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DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

TÍTULOS DE CRÉDITO VIRTUAIS

ANGÉLICA GABRIEL DOS SANTOS

ORIENTADOR: Prof. William Rocha

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Empresarial

Por: Angélica Gabriel dos Santos

TÍTULOS DE CREDITO VIRTUAIS

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela paz que tenho, pela saúde que não me falta, pela família harmoniosa, pelo marido que completa, pelo trabalho que me traz evolução além do sustento e pelos amigos que me correspondem com afeto e paciência.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, por toda a minha vida, aos meus pais que mesmo com parco conhecimento, me educaram com brilhantismo, ao meu marido que é meu cúmplice em todos os momentos e aos meus amigos que enriquecem diariamente toda a minha base de conhecimento.

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RESUMO

A presente pesquisa traz uma abordagem sobre os títulos de crédito, frente a uma evolução tecnológica que tem feito com que a legislação a cada dia se adéque as atualizações vividas na esfera creditícia.

Todo o trabalho foi realizado com base na aplicação de um dos princípios básicos do direito cambiário, qual seja o princípio da cartularidade e sua relativização diante dos avanços da informática e a desmaterialização do título de crédito com o surgimento de títulos de crédito originados por meios eletrônicos, os chamados “títulos de crédito virtuais” que vêm substituindo de forma gradativa o papel como suporte de informações.

O início traz uma breve resenha histórica sobre o surgimento dos títulos de crédito enriquecida com uma abordagem feita por vários autores, assim como o conceito de crédito.

Logo após serão apresentados os princípios norteadores dos títulos, inclusive demonstrados na própria legislação em vigor, dos quais o princípio da cartularidade que de forma enfática começa a perder espaço frente a um avanço tecnológico que tem virtualizado e transformado os dados que constavam em cártula em dados eletrônicos.

Seguindo este norte, serão apresentados diversos entendimentos de doutrinadores do Direito Empresarial que contribuem para fomentar o estudo a cerca da circulação da cártula e a possibilidade de se realizar os atos de comércio envolvendo os títulos de crédito eletrônicos.

Ao final serão apresentados breves fundamentos sobre essa nova modalidade de títulos e os avanços vividos nestas relações creditícias, além da possibilidade de protestar e executá-los, demonstrando uma segurança maior para os usuários e um avanço não apenas no mundo dos fatos, mas também no mundo das normas.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido com base nas fontes jurídicas extraídas de doutrinas de estudiosos renomados do Direito empresarial, leitura de jornais, revistas, acompanhamentos de notícias envolvendo práticas comerciais, câmbio e relações de consumo. Também foram consultados textos científicos publicados em sites jurídicos da Web, bem como legislação atualizada e específica sobre o assunto extraído do site planalto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO CAPÍTULO I

Origem e conceito dos títulos de crédito 10 1.1. Conceito de Título de Crédito 16

CAPÍTULO II

Princípios atinentes ao direito cambiário 18 2.1. Princípio da Cartularidade 20 2.2. Princípio da literalidade 22 2.3. Princípio da autonomia das obrigações 25

CAPÍTULO III

Avanços tecnológicos e desmaterialização dos Títulos de Crédito 28

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 36

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INTRODUÇÃO

A cártula, título de crédito em papel, principal instrumento utilizado como suporte de informações, vêm sendo substituída paulatinamente por títulos de crédito originados por meios eletrônicos, os chamados “títulos de crédito virtuais”. Tais avanços vêm gerando mudanças significativas em vários aspectos nas relações comerciais e jurídicas.

Atualmente, discutem-se muitas questões sobre os avanços tecnológicos e os reflexos sobre o direito cambiário.

O desenvolvimento tecnológico vem aos poucos diminuindo o uso do papel e, por conseguinte, gera mudanças significativas nas práticas comerciais e nas relações jurídicas. Na esfera do direito comercial, esses avanços vêm gerando mudanças expressivas.

A história que comtempla a origem dos títulos de crédito na doutrina começou a ser desenvolvida na metade do Século XIX por Vivante, certo que tempos depois seus fundamentos foram aceitos pela unanimidade da doutrina.

Contudo, com o movimento das relações sociais e a necessidade de o Direito acompanhar esse dinamismo, o entendimento pacífico e unânime dado por Vivante vem sofrendo mitigações, haja vista o crescimento dos avanços nos novos meios tecnológicos e nas relações comerciais praticadas, colaborando para a celeridade dos negócios e circulação do crédito comercial.

Perante esse argumento, o presente trabalho tem por finalidade abordar o assunto a cerca da mitigação dos princípios do direito cambial, em especial do princípio da cartularidade e esclarecer sobre a importância da desmaterialização dos títulos de crédito para as relações sociais.

Primeiramente, a pesquisa irá abordar sobre a origem e o conceito de títulos de crédito. Posteriormente, serão tratados os princípios básicos que derivam da própria conceituação estabelecida pelo do Código Civil, pela doutrina majoritária e pelo entendimento dos nossos Tribunais a cerca do

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princípio da cartularidade, princípio da literalidade e princípio da autonomia, para, finalmente, trazer a abordagem principal do estudo que é sobre desmaterialização dos títulos de crédito e a consequente flexibilização dos princípios da cartularidade e da literalidade.

E, por fim, o estudo revela em sua conclusão a importância da flexibilização do princípio da cartularidade e desmaterialização dos títulos de crédito em virtude da necessidade em acompanhar o desenvolvimento da sociedade e das relações cambiais.

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CAPÍTULO I

ORIGEM DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

A palavra crédito, segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, significa confiança, boa reputação, Cessão de mercadoria, serviço ou dinheiro. De certa forma, o crédito é uma ampliação do conceito de troca, pois configura um capital, vez que o portador do título creditício aguarda revertê-lo em pecúnia, e o dinheiro se torna instrumento de troca por excelência.

A palavra é derivada do latim creditum, que por sua vez, advém de credere, que significa confiar, ter fé. Assim, o título de crédito representa uma relação de confiança do credor para com o devedor, trata-se do objeto que possibilita a circulação da moeda por intermédio dos instrumentos cambiais existentes que garantem o direito ao recebimento da coisa confiada.

Portanto, o crédito representaria a confiança que alguém tem no outro envolvido para estabelecer transações comerciais. Conforme a definição de Marlon Tomazette:

O crédito representa, em uma ideia geral, a confiança no cumprimento das obrigações, o que facilita extremamente as transações comerciais, que nem sempre representam trocas imediatas de valores. Sem o crédito, a atividade empresarial não teria chegado ao nível atual de desenvolvimento. Foi ele que permitiu a expansão e o desenvolvimento das principais atividades econômicas existentes no mundo moderno (TOMAZETTE, 2012,p.1).

As relações cambiais surgiram durante a Idade Média, com a expansão marítima, os mercadores da época que necessitavam de meios que possibilitassem as operações de comércio devido à diversidade de moedas entre as cidades por onde passavam. Os títulos de crédito eram utilizados como instrumentos destinados à facilitação da circulação de bens e crédito comercial.

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A necessidade dos indivíduos em fazer circular riquezas se firmou pelas relações comerciais, em que o homem utilizava instrumentos destinados à facilitação da circulação de bens e crédito comercial.

A principal importância de se criar este instrumento impulsionador de troca é atrelada em dois principais motivos, que é promover e facilitar a circulação de créditos e de seus respectivos valores e assegurar a garantia à circulação de valores.

Os títulos de crédito são instrumentos imprescindíveis à rápida circulação de valores exigida pela sociedade moderna e contemporânea.

A garantida porção de direitos reconhecidos pela ordem pública, originada do próprio direito natural, bem como em normas de grande amplitude, até que se tornem garantias que possibilitam a vida humana é assegurada a todas as pessoas. O crédito surge pela necessidade da confiança nas relações da sociedade, revelando a certeza de solvabilidade das pessoas quanto às suas obrigações.

Conforme o entendimento de Rizzardo, “o direito firmado em um documento, em vista de suas qualidades, merece credibilidade ou confiança. Reveste-se de certeza, exatidão, confiabilidade, reduzindo ao máximo a insegurança no seu cumprimento” (RIZZARDO, 2011, p. 4).

A circulação de capital por meio de documentos creditórios não existia no Direito Romano, neste período o devedor firmava um elo pessoal com o credor, ou seja, era passível de responder por suas dívidas com o seu próprio corpo, o qual poderia sofrer com a escravidão e cárcere privado ou até mesmo com a retirada de partes de seu corpo para fins de saldar a dívida. Não havia incidência de cobrança sobre os bens do devedor.

Em um primeiro momento, é importante destacar que a execução como conhecemos hoje se originou de um processo evolutivo da sociedade, pois

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antes de o devedor ter seu patrimônio atingido, o inadimplemento de uma obrigação poderia resultar na própria morte do devedor. Os credores executavam o devedor e dividia seu corpo em diversas partes, em seguida, vendia aos familiares do morto, cada parte por um preço, até obter o valor de seu crédito.

Para corroborar esse conhecimento, doutrina Requião (1992, p. 290 apud RIZZARDO, 2011, p. 4), “a obrigação aderia ao corpo do devedor, ou seja, respondia-se pelo pagamento da dívida com o próprio corpo”.

Nas palavras de Fazzio Júnior (2008, p. 7) “no Direito Romano mais antigo, a execução incidia sobre a pessoa do devedor, do que é exemplo significativo a manus in jectio, que autorizava ao credor manter o devedor em cárcere privado ou escravizá-lo”.

Em um segundo momento surgiu a pena privativa de liberdade decorrente de dívida, porém, atualmente em nosso ordenamento jurídico, após a ratificação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica sobre Direitos Humanos, essa possibilidade não mais existe, fato decorrente da promulgação do Decreto Nº 678 de 6 de Novembro de 1992 (BRASIL, 1992), que restringe a aplicação de pena privativa de liberdade somente ao devedor voluntário de pensão alimentícia, excetuando-se a possibilidade de prisão civil por dívida.

Sobre a origem do crédito, Rizzardo (2011, p.4) ensina que:

No antigo direito romano, o princípio da obrigatoriedade assentava-se num elo ou numa vinculação pessoal entre credor e devedor. Não havia instrumento de segurança formal, nem garantias em bens que dessem lastro à obrigação. Sendo pessoal o vínculo, chegava-se ao extremo de se executar o crédito, ou aquilo que se

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combinara, e o credor tinha que receber, na própria pessoa do devedor.

Após o período marcado pela vinculação pessoal, Iniciou-se a fase da Lex Papiria, no mesmo Direito Romano, na qual “a garantia pessoal e corporal do devedor foi substituída pela de seu patrimônio”. (REQUIÃO, 2010, p. 414).

Na idade média, os títulos de crédito passam a se expandir com a expansão do comércio e a maior parte dos comerciantes ainda exercia suas atividades por meio da troca ou escambo, atividade que se concretizava na troca de mercadoria e produtos entre uns e outros.

Com o passar do tempo, o escambo não mais correspondia às necessidades de uma sociedade em transformação e não mais havia interesse por parte dos grandes comerciantes.

O crédito passou a se instrumentalizar através de documentos no curso da Idade Média, quando surgiram algumas regras para a formalização dos documentos. “O desenvolvimento na Europa, e após, em outros continentes, causou o fortalecimento do crédito” (RIZZARDO, 2011, p. 4).

A atividade mercantil ganhou força e se transformou em uma nova realidade comercial, havia grande necessidade de se fazer circular bens e valores e o aperfeiçoamento dessa circulação de riquezas seria o ponto de partida para uma nova forma de relação comercial. Surgiu, então, a moeda, meio utilizado para efetivar a troca de mercadoria por outras riquezas, passando a ocorrer nesse momento maior centralização de bens.

Conforme ensina Martins “Com o aparecimento dos títulos de crédito e a possibilidade de circulação fácil dos direitos neles incorporados, o mundo ganhou um dos mais decisivos instrumentos para o desenvolvimento e o progresso” (2002, p. 4).

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Assim, o comércio evoluiu e deu-se a exigência de meios mais céleres de circulação de valores com canais seguros e eficazes, que pudessem superar tanto as dificuldades geradas pelas travessias de muitas localidades diferentes, quanto à diversidade de moedas e a falta de segurança nas vias por onde passavam os mercadores e comerciantes. A solução encontrada consistiu na substituição do dinheiro por ordens de pagamentos em papel, o que se ocorreu, primeiramente, por meio da letra de câmbio, conhecida como o primeiro título de crédito a circular.

Com o surgimento deste acontecimento, o crédito passou a ser o meio mais rápido e eficaz de se negociar, tendo em vista o imediatismo nas relações comerciais. Imediatamente os títulos de crédito foram incorporados à praxe mercantil.

Conforme ensinamentos de Mamede “O crédito é um desses artifícios que atestam a inventividade humana” (2009, p. 3).

Para Requião “não configura o crédito um agente de produção, pois consiste apenas em transferir a riqueza de A para B” (2010, p. 414).

Segundo Vivante (s.d. apud REQUIÃO, 2010, p. 414):

...que o crédito chegou a ser na economia moderna um objeto de comércio, um valor patrimonial suscetível de troca, e que se retrocederia no processo histórico, que produziu esse resultado, se se devolvesse aos contratantes a faculdade de vincular o crédito à pessoa do credor.

De certa forma, o crédito é uma ampliação do conceito de troca, pois configura um capital, vez que o portador do título creditício aguarda

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revertê-lo em pecúnia, e o dinheiro se torna instrumento de troca por excelência.

O crédito passou a ser uma prática operacional de massa, objeto de negociações por parte de bancos e instituições financeiras que monopolizam a captação e negociação entre seus devedores.

A evolução histórica dos títulos de crédito, segundo a classificação de Ramos, passou por quatro períodos (2012, p. 427):

1º) período italiano até 1650: nesse período inicial,

possuem destaques as cidades marítimas italianas, onde se realizavam as feiras medievais que atraíam os grandes mercadores da época. Outra característica importante desse período é o desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais.

2º) período francês, de 1650 a 1848: merece destaque,

nessa fase do direito cambiário, o surgimento da cláusula à ordem, na França, o que acarretou, consequentemente, a criação do instituto cambiário do endosso, que permitia ao beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do sacador.

3º) período germânico, de 1848 a 1930: o direito

cambiário viveu a terceira fase de sua evolução histórica. Trata-se do período alemão, que se inicia com a edição, em 1948, da Ordenação Geral do Direito Cambiário, uma codificação que continha normas especiais sobre letras de câmbio, diferente das normas do direito comum. O período alemão é bastante destacado pelos doutrinadores por ter consolidado a letra de câmbio, especificamente – e

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os títulos de crédito de uma forma geral – como instrumento de crédito viabilizador da circulação de direitos.

4º) período do direito uniforme, que vigora desde 1930: com a realização da Convenção de Genebra sobre

títulos de crédito e a consequente aprovação, no mesmo ano, da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável às letras de câmbio e às notas promissórias.

Os títulos de crédito são instrumentos que viabilizam a circulação de riqueza e representam meios que possibilitam o exercício pelo seu portador. O termo título de crédito não está ligado a um sentido largo ou amplo, mas está próximo de seu sentido estreito. Refere-se ao documento materializado e grafado em uma base de papel, o qual sustenta a situação jurídica de um crédito e um débito.

1.1. Conceito de Título de Crédito

A maior parte da doutrina acolhe o conceito clássico adotado por Cesare Vivante em que segundo o autor: “Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”.

Uma definição sucinta e precisa análoga a de Vivante é estabelecida pelo Código Civil Brasileiro de 2002, expressa no art. 887. “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.

O desenvolvimento socioeconômico das atividades comerciais tornou indiscutível a relevância dos requisitos dos títulos de crédito para que o documento cambial possa assim ser reconhecido, possibilitando a satisfação desse documento ao possuidor do crédito.

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A legislação no âmbito cambial é importante para a sociedade, tendo em vista a atuação de muitos cidadãos no comércio diante da gestão de pequenas, médias e grandes empresas e, ainda, a importância de atualização da lei por parte do poder legislativo e suas atribuições objetivando o interesse social.

Os títulos de crédito diferem-se dos demais documentos que representam direitos e obrigações, pois se referem às relações de crédito e estão sujeitos à circulabilidade, pois o título circula livremente devido à possibilidade de transmissibilidade do crédito e negociabilidade, isto é, a mobilidade imediata do valor sendo objeto de garantia em uma relação jurídica e executividade, ou seja, o título goza de certa eficiência quando da sua cobrança, podendo ser facilmente pleiteada em juízo.

Uma obrigação representada por um título de crédito é responsável por expressar a certeza e liquidez para com o credor. O título caracteriza-se pelo crédito impondo a exigibilidade e dando-lhe qualidades e atestando a idoneidade.

Através dos conceitos apresentados, nasceram fontes capazes de criar os princípios fundamentais do direito cambial: cartularidade, literalidade e autonomia.

No universo de documentos existentes no mundo jurídico, os títulos de crédito se destacam pelas suas características próprias, que se diferenciam de outros documentos comuns.

Os títulos de crédito se referem unicamente a relações creditícias, bem como é definido como título executivo extrajudicial e ostenta o atributo da negociabilidade, que facilidade da circulação do crédito documentado.

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CAPÍTULO II

PRINCÍPIOS ATINENTES AO DIREITO CAMBIÁRIO

Os princípios, assim como todo ordenamento jurídico, apresentam um fundamental papel dentro de um Estado.

Os Princípios são definidos por SUNDFELD (1995, p.18) como as "ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido lógico, harmonioso, racional, permitindo a compreensão de seu modo de se organizar-se".

Ensina BERTONCINI (2002, p.33-34) que “o caráter normativo dos Princípios passou por um lento processo de evolução na doutrina, vislumbrando-se três fases: a jusnaturalista, a juspositivista e a pós-positivista”.

Nas duas primeiras fases não se conferia aos princípios a natureza de norma de Direito. A primeira fase, metafísica e abstrata dos princípios, é a jus-naturalista. Nesse momento ensina-se que os princípios funcionam como alicerce do Direito, como fonte de inspiração, como máximas fundamentais, possuindo, em face do sistema jurídico, importante dimensão ético-valorativa. Paradoxalmente, haja vista a alegada abstração, são os princípios quase que desprovidos de normatividade, pois correspondem ao espírito do Direito, mas não são, não integram, o Direito como normas jurídicas.

O segundo estágio da juridicidade dos princípios é o positivista ou juspositivista. Os princípios passam a ser considerados fontes normativas subsidiárias, válvula de segurança, que garante o reinado absoluto da lei.

Os princípios derivam da lei e tem por finalidade servir-lhe como fonte secundária e subsidiária, para estender sua eficácia de modo a impedir o vazio normativo, colmatando lacunas. Nessa segunda etapa, embora já inserido no ordenamento Jurídico, o princípio não é reconhecido como verdadeira norma jurídica, não possuindo relevância jurídica.

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Somente na última fase pós-positivista, inverte-se o quadro, reconhecendo-se o caráter normativo dos princípios, como relata BERTONCINI (202, p.36):

A normatividade dos princípios [...] foi afirmada precursoramente em 1952 por Crisafulli. [...] Afirma Crisafulli a dupla eficácia dos princípios - imediata e mediata (programática), asseverando tratar-se de normas a certas condutas publicistas ou mesmo particulares. Reconhece que essa espécie normativa tanto pode ser expressa no ordenamento jurídico como pode ser implícita, desempenhando relevante papel na interpretação do Direito. É fonte axiológica da qual derivam normas particulares e, por outro prisma, norma a que se pode chegar através de um processo inverso, de generalização. Portanto, da regra particular até chegar-se ao vetor principiológico. Crisafulli, sem dúvida desempenhou papel fundamental na elaboração da doutrina da normatividade dos princípios.

Os princípios, assim como todo ordenamento jurídico, apresentam um fundamental papel dentro de um Estado.

Os Princípios norteiam o legislador na elaboração das normas, e o aplicador do direito na aplicação do direito ao caso concreto vão sendo construídos a partir da evolução de uma sociedade através de seus hábitos e costumes, porém não se trata de algo imutável, visto que a sociedade está em constante desenvolvimento, é primordial que se acompanhe as necessidades de cada época.

Destinam-se a conferir maior segurança e celeridade à circulação do crédito, elemento essencial para a dinamização dos negócios comerciais, os

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princípios cambiários têm sido objeto de extensos estudos pelos comercialistas (COELHO, 2012, p. 55).

Em razão do conceito e da definição jurídica dados ao título de crédito expresso no art. 887 do CCB, podemos extrair algumas características principais dos títulos de crédito, tão importantes qualidades que se constituem em princípios reconhecidos universalmente.

São três os principais princípios do direito cambiário: cartularidade, literalidade e autonomia das obrigações.

2.1. Princípio da Cartularidade

Este princípio diz respeito à forma como o título de crédito se exterioriza (RIZZARDO, 2011, p. 13).

A expressão cartularidade advém do latim chartula (papel pequeno, pedaço de papel, escrito de pouca extensão), que remonta a ideia de papel, no sentido de que a apresentação do documento seria essencial para o exercício do direito.

O princípio da cartularidade contempla principalmente as ideias de que o crédito deve estar materializado em um documento (título), para haver a transferência do crédito é necessária a transferência do título e não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do documento.

O direito de crédito referido na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação.

Na definição do mestre Fábio Ulhoa Coelho, “no princípio da cartularidade o credor do título de crédito deve provar que se encontra na posse do documento para exercer o direito nele mencionado”.

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Para alguns autores se costuma utilizar com o mesmo sentido de cartularidade o princípio da incorporação, segundo o qual o direito de crédito materializa-se no próprio documento, não existindo o direito sem o respectivo título.

Nesse sentido, conforme lições de Wille Duarte Costa, “a incorporação é a materialização do direito no documento (papel ou cártula), de tal forma que o direito (direito cartular) não poderá ser exercido sem a exibição do documento”.

A apresentação do documento originário é necessária para a ação de execução. A cópia autenticada não é aceita, salvo quando for usada na ação monitória.

Para obedecer ao princípio da cartularidade é obrigaria a posse do título pelo devedor que presume o pagamento do mesmo, só é possível protestar o título apresentando-o, só é possível executar o título apresentando-o e não suprindo a sua ausência nem mesmo a apresentação de cópia autenticada.

Contudo, a cartularidade em si vem sofrendo mitigação, pois não se trata de princípio absoluto. Tal fato vem ocorrendo com o surgimento dos títulos de crédito eletrônicos (art. 889, § 3, CC).

A doutrina tem se referido a esse processo como a desmaterialização dos títulos de crédito. O assunto da desmaterialização do título de crédito será tratado no presente trabalho.

2.2. Princípio da literalidade

A palavra literal significa rigorismo, ou seja, algo está subordinado ao rigor das palavras ou restrito a uma questão formal.

A abordagem é com relação ao princípio que leva em consideração exatamente o que consta por escrito na cártula, ou seja, possui relevante caráter formal vez que, obrigatório o preenchimento completo do título, significa

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que todas as informações quanto à obrigação cambial devem estar expressamente reveladas no documento para que produza os seus efeitos.

Para o princípio da literalidade, só tem validade para o Direito Cambiário aquilo que está literalmente constando escrito no título de crédito.

Assim, é possível ao portador ou beneficiário do crédito conhecer todos os direitos contidos no título. Para Rios Gonçalves (2011, p. 13) “Ainda que exista uma obrigação expressa em documento apartado que guarde relação com o título, caso nele não esteja mencionada, não estará integrada”.

Para Grahl (2003, p.25), “o princípio da literalidade tem o condão de manifestar que o conteúdo do título encontra-se nele expresso, valendo dizer que não está no mundo o que nele não está escrito”.

Conforme ensinamentos de Waldemar Ferreira, apud GRAHL, 2003. p. 25, “a literalidade é responsável por atribuir liquidez, certeza e segurança aos títulos de crédito. Ressaltando que o valor nele expresso, pode ser transformado em dinheiro, com certeza e segurança”.

O princípio da literalidade para o credor constitui a garantia de que pode exigir todas as obrigações decorrentes das assinaturas lançadas na cambial. E, para o devedor, a de que não será obrigado a mais do que o mencionado no documento.

Nas palavras de Carvalho de Mendonça (1955, p. 52 apud NEGRÃO, 2012, p. 43) “determina o seu conteúdo e a sua extensão; é, portanto, medida do direito inscrito no título. O que está escrito é exatamente a quantidade do crédito do portador e a extensão da obrigação do devedor”.

Com relação ao Princípio da literalidade, ainda nas palavras de Negrão (2012, p. 44) afirma o seguinte:

Em todos esses casos a lei exige a inscrição da operação cambial na própria cártula porque desse ato é que se extraem o crédito, sua modalidade e tratamento jurídico,

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o quantum exigível, quem está obrigado a pagar e, ainda, a existência ou não de direito de crédito de uns contra os outros, conforme ordem de intervenção lançada no título.

Conforme os ensinamentos de Requião (2010, p. 415), “O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo”.

Ainda abordando os preceitos de Requião, 2010, p. 415, para dar validade ao título de crédito, levamos em consideração as particularidades existentes nele, assim, a literalidade menciona o direito do credor de poder exigir o seu crédito com base no conteúdo expresso no documento. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está nele inserido se leva em consideração uma obrigação que dele não conste, embora sendo expressa em documento separado, nele não se integra.

Importante destacar o posicionamento de Ramos (2012, p. 433), a saber:

Quando se diz que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal nele representado, faz-se referência expressa ao princípio da literalidade, segundo o qual o título de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, nem menos. Em outros termos, nas relações cambiais somente os atos que são devidamente lançados no próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador.

Diante de tudo que foi descrito, verifica-se que o título de crédito somente será válido se obedecer aos critérios e requisitos exigidos pela lei, no entanto, para a questão da literalidade só será considerado válido o que estiver escrito no título, ou seja, a sua literalidade.

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De acordo com a relevante opinião de Ramos (2012, p. 433) “a literalidade é o princípio que assegura às partes da relação cambial a exata correspondência do entre o teor do título e o direito que ele representa”. Daí a importância desse princípio no cumprimento de sua principal função que é a circulação do crédito: a certeza que o portador do título tem, ao ler o seu conteúdo, do seu crédito.

Portanto, o credor tem a possibilidade de exigir a totalidade do conteúdo do título e o devedor tem a prerrogativa de somente ser cobrado pelo que livremente se propôs a expressar na cártula, não se admitindo cobrança além dos limites expressos no documento cambial.

Nas nobres palavras do autor Wille Duarte Costa, o princípio da literalidade é definido como:

Literalidade corresponde ao que está inserido literalmente no documento chamado título de crédito. Como ensinava o professor João Eunápio Borges, é pela literalidade que se determina a existência, o conteúdo, a extensão e a modalidade do direito constante do título. A existência do título é regulada por seu teor e somente o que e nele está escrito é que se deve levar em consideração, não valendo qualquer obrigação expressa em documento dele separado.

Por Ricardo Negrão é trazida outra definição, a saber :

Por este princípio implica dizer que vale o que está escrito e que, se algo diverso tiver sido contratado, não estando escrito no título, não pode ser alegado pelas pessoas intervenientes em defesa de seus direitos. Assim, observa-se que pelo princípio da literalidade só tem

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validade para o direito cambiário aquilo que está literalmente escrito no título de crédito.

2.3. Princípio da autonomia das obrigações

Com relação ao princípio da autonomia as relações jurídicas cambiais são autônomas e independentes entre si. O devedor não poderá opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé. Em razão do princípio da autonomia o vício em uma das relações não compromete as demais obrigações assumidas no título.

Em se tratando de autonomia, infere-se que se trata de obrigações contidas no título que são autônomas entre si, ou seja, elas se comunicam, mas uma não infere na existência da outra, ou ainda, se houver a ocorrência de vício ou nulidade em uma eventual relação posterior devido à circulação do título, nada contaminará as relações futuras que vierem a decorrer do título.

Esse argumento resta caracterizado pela grande importância desse princípio, devido à explícita garantia de segurança nas relações cambiais. Assunto.

Nas palavras de Roberto Gonçalves (2007, p. 599), “de acordo com o princípio da autonomia, quando um único título representa mais de uma obrigação, a eventual invalidade de uma delas não prejudica as demais obrigações”.

Para Negrão (2012, p. 40) “a autonomia é o princípio que melhor garante a plena negociabilidade dos títulos de crédito, concedendo-lhe agilidade, dada à segurança jurídica com que se reveste o escrito cartular”.

Parte da doutrina subdivide esse princípio em dois, também de igual importância, que são a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais ao

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terceiro de boa fé. Pela abstração entende-se que ocorre pelo fato de o título se desvincular da relação à causa que originou sua emissão.

Para Mamede (2009, p.2) “o princípio da abstração traduz uma ausência de causa necessária para a emissão da cártula, que, destarte, pode decorrer de qualquer tipo de negócio jurídico e não de um negócio em especial”.

Já Gonçalves (2011, p. 15) entende que “a abstração somente aparece quando o título é posto em circulação”, ou seja, quando ele passa a vincular duas pessoas que não contrataram entre si (possuidor atual e devedor emitente do título), de modo que são unidos apenas pela cártula.

Para Fábio Ulhoa Coelho (2012, p. 55), “a abstração prescreve que, após o título ser posto em circulação, ele se desliga da relação negocial originária e, em consequência, eventuais vícios desta relação não são óbices à cobrança do título”.

No conceito de Fazzio Junior (2008, p. 320) “aponta a abstração como um atributo que pode ou não existir, conforme o título de crédito, denominando-a como eventudenominando-al”, ou sejdenominando-a, essdenominando-a cdenominando-ardenominando-acterísticdenominando-a não pode ser encontrdenominando-addenominando-a em todos os títulos de crédito, mas apenas em alguns.

Quando se tratar da questão sobre inoponibilidade de exceções, que caracteriza um ato processual, o qual impede o devedor de alegar vícios e defeitos contra o portador de boa fé do título, ele não pode ser atingido por defesas relativas a negócios jurídicos dos quais não participou, pois o título chega até ele livre de vícios que decorreram de relações passadas.

No entendimento de Roberto Gonçalves (2007, p. 600), “o devedor não pode alegar, em seus embargos, matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo provando a má fé deles”.

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A causa que deu origem, bem como as relações anteriores pouco importam para segurança que o credor tem para receber o título.

Para Fábio Ulhoa Coelho o princípio da autonomia como sendo:

Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no mesmo documento.

O autor Ricardo Negrão ao tratar do assunto aduz:

A autonomia é a característica dos títulos de crédito que garante a independência obrigacional das relações jurídicas subjacentes, simultâneas ou sobrejacentes à sua criação e circulação e impede que eventual vício em uma relação se comunique às demais ou invalide a obrigação literal inscrita na cártula.

De forma didática o autor Ricardo Negrão aduz:

Por força da ABSTRAÇÃO as obrigações mantêm-se independentes umas das outras e, por decorrência da INOPONIBILIDADE das exceções pessoais, os devedores não podem alegar vícios e defeitos de suas relações jurídicas contra o portador de boa-fé que não participou do negócio jurídico do qual resultou a dívida que lhes é exigida.

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CAPÍTULO III

AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DESMATERIALIZAÇÃO

DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

O trabalho se dedicou a abordar nos capítulos anteriores os aspectos que originaram a criação do Direito Cambial e resultaram no surgimento dos títulos de crédito.

Verificamos que a evolução histórica do crédito, bem como o aprimoramento deste para o benefício econômico da sociedade resultou em uma melhor circulação de bens e riquezas.

Na Idade Média, o surgimento dos títulos de crédito como moeda de troca de um comércio que não tinha essa prática também aconteceu de forma lenta e desconfiada, pelo motivo de que o novo sempre causa situação de desconforto e, mesmo com a finalidade de melhoria, os títulos foram sendo aceitos e adaptados à realidade de cada sociedade comercial.

Para Mamede (2009 p. 62), a evolução dos títulos de crédito se deu da seguinte forma:

O amplo movimento transnacional dos créditos iniciou-se há séculos e prossegue em sua evolução, deixando-nos cada vez mais distantes da troca direta de bens e serviços (o escambo), que outrora subsistiu. Ao longo do século XX, os avanços na tecnologia eletrônica nos conduziram a contextos em que se tornaram possíveis rotinas ainda mais ousadas, nomeadamente um amplo movimento de crédito sem representação material, mas com mera representação virtual, confinando às combinações eletromagnéticas dos arquivos eletrônicos. Em virtude desse fenômeno, passou-se a falar em virtualização ou em desmaterialização dos títulos de crédito.

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Todo esse desenvolvimento teve como finalidade acelerar as negociações comerciais e atribuir certa segurança ao novo tipo de moeda, neste caso o crédito materializado em forma de papel.

Foi feita uma abordagem sistémica sobre os princípios clássicos do Direito Cambiário e o embasamento para a criação dos títulos de crédito, considerando-se os mais significativos: literalidade, autonomia e cartularidade.

Ao longo dos anos, os princípios cambiários foram temperados, registrando importantes avanços hermenêuticos, notadamente a aplicação dos princípios da socialidade, eticidade, boa-fé, moralidade, razoabilidade e proporcionalidade.

Além disso, foi necessária uma nova releitura dos princípios tradicionais do direito cambiário para acompanhar a evolução da sociedade e das relações negociais.

Com todos os argumentos apresentados, abordaremos uma nova face do Direito Cambial, diante do avanço tecnológico dos meios eletrônicos com o foco no processo de descartularização.

O comércio começou a traçar uma nova extensiva via: a internet, no final do século XX.

A informática gerou quebra de numerosos padrões, no direito um dos exemplos mais marcantes é o documento eletrônico, gerado transmitido, acessado e armazenado em sua forma original, constituída por bits, sem necessidade da impressão em papel.

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O CC-2002 trouxe importante inovação no art. 889, § 3º ao prevê, in

verbis:

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.

§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.

§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3oO título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

A legislação, obrigatoriamente, acompanhando o desenvolvimento das sociedades, pelo motivo de que a norma não pode estacionar no tempo, acompanha a chamada “globalização” e é influenciada pelo surgimento de novas ideias e realidades como é o caso da era digital.

Esses novos mecanismos que vão surgindo com a informática e o uso comum da internet exige de todos nós certa integração, bem como capacitação para o que vai se tornar usual.

É importante destacar o importante papel que os títulos de crédito desempenharam até hoje, contudo a praxe comercial atual inicia um processo novo na forma de circulação do crédito, com base nas inovações eletrônicas que acabam por desconsiderar a presença dos princípios anteriormente mencionados, interpretando-os como não mais compatíveis com os atos comerciais contemporâneos.

A prestação de serviços vem sofrendo uma considerável relativização, principalmente quanto ao princípio da cartularidade, tendo em vista que o

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comércio, bem como as instituições financeiras e bancárias estão evitando a emissão da cártula.

Com a introdução no nosso Direito dos títulos de crédito virtuais questionou-se se houve mitigação ao princípio da cartularidade, uma vez que não haverá sempre papel a ser apresentado.

O assunto foi tratado por diversos autores. Vejamos o posicionamento de alguns deles.

Para o ilustre jurista Fábio Ulhoa Coelho:

O registro da concessão e circulação do crédito em meio eletrônico tornou obsoletos os preceitos do direito cambiário intrinsecamente ligados à condição de documento dos títulos de crédito. Cartularidade, literalidade (em certa medida), distinção entre atos “em branco” e “em preto” representam aspectos da disciplina cambial desprovidos de sentido, no ambiente informatizado.

O autor Wille Duarte Costa sugere uma releitura do direito cambial:

Mas é claro que, apesar da importância de tais papéis e de toda a sistematização feita, nos nossos dias já encontramos situações que refutam e contradizem a definição clássica de títulos de crédito, com o nascimento do Direito Comercial Virtual, qual seja o que decorre dos elementos da cibernética, considerada esta, como aquela que tem por objeto vários estudos, entre eles a programação das máquinas de computação eletrônica, os sistemas automáticos de controle, a teoria da informação, o processamento de dados e outros elementos. Com isso,

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verificamos, por exemplo, que a assinatura do próprio punho do obrigado vem sendo gradualmente substituída. Hoje, não há mais necessidade de um cheque, devidamente preenchido e assinado, para sacar dinheiro em Banco.

Diante de toda descrição abordada na presente pesquisa acerca do surgimento, desenvolvimento e avanço tecnológico envolvendo o o Direito Cambiário e títulos de crédito virtuais, foi necessário abrir um questionamento sobre a necessidade de mitigação ao princípio da cartularidade, pois não haverá sempre papel a ser apresentado.

Ainda que se identifiquem as evidências dos avanços tecnológicos e legislativos que envolvem o Direito Empresarial, contribuindo para a celeridade dos negócios realizados por meio eletrônico, não há como prescindir que ainda existem etapas a serem perquiridas para a plena conquista da segurança jurídica na emissão e circulação de títulos de crédito por meio desmaterializado.

Os importantes mecanismos que conduzem à plena adoção e aceitação no meio jurídico, em especial nos meios forenses, dos títulos virtuais podem ser estudados em quatro categorias: segurança de dados, assinaturas digitais, prova da operação e efeitos jurídicos.

Como se tentou demonstrar ao longo desse trabalho, é notório que estamos próximos de uma nova percepção acerca dos títulos de crédito, mitigando e minimizando a necessidade de sua apresentação em meio papel. Quanto mais se desenvolva sistemas seguros acerca da identificação (assinatura virtual) do emitente do título e de todos aqueles que por ele se obriguem, mais fácil concebermos a apresentação de títulos de crédito em meio magnético.

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CONCLUSÃO

A presente pesquisa deu início com a investigação sobre a aplicação do princípio da cartularidade e o reconhecimento da validade dos títulos de crédito materializados substituídos por meio virtual.

Antes, diante da ausência de legislação específica sobre o tema, ocorreu a necessidade, segundo a doutrina, de se apresentar a cártula em meio físico para fazer jus ao direito contido no documento.

O trabalho procurou buscar o norte sobre a necessidade de reformulação das leis brasileiras ou se haveria possibilidade apenas interpretando as normas já existentes.

Por essa razão, se fez necessário breve estudo sob a ótica evolutiva do direito cambial e do direito comercial, bem como o sobre avanço na emissão de títulos de crédito virtuais na prática comercial brasileira.

Foi evidenciada a constatação dos avanços dos meios eletrônicos na prática diária em vários setores da vida comum, especialmente nas relações empresariais e prática comercial.

Foi constatado que desde o surgimento da informática, a mudança nos costumes foi significativa e importante para o desenvolvimento e avanço tanto social quanto econômico.

Modernas tecnologias foram criadas para possibilitar a prática de comércio e a utilização de mecanismos que viabilizassem a circulação de bens e riquezas com mais rapidez e segurança nas suas relações.

A disciplina dos títulos de crédito foi afetada diretamente por esses avanços, atribuindo-lhes uma nova forma de apresentar-se diante dos operadores do direito cambiário.

Com isso, os títulos de crédito virtuais vêm ganhando cada vez mais força e sua prática logo se tornou uma realidade com a desmaterialização da

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cártula, o que significou a relativização de um dos basilares princípios do direito cambial, qual seja o da cartularidade.

Diante dos meios eletrônicos, este princípio tão importante em nossa visão fica relativizado, visto que sua forma se modifica, transferindo-se da cártula para o formato digital.

Os negócios envolvendo os títulos de crédito, passaram então, a não mais exigir a apresentação da cártula, desde que obedecidos, para sua formação, os requisitos legais de validade. Deu-se a partir desse momento, um grande passo na legislação quando da possibilidade de emissão da cártula por intermédio de meios magnetizados, ou seja, informatizados.

Importante observar que somente o princípio da cartularidade fica relativizado, vez que o título continuará possuindo os requisitos da autonomia e da literalidade, mesmo em formato diverso do papel, o título será autônomo em relação às demais obrigações e, obedecerá aos requisitos legais revelando o seu conteúdo ao apresentar a obrigação nele contida, de forma que a literalidade seja contemplada.

A emissão dos títulos crédito virtuais passaram a ser considerados seguros quanto ao seu formato e insuscetível de fraude diante dos dispositivos de regulamentação da totalidade de questões concernentes a este título, restando, indiscutivelmente, a necessidade de atualização na legislação vigente, reformulando o conceito herdado da doutrina mais tradicional, acolhendo as inovações já vivenciadas na prática real.

A finalidade da inovação nas práticas comerciais não é tornar o título de crédito inexistente, mas apenas fazer com que a sua apresentação seja mutável de um instrumento físico para um documento digital, contudo real. A ausência do papel não descaracteriza o direito ao crédito contido no título, nem mesmo dificulta a sua circulação e é considerado tão ou mais seguro quanto ao antigo método.

Assim, por todas as fundamentações apresentadas, podemos concluir que não é possível negar a validade jurídica do título de crédito virtual,

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tanto a sua emissão, quanto a execução diante de um eventual inadimplemento por parte do devedor do título, haja vista o crescimento contínuo dos avanços tecnológicos nas relações comerciais praticadas, colaborando para a celeridade dos negócios e circulação do crédito comercial.

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VIVANTE, Cesare. Instituições de Direito Comercial. Traduzido por: Ricardo Rodrigues Gama. 3. ed. São Paulo: LZN, 2003.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I

Origem e conceito dos títulos de crédito 10 1.1. Conceito de Título de Crédito 16

CAPÍTULO II

Princípios atinentes ao direito cambiário 18 2.1. Princípio da Cartularidade 20 2.2. Princípio da literalidade 22 2.3. Princípio da autonomia das obrigações 25

CAPÍTULO III

Avanços tecnológicos e desmaterialização dos Títulos de Crédito 28

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 36

Referências

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