Vanguardas Europeias
Semana de Arte Moderna 1ª fase do Movimento:
Tentativas de solidificação
Divulgação de obras e ideias modernistas. Reconstrução da cultura brasileira sobre
bases nacionais
Promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais;
Eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Visão nacionalista, porém crítica, da realidade
Publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas,
Lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a
Defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de
nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.
Propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder
nossa identidade cultural.
Verde-Amarelismo e Anta defendiam um nacionalismo ufanista.
Oswald de Andrade; Mário de Andrade; Manuel Bandeira; Alcântara Machado; Menotti del Picchia; Raul Bopp;
Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.
José Oswald de Sousa Andrade 1890 / 1954
foi escritor, ensaista e dramaturgo Semana de Arte Moderna de 1922
Um dos grandes nomes do Modernismo literário brasileiro.
O mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.
Manifesto da poesia Pau-Brasil e Manifesto Antropófago
Nos anos vinte, Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte.
Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, a
recuperação de elementos locais. Busca por um caráter nacional
Oswald defende uma poesia que seja
ingênua, mas ingênua no sentido de não
contaminada por formas preestabelecidas de pensar e fazer arte. “Poetas. Sem
reminiscências livrescas. Sem pesquisa etimológica.
O manifesto desenvolve-se num tom de
paródia e de festa, de prosa poética pautada com frases aforísticas.
Expressa que o Brasil passe a ser uma cultura de exportação.
a sua poesia seja um produto cultural que já não deve nada à cultura europeia e que antes pelo contrário pode vir a influenciar esta.
Oswald defende uma poética espontânea e original, as formas de arte estão dominadas pelo espírito da imitação.
"Só não se inventou a máquina de fazer versos — já havia o poeta parnasiano".
A poesia deve ser revolucionária. "A poesia existe nos fatos". “
foi publicado no primeiro exemplar da Revista de Antropofagia. Os exemplares desta
publicação eram numerados como
primeira
dentição
,segunda dentição
, etc. Constitui-se numa síntese de alguns
pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro.
Atacava explicitamente a missionação, a herança portuguesa e o padre Vieira
Antes de os portugueses descobrirem o
Contra Goethe
que simboliza a cultura clássica europeia. Assina o manifesto como tendo sido escrito em Piratininga (nome indígena para a
planície de onde viria a surgir a cidade de São Paulo).
Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio Que pena!
Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido
Dê-me um cigarro Diz a gramática
Do professor e do aluno E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias Deixa disso camarada
Me dá um cigarro .
Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados
São Paulo, 1893/ 1945
poeta, escritor, ensaista, foclorista, musicológo, escritor
Ele praticamente criou a poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Pauliceia Devairada em 1922.
As idéias por trás da Semana foram melhor delineadas no prefácio de seu livro de poesia
O Prefácio interessantíssimo não fala do
livro, mas sim de uma atitude geral perante a literatura. É uma espécie de manifesto
poético em versos livres.
No início do Prefácio ele próprio denuncia a sua atitude. Depois de afirmar que "
está
fundado o Desvairismo
", afirma que o seu texto é meio a sério meio a brincar. Luta por uma expressão nova, que não esteja agarrada a formas do passado: "escrever arte moderna não significa jamais para mim
representar a vida atual no que tem de exterior: automóveis, cunema, asfalto.“
A língua portuguesa é uma opressão para a livre expressão do escritor.
Opõe-se aos parnasiananos Nacionalista
Conta a passagem de uma suposta professora de Alemão à casa da família Sousa – uma família
cheia de mistérios e contradições. O enredo
começa quando Sousa Costa contrata Elza para ficar em sua casa para ser professora do seu
filho. Elza muda-se então para a casa, se fazendo passar por professora de alemão. Porém, a sua
verdadeira missão é ensinar a arte de amar para Carlos, filho mais velho de Sousa e ainda
Elza, que a partir de então passa a chamar-se de Fräulen, começa a praticar aulas de
alemão com Carlos e suas irmãs.
Ele, ao reparar a inexplicável beleza de
Fräulen, começa a se interessar pelas aulas e pela professora. Quando Fräulen percebe
esse interesse de Carlos, regride em suas insinuações, já que seria essa a regra para fazer nascer o amor.
É apresentado pelo autor como uma rapsódia, e não como romance, é considerado um dos romances capitais da literatura brasileira.
Koch-Grünberg, no livro Von Roraima zum Orinoco, recolheu lendas e histórias dos
índios taulipangues e arecunás, da Venezuela e Amazônia brasileira.
O protagonista, Macunaíma, é chamado de "o herói sem nenhum caráter".
Macunaíma nasce e já manifesta sua principal característica: a preguiça. O herói vive às margens do mítico rio Uraricoera com sua mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê, numa tribo amazônica. Após a morte da mãe, os três irmãos partem em busca de aventuras. Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas. Depois de dominá-la, com a ajuda dos irmãos, faz dela sua mulher, tonando-se assim imperador do Mato Virgem.
O herói tem um filho com Ci e esse morre, ela morre também e é transformada em estrela. Antes de morrer dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (pedra verde em forma de sáurio), que ele perde e que vai parar nas mãos do mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente. Como o gigante mora em São Paulo, Macunaíma e seus irmãos vão para lá, na tentativa de recuperar a muiraquitã.
Após falhar com o plano de se vestir de francesa para seduzir o gigante e recuperar a pedra, Macunaíma foge para o Rio de janeiro. Lá encontra Vei, a deusa sol, e promete casamento a uma de suas filhas, mas namora uma portuguesa e enfurece a deusa. Depois de muitas aventuras por todo o Brasil na tentativa de reaver a sua pedra, o herói a resgata e regressa para a sua tribo.
Ao fim da narrativa, vem a vingança de Vei: ela manda um forte calor, que estimula a sensualidade do herói e o lança nos braços de uma uiara traiçoeira, que o mutila e faz com que ele perca de novo – dessa vez irremediavelmente – a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.
Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu.
Eu insulto o burgês! O burguês-níquel, o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
Moça linda bem tratada, Três séculos de família,
Burra como uma porta: Um amor.
Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta: Um coió.
Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros Burra como uma porta:
Paciência...
Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto
Que a porta do pobre arromba: Uma bomba.
Manuel Bandeira (1886-1968) foi poeta brasileiro. Foi também professor de
Literatura, crítico literário e crítico de arte. Considera-se que Bandeira faça parte da
geração de 22 da literatura moderna
brasileira, sendo seu poema OS SAPOS o abre-alas da Semana de Arte Moderna.
Manuel Bandeira possui um estilo simples e direto.
Aborda temáticas cotidianas e universais “poema-piada",
formas e inspiração que a tradição acadêmica considera vulgares.
Conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de formas colhidas nas tradições clássicas e medievais.
Uma certa melancolia, associada a um
sentimento de angústia, permeia sua obra,
em que procura uma forma de sentir a alegria de viver.
Doente dos pulmões, Bandeira sofria de tuberculose e sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de
existir a qualquer momento é uma constante na sua obra.
Enfunando o sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com
Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos
Clame a saparia
Em críticas céticas: Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe), Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita,
Lá onde mais densa A noite infinita
Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é
Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu
Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não
foi.
Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três… — Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino
(1901-1935) nasceu em São Paulo, no dia 25 de maio de 1901.
Formou-se em Direito em 1924.
Começou ainda estudante a trabalhar como jornalista.
Após uma temporada na Europa, impregnou-se das idéias de vanguarda e assumiu
ostensiva posição de combate pela renovação literária, ao lado de Oswald de Andrade.
Uma viagem à Europa, em 1925, inspirou-lhe o livro de estreia literária, "Pathé Baby",
publicado em 1926, com prefácio de Oswald de Andrade.
Um ano depois, junto com Paulo Prado,
fundou a revista "Terra Roxa e Outras Terras". Em 1928, com a publicação do conto "Brás,
Bexiga e Barra Funda", se tornaria lembrado como expoente do gênero.
1929 - segundo livro de contos “Laranja da china”
O livro é montado através de pequenos quadros sobre o cotidiano pobres de São Paulo, juntando episódios de rua, que o próprio autor intitulava de “notícias”. São 11 contos da mais
bem-humorada prosa cubo-futurista, onde vai
juntando quadros urbanos que ficam entre a crônica, a notícia e o conto leve.
Narrado em 3ª pessoa a modernidade se revela através do jogo de fragmentos, reunindo lances da vida urbana de imigrantes e paulistas
1. A luta do Italiano pobre para conseguir seu dinheiro .
2. Ascensão social do italiano.
3. Integração do italiano com o brasileiro .
4. O despreparo da cidade e dos adultos com relação à criança que não tem um espaço
adequado nem uma atenção necessária ao imigrante.