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projeto pedagógico
lucas e o
rouxinol
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André vive sozinho com seu gato, Lucas. De vez em quando os visita um rouxinol que canta docemente. Lucas se inquieta cada vez que o rouxinol aparece na
janela e reclama da presença do pássaro intruso. Numa tarde muito fria, enquanto André dorme junto à lareira, o rouxinol bate com o bico na janela. O único que o escuta é Lucas. Lá fora cai a neve... Aqui dentro há calor e
comida, mas também está o gato!
e o rouxinol
e o rouxinol
Antonio Ventura e Angela-Lago
Lucas e o Rouxinol
PROJET
O P
Ed
agógic
O
Autor:
Antonio VenturaTradutora:
Naiara RaggiottiTítulo:
Lucas e o RouxinolIlustradora:
Angela ‑LagoFormato:
24 x 17 cmN.
ode páginas:
32Elaboração:
Caio Ritter e Elaine Maritza de SilveiraFicha
Antonio Ventura nasceu em Madri, na Espanha. Além de escrever livros para crianças e jovens, é editor e fun‑ dador da revista de literatura infanto‑ juvenil Babar. Entre seus livros publi‑ cados no Brasil, destacam ‑se O Trem,
O Pássaro e a Princesa e O Mar de Dario.
Em Lucas e o Rouxinol, Antonio Ventura conta a história de André, um velho senhor que vive com seu gato Lucas. Todos os dias, em sua janela, aparece um rouxinol, ao qual André oferece comida. Lucas, no entanto, nutre um enorme desejo de devorar o pássaro. Suas tentati‑ vas, porém, são sempre frustradas. Num dia de inverno, enquanto André dorme em frente à lareira, o rouxi‑ nol, fugindo do frio, bate seu bico no vidro da janela. Lucas percebe que é sua chance de abocanhar o pequeno pássaro. Ele abre a janela, e o rou‑ xinol voa para dentro da cozinha. Lucas se joga sobre ele. Mas…
Num texto curto e sensível, repleto de simbologias e auxiliado pelo traço e pelas cores de Angela ‑Lago, Antonio Ventura fala de solidão, de encontros e desencontros, de de sejos e frustrações, de afeto e amizade.
O autor
Apresentação
Tema principal:
amizadeTema transversal:
éticaInterdisciplinaridade:
Língua Portuguesa, Filosofia, Ciências, Artes
Quadro sinóptico
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IndIcação: Leitor iniciante: a partir de3
O LIVRO NA SALA DE
AULA
A motivação tem por objetivo cha‑ mar a atenção do aluno para o livro que será lido, inserindo ‑o na “atmos‑ fera” literária, sem, contudo, fazer referência ao livro. Assim, o professor poderá, se julgar interessante, rea lizar atividades motivacionais para a leitura propostas a seguir.
I – Quente e frio
O professor distribui pequenas fichas aos alunos com as palavras “quente” e “frio”. Depois, pede às crianças que apontem coisas que possam represen‑ tar o frio e o calor.
Exemplos:
Frio – gelo, sorvete, metal, pedra Quente – comida, café, chá, cobertor
Feito isso, o professor deve levar os alunos a perceber que as estações do ano também estão relacionadas a essas sensações de frio e de calor, sobretudo quando se pensa em inverno e verão.
Assim, pede aos alunos que respon‑ dam aos seguintes questionamentos:
O que cada uma dessas estações representa?
Que situações, elementos e objetos lembram o inverno? E o verão?
Motivando a leitura
Qual dessas estações mais lheagrada? Por quê?
A partir das respostas a esses ques‑ tionamentos, pode ‑se pedir às crian‑ ças que elaborem um pequeno pai‑ nel opondo “inverno” e “ verão”. No painel, o aluno deverá se representar numa situação de frio e noutra de calor. Podem ser usadas também pala‑ vras representativas (neve, lareira, ven‑ tilador, ar ‑condicionado, sorvete, sopa) ou imagens recortadas de jornais e revistas.
Comentário
Essa atividade motivacional tem por objetivo inserir o aluno no universo da história, que está dividida em dois momentos bem distintos. Até a página 15, vemos os personagens mais livres, mais soltos. Como a temperatura é amena, agradável, a janela está aberta, André sai para o jardim para podar as roseiras, os trigais estão prontos para a colheita, o rouxinol vem comer. Mas, a partir da página 16, o dia fica nublado e frio, o inverno chega e, com ele, André se recolhe: acende a lareira, fecha a janela para que o frio não entre e deita sob o cobertor.
Sugere ‑se também que, na atividade em que os alunos se desenharão em situações de inverno e de verão, eles façam os desenhos – caso a escola disponha de recursos – utilizando a mesma ferramenta empregada pela ilustradora Angela ‑Lago, o programa Adobe Photoshop. Assim, os alunos poderão experimentar essa técnica, percebendo as limitações e as vanta‑ gens do uso de um programa do computador ao desenhar.
Atividades reflexivas
1. Retrato dos personagens
Após a leitura do livro, o professor propõe aos alunos que tracem os per‑ fis dos personagens. As perguntas a seguir podem ser instigadoras para que eles pensem sobre a personalidade de cada um dos personagens da história.
• André
Como é André? Quais suas principais características?
Por que será que ele vive sozinho com o gato Lucas?
Por que será que seu nome não apa‑ rece no título, junto com Lucas e o rou‑ xinol?
• Lucas
Pela forma como Lucas age em rela‑ ção ao rouxinol, que características podemos afirmar que Lucas possui? Por quê?
Há um momento em que, ao ver a janela aberta, André entende que Lucas a abriu para proteger o rouxinol do frio do inverno. Era isso mesmo que ele desejava?
O fato de Lucas sempre se enroscar nas pernas de André revela que pos‑ tura do animal em relação ao homem? Afinal, Lucas é bom ou é mau? Justi‑ fique com passagens do livro.
• Rouxinol
O fato de o rouxinol aparecer para se alimentar e depois voar para longe revela o que sobre ele?
Será que o rouxinol conseguiria viver dentro da casa, com a janela fechada, sem poder voar pelo céu? Será que era isso que ele queria ao bater na janela?
2. Analisando o cenário
É interessante também levar os alu‑ nos a perceber o cenário em que se passa a história Lucas e o Rouxinol.
Será que, pelos elementos presentes no cenário, a história pode ser ambientada no Brasil? Se sim, qual a região mais adequada para que ela acontecesse? Por quê?
A fim de buscar outros elementos que apontem para o local em que é possível a ambientação da história, pode ‑se solicitar que seja realizada uma pesquisa sobre o rou‑ xinol. Que tipo de ave ele é? Ele faz parte da fauna brasileira?
Ao pesquisar, os alunos perceberão que o habitat desse pássaro é a Europa. A ssim, possivel‑ mente, a história foi ambientada lá, pois Antonio Ventura, o autor, é espanhol.
Comentário
É interessante perceber aqui as diferentes respostas dos alunos, pois, assim como o conhecimento de mundo, a subjetividade também influen‑ cia a percepção da vida. A riqueza dessa atividade está justamente em propiciar o encontro de diferentes olhares e a possibilidade de que cada aluno defenda sua leitura interpretativa, contrapondo ‑a à do colega e revendo seu olhar sobre o livro. É interessante perceber também que o livro apresenta diferentes olhares sobre uma mesma situação, pois a visão do leitor sobre os atos de Lucas em relação ao rouxinol não é a mesma de André, que nunca está presente quando o gato ataca o pássaro. Assim, o autor dá ao leitor um poder maior de observação da história. Poder que o personagem humano não possui, pois ele avalia o gato com base em sua percepção – meio ingênua – da ação do gato ao abrir a janela.
Dependendo do nível de maturidade do leitor, pode ‑se instigá ‑lo a refletir sobre essa questão, levando ‑o a se manifestar sobre a forma de contar a história.
Tendo em vista que a palavra é a matéria ‑prima da literatura, é interessante observar os recursos usados pelo escritor para contar a história.
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3. De olho nas ilustrações
a) Percebe ‑se no traço de Angela‑
‑Lago o uso de um programa do computador, o Adobe Photoshop, na concepção das ilustrações. Caso tenha sido realizada a atividade motivacional com os alunos, pode‑ ‑se solicitar a eles que comentem as dificuldades que tiveram ao usar essa ferramenta, expondo seus
desenhos e comparando ‑os com
os resultados apresentados por Angela ‑Lago no livro.
b) No final da história, Angela ‑Lago
coloca uma ilustração com o sím‑ bolo do infinito. O professor pro‑ põe aos alunos que busquem uma explicação para o fato de a ilustra‑ dora ter feito uso dessa imagem no final. Qual a relação do símbolo do infinito com a história Lucas e o
Rouxinol?
O símbolo do infinito é um oito deitado, repre‑ sentando algo que não tem início nem fim, algo
dinâmico, cíclico.
c) O professor pode ainda solicitar
aos alunos (auxiliado pelo professor de Arte) que prestem atenção nas cores usadas por Angela ‑Lago em cada uma das páginas do livro. Será que as cores estão relacionadas com as estações do ano que aparecem no livro? Será que as cores usadas quando os personagens sentem
frio podem “esquentá ‑los”? Em
que seres, objetos ou momentos da
narrativa a ilustradora usa as cores quentes e as cores frias?
Motivar os alunos a observar as imagens e expor suas reflexões sobre elas é um momento rico de percep‑ ção da relação entre ilustração e texto, levando ‑os a perceber que há “diá‑ logo” entre texto e imagem e que um “auxilia” o outro na construção da atmosfera que o livro propõe.
Pode ‑se também solicitar aos alunos que criem uma palheta de cores quen‑ tes e outra de cores frias, desenhando e colorindo o gato e o rouxinol com essas cores.
Comentário
O rouxinol é uma ave bastante difícil de se ver, pois geralmente ela canta à noite. Possui pluma‑ gem de cor acastanhada. Os pássaros adultos são castanho ‑avermelhados na parte superior, cor que se funde com tons de bege na parte inferior. Os rouxinóis jovens são mais claros na parte superior e apresentam um escamado na parte inferior. Têm olhos grandes, pretos, realçados por um fino anel branco. A cauda é castanho ‑avermelhada, alongada e arredon‑ dada, e as patas são longas e robustas.
O rouxinol é um pássaro pequeno, mede por volta de 16 centímetros e pesa em torno de 20 gramas. Vive em matas e bosques, podendo ser encontrado também em parques e jardins da Europa e da África. Encontra ‑se, ainda, em toda a Ásia, migrando no inverno para o sul.
Comentário
São consideradas cores quentes o amarelo, o laranja, o vermelho e as cores derivadas deles, como o rosa. Essas cores estão associadas à luz do Sol e ao fogo. Por isso, transmitem a sensação de calor.
Já as cores consideradas frias são associadas à água, ao gelo, ao céu e às árvores: violeta, azul e verde, transmitindo, portanto, a sensação de frio.
Quem estabeleceu a divisão fundamental das cores em quentes e frias foi o psicólogo alemão Wundt. Para ele, as quentes são dinâmicas e estimulantes, como a luz do Sol e o fogo. Suge‑ rem vitalidade, alegria, excitação e movimento. As cores frias são calmantes, tranquilizantes, suaves e estáticas, como o gelo e a distância.
Indo além da leitura
É sempre interessante que a leitura de um livro instigue os alunos a buscar mais informações despertando diferen‑ tes olhares sobre o livro lido.
Assim, sugere ‑se que, após a leitura e a exploração dos elementos textuais, os alunos realizem a atividade proposta a seguir.
Com base na pesquisa sobre o rou‑ xinol realizada anteriormente, as crian‑ ças podem aprofundar a investigação, fazendo pesquisa sobre as aves brasi‑ leiras.
Ainda com base na pesquisa dos alunos, o professor os orienta a criar um álbum de figurinhas sobre as aves brasileiras, destacando nomes, habitat, alimentação, hábitos e outras peculia‑ ridades.
O professor pode então propor a confecção de figurinhas, separá ‑las em envelopes e distribuí ‑las entre os alunos para que colem em seus álbuns e tro‑ quem com os colegas. A troca pode ser feita a partir do jogo do bafo.
Para isso, é necessário que, ao orga‑ nizar os envelopes com as figurinhas, o professor deixe figuras repetidas nos envelopes, para que os alunos possam vivenciar a troca.
Uma boa ideia é apresentar aos alu‑ nos a canção “Passaredo”, de Francis Hime e Chico Buarque, que cita dife‑ rentes pássaros da fauna brasileira, a fim de motivá ‑los para a pesquisa.
Depois de ouvir e cantar a música, o professor pode propor aos alunos que pensem sobre a seguinte questão: no livro, o rouxinol tinha que se cui‑ dar quando Lucas estava por perto e, na canção, o verso final repete que os pássaros devem tomar cuidado “que o homem vem aí”. O que esse verso quer dizer?
II – Meu animal de estimação
Solicite aos alunos que relatem expe‑ riências com seus animais de estimação, trazendo fotos deles e apresentando‑ ‑os aos colegas. Cada aluno pode ser motivado a produzir um pequeno livro ilustrado em que seu animal de estima‑ ção viverá uma aventura junto com um dos personagens do livro lido: André, Lucas ou o rouxinol.
Ao ilustrar o livro, o aluno deverá usar cores quentes e cores frias, depen‑
Passaredo
Ei, pintassilgo Oi, pintarroxo Melro, uirapuru Ai, chega ‑e ‑vira Engole ‑vento Saíra, inhambu Foge, asa ‑branca Vai, patativa Tordo, tuju, tuim Xô, tié ‑sangue Xô, tié ‑fogo
Xô, rouxinol, sem ‑fim Some, coleiro Anda, trigueiro Te esconde, colibri Voa, macuco Voa, viúva Utiariti Bico calado Toma cuidado Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí
Ei, quero ‑quero Oi, tico ‑tico
Anum, pardal, chapim Xô, cotovia
Xô, ave ‑fria
Xô, pescador ‑martim Some, rolinha Anda, andorinha Te esconde, bem ‑te ‑vi Voa, bicudo
Voa, sanhaço Vai, juriti Bico calado Muito cuidado Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí
Acesse a canção no link www.chicobuarque.com.br/ construcao/mestre.asp?pg=passared_75.htm.
Comentário
Sobre a canção “Passaredo”:
O professor pode relacionar esse verso ao risco de extinção de muitos pássaros (e também de outros animais da fauna brasileira), em razão das ações dos seres humanos na natureza.
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dendo dos sentimentos que quiser expressar nas cenas desenhadas.
Caso algum aluno nunca tenha tido um animal de estimação, ele poderá imaginar como seria o seu.
Sobre o jogo do bafo
O jogo do bafo é uma brincadeira muito comum entre os coleciona‑ dores de figurinhas. Por meio dele, as crianças trocam as figurinhas e também se sociabilizam. A brincadeira tem esse nome porque o bafo (vento) provocado pelas mãos durante a batida no monte é que vira as figurinhas.
O objetivo do jogo é ganhar figurinhas de determinado álbum de cromos, e as regras são bastante simples: dois ou mais jogadores sentam ‑se ao redor das figurinhas que estão sendo disputadas. No centro da roda, cada jogador coloca certa quantidade de figurinhas. O monte de figurinhas é agrupado, sendo sorteada a ordem de ação dos participantes. Depois disso, um jogador por vez arruma o monte, colocando todas as viradas de frente, e bate com a mão no monte de figurinhas. As figurinhas com o verso para cima são recolhidas pelo participante que acabou de bater. O próximo participante arruma as figurinhas que restam e bate no monte, retirando aquelas que con‑ seguiu virar. A brincadeira continua até que todas as figurinhas em jogo sejam retiradas do monte, isto é, fiquem com o verso para cima. Nesse jogo, não se utilizam os dedos para virar as figurinhas; deve ‑se bater nas figurinhas com a mão completamente aberta ou levemente em “forma de concha”.
Ao arrumar o monte antes de bater, o participante pode proposital ou involuntariamente deixar as figurinhas curvadas, facilitando que sejam viradas na batida. Para evitar isso, qualquer outro jogador pode “selar” o monte, ou seja, com a mão bem aberta, deve apertar o monte de figurinhas para que ele fique plano novamente.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogo_do_bafo. Acesso em: 30 maio 2012.
Um livro sempre pode despertar o interesse por mais e mais leituras. Assim, sempre é interessante o profes‑ sor indicar a seus alunos outras obras que mantenham relações de intertextu‑ alidade com o livro lido, seja por tratar do mesmo tema, seja por fazer uso do mesmo tipo de personagem, cenário, linguagem, seja por ser escritas pelo mesmo autor ou ilustradas pelo mesmo ilustrador.
Algumas indicações:
Indo além da leitura
O Passarinho Rafa, de Regina Drum‑
mond (ilustrações de Vera Mucillo). Editora Melho ramentos, 1988.
A Festa no Céu, de Angela ‑Lago (texto e
ilustrações). Editora Melhoramentos, 1994.
O Bichinho da Maçã, de Ziraldo (texto e