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Relatório EQUIPAMENTOS MÉDICOS, HOSPITALARES E ODONTOLÓGICOS. Acompanhamento. Setorial VOLUME IV

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Relatório

de

Acompanhamento

EQUIPAMENTOS MÉDICOS,

HOSPITALARES E ODONTOLÓGICOS

Junho 2008

Setorial

VOLUME IV

Novembro de 2009

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RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO SETORIAL

COMPLEXO DA SAÚDE – EQUIPAMENTOS MÉDICOS,

HOSPITALARES E ODONTOLÓGICOS

Volume IV

Equipe:

Adriana Marques da Cunha

Pesquisadores e bolsistas do NEIT/IE/UNICAMP

Rogério Dias de Araújo (ABDI)

Carlos Henrique Mello (ABDI)

Claudionel Leite (ABDI)

Novembro de 2009

Esta publicação é um trabalho em parceria desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

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1. Introdução ... 1

2. Indústria de Equipamentos Médicos, Hospitalares e Odontológicos (EMHO): principais características e tendências mundiais ... 2 3. Indústria Brasileira de Equipamentos Médicos, Hospitalares e Odontológicos: desempenho recente e análise da conjuntura ... 4 3.1. Produção ... 5 3.2. Emprego... 8 3.3. Comércio exterior ... 10 4. Considerações finais ... 14 Referências bibliográficas ... 16

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1. Introdução

A indústria de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos (EMHO)1

Os relatórios anteriores revelam algumas semelhanças entre as indústrias farmacêutica e de equipamentos médicos. A primeira, mais geral, é a intensidade das atividades de inovação e o decorrente dinamismo tecnológico de ambas as indústrias. A segunda semelhança, mais específica do caso brasileiro, está na grande dependência de importações de produtos farmacêuticos e de equipamentos médicos, refletida em recorrentes déficits comerciais.

, uma das principais atividades produtivas do Complexo Industrial da Saúde (CIS), foi o tema do segundo relatório setorial, que destacou suas principais características e tendências mundiais e analisou a conjuntura, as perspectivas e os desafios competitivos enfrentados especificamente pela indústria brasileira de equipamentos médicos (Cunha, 2009a). Por sua vez, a indústria farmacêutica, incluindo os segmentos de fármacos (matérias-primas farmacêuticas) e de medicamentos, foi o tema do primeiro e do terceiro relatórios setoriais, que destacaram suas características mundiais e investigaram o comportamento conjuntural e os desafios competitivos da indústria farmacêutica brasileira (Cunha, 2008 e 2009b).

No que diz respeito à indústria brasileira de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos (EMHO), os principais desafios competitivos ressaltados foram: “(1) o fortalecimento de sua capacidade de inovação, de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico; (2) o desenvolvimento de sua capacidade produtiva com base na ampliação da escala e na redução de custos de produção local; (3) a certificação de conformidade e qualidade dos equipamentos, especialmente importante para o atendimento ao mercado internacional; e (4) o fortalecimento da inserção internacional através da intensificação e da diversificação das vendas externas, associado à redução da pressão das importações” (Cunha, 2009a: 25). A melhoria das condições de inserção externa da indústria de equipamentos médicos, como ressaltado no relatório, passa, necessariamente, por um incremento de sua capacidade de inovação e pelo aumento de suas escalas de produção. Alguns desses desafios listados também foram apontados para a indústria farmacêutica brasileira no primeiro e no terceiro relatórios setoriais.

1

A indústria de EMHO “pode ser subdividida nos seguintes segmentos, de acordo com o tipo/destino dos produtos: de implantes, próteses e equipamentos de reabilitação; de radiologia e de diagnóstico por imagem; de odontologia; de equipamentos médico-hospitalares; e de laboratório, podendo incluir também o segmento de materiais de consumo médico-hospitalares, conforme classificação da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Hospitalares, Odontológicos e de Laboratórios (ABIMO) utilizada por distintos trabalhos sobre a indústria” (Cunha, 2009a). A denominação simplificada de indústria de equipamentos médicos será frequentemente utilizada neste relatório para se referir ao conjunto dos segmentos supracitados. É necessário destacar que o segmento de material de consumo médico-hospitalar não é analisado neste documento, pois inclui uma enorme diversidade de produtos, que se encontram disseminados por diferentes códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), tendo sido em grande parte excluídos do código referente aos equipamentos médicos (na versão CNAE 1.0: código 33.1 e na versão CNAE 2.0: código 26.6), que orientou a coleta e sistematização dos dados utilizados nos relatórios. Também excluem os materiais de consumo, os códigos do Sistema Harmonizado Internacional (SH)/Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) a 6 dígitos, que baseiam a análise de comércio internacional contida neste documento.

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Este quarto relatório setorial retoma, em primeiro lugar, as principais características e tendências da indústria de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos no plano mundial. Em segundo lugar, o relatório analisa o desempenho específico da indústria brasileira, buscando investigar as implicações mais recentes da crise mundial sobre sua produção física e a criação de emprego formal, assim como sobre o comportamento do comércio externo brasileiro de equipamentos médicos, com ênfase nos três primeiros trimestres de 2009.

2. Indústria de Equipamentos Médicos, Hospitalares e Odontológicos

(EMHO): principais características e tendências mundiais

Uma das principais características da indústria de EMHO é seu elevado dinamismo tecnológico, fortemente relacionado aos significativos gastos em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos (Cunha, 2009a). Estados Unidos e Japão constam como líderes do ranking dos principais depositários de patentes em equipamentos médicos (CGEE, 2008: 139). A indústria de EMHO norte-americana direcionou quase 13% de suas vendas para gastos com P&D, enquanto a indústria alemã destinou em torno de 10% e a japonesa 5,8%, em 2006 (Gadelha et al., 2008 e Maldonado, 2009). O dinamismo tecnológico dessa indústria frequentemente se beneficia dos avanços científicos provenientes de outros setores industriais: mecânica de precisão, eletrônica digital, informática e especialidades químicas. Daí a importância do aprimoramento da interação com fornecedores de outras indústrias e com outras empresas do próprio setor. Os incentivos governamentais também têm se mostrado essenciais para a introdução e o desenvolvimento de inovações na área de equipamentos médicos, na forma de financiamento às atividades de pesquisa, de alocação de recursos estatais em empresas de tecnologia e de estímulo a parcerias entre universidades e empresas.

O desenvolvimento tecnológico da indústria e a expansão dos serviços de saúde e da demanda por equipamentos médicos estão certamente relacionados. Quando as empresas desenvolvem e disponibilizam novos equipamentos, acabam direcionando a demanda dos serviços de saúde, que passam a incorporar os novos equipamentos e tratamentos alternativos. “Esta incorporação retroalimenta o processo de inovação das empresas ao impor melhorias sucessivas nos equipamentos”. Sendo assim, a demanda exerce um papel fundamental no processo de inovação empresarial. O processo de inovação não se verifica apenas nos laboratórios industriais mas igualmente na prática clínica – “para a identificação da necessidade e da possibilidade de um novo equipamento, para a criação do primeiro protótipo e para aprimoramentos decisivos para o desenvolvimento do equipamento” (Maldonado, 2009: 13).

Outra característica da indústria de EMHO deve ser destacada: a concentração de sua estrutura de oferta. Atualmente, tem-se um oligopólio mundial diferenciado, dominado por um grupo restrito de grandes empresas internacionalizadas, que produzem equipamentos sofisticados, de alto valor unitário. As 10 principais empresas da indústria de EMHO foram responsáveis por um faturamento conjunto de US$ 109 bilhões em 2006 (Porto e Alves, 2008 e Cunha 2009a). São as grandes empresas, especialmente aquelas provenientes de países desenvolvidos, que têm liderado os investimentos em tecnologia e em produção de equipamentos médicos. As 20 maiores empresas mundiais respondem por 70% da produção mundial, sendo 16 delas de origem norte-americana (Gadelha et al., 2008 e Maldonado, 2009).

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Algumas das principais empresas de equipamentos médicos são internacionalizadas e diversificadas, porque dominam várias tecnologias e atuam em diversos setores industriais em distintos países. Como os equipamentos médicos são, em geral, produtos de elevado valor unitário, essas grandes corporações diversificadas destacam-se também por possuir condições de oferecer serviços financeiros, como o financiamento de aquisição de equipamentos. Outras fabricantes são internacionalizadas, porém especializadas, porque focam na produção e na comercialização de determinados equipamentos médicos pertencentes a segmentos específicos da indústria. Somente algumas poucas empresas originárias de países menos desenvolvidos, geralmente de menor porte e de capital nacional, assim como alguns institutos e laboratórios de pesquisa, frequentemente associados a universidades, acabam se destacando nas atividades de inovação e de produção de equipamentos médicos e hospitalares.

Observa-se uma tendência de intensificação da concentração da estrutura de oferta, que transcende fronteiras nacionais atingindo países menos desenvolvidos. Este fenômeno decorre de um grande movimento de internacionalização produtiva envolvendo tanto investimentos diretos externos quanto importantes aquisições de empresas, liderado pelas principais fabricantes de equipamentos médicos oriundas de países desenvolvidos. Destaca-se o objetivo de ampliar a escala de produção concomitantemente a uma redução de custos, principalmente os custos fixos intangíveis, como custos de promoção de vendas e os custos de desenvolvimento de produtos (Furtado, 2001: 53). No caso das aquisições, as empresas adquirentes também ganham acesso a novos produtos, novos clientes e a uma infra-estrutura de vendas e de assistência técnica, viabilizando a ampliação de seu poder de negociação com os compradores. Cumpre notar que as empresas farmacêuticas têm manifestado crescente interesse na indústria de equipamentos médicos, no âmbito de estratégias de diversificação de seus investimentos frente aos desafios atualmente enfrentados pelo setor farmacêutico: expiração de patentes e perda de dinamismo das economias farmacêuticas maduras (Maldonado, 2009: 20-21). O cenário de crise financeira mundial a partir do final do ano passado tornou-se propício ao movimento de concentração da indústria de equipamentos médicos ao causar retração da disponibilidade de recursos para a realização de investimentos e redução da demanda pelos mais diversos tipos de produtos e equipamentos médicos.

Os países desenvolvidos tendem a concentrar a produção dos componentes ou equipamentos de maior densidade tecnológica e maior nível de agregação de valor enquanto as partes menos intensivas em tecnologia podem ser mais facilmente deslocadas para os países menos desenvolvidos, principalmente através das filiais das grandes empresas multinacionais instaladas nesses países. Contudo, em um período mais recente, alguns países considerados emergentes (caso dos BRICs) têm sido o foco de uma atuação mais ativa por parte das grandes empresas internacionalizadas, através, principalmente, da aquisição de produtores locais. Os países emergentes têm atraído o interesse das grandes empresas por conta de suas taxas de crescimento, da expansão de seus sistemas nacionais de saúde, da extensão da cobertura das redes de assistência e da ampliação dos gastos públicos em saúde. No que se refere aos BRICS, podem-se destacar alguns pontos convergentes de atração dos investidores externos: “população urbanizada com crescente poder de compra; dinamismo econômico e perspectivas de crescimento; indústria local de baixa e média intensidade tecnológica; e dependência de importações, sobretudo de itens de maior complexidade tecnológica” (Maldonado, 2009: 22).

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Outra tendência a ser observada é a intensificação do comércio mundial de equipamentos médicos na década atual. Os valores negociados entre países passaram de US$ 66,2 bilhões, em 2002, para US$ 136 bilhões, em 2007, revelando uma taxa de crescimento médio anual de 25,2% nesse período (Cunha, 2009a). Destaca-se que as exportações concentram-se em um número pequeno de países, sendo os 10 maiores exportadores responsáveis por 80% das exportações mundiais. A liderança é exercida pelos Estados Unidos, país responsável por mais de 20% das exportações mundiais no último ano analisado (2007), uma vez que as matrizes das principais empresas do setor concentram-se no país norte-americano. Como o cálculo não inclui as exportações das filiais das empresas norte-americanas instaladas em outros países, algo extremamente relevante para o setor analisado, a liderança estadunidense tende a ser ainda mais significativa. A ascensão recente da China no comércio internacional de equipamentos médicos também deve ser ressaltada, enquanto o Brasil mantém-se pouco representativo no ranking dos principais países exportadores.

Em síntese, o setor de EMHO apresenta-se como um oligopólio diferenciado, muito concentrado em grandes empresas transnacionais com predominância das norte-americanas. Além disso, o setor é marcado por uma elevada densidade tecnológica e, portanto, apresenta altos níveis de gastos direcionados para o desenvolvimento de inovações. Nota-se, por fim, as tendências de intensificação da concentração de sua estrutura de oferta no âmbito mundial, bem como de crescente dinamismo do comércio internacional de equipamentos médicos, com grande concentração em um grupo reduzido de países exportadores.

3. Indústria Brasileira de Equipamentos Médicos, Hospitalares e

Odontológicos (EMHO): desempenho recente e análise da conjuntura

A indústria brasileira de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos (EMHO) pode ser caracterizada pelo predomínio quantitativo de empresas de porte médio, de capital nacional, que direcionam grande parte de sua produção ao mercado interno (setor privado e público), com pequena participação das vendas externas. Essas empresas coexistem com algumas grandes concorrentes estrangeiras, que apesar de formarem um conjunto quantitativamente mais reduzido, têm se destacado na aquisição de produtores brasileiros e no controle que exercem sobre elevada parcela do mercado brasileiro e latino-americano de equipamentos médicos, especialmente de alguns produtos pertencentes a segmentos específicos2

Para investigar o desempenho recente da indústria brasileira de equipamentos médicos, e especificamente a eventual persistência dos reflexos da crise mundial sobre seu comportamento, convém analisar a evolução de sua produção física e da criação do emprego formal, assim como a trajetória do comércio externo brasileiro de equipamentos médicos.

. Isto certamente reproduz na indústria brasileira a característica de concentração setorial observada no âmbito internacional. Uma característica comum às empresas brasileiras de equipamentos médicos (nacionais ou estrangeiras) é o foco no mercado interno (com forte participação da demanda do governo), que se mantém como principal destino da produção doméstica.

2 Por exemplo, a empresa 3M no segmento de produtos ortodônticos e a empresa Philips no segmento de aparelhos de raio X. Ambas têm adotado uma estratégia de aquisição de empresas brasileiras, analisada no segundo relatório de acompanhamento setorial (Cunha, 2009a: 10).

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3.2 Produção

O segundo relatório de acompanhamento setorial analisou os dados trimestrais de produção física da indústria brasileira de EMHO para o biênio 2007-2008, com base na Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF/IBGE) (Cunha, 2009a). Para 2007, o documento ressaltou uma taxa de crescimento da produção de EMHO (3,8%) inferior ao atingido pela produção da indústria de transformação (6,0%) (Gráfico 1). Destacou, ademais, a mudança de comportamento da produção física de EMHO no ano seguinte (2008), quando apresentou um crescimento excepcional (16,0%), superando de forma bastante significativa o desempenho da produção da indústria de transformação (3,1%) (Tabela 1). O relatório procurou mostrar o contraste, que transpareceu de forma inequívoca nos dados do ano passado, entre o comportamento da produção de equipamentos médicos, bastante dependente da demanda doméstica, e da produção da indústria de transformação brasileira, principalmente dos setores exportadores. Afirmou-se que as dificuldades da produção industrial, fortemente presentes no último trimestre do ano passado em decorrência da eclosão da crise mundial, não foram observadas de imediato nos dados de produção física da indústria brasileira de equipamentos médicos.

No primeiro semestre de 2009, os dados acumulados em 12 meses revelam a manutenção do comportamento ascendente da produção de EMHO. No período de 4 trimestres terminados em março e em junho de 2009, houve crescimento de, respectivamente, 11,3% e 5,4%, embora apresentando uma clara trajetória de desaceleração. Isto novamente contrastou com a redução da produção da indústria de transformação brasileira no mesmo período (respectivamente, -1,9% e -6,5%), que sentiu de forma mais geral e intensa os efeitos da crise mundial. Por sua vez, no acumulado de 4 trimestres findos em setembro de 2009, percebeu-se o encolhimento da produção de equipamentos médicos (-6,0%), de forma inédita na série que mostra as taxas acumuladas ao longo do último triênio. Este comportamento acumulado negativo, contudo, ainda se mostrou mais suave do que aquele observado para a industria de transformação no mesmo período (-10,2%) (Tabela 1 e Gráfico 1).

Tabela 1 – Indústria de Transformação e Indústria de EMHO: variação da produção física (I/2008-III/2009) (Em %)

Atividades

I II III IV I II III 2008 2008 2008 2008 2009 2009 2009 Taxa acumulada nos últimos 4 trimestres

Indústria de Transformação 6,7 6,7 6,8 3,1 (1,9) (6,5) (10,2)

Indústria de EMHO 7,6 9,4 16,7 16,0 11,3 5,4 (6,0)

Taxa trimestral em relação ao mesmo trimestre do ano anterior

Indústria de Transformação 6,4 6,2 6,6 (6,3) (14,5) (12,3) (8,2)

Indústria de EMHO 14,6 10,0 25,9 13,3 (4,3) (12,5) (17,7)

Taxa trimestral em relação ao trimestre imediatamente anterior

Indústria de Transformação 1,4 0,5 1,0 (9,3) (6,0) 3,1 3,7

Indústria de EMHO 0,5 3,4 7,5 (2,1) (10,9) (6,3) 1,2 Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

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Gráfico 1 – Indústria de Transformação e Indústria de EMHO: variação da produção física

(taxa acumulada nos últimos quatro trimestres) (IV/2007-III/2009) -12% -9% -6% -3% 0% 3% 6% 9% 12% 15% 18%

IV/2007 I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros Indústria de transformação

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

Considerando a variação da produção de equipamentos médicos nos três primeiros trimestres de 2009 com relação aos mesmos períodos de 2008, observa-se o agravamento gradativo do encolhimento da produção em cada trimestre do ano corrente (-4,3%, -12,5% e -17,7%) (Tabela 1 e Gráfico 2). Este comportamento crescentemente negativo diverge claramente daquele apresentado pela produção de EMHO em 2008, quando os dados trimestrais mostravam a sustentação do crescimento de dois dígitos com relação aos mesmos trimestres do ano anterior (como o crescimento de 13,3% no último trimestre de 2008). As taxas de redução da produção de equipamentos médicos no segundo e no terceiro trimestres do ano corrente conseguiram inclusive superar as taxas de contração observadas na produção da indústria de transformação nos mesmos períodos. Desta forma, nota-se um certo atraso no surgimento do comportamento negativo da produção de EMHO com relação aos demais setores industriais brasileiros depois da eclosão da crise mundial, embora tenha se apresentado de maneira muito forte, principalmente a partir do segundo trimestre de 2009.

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Gráfico 2 – Indústria de Transformação e Indústria de EMHO: variação da produção física

(taxa de variação trimestral em relação ao mesmo período do ano anterior) (%)

-12,3 -6,3 -14,5 -8,2 -12,5 13,3 -4,3 -17,7 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20

IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Indústria de transformação EMHO

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

A observação do comportamento das taxas mensais de variação da produção física da indústria de transformação e da indústria de EMHO com relação aos mesmos meses dos anos anteriores permite detalhar um pouco mais o desempenho destacado no parágrafo anterior (Gráfico 3).

A variação mensal da produção da indústria de transformação brasileira tem se mantido negativa desde novembro de 2008 6,5%), intensificando-se em dezembro (-14,3%), janeiro (-17,4%) e fevereiro (-16,7%) de 2009, quando podem ser observados os piores efeitos da crise mundial sobre a produção industrial brasileira. Nos meses de maio e junho de 2009, amenizouse a redução da produção industrial (11,0% e -10,9%, respectivamente), mas o primeiro semestre do ano corrente ainda foi marcado por sua trajetória descendente. Os meses de julho e agosto foram de continuidade da contração da produção industrial, comparando-se com o desempenho do ano passado, embora em menor patamar do que nos meses anteriores (-9,9% em julho e -7,0% em agosto). Os dados do mês de setembro finalmente mostraram a recuperação do crescimento da produção industrial (7,7%), trazendo uma nova perspectiva para os últimos meses de 2009.

No caso da produção de equipamentos médicos, observou-se o movimento cíclico de sua variação mensal de outubro de 2008 até março de 2009, nos primeiros meses após a eclosão da crise mundial. A sustentação de um desempenho mensal negativo somente se verificou a partir de abril, acentuando-se em julho e agosto, quando a queda mensal da produção se manteve elevada (em torno de -22%), com uma ligeira suavização em setembro (-8,3%). Os dados mensais revelam novamente o atraso, porém combinado a uma maior intensidade, do encolhimento da produção de equipamentos médicos, assim como seu aprofundamento localizado em meses mais recentes, principalmente do terceiro trimestre do ano corrente, quando seu

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desempenho negativo foi claramente mais intenso do que o verificado na indústria de transformação (Gráfico 3). Confirmou-se, portanto, a hipótese, levantada no segundo relatório setorial, de que a indústria de EMHO deveria sofrer efeitos atrasados da desaceleração econômica então esperada para 2009, deixando para trás o comportamento excepcional de sua produção em 2008 (Cunha, 2009a: 22).

Gráfico 3 – Indústria de Transformação e Indústria de EMHO: variação da produção física

(taxa de variação mensal em relação ao mesmo mês do ano anterior – outubro/2008 a setembro/2009) (%) -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30%

Out./08 Nov./08 Dez./08 Jan./09 Fev./09 Mar./09 Abr./09 Mai./09 Jun./09 Jul./09 Ago/09 Set/09 EMHO Indústria de transformação

Nota: Dados sem ajuste sazonal fornecidos por setores industriais pelo IBGE. Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIM-PF/IBGE.

Por fim, observando as variações trimestrais da produção de EHMO com relação aos trimestres imediatamente anteriores, vislumbra-se uma recuperação ainda que tímida e marginal da produção de equipamentos médicos no terceiro trimestre com relação ao segundo trimestre de 2009 (1,2%) (Tabela 1). No entanto, as perspectivas da produção física doméstica de equipamentos médicos não são ainda muito claras, a depender fundamentalmente da evolução da demanda interna ao longo dos próximos meses.

3.3 Emprego

Com vistas a complementar a análise da evolução da produção física, pode-se observar o comportamento da geração de emprego formal pela indústria brasileira de equipamentos médicos, especialmente nos primeiros trimestres de 2009.

O segundo relatório de acompanhamento setorial mostrou a tímida criação de emprego formal pela indústria de EMHO no biênio 2007-2008, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE) (Cunha, 2009a). Em 2007, o relatório ressaltou a rotatividade de empregados a partir da observação do

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grande movimento de admissão e de desligamento no período, gerando um saldo de vagas positivo embora limitado, em um momento de fraco crescimento da produção. Em 2008, o documento enfatizou que os movimentos de contratação e desligamento foram inferiores com relação ao ano anterior, gerando igualmente um tímido saldo positivo, apesar do vigor do crescimento da produção no período. O documento também mostrou que a inexpressiva criação de vagas pelo setor no último trimestre do ano passado (35 vagas) não surpreendeu, considerando a significativa perda de vagas pela indústria brasileira no mesmo período (-348 mil) (Tabela 2). Destacou-se, por fim, que o virtuoso comportamento da produção de EMHO no ano passado não conseguiu estimular a criação de vagas em ritmo mais intenso, provavelmente refletindo um incremento de produtividade, tendência observada ao longo do período anterior (1996-2006).

Tabela 2 – Indústria Brasileira e Indústria de EMHO: evolução da criação de emprego formal(1)

EMHO Total da Indústria IV 2008 35 (348.295) Outubro/08 48 6.522 Novembro/08 23 (84.243) Dezembro/08 (36) (270.574) I 2009 (91) (146.761) Janeiro/09 17 (54.277) Fevereiro/09 (45) (57.277) Março/09 (63) (34.939) II 2009 33 2.578 Abril/09 4 (157) Maio/09 0 286 Junho/09 29 2.449 III 2009 37 203.323 Julho/09 (3) 16.749 Agosto/09 16 64.814 Setembro/09 24 121.760

(1) Os dados da indústria de EMHO se referem ao código CNAE 26.6: fabricação de aparelhos eletromédicos e eletroterapêuticos e equipamentos de irradiação.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED/MTE.

Para 2009, os dados mostram uma redução de vagas no setor analisado no primeiro trimestre (-91 vagas), acompanhando o comportamento contracionista do emprego formal da indústria brasileira no período (-147 mil), bem como uma extremamente tímida recuperação no segundo e no terceiro trimestres do ano (respectivamente, 33 e 37 vagas), que não chegaram, contudo, a compensar a perda verificada no primeiro trimestre. O número de vagas criadas nos dois últimos trimestres foi inclusive bastante inferior ao observado nos mesmos trimestres do ano passado para a indústria de equipamentos médicos (em torno de 15%). Em geral, houve perda de vagas no setor no período de janeiro a setembro do ano corrente.

Portanto, a perspectiva para o ano de 2009 tende a ser de encolhimento ou, na melhor das hipóteses, de inexpressivo aumento do emprego formal no setor de EMHO, especialmente considerando a trajetória recentemente desfavorável de sua produção física anteriormente analisada.

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3.4 Comércio Exterior

3

O segundo relatório de acompanhamento setorial esclareceu que o comércio externo brasileiro de EMHO tem se mostrado cada vez mais importante como destino da produção doméstica e como origem de produtos não fabricados localmente e/ou que incorporam tecnologias relativamente mais sofisticadas (Cunha, 2009a). O documento também destacou a persistência de saldos negativos na balança comercial brasileira de EMHO ao longo da década atual. Constatou-se que a maioria dos segmentos analisados tem sustentado déficits comerciais, com a única exceção do segmento de odontologia, que tem apresentado superávits comerciais, mesmo que relativamente reduzidos. Por um lado, apontaram-se a participação elevada e a concentração das importações em produtos tecnologicamente mais sofisticados e de maior valor agregado. Por outro lado, mostrou-se que as exportações têm se mantido em níveis ainda muito reduzidos e que se encontram concentradas em um conjunto limitado de produtos, principalmente do segmento de implantes e próteses.

A análise do comportamento recente do comércio externo brasileiro de EMHO confirma sua natureza deficitária, que persistiu nos primeiros trimestres de 2009 (Tabela 3). No período de janeiro a setembro de 2009, enquanto as importações alcançaram US$ 1,4 bilhões, as exportações atingiram somente US$ 158 milhões, acarretando um déficit comercial de US$ 1,2 bilhões – dividido de forma bastante equilibrada entre os distintos segmentos de EMHO, com a exceção do segmento de odontologia, que manteve seu caráter superavitário. Comparando-se o período posterior à eclosão da crise mundial (janeiro a setembro de 2009) com o período que a antecedeu (janeiro a setembro de 2008), observa-se a expansão do déficit comercial de EMHO, principalmente em decorrência do crescimento das importações (1,9%), mas também com contribuição da elevada redução das exportações (-27,9%). Por um lado, a crise acarretou efeitos claramente negativos sobre as exportações brasileiras. Por outro lado, a elevação das importações tem sido mais recentemente estimulada pela manutenção de uma taxa de câmbio favorável ao incremento das compras externas. Constatou-se, portanto, um movimento de aprofundamento do déficit comercial brasileiro de EMHO no período que se seguiu à eclosão da crise mundial.

Detalhando-se a análise por trimestres, verifica-se a elevação dos déficits comerciais em cada trimestre do ano corrente para quase todos os segmentos analisados. Para tal resultado, contribuíram os elevados valores absolutos e a grande expansão trimestral das importações. Por sua vez, as exportações se mantiveram em patamares reduzidos e apresentaram um desempenho trimestralmente cíclico na maioria dos segmentos analisados, com clara redução no último trimestre analisado, revelando a persistência da fragilidade da demanda externa. Considerando que o desempenho das exportações tem historicamente menor influência sobre o saldo comercial externo brasileiro de EMHO, foram certamente as importações as responsáveis pela ampliação do déficit comercial em cada trimestre do ano corrente.

Neste cenário, nota-se um especial agravamento do déficit comercial no terceiro trimestre de 2009. Observando o conjunto dos segmentos, tanto o aumento

3

Para coleta, sistematização e análise de dados de comércio exterior de EMHO foram utilizados códigos NCM a 6 dígitos selecionados dos capítulos NCM 84 (84.19.20 e 84.21.19), NCM 94 (94.02.10 e 94.02.90) e NCM 90 (todos os produtos a 6 dígitos classificados em 90.11, 90.19, 90.20, 90.21, 90.22, 90.27 e alguns itens do 90.18, excluindo 90.18.31, 90.18.32 e 90.18.39). Os códigos que foram desconsiderados se referem aos materiais de consumo, que não são objeto de estudo deste relatório. Somente foram incluídos alguns materiais de consumo quando não era possível separá-los nos códigos a 6 dígitos.

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das importações (2,6%) quanto a queda das exportações (-36,4%) foram relevantes para a explicação da expansão do déficit comercial no terceiro trimestre de 2009 comparado a igual período de 2008 (Tabela 3). Todos os segmentos analisados apresentaram queda de suas exportações. Os principais segmentos exportadores (implantes e equipamentos médico-hospitalares) apresentaram forte redução de suas vendas externas (respectivamente -24,1% e -37,1%). Por sua vez, os dois maiores segmentos importadores (os mesmos equipamentos médico-hospitalares e implantes) apresentaram ampliação de suas importações (respectivamente, 7,8% e 15,2%) no terceiro trimestre de 2009 comparado a igual período de 2008, compensando a queda das importações observada nos demais segmentos analisados no mesmo período.

Tabela 3 – Comércio Externo de EMHO (I/2009-III/2009) – US$ milhões

I 2009 II 2009 III 2009 Jan.-Set. 2009 Variação (%) III 2009 / III 2008 Variação (%) jan.-set. 2009 / jan.-set. 2008 Exportação Equipamentos médico-hospitalares 12,9 12,7 14,4 40,0 (37,1) (38,2) Implantes e próteses 18,6 30,4 25,2 74,2 (24,1) (17,4) Odontologia 10,4 11,4 10,9 32,6 (48,7) (33,4) Radiologia e diagnóstico por imagem 1,9 2,9 1,8 6,7 (40,1) (27,5) Laboratórios 2,1 1,6 1,4 5,1 (66,1) (29,8) Total - EMHO 45,8 58,9 53,8 158,5 (36,4) (27,9) Importação Equipamentos médico-hospitalares 108,4 135,2 174,7 418,3 7,8 2,0 Implantes e próteses 106,3 107,3 142,8 356,4 15,2 11,6 Odontologia 5,3 3,5 4,5 13,3 (9,8) (1,0) Radiologia e diagnóstico por imagem 95,2 100,4 128,4 324,0 (7,9) (4,1) Laboratórios 81,8 94,9 112,7 289,4 (4,9) (1,5) Total - EMHO 397,1 441,2 563,1 1.401,4 2,6 1,9 Saldo comercial Equipamentos médico-hospitalares (95,5) (122,5) (160,4) (378,4) - - Implantes e próteses (87,7) (76,9) (117,6) (282,2) - - Odontologia 5,0 7,9 6,4 19,4 - - Radiologia e diagnóstico por imagem (93,3) (97,5) (126,6) (317,3) - - Laboratórios (79,7) (93,3) (111,3) (284,4) - -

Total - EMHO (351,2) (382,3) (509,3) (1.242,9) - -

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da SECEX.

O detalhamento das exportações brasileiras de EMHO por produto permite confirmar a conclusão do relatório anterior sobre sua concentração em um conjunto reduzido de produtos (NCMs). De janeiro a setembro de 2009, somente 10 NCMs concentraram aproximadamente 82% do valor negociado (Tabela 4): 47% do segmento de implantes, 18% do segmento de odontologia e 17% do segmento de equipamentos médico-hospitalares. Os produtos do segmento de implantes e próteses lideram a lista dos principais produtos exportados, confirmando o comportamento observado no relatório setorial anterior para o ano de 2008 (Cunha, 2009a). O destaque ficou por conta novamente das válvulas cardíacas não mecânicas, que responderam individualmente por 21,6% do valor exportado no período analisado, ante a 17% no ano passado.

(15)

Tabela 4 – Brasil: Principais Produtos Exportados do Setor de EMHO (por NCM) (Janeiro a Setembro de 2009)

Produtos (NCM)

Descrição Segmentos Valor exportado (US$ milhões)

Participação (%) 90.21.39 válvulas cardíacas não-mecânicas, inclusive

partes e acessórios

Implantes

34,2 21,6

90.18.90 outros instrumentos e aparelhos para medicina,

cirurgia ou veterinária

Equipamentos

médicos 23,5 14,8

90.18.49 outros instrumentos e aparelhos para

odontologia

Odontologia

21,4 13,5

90.21.10 artigos e aparelhos ortopédicos

ou para fraturas Implantes 15,4 9,7

90.21.31 próteses

articulares Implantes 11,4 7,2

94.02.10 cadeiras de dentista

e semelhantes Odontologia 6,8 4,3

90.21.21 artigos e aparelhos

de prótese dentária Implantes 5,9 3,7

90.21.90 outras próteses Implantes 4,1 2,6 90.19.20 aparelhos de ozonoterapia e de oxigenoterapia Equipamentos médicos 4,1 2,6

90.21.29 outros artigos e aparelhos de

prótese

Implantes

3,0 1,9

Total (10 maiores produtos exportados) 129,7 81,8 Total 158,5 100,0

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da SECEX.

Alguns países têm se destacado como principais destinos das exportações brasileiras de EMHO: EUA, Bélgica, Venezuela, Alemanha e Argentina (Tabela 5). Os cinco maiores compradores (ranking de 2008 e do 1o semestre de 2009) têm sido responsáveis pela absorção conjunta de algo em torno de 40% das vendas externas brasileiras, indicando a concentração do destino das exportações. O segundo relatório setorial mostrou que os mesmos destinos haviam atingido em conjunto a mesma participação no início da década (2000) (Cunha, 2009a). Grandes importadores mundiais de equipamentos médicos (como Estados Unidos e Alemanha) têm se mantido na lista dos maiores compradores dos produtos brasileiros. Alguns países latino-americanos (como Venezuela e Argentina) compõem o restante da lista. Portanto, nota-se a manutenção da concentração das exportações brasileiras de EMHO para um grupo limitado de países, com destaque para a participação de mercados mais desenvolvidos e de mercados latino-americanos.

Tabela 5 – Exportações Brasileiras de EMHO(1)

(segundo os principais países de destino) (2008 e 1o sem. 2009)

2008 1o semestre de 2009 Ranking (US$ millhões)

Participação (%) (US$ millhões) Participação (%) 1. Estados Unidos 41,7 14,5 15,5 14,8 2. Bélgica 26,1 9,1 9,8 9,3 3. Venezuela 19,5 6,8 6,0 5,7 4. Alemanha 16,1 5,6 5,0 4,8 5. Argentina 14,7 5,1 4,9 4,7 Total (5 maiores) 118,1 41,0 41,1 39,3 Total 288,0 100,0 104,7 100,0 (1) Incluindo todos os segmentos.

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No que se diz respeito à origem das importações brasileiras de EMHO, constata-se também uma expressiva concentração: Estados Unidos (33,4%); Alemanha (16,5%); Japão (8,8%); China (6,5%) e Suíça (5,4%) – dados para o primeiro semestre de 2009 (Tabela 6). Os cinco principais fornecedores foram responsáveis por algo em torno de 70% das compras brasileiras tanto em 2008 quanto no primeiro semestre de 2009. Como destacado em relatório anterior (Cunha, 2009a), “os Estados Unidos, grande exportador mundial, têm se mantido como a principal origem das importações brasileiras, seguido por Alemanha e Japão, revelando, mais uma vez, a importância dos países citados para o comércio mundial de equipamentos médicos”. O documento também destacou a ascensão recente da China no grupo dos principais fornecedores externos brasileiros, passando da 16a posição (0,9% em 2000) para a 11a posição (1,9% em 2004) e, por fim, para a 4a posição (5,7% em 2008). Os dados mais recentes reforçam o papel de destaque da China no ranking dos maiores fornecedores de EMHO para o Brasil com uma participação de 6,5% no primeiro semestre de 2009. Isto confirma a expansão chinesa no comércio mundial de equipamentos médicos ao longo da década atual, analisada em relatório anterior. Portanto, mantém-se uma significativa concentração na origem das importações brasileiras de EMHO, com destaque para os grandes produtores e exportadores mundiais e com peso crescente da China.

Tabela 6 – Importações Brasileiras de EMHO(1)

(segundo os principais países de origem) (2008 e 1o sem. 2009)

2008 1o semestre de 2009 Ranking (US$ millhões)

Participação (%) (US$ millhões) Participação (%) 1. Estados Unidos 649,6 35,3 280,0 33,4 2. Alemanha 304,7 16,6 138,0 16,5 3. Japão 141,6 7,7 73,5 8,8 4. China 105,7 5,7 54,5 6,5 5. Suíça 81,8 4,4 45,0 5,4 Total (5 maiores) 1.283,4 69,7 591,0 70,5 Total 1.840,8 100,0 838,3 100,0 (1) Incluindo todos os segmentos.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da SECEX.

A análise do comércio externo brasileiro de EMHO revelou a persistência de seu caráter deficitário em quase todos os segmentos, com exceção do segmento de odontologia, o qual tem mantido pequenos, mas positivos, saldos comerciais. Houve ampliação dos déficits comerciais brasileiros em EMHO no ano corrente (2009), especialmente como resultado dos elevados e ascendentes valores das importações, recentemente beneficiados pelo câmbio favorável, mas também com contribuição dos reduzidos e decrescentes valores das exportações, que têm sido prejudicadas pela manutenção da fragilidade da demanda externa no período posterior à eclosão da crise mundial. Observou-se, ademais, a concentração das exportações brasileiras em um conjunto reduzido de produtos, principalmente do segmento de implantes e próteses, e para um grupo limitado de países, com peso relevante de mercados desenvolvidos e de mercados latino-americanos, assim como a concentração da origem das importações brasileiras, provenientes de grandes exportadores mundiais com participação cada vez mais importante da China.

(17)

4. Considerações finais

A análise dos dados recentes de produção, do emprego formal e do comércio externo de EMHO permite algumas considerações finais.

O excepcional e diferenciado desempenho da produção física da indústria brasileira de equipamentos médicos observado no ano passado (2008) sofreu um preocupante revés no ano corrente (2009). Houve claramente um atraso no surgimento do comportamento negativo da produção de equipamentos médicos com relação aos demais setores industriais brasileiros depois da eclosão da crise mundial, mas ele acabou se apresentando de forma intensa ainda no primeiro semestre de 2009. A recuperação bastante tímida e marginal da produção brasileira de equipamentos médicos no terceiro com relação ao segundo trimestre do ano corrente não permite traçar um caminho claro para sua evolução futura, que depende certamente do comportamento da demanda interna, e especificamente da demanda governamental, ao longo dos próximos meses.

Por sua vez, o virtuoso comportamento do emprego formal na indústria brasileira de equipamentos médicos no biênio passado (2007-2008) também sofreu uma importante reversão no ano corrente (2009). O emprego formal deve apresentar redução ou, na melhor situação, inexpressivo aumento no presente ano, tendo em vista a trajetória recentemente desfavorável da produção física de equipamentos médicos e o encolhimento do número de vagas no período de janeiro a setembro de 2009.

No que se refere ao comércio externo brasileiro de equipamentos médicos, o resultado líquido dos movimentos ascendentes das importações e descendentes das exportações foi um agravamento dos déficits comerciais no ano corrente. Para as elevadas e crescentes importações tem contribuído a sustentação de uma taxa de câmbio recentemente favorável às compras externas, e para as reduzidas e decrescentes exportações tem contribuído a manutenção da fragilidade da demanda externa em período posterior à eclosão da crise mundial. Perpetuam-se, ademais, algumas características do comércio externo brasileiro de equipamentos médicos: a concentração das exportações em um conjunto reduzido de produtos e para um grupo limitado de países, com participação relevante de mercados mais desenvolvidos e de mercados latino-americanos; e a concentração da origem das importações brasileiras a partir dos maiores produtores e exportadores mundiais, com peso crescente da China ao longo da década atual.

Confirma-se, portanto, a necessidade de realização de um esforço mais concentrado no fortalecimento da inserção comercial externa brasileira no campo dos equipamentos médicos, através tanto da intensificação e da diversificação de suas exportações, que podem ocupar alguns nichos de mercado previamente identificados, quanto da redução de suas importações e dos déficits comerciais. Isto certamente depende do enfrentamento de outros desafios competitivos colocados na introdução deste documento, como a distância entre as empresas brasileiras (principalmente as de capital nacional) e as principais transnacionais, em termos de tamanho e de capacidade tecnológica, de inovação e de produção. Para tanto, faz-se necessário o estímulo aos investimentos que permitam incrementar a competitividade da indústria brasileira de equipamentos médicos.

Trabalhos recentes têm analisado as perspectivas de médio e longo prazo para os investimentos no campo dos equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos.

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Maldonado (2009) desenvolve alguns determinantes de médio prazo da dinâmica dos investimentos esperados na indústria brasileira de EMHO: existência de contexto político-institucional favorável; crescente uso de tecnologias da informação e comunicação no sistema produtivo da saúde; ampliação dos investimentos externos diretos; e intensificação das aquisições de empresas nacionais.

No que se refere ao primeiro determinante, destaca-se a retomada de uma estratégia de desenvolvimento combinada à formulação de política industrial com vistas ao enfrentamento dos desafios colocados pelo aumento da competitividade da indústria brasileira. Isto tem se concretizado no lançamento e também nas propostas de revisão de políticas e programas do governo brasileiro (PDP, 2008; PAC Saúde, 2008; Profarma 2, 2008), que incluem ações, medidas e instrumentos de estímulo às várias atividades produtivas que compõem o Complexo Industrial da Saúde (CIS).

No âmbito das políticas públicas setoriais, cumpre destacar algumas propostas recentemente lançadas por especialistas voltadas ao reforço e à ampliação da competitividade da indústria de equipamentos médicos no médio prazo, como o uso do poder de compra do Estado para a expansão da capacidade produtiva dos segmentos mais intensivos em tecnologia; o financiamento para aquisições e fusões e para a profissionalização da gestão das empresas; o financiamento ao investimento e incentivos tributários para a produção de equipamentos e materiais prioritários para o Sistema Único de Saúde (SUS); promoção à exportação de equipamentos; e estímulos ao desenvolvimento de infra-estrutura de serviços tecnológicos para a qualificação de fornecedores (Maldonado, 2009).

No que diz respeito ao segundo determinante, os investimentos em tecnologias da informação e comunicação (TIC), espera-se que tragam uma grande contribuição para a redução de custos, o aumento da rapidez no atendimento e o incremento da qualidade do diagnóstico. Por fim, a ampliação dos investimentos diretos externos e a intensificação das aquisições de empresas nacionais, decorrentes do maior interesse das transnacionais na indústria e no mercado brasileiro de equipamentos médicos, podem contribuir para a expansão da capacidade tecnológica e de produção local e, até mesmo, de exportação de equipamentos diferenciados e mais competitivos, que venham a ocupar nichos de mercado identificados. Contudo, esperam-se mudanças tecnológicas de caráter mais incremental e um adensamento do perfil tecnológico e industrial, mas dificilmente uma aproximação efetiva da fronteira tecnológica em termos mundiais.

O contexto pós-crise da economia mundial e brasileira renova, portanto, a pertinência do reforço de políticas e de programas públicos voltados para a saúde, na medida em que caminhem para a superação das fragilidades competitivas dos setores produtivos incluídos no complexo da saúde e para o aproveitamento das eventuais oportunidades criadas pela recuperação econômica.

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