, que estabelece as normas de produção, embalagem, distribuição e rotulagem para os produtos orgânicos de origem animal e vegetal.

A grande preocupação está no uso abusivo de agrotóxicos e suas consequências para saúde humana e ambiente em geral, pois se sabe que agrotóxicos são substâncias altamente resistentes e bioacumuladoras. Assim, a população ao se alimentar destas fontes por um longo período tende a apresentar altos teores das mesmas em seu organismo (ANNIBELLI, 2004).

A Agency for Toxic Substances and Disease Registry (2007) e International Agency for Research on Câncer (2007) relatam que os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde humana são devastadores, já que os efeitos deste consumo, em sua maioria, podem apresentar-se como problemas no fígado, sistema nervoso central, sistema cardiovascular, reprodutivo, olhos, rins, baço, desenvolvimento de casos de anemia e aumento do risco de câncer.

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De acordo com Ribeiro et al, (2006), a implantação das Hortas Agroecológicas, é uma ferramenta de disseminação de conhecimentos que podem ser socializados na escola e posteriormente transportados para a vida familiar dos educandos, gerando mudanças de valores e cultura nos aspectos alimentares, ambientais e educacionais, além de se tornar um mecanismo de construção de princípios e comprometimento com o meio ambiente. “As hortas se constituem num instrumento pedagógico que possibilita o aumento do consumo de frutas e hortaliças, a construção de hábitos alimentares saudáveis, o resgate dos hábitos regionais e locais e a redução dos custos referentes à merenda escolar” (MUNIZ e CARVALHO, 2007 apud FREITAS et al, 2013).

A implementação de produtos agroecológicos na alimentação escolar, deve ser responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo: a comunidade escolar, pais, produtores rurais e os gestores públicos, com o objetivo de se estimular uma cultura de sustentabilidade. (BARRETO, 2012). Nesse contexto, a Educação Ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, em que o comprometimento dos indivíduos torna-se um fator primordial para promover um novo modelo de desenvolvimento (JACOBI, 2003).

Todas as atividades que são realizadas nas Hortas Agroecológicas, contribuem na difusão de conhecimento sobre o perigo da utilização de agroquímicos para o meio ambiente e para a saúde humana, além de estimular “o desenvolvimento da consciência de que é importante a adoção de um estilo de vida menos impactante sobre o meio ambiente, bem como a integração dos alunos com a problemática ambiental vivenciada a partir do universo da horta escolar” (SANTOS et al, 2014). Para Magalhães (2003), “quando as hortaliças são cultivadas na horta escolar, elas fazem muito sucesso, porque todos querem provar, pelo fato que é fruto do trabalho dos próprios alunos. ”

Na produção de hortaliças, a preocupação com a sustentabilidade é fruto das reflexões da relação do homem com o ambiente. Dessa forma, o desafio da sustentabilidade não se restringe apenas a gerar soluções ambientalmente adequadas, mas também lucrativas e socialmente desejáveis (TERRA et al, 2006).

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Morgano (2006) afirma que a horta escolar pode ser um laboratório vivo, pois possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas, principalmente em educação ambiental e alimentar. Além disso, promove a união da teoria com a prática, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem e estreitando relações sociais por meio de um trabalho coletivo de todos os atores envolvidos. Assim, as hortas nas escolas podem ser um instrumento de ensino, facilitando para o professor e consequentemente para os alunos, entenderem a relação entre a agricultura, meio ambiente e hábitos alimentares, inseridos no processo de educação ambiental e da educação em saúde. Nesse sentido, ressalta-se a importância da visão sistêmica num exercício de compreender os diversos componentes e aspectos que envolvem as questões ambientais (SILVA e FONSECA, 2011).

Atualmente, na cidade de Dourados-MS existem 45 Escolas Municipais. Dentre elas, 16 escolas já desenvolvem atividades de hortas através Programa Mais Educação. Diante disso, fez-se necessário diagnosticar quantas dessas hortas seriam de fato orgânicas, quais práticas agroecológicas e sustentáveis são desenvolvidas, e qual seria a participação da comunidade escolar na produção das hortaliças.

Nesse contexto, a pesquisa/ação tem como objetivo realizar o levantamento de informações das práticas agroecológicas nas hortas escolares através de questionário, e posteriormente promover uma capacitação com os coordenadores e/ou monitores do Programa Mais Educação, com a finalidade de que estes utilizem métodos agroecológicos em suas hortas, caracterizados pelo uso de adubos orgânicos, rotação de culturas, controle biológico de doenças, entre outras formas. Ressalta-se a importância deste trabalho pelo fato de que a escola deve se preocupar com a qualidade dos alimentos que os alunos estão consumindo, e dessa que forma, o conhecimento construído pelos alunos sobre os benefícios dos produtos orgânicos, possam gerar mudanças de práticas para beneficiar as atuais e futuras gerações.

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Inicialmente foi elaborado um questionário semiestruturado (em anexo), com questões envolvendo os aspectos ambientais, sociais e econômicos, pertinentes às atividades desenvolvidas nas hortas das escolas do município de Dourados-MS, sendo elas: E.M. Professora Avani Cargnelutti Fehlauer Avani; E.M. Aurora Pedroso de Camargo; E.M. Dr. Camilo Hermelindo da Silva; E.M. Fazenda Miya; E.M. Indígena Agustinho; E.M. Indígena Pai Chiquito; E.M. Indígena Ramão Martins; E.M. Indígena Tengatuí; E.M. Izabel Muzzi Fioravanti; E.M. José Eduardo C. Estolano – Perequeté; E.M. Laudemira Coutinho de Melo; E.M. Lóide Bonfim Andrade; E.M. Neil Fioravanti – CAIC; E.M. Professora Antônia Cândida de Melo; E.M. Professora Iria Lucia Wilhelm Kozen; E.M. Professora Maria da Conceição Angélica. O questionário foi disponibilizado por correio eletrônico aos coordenadores e/ou monitores das referidas escolas, o qual deveria ser devolvido respondido para levantamento dos dados. Registramos que todas as escolas participantes do Programa Mais Educação em Dourados-MS, cumpriram com a exigência do projeto fazendo a devolutiva do questionário que foi objeto de análise nesta pesquisa.

Em seguida, foi realizada uma reunião no Anfiteatro da Prefeitura Municipal de Dourados, com o Coordenador Geral do Programa Mais Educação do Munícipio e os coordenadores e/ou monitores das escolas (Figura 1), a fim de compartilhar experiências de práticas já utilizadas nas escolas, bem como fazer os encaminhamentos de possíveis dificuldades encontradas com a implantação e manejo nas hortas.

Figura 1: Reunião com os coordenadores e/ou monitores do Programa Mais Educação. Fonte: Leila Tatiana Garcia. Data: 11/06/2015

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A partir do diagnóstico do questionário e das trocas de experiências, realizou-se um encontro (chamado de dia-de-campo) com formação dos profissionais nas dependências da Escola Municipal Laudemira Coutinho de Melo, sendo que no primeiro momento a equipe de acadêmicos promoveu uma mesa redonda de discussões sobre temas relacionados às dificuldades relatadas pelos coordenadores, a que se chamou de “Práticas Agroecológicas Sustentáveis nas Hortas” (Figura 2), entre elas, manejo do solo, controle de doenças, adubação orgânica, segurança alimentar, entre outros, o que se fez objetivando a que os próprios participantes continuassem a disseminar o conhecimento entre a comunidade escolar. Além disso, foram abordados temas como: sustentabilidade, conceitos de alimentos orgânicos e diferenças dos convencionais, o perigo dos agrotóxicos para a saúde humana e meio ambiente, e como a agroecologia pode oferecer soluções práticas na produção de alimentos orgânicos e livres de agroquímicos. No segundo momento foi promovida uma aula prática de construção de canteiros para o plantio de hortaliças e legumes (Figura 3).

Figura 2: Palestra sobre práticas agroecológicas nas hortas e segurança alimentar. Fonte: Leila Tatiana Garcia. Data : 17/06/2015

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Figura 3: Aula prática de construção de canteiros para o plantio de cebolinha na Escola Municipal Laudemira Coutinho de Melo. Fonte: Leila Tatiana Garcia. Data: 17/06/2015

Para finalizar a formação, foram disponibilizados materiais didáticos digitais em forma de CD, para os coordenadores e/ou monitores, contendo cartilhas, apostilhas, vídeos sobre hortas agroecológicas, para serem objetos de estudos junto aos alunos das escolas interessadas.

Posteriormente, realizou-se uma visita na Escola Municipal Aurora Pedroso de Camargo, com o intuito de conhecer o espaço e as práticas em relação à horta que atualmente produz cebolinha, salsinha, tomate, almeirão, entre outros (Figura 4). A coordenadora local implantou a extensão da horta escolar à casa das famílias dos educandos, proporcionando aos mesmos dar continuidade ao programa, disseminando seus conhecimentos na residência e na vizinhança dos estudantes, mesmo sendo apenas um pequeno canteiro de hortaliças e/ou outras

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plantas, cultivadas com práticas agroecológicas. A escola já está se utilizando do material disponibilizado em CD junto aos seus estudantes e professores (Figura 5).

Figura 4: Horta da Escola Municipal Aurora Pedroso de Camargo. Fonte: Maria Lúcia da Silva Data: 24/06/2015

Figura 5: Materiais disponibilizados e utilizados na Escola Municipal Aurora Pedroso de Camargo.

Fonte: Leila Tatiana Garcia e Maria Lúcia da Silva.

3. Resultados e Discussão

Com a aplicação dos questionários pode-se verificar que em todas as escolas existe somente um monitor responsável pela horta, e entre as hortaliças e legumes cultivados estão: alface, almeirão, abobrinha, beterraba, berinjela, brócolis, cebolinha, cenoura, couve, coentro,

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chuchu, jiló, tomate, repolho, rúcula, rabanete, quiabo, salsinha, pepino, pimenta, pimentão e mandioca. Existe também o plantio de frutíferas, como: bananeira, jabuticabeira, mamoeiro, além de ervas medicinais. Entre os equipamentos e materiais utilizados no manejo da horta estão: enxada, enxadão, estercos, balde, bandeja de muda, pá, rastelo, regador, carriola, sementes, mangueira, mudas e vassouras. Em relação à procedência das sementes, a maioria das escolas compram as sementes no comércio, outras recebem doações de mudas, entretanto em uma escola indígena as sementes são de origem da própria comunidade.

Quando perguntado que tipo de adubo era utilizado na horta (Gráfico 1), 75% das escolas responderam orgânico oriundo de compostagem e esterco de gado. No entanto, 13% usam adubos orgânicos e inorgânicos, 6% somente o inorgânico e também 6%, outro tipo de adubo.

Gráfico 1: Tipos de adubos empregados nas hortas escolares

Em relação ao método de controle de insetos e plantas invasoras (Gráfico 2), 67% usam produtos naturais, como por exemplo, a água com fumo diluído, para repelir alguns insetos, 25% utilizam agrotóxico, ou seja, produtos químicos para combater esses agentes, e 8% outras fazem prática de outras formas de combate aos agentes daninhos.

75%

6% 13%

6%

Quais são os tipos de adubos utilizados na

horta?

Orgânico Inogânico Ambos Outros

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Gráfico 2: Metódos de controle de insetos e plantas invasoras na horta

No que diz respeito, a participação da comunidade escolar na horta, a grande parcela são os alunos, professores e funcionários, em poucas escolas os pais se envolvem na construção da horta e plantio das hortaliças. Em relação, a projeção financeira do quanto a escola economiza na merenda com os produtos da horta, a maioria não fez o cálculo, sendo que a produção se destina, em sua quase totalidade para merenda escolar, somente três escolas, fazem a doação das hortaliças para as famílias dos alunos.

No que se refere às atividades ou projetos que são desenvolvidos com a comunidade escolar para o desenvolvimento da sustentabilidade na escola, citaram: Projeto Alimentação Saudável; Importância de Reciclar o Lixo; Plantas Medicinais; Canteiros Sustentáveis; Projeto Horta Domiciliar e Projeto Horta Escolar.

Quando perguntados se sabem o que é agroecologia, as respostas foram: “É uma nova abordagem da agricultura que integra diversos aspectos agronômicos, ecológicos e socioeconômicos, que visa a produção de alimentos mais saudáveis e naturais”; “Acredito que a agroecologia consiste na produção de alimentos e manuseio da terra, levando em consideração o ecossistema local, assim como as questões culturais”; É um conjunto de técnicas e conceitos que visa a produção de alimentos mais saudáveis e naturais; “A agroecologia é a ciência a serviço da vida na terra, utilizando modernas técnicas de cultivo, uso dos recursos naturais,

25%

67% 8%

O que é usado no controle de insetos e

plantas invasoras?

Agrotóxico Produtos naturais Outros

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combinando com as técnicas de manejo dos indígenas, dos nossos antepassados, unindo conhecimento empírico e conhecimento técnico a serviço da produção agroecológica e sustentável”; “Se baseia em produzir usando os nossos recursos naturais de forma responsável sem agredir o meio ambiente conservando-o para as nossas gerações futuras, banindo todo tipo de produtos químicos e pesticidas prejudiciais ao meio ambiente e a saúde das pessoas, optando pela produção orgânica de alimentos”.

No momento em que foram perguntados se consideram sua horta agroecológica, todos disseram que sim, entre as justificativas estão: “O preparo do solo é feito de forma agroecológica, começando com a limpeza do terreno feita com enxadas e outras ferramentas, sem uso de agrotóxicos para matar ervas daninhas, e na correção do solo, utiliza-se técnicas agroecológicas como a compostagem e produção de húmus”; “Não utilizamos agrotóxicos e utiliza-se restos de alimentos na adubação, além de folhas para cobertura; “Tudo que é usado no desenvolvimento da horta é do meio natural, desde o adubo até o controle de pragas”; “Usamos materiais orgânicos que existem dentro do recinto da escola para a produção da compostagem, como o resto da comida da merenda, folhas secas e produtos orgânicos”.

Quando questionados sobre a importância da horta e do Programa Mais Educação na sua escola, as respostas foram: “A horta escolar na minha escola é essencial, pois, dela retiramos legumes e hortaliças produzidas com a participação dos alunos e utilizamos na merenda escolar sem o uso de agrotóxicos”; “Essa horta contribui com a educação ambiental dos alunos, que aprendem a importância de abandonar os agrotóxicos e fertilizantes químicos na produção de alimentos mais saudáveis”; “Os alunos aprendem a cultivar a sua própria hortinha no fundo do seu quintal, ou alguns pequenos vasos de horta suspensa, ajudando na própria alimentação e de sua família, além de ajudar na merenda da escola para a alimentação dos alunos”; “Acredito que esse projeto tornar-se mais abundante na questão da sustentabilidade do aprendizado da criança em saber como deve ser uma alimentação saudável, e também despertando a curiosidade em trabalhar com a terra no sentido de plantar e colher, a curiosidade torna-se o atrativo para que possam construir suas hortas caseiras ajudando no orçamento domiciliar”; “A oficina da

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horta permite aos nossos alunos o contato com a terra, com as hortaliças, saber plantar, cultivar e colher gerando neles um conhecimento que é transmitido aos seus responsáveis e também ensinando uma fonte de renda alternativa e saudável para todos eles’’; “A horta proporciona ao educando um maior contato com as atividades ligadas a terra, levando o aluno a se interessar por alimentos mais saudáveis, proporcionando uma maior autoestima no discente, já que o mesmo irá participar de todo o processo de produção do alimento, demonstrando aos alunos a importância do consumo de produtos orgânicos, além de mostrar que em pequenos espaços e com pouco orçamento pode-se produzir alimentos”.

Neste sentido “a horta escolar é um espaço de socialização do aprendizado formal aliado à educação ambiental não formal, através das discussões que buscam ressignificar os saberes inerentes a cada comunidade através do contexto onde se insere” (MANTELLI, 2014).

4. Considerações Finais

Conclui-se que os coordenadores e/ou monitores do Programa Mais Educação tem um conhecimento adequado quanto à importância pedagógica, social e ambiental das hortas escolares, pois fica claro que acreditam que, durante a realização das atividades na horta, é importante que os alunos realizem uma reflexão sobre os hábitos alimentares e de consumo atuais e os benefícios do consumo de alimentos orgânicos pelos seres humanos, associado a preservação do ambiente em que se insere.

A grande maioria dos monitores já desenvolve práticas agroecológicas nas hortas escolares, porém, percebe-se que alguns apresentam dificuldades de manejo agroecológico do solo com as hortaliças e legumes, recorrendo aos produtos químicos.

Considerando as dificuldades apontadas, argumentamos pela importância de ações como do projeto de pesquisa-ação aqui descrito, sob a orientação dos professores Zefa Valdivina Pereira e Valter Vieira Alves Junior, o que permitiu proporcionar momentos de trocas e disseminação de informações e conhecimento entre os interessados e os acadêmicos da Pós Graduação em Biologia da Universidade Federal da Grande Dourados, conduzindo a um processo de transformação de práticas cotidianas na escola. Cientes, contudo, que esse processo

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de mudança nas práticas escolares por meio do Programa Mais Educação e seus projetos, especialmente da “horta”, é desafiador, devendo ser contínuo e objetivar sempre a oportunidade de reflexão pelas partes interessadas, mudanças de pensamento e ações na escola como um todo, da horta à cozinha (merenda escolar), podendo se estender à comunidade do entorno (famílias, vizinhanças etc). Para tanto, pretende-se continuar esta construção durante o próximo período por meio de palestras e cursos com os coordenadores e demais interessados, como também monitorar e verificar a construção do conhecimento na prática cotidiana da escola com extensão às famílias dos educandos.

5. Referências

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ANNIBELLI, M. B. Impacto dos agrotóxicos sobre o meio ambiente no estado do Paraná – Brasil. Universidade Federal do Paraná - UFPR. Polígonos. Revista de Geografia. v. 14, p. 169-181. 2004.

BRASIL, Ministério da Educação, Manual Operacional de Educação Integral, Brasília DF, 2014.

DAROLT, M. R. Alimentos orgânicos: um guia para o consumidor consciente. Londrina: IAPAR, 2007. 36 p.

JACOBI, P. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 118, p. 189-205, 2003.

INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. Complete list of agents

evaluated and their classification. Disponível em: http://

monographs.iarc.fr/ENG/Classification/index.php. Acesso em: 17 jun. 2015.

RIBEIRO, A.L.; Bessa, C.C.; Guimarães, E.A.; Silva, E.C.; Silva, R.T.; Jesus, R.M.M. Projeto Horta Escolar. Núcleo de Supervisão. Goiânia: SEE, GANE, NHE, 17 p., 2006.

SANTOS, et al. Horta escolar de base agroecológica: reflexos no processo ensino-aprendizagem e nos hábitos alimentares de alunos da zona rural de Picuí, PB. Congresso Norte- Nordeste de Pesquisa e Inovação. Tocantins, 2012.

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SANTOS, J. D. M. dos; AZEVEDO, T. A. O. de; FREIRE, , J. L. O. de; ARNAUD, D. K. L.; REIS, F. L. A. M. Horta escolar agroecológica: incentivadora da aprendizagem e de mudanças de hábitos alimentares no ensino fundamental. Revista Holos, Ano 30, Vol. 4, 2014.

MAGALHÃES, A. M. A horta como estratégia de educação alimentar em creche. 2003. 120 f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

MANTELLI, J. Educação pela agroecologia: horta escolar. Campo-território: revista de geografia agrária, v. 9, n. 17, p. 735-741, abr., 2014

MELÃO, I. Produtos sustentáveis na alimentação escolar: o PNAE no Paraná. Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.2, n.2, p. 87-105, jul./dez. 2012

MORGADO, F; S, A Horta Escolar na Educação Ambiental e Alimentar: Experiência do Projeto Horta Viva nas Escolas Municipais de Florianópolis, 2008. Disponível em: http://www.extensio.ufsc.br/20081/A-hortaescolar.pdf> Acesso em 16 de jun 2015.

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6. Anexo

QUESTIONÁRIO sobre HORTAS ESCOLARES em Dourados, MS

Programa Mais Educação

Data

1) Nome da escola:

2) Coordenador:

3) Nome do responsável pela horta: 4) Quantidade de monitores da horta: 5) Há quanto tempo a horta funciona? 6) Quais espécies/hortaliças são cultivadas?

7) Quais são os materiais de manuseio na horta?

8) Quais são as procedências das sementes e mudas?

9) Quais são os tipos de adubos utilizados?

( ) orgânico- esterco, compostagem, cama de frango ( ) inorgânico- adubos químicos

( ) ambos

( ) outros/ exemplifique:

10) O que é usado no controle dos insetos e plantas espontâneas? ( ) agrotóxicos/inseticidas

( ) produtos naturais ( ) outros/exemplifique: 11) Qual o tipo de irrigação? ( ) aspersão

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( ) outro/ exemplifique:

12) Existe cobertura e proteção na horta? Ex: sombrite/tela/cerca ( ) Não ( ) Sim Qual?

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13) Como o canteiro é preparado?

( ) incorporado (mistura de terra com adubo) ( ) sem incorporação ( somente a terra) ( )com cobertura

( ) outro tipo de preparo/ exemplifique:

14) Qual a participação da comunidade escolar na horta? ( ) alunos/ Quantidade de alunos?

( ) professores/ De quais disciplinas? ( ) funcionários

( ) pais (APM) ( ) parcerias/Quais?

15) A produção de horta destina-se a quê? ( ) merenda escolar

( ) doação ( ) renda

16) Há uma projeção financeira do quanto a escola economiza na merenda com os produtos da horta?

17) Você considera esta horta agroecológica?Justifique.

18) Que tipo de atividades ou projetos são desenvolvidas com a comunidade escolar para o desenvolvimento da sustentabilidade na escola?

19) O que você sabe sobre Agroecologia?

(21)

www.sementescrioulasjutims.org

Referências

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