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REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: HOSTEL CAIXERAL, CRATO, CEARÁ

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REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: HOSTEL CAIXERAL, CRATO, CEARÁ

Ravena Reis Araújo Arquiteta e Urbanista, Centro Universitário Paraíso ravenareisaraujo@gmail.com

Giovanna Garcêz Freire. Arquiteta e urbanista (UEMA), mestre em urbanismo (PROURB, UFRJ) Doutoranda em Arquitetura (Universidade de Lisboa). contato@giovannafreire.com

Introdução

Em cada período, a arquitetura se caracteriza e é utilizada de maneira diversa, fato que está diretamente relacionado com as características do espaço urbano em que está inserida. Sendo assim, as edificações se mostram sempre presentes no cotidiano do indivíduo que as ocupam, de modo que revelam, com sutileza, memórias e sentimentos (FARIAS FILHO, 2007).

A arquitetura e a cidade são consequências de diversas relações sociais e elementos que, com o passar dos anos, se transformam. Essa mudança pode ser percebida através do surgimento de novas espacialidades e construções contemporâneas que coexistem com elementos da cidade primitiva e edificações antigas. Dessa forma, levando em consideração que a arquitetura é um reflexo da constante modificação dos grupos sociais, a cidade pode ser compreendida através de sua história (FARIAS FILHO, 2007).

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Entretanto, segundo Copatti e Oliveira (2016) esse processo de crescimento das cidades, quando coordenado pela lógica capitalista, pode apresentar problemas como a constante descaracterização do acervo arquitetônico. O mesmo, frente ao desenvolvimento, na maioria das vezes é destruído, dando fim a esses objetos que compõem o patrimônio histórico de uma localidade.

Uma vez que o descaso com edifícios históricos progride diariamente sem encontrar nenhum tipo de empecilho, é imprescindível que a população e o poder público estejam cientes dessa problemática antes que as perdas sejam irreparáveis. Este foi o caso do incêndio de grandes proporções que ocorreu em 2018 no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, Rio de Janeiro.

Portanto, visto a importância da preservação do patrimônio histórico arquitetônico para salvaguarda da memória de uma sociedade e a necessidade de evitar seu abandono à fim de conciliar os novos hábitos da população com a existência desses monumentos, o presente trabalho tem como proposta apresentar uma alternativa de resgate de um edifício histórico na cidade de Crato, Ceará, dando-lhe um novo uso.

O município de Crato, região Sul do Ceará, ao sopé da Chapada do Araripe, se caracteriza como uma das primeiras povoações instituídas no estado. Em decorrência da rapidez das transformações, particularidade do desenvolvimento urbano sem monitoramento adequado, com o passar dos anos o conjunto arquitetônico do centro histórico da cidade foi progressivamente descaracterizado (GURGEL, 2008).

A maioria dos edifícios apresentam-se em mau estado de conservação de suas singularidades arquitetônicas originais, principalmente no centro comercial, onde apresentam um grande nível de descuido em relação a pintura de fachadas, conservação de esquadrias e telhados, além de, muitas vezes, estarem encobertos por placas de grandes dimensões (GURGEL, 2008). Essas características acabam por expor, novamente, a problemática do esquecimento, por parte da população e poder público, das edificações com valor patrimonial.

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Segundo os estudos de Gurgel (2008), fica claro que, ao analisar o acervo arquitetônico de Crato, exemplos de descaracterizações ou até total destruição da arquitetura antiga da cidade são constantes. Este foi o caso da demolição da célebre “Cinelândia” que, situada em localização privilegiada na Praça Siqueira Campos, deu espaço a um edifício contemporâneo. Logo, por entender-se que a depreciação do patrimônio histórico pode ser indicada, em parte, como consequência do descaso ou ausência de conhecimento de uma parcela da população sobre a relevância que estes representam para uma sociedade, este trabalho se apresenta como um instrumento de troca de conhecimento sobre a herança cultural dos edifícios da cidade, contribuindo para o avanço da tutoria das mesmas. Espera-se ainda evidenciar que é possível adequar as edificações históricas aos usos atuais que, com o avançar dos anos, se tornam necessidade para a sociedade, sem descaracterizá-las ou destruí-las, dando local a edifícios contemporâneos.

O Crato possui uma população de aproximadamente 131.372 habitantes distribuídos em 1.176,467 km² de área (IBGE, 2018) e é o 8° maior Produto Interno Bruto, PIB, do Ceará (IBGE, 2017). O município apresenta diversos segmentos turísticos a serem explorados, como o acadêmico, industrial, ecológico, religioso e cultural; e, com uma localização geográfica estratégica, a cidade recebe diversos turistas durante o ano.

Levando em consideração esses fatores e visto que, para o desenvolvimento do turismo em uma localidade se faz essencial a implantação de uma estrutura básica para abrigar as pessoas que visitam a cidade, uma alternativa para resgatar edificações históricas do centro do Crato seria aproveitando esses espaços com edifícios hoteleiros. Paralelamente a esse panorama, busca-se reconhecer o hostel como uma tipologia de hospedagem que explora o potencial turístico do município.

A partir dessas reflexões, o objetivo geral do presente trabalho é desenvolver um analisar as condições para a viabilização de um projeto arquitetônico para um hostel em um edifício histórico na cidade de Crato. E como direcionamento para atingir o propósito do mesmo foram definidos os seguintes objetivos específicos: avaliar a evolução urbana e arquitetônica de Crato visando a definição do local de implantação do projeto;

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diagnosticar a edificação escolhida a fim de definir a linha de restauro; analisar o potencial turístico de Crato; definir o que é hostel e conceitos básicos referentes a preservação do Patrimônio Cultural; compreender, por meio de um breve histórico e estudos de caso, as tipologias de albergues, identificando o perfil do público alvo e layout funcional, assim como a relação entre as áreas pessoais e coletivas, a fim da concepção do anteprojeto arquitetônico.

Com o propósito de alcançar os objetivos anteriormente citados, para elaboração do presente trabalho escolheu-se como estratégia metodológica o método exploratório. A pesquisa também apresenta caráter explicativo, onde serão designados fatores causadores da problemática da conservação patrimonial na cidade de estudo. Também compete evidenciar o recorte espacial que detém esse trabalho: um edifício situado dentro do centro histórico no município de Crato. O prédio será alvo de estudo e identificação de potencialidades e problemáticas, a fim da elaboração do anteprojeto arquitetônico do hostel.

Para escolha do partido e do programa de necessidades, a análise de projetos semelhantes ao proposto no presente trabalho foi utilizada como referências projetuais, como é o caso do Kloem Hostel, em Bangcoc, na Tailândia; o Bee.W Hostel, em São Paulo; Refúgio Hostel, em Fortaleza; e Hostel Kariri, em Crato. Foi realizada uma visita técnica ao Hostel Kariri afim do esclarecimento de dúvidas, disponibilização de informações sobre o empreendimento e vivência do ambiente.

Busca-se também com este trabalho seguir as recomendações legislativas acerca da temática patrimonial em âmbito Federal (Constituição Federal do Brasil/1988 e decreto-lei nº 25/1937), Estadual (Lei nº 13.465/2004) e Municipal (Lei n° 2.279/2005). Além disso também se discorre sobre a Legislação Urbanística da cidade de Crato, sendo estas: a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo (Lei n° 2.282/2005), o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU (Lei n° 2.279/2005) e o Código de Obras e Posturas (Lei n° 2.280/2005).

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Ainda em âmbito legislativo, foram analisados a Lei Federal nº 10.098/2000 e o Decreto nº 5.296/2004 que discorrem sobre acessibilidade em edifícios históricos. Mantendo-se nessa temática, foram analisados a Normativa nº1/2003 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e a NBR 9050/2015.

Primeiramente foi desenvolvido uma pesquisa com o propósito de escolher o edifício para intervenção, assim como uma visita ao imóvel para análise do mesmo e seu entorno, feito através de mapas de vias, uso do solo e equipamentos. Logo após essa análise, foi indicado o programa de necessidades norteador do anteprojeto e em seguida elaborou-se o estudo preliminar para o instrumento proposto.

1 Intervenções em edifícios históricos

Os grandes obstáculos para os processos de intervenção em edifícios ou sítios históricos estão ligados, ainda hoje, a incompreensão de conceitos básicos referentes a preservação do patrimônio cultural, onde tais definições ainda parecem não ter sido totalmente assimiladas. Portanto, para o entendimento do presente trabalho, faz-se imprescindível apresentar uma discussão acerca desses conceitos.

A noção de patrimônio histórico, nas últimas décadas do século XX sofreu uma ampliação para patrimônio cultural, que não abrange só obras de artistas representativos ou produções de um certo recorte de tempo, mas o popular e cotidiano como meio de reiteração da identidade cultural (FUNARI; PELEGRINE, 2009). Segundo o artigo 216.º da Constituição Federal, o patrimônio cultural representa “os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (BRASIL, 1988, s.p).

Nesse contexto faz-se necessário esboçar a conceituação de outros termos recorrentes na temática patrimonial. O centro histórico pode ser caracterizado como a área onde se apresentam todas as amostras iniciais da história de uma cidade (VARGAS;

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CASTILHO, 2015). Segundo Gurgel (2008), esse centro histórico pode ser reduzido a alguns elementos representativos, em outros, pode ser a área que progressivamente se tornou o centro de quase toda a aglomeração urbana.

É necessário expor ainda o conceito de preservação: manutenção de um bem na condição física em que se apresenta e a desaceleração de sua degradação. A mesma,

consequentemente visa prolongar e salvaguardar o patrimônio cultural

(GHIRARDELLO; SPISSO, 2008). Outros termos devem-se fazer compreendidos, como reabilitação, que segundo a carta de Lisboa1 (1995), consiste nas obras que objetivam a recuperação e reintegração física de uma construção. Este tipo de intervenção visa melhorar o desempenho de funções do edifício, buscando sanar todas as anomalias construtivas, funcionais e de segurança adquiridas durante o passar dos anos, culminando em uma modernização da obra já que ela se aproximará dos níveis atuais de exigência.

Choay (2017) ressalta que conceder um novo uso para um edifício histórico é uma atividade complexa e deve-se, inicialmente, avaliar o estado físico do prédio e o novo fluxo de usuários. Segundo a autora essa prática “deveria ser objeto de uma pedagogia especial. Deriva do bom senso, mas também de uma sensibilidade inscrita na longa vida das tradições urbanas e dos comportamentos patrimoniais” (CHOAY, 2017, p 222).

1.2 A importância da preservar

No grupo de bens culturais produzidos pela humanidade, o patrimônio edificado constitui um indício excepcional na formação da memória histórica dos povos e consequentemente na sua identidade. Se apresenta como testemunho sedimentado dos modos de vida dos homens que as conceberam e utilizaram através da passagem dos anos, além de carregar sentimentos, episódios públicos, tragédias e fatos novos e antigos (ROSSI, 1989).

1 A carta de Lisboa é um manifesto urbanístico resultante do 1º Encontro Luso-Brasileiro de Reabilitação Urbana e estabelece princípios norteadores para as intervenções, bem como os caminhos para a sua aplicação.

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De acordo com Choay (2017), o monumento histórico foi preservado no decorrer de três séculos sob a forma de ilustrações em livros e, com o advento da Revolução Francesa e da Revolução industrial, no século XVIII, a preservação do patrimônio in locu começou a ser pensada. No Brasil, segundo Ribeiro (2005), iniciativas visando a preservação surgiram mais efetivamente no ano de 1963. A partir daí o país vem fortalecendo uma política para identificação e preservação dos bens culturais, como é o caso da criação do Instituto de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

Pode-se destacar ainda que a preservação do patrimônio repercute na conservação do caráter identitário. Por serem bens profundamente relacionados com a identidade do local, ajudam a construir uma sensação de pertencimento aos habitantes de um determinado lugar.

Por entender o patrimônio como algo que recebemos no passado, vivenciamos no presente e transmitimos para gerações futuras, segundo Pelegrini (2006, p.3), estamos reconhecendo “que o patrimônio é historicamente construído e conjuga o sentimento de pertencimento dos indivíduos a um ou mais grupos”, sentimento esse que garante uma identidade.

2 O centro histórico do Crato

Inserida dentro da Região Metropolitana do Cariri - RMC, as três cidades principais – Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha - formam a conurbação urbana conhecida como CRAJUBAR, mantendo vínculos estreitos tanto em questão de proximidade territorial quanto relacional.

Com o crescimento de Juazeiro do Norte no cenário caririense, graças a sua hegemonia comercial impulsionada pelo turismo religioso; e a ascendência de Barbalha como polo de serviços de saúde e por seu patrimônio histórico, o município de Crato, atualmente, passa a se apresentar como o terceiro integrante de um triângulo polarizador.

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Este destaca-se pelo setor educacional e de lazer, também relevante no setor industrial, além do peso de sua forte tradição histórica e cultural.

A área central da cidade citada no texto transcrito coincide com a fração urbana edificada do núcleo histórico. Este abriga sete praças que conferem ao centro de Crato uma sequência de espaços abertos com áreas verdes e diversas casas circundantes, fator de imenso valor identitário do município. A malha urbana do bairro apresenta diversos padrões de parcelamento. As grelhas alternam-se entre os cruzamentos ortogonais e tortuosos, estes à medida que se aproximam do Rio Granjeiro.

Hoje percebe-se de forma clara a divisão do núcleo histórico em dois segmentos: a norte, onde os interesses comerciais e de serviço são predominantes; e ao sul, onde o uso residencial unifamiliar prevalece. É importante destacar que o uso institucional das edificações se apresenta em toda fração urbana (GURGEL, 2008). O bairro apresenta ainda, em sua maioria, edifícios de um ou dois pavimentos, condizentes com o início da urbanização da cidade, mas hoje já se verifica o avanço do processo de verticalização, que correspondem a edificações de uso misto entre comércio ou serviços e residencial multifamiliar.

Essa centralidade guarda imóveis onde se perderam, em partes ou totalmente, as características arquitetônicas originais. As transformações ocorridas com o passar dos anos, como visto anteriormente, transformaram grande parcela do patrimônio edificado, onde poucas edificações apresentam características arquitetônicas originais.

Os imóveis tidos como preservados estão localizados nas proximidades da Praça da Sé e, de forma que vão se distanciado do núcleo original, começa-se a reconhecer edificações modificadas. Essas mudanças são identificadas, principalmente, como acréscimos de grades em portas, janelas e recuos; substituição de esquadrias originais, fechamento de vãos com alvenaria, acréscimos de garagens, aplicação de novos revestimentos e interferência visual causada por elementos de publicidade (GURGEL, 2008).

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3 A proposta

Esta proposta teve como ponto de partida a análise do edifício de intervenção (ver figura 1). O mesmo, por se caracterizar como um lote de esquina sem recuos, apresenta ausência de entrada de luz natural em partes do prédio, característica gerada pela impossibilidade de conceber novas aberturas em suas laterais.

Essa relação proporcionou a reflexão sobre o modo de habitar e preencher o espaço, onde a falta de luz natural pode ser encarada como um fator positivo.

3.1 Programa de necessidades

O programa de necessidades de um hostel pode ser bastante variável, porém identifica-se nesses estabelecimentos uma setorização comum. Após a análise dos estudos de caso, foi possível elaborar um programa que se divide em quatro setores, sendo estes: os setores administração, hospedagem, áreas comuns e serviços.

Figura 1: Edifício Caixeiral. Fonte: As autoras.

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Todo o projeto será concebido visando se enquadrar recomendações feitas pela FBAJ para que o hostel chegue aos padrões de qualidade internacionais da Hostelling

International. Os princípios da filosofia alberguista também serão respeitados.

3.2 Partido arquitetônico

Para a elaboração do partido arquitetônico diversos parâmetros foram analisados, como o conceito, implantação, conforto, acessos, fluxos, materiais, sistemas construtivos e legislações. Estes serviram como eixos norteadores para o desenvolvimento do projeto. O projeto tem como base a exploração do conceito de luz e sombra buscando refletir nos ambientes propostos as sensações causadas por esses sentidos. Também busca, por meio dos fatores citados acima, associar a arquitetura histórica à cosmopolita.

3.3 Implantação e conforto térmico

O Hostel Caixeiral, nome escolhido por ser o mesmo do banco original, atua como um projeto de reabilitação de um edifício histórico, o mesmo se caracteriza por ser uma construção sem recuos, que preenche um lote, portanto a área delimitada para intervenção será a do prédio já existente.

Em decorrência impossibilidade de inserir novas aberturas na fachada e o dimensionamento necessário para os ambientes, o projeto utilizará de estratégias bioclimáticas que propiciem um maior conforto ambiental aos ambientes propostos. Os ambientes voltados para as fachadas Norte e Oeste, por receberem insolação durante todo o dia, devem conter elementos de proteção térmica.

Também se busca a utilização de ventilação cruzada nos ambientes e o aproveitamento da luz natural por meio de claraboias.

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3.4 Setorização

A setorização do Hostel Caixeiral foi pensada de forma estratégica para concentrar no piso térreo todas os setores de uso comum e serviços, visando diminuir o deslocamento vertical dos hóspedes e funcionários no edifício. O acesso ao Hostel acontece por um ambiente de passagem controlada, a recepção, que se posiciona estrategicamente entre as duas portas de entrada da edificação. As áreas sociais acontecem de maneira integrada, de modo que hóspedes e funcionários possam circular sem barreiras. A cozinha, ambiente compartilhado por hóspedes e funcionários, está diretamente ligada a área social (ver figura 2).

O segundo pavimento é voltado para abrigar o bloco de hospedagem (ver figura 3). Estes se desenvolvem margeando a edificação, visando oferecer a todos os quartos a contemplação ao exterior do prédio. O segundo pavimento ainda conta com um estar interno. O terraço atua como uma área de convivência e contemplação da paisagem e entorno.

Figura 2: Planta Baixa - Térreo. Fonte: As autoras, 2020.

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O programa não inclui um estacionamento privado. Esse fator se dá tanto pela impossibilidade de o prédio de intervenção comportar esse ambiente quanto pelo fato dos alberguistas, em sua maioria, não terem o costume de alugar e nem de viajar de carro.

3.5 Sistema construtivo

Se utilizou, primordialmente, de materiais e técnicas construtivas simples e de fácil execução encontrados na região (ver figura 4). Também se utilizou do emprego de materiais sustentáveis que possam ser reutilizados.

Figura 3: Planta Baixa - 2º PAV. Fonte: As Autoras, 2020.

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3.6 Acessibilidade e patrimônio

O acesso a edifícios de valor histórico deve proporcionar igualdade a todos sem, contudo, desrespeitar os critérios de restauro e preservação do patrimônio. A Lei Federal nº 10.098/2000, regulamentada pelo Decreto nº 5.296/2004 garante que a reforma ou amplicação de edificios de uso coletivo devem atender aos critérios de acessibilidade. De acordo com o Decreto nº 5.296/2004, a adaptação de bens culturais imóveis deve estar em concordancia com a instrução normativa nº1/2003 do IPHAN, a mesma estabelece diretrizes, critérios e recomendações sobre acessibilidade.

Os projetos de adaptação de edificios históricos também devem ir de acordo com os parametros estabelecidos pela Norma Brasileira de Normas Técnicas, a NBR 9050/2020, onde a mesma estabelece critérios e parâmetros técnicos de acessibilidade a Figura 4: Fachada do Hostel Caixeiral: recebeu um tratamento mais delicado, visando causar uma clara diferenciação

entre um exterior antigo e austero até um interior moderno e vibrante. Fonte: As autoras, 2020.

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serem considerados nas fases de projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos.

É importante compreender que a acessibilidade em edifícios históricos não se resume somente em assimilar a superação das barreiras físicas que restrigem os movimentos, mas a garantia do usufruto dos valores culturais bem como a promoção do acesso a memória e história de uma sociedade.

4 Considerações finais

Diversas cidades têm dado valor aos seus centros originais, seja por estes possuírem edifícios de expressão histórica e arquitetônica ou por promoverem o reconhecimento do seu passado e vetores culturais. É nesse contexto que se compreende a necessidade da revalorização do patrimônio edificado da cidade de Crato, o qual por consequência do crescimento da cidade vem experenciando perdas significativas em seu acervo edificado.

O trabalho realizado explicitou fatores tocantes a importância da preservação do patrimônio edificado, apontando conceitos relativos ao seu entendimento; assim como a análise de normas e legislações referentes a temática patrimonial. Constatou-se como aconteceu a evolução arquitetônica da cidade no intuito de entender como se dá o centro histórico atual.

Compreendeu-se também o grande potencial turístico da cidade de Crato, onde foram explorados os atrativos urbanos. Foram expostos conceitos referentes ao movimento alberguista e, conforme apresentado em texto, percebe-se o grande potencial da oferta hoteleira como vetor apto a readaptação de edifícios históricos as funções urbanas contemporâneas.

O presente trabalho também buscou indicar estudos de caso similares ao projeto sugerido, condicionantes para escolha do edifício de intervenção e o estudo do entorno, apresentando as condicionantes legais para área de intervenção. Propôs-se também um

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programa de necessidades relativo as funções exercidas no empreendimento sugerido, estes deverão seguir as normas de acessibilidade tocantes ao patrimônio histórico.

Conclui-se que o município de estudo sofreu, com o transitar das épocas, descaracterizações que comprometem seu caráter e integridade, mas o mesmo ainda resiste e apresenta diversas singularidades que podem ser exploradas. Nesse mote, a opção por explorar um novo meio de hospedagem como forma de resgate das edificações surge, inicialmente, da inquietação sobre a carência de equipamentos turísticos que incentivem o intercâmbio de culturas e interação social.

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Referências bibliográficas

Carta de Lisboa. 1995. Disponível em:<encurtador.com.br/sBGLV >. Acesso em: 12 out. 2019.

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio.1925. Françoise Choay; tradução Luciano CRATO (Município). Lei nº 2.279, de 20 de abril de 2005. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. 1. ed. Crato, CE, 20 abr. 2005.

COPATTI, C.; OLIVEIRA, T.D. A Leitura do Espaço Urbano: Interações entre Patrimônio, Memória e Turismo Cultural. Revista de Arquitetura Imed, [s.l.], v. 5, n. 1, p.48-58, 30 jun. 2016. Complexo de Ensino Superior Meridional S.A..

FARIAS FILHO, Waldemar Arraes de. CRATO: Evolução Urbana e Arquitetura 1740 - 1960. Fortaleza: A Província, 2007. 272 p.

FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sanda C.A. Patrimônio histórico e cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

GHIRARDELLO, Nilson; SPISSO, Beatriz. Patrimônio histórico: como e por que preservar. Bauru, São Paulo: Canal 6, 2008.

GURGEL, Ana Paula Campos. Crato: Formação e Transformações Morfológicas do Seu Centro Histórico. 2008. 213f. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.

PELEGRINI, Sandra C. A. Cultura e natureza: os desafios das práticas preservacionistas na esfera do patrimônio cultural e ambiental. In: Revista Brasileira de História. São Paulo 2006, v. 26, nº 51, p. 115-140.

RIBEIRO, Sandra Bernardes. Brasília: memória, cidadania e gestão do patrimônio cultural. 2005. São Paulo, Annablume, 2005.

VARGAS, Heliana Comim; CASTILHO, Ana Luiza Howard de. Intervenções em centros urbanos: objetivos, estratégias e resultados. Barueri: Monole, 2006. 213p.

Referências

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