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A FORMAÇÃO DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DA DIALÓGICA INTERATIVA

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Revista de Educação Dom Alberto

Revista de Educação Dom Alberto, n. 1, v. 1, jan./jul. 2012.

Página 53 A FORMAÇÃO DOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DA DIALÓGICA

INTERATIVA

Jaci Luft Seidel1

RESUMO

Este artigo traz um estudo sobre a formação de professores da primeira etapa da Educação Básica, através do estudo da Legislação vigente. O contexto atual torna pertinente repensar a práxis pedagógica do educador, como mediadora do processo educacional, leva a reflexão que transforma e quebra paradigmas. Pensando a educação numa dimensão mais dialógico-interativa, a filosofia hermenêutica reconstrutiva contribui para a formação eficiente de educadores. Tem como foco principal a cidadania das crianças.

Palavras-chave: Formação do Educador. Aprendizagem Eficiente. Cidadania das Crianças.

ABSTRACT

This paper presents a study on teacher education of the first stage of Basic Education, through study to the legislation in effect. The current context is pertinent to reevaluate the pedagogical practice of the educator as a mediator of the educational process, lead to a reflection that transforms and that also breaks paradigms. Considering education as a more dialogic-interactive dimension, the reconstructive hermeneutic philosophy contributes to an efficient teacher education. Has like main focus the citizenship of children.

Keywords: Teacher education. Efficient Learning.Citizenship of Children.

INTRODUÇÃO

A Formação de Professores atualmente tem sido o tema que ocupa um lugar central nas Universidades, nos programas de governo, nas organizações não governamentais, bem

1

Professora Estadual, Graduada em Letras, Especialista em Língua Inglesa pela URI –FW, Mestranda em Letras - Literatura Comparada na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Frederico Westphalen. E-mail: jluftseidel@yahoo.com.br.

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como nos meios de comunicação. Esse destaque encontra maior ênfase a partir da década de 90, marcada por várias reformas, entre elas a da educação básica que volta seu olhar para a primeira fase da educação, ou seja, para as crianças de zero a seis anos de idade. A partir deste contexto, a formação de professores é vista como inovadora. Com a promulgação da LDB- Educação Nacional, em 1996, a Educação Infantil passa a ser definida como a primeira etapa da Educação Básica, prioriza o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, nos aspectos físico, intelectual, psicológico e social como complemento da ação da família e da sociedade. O PNE, Lei Federal 10.172, de 2001 traz os números de crianças atendidas em Educação Infantil e reforça a importância deste atendimento.

O PNE com vigência até 2020, visa atender 50% das crianças de até 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos até 2020. Este é um grande desafio que exige um esforço conjunto entre governo e sociedade, bem como amplia o campo de trabalho na esfera da Educação Infantil, exigindo educadores capacitados para garantir o sucesso na aprendizagem.

O Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação de 2007 traz em sua X diretriz:“Promover a educação infantil”. A partir do contexto atual, torna-se cada vez mais urgente a qualificação dos profissionais para atuar na primeira etapa da Educação Básica. A qualidade do trabalho docente é condição essencial para que todas as crianças atinjam seu pleno potencial em termos de capacidade cognitiva, emocional e cultural. A formação de professores, com base na hermenêutica reconstrutiva, é condição primordial para o sucesso da aprendizagem das crianças, que deve ser encarada como um desafio, fundamentado em uma decisão ética a partir da contextualização, fator diferencial que determina o ensino de qualidade e tornam a escola eficaz.

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Página 55 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONTEXTO HISTÓRICO

A responsabilidade de educar ganha cada vez maior atenção, não só pelo poder público, mas também pela sociedade num todo. A formação do educador torna-se peça chave para o desenvolvimento de uma educação de qualidade na educação infantil, eleita como a primeira etapa da Educação Básica.

A partir de um estudo feito em 1994, pelo Ministério da Educação, comprova que a educação infantil está elitizada. Ou seja, dos 16,9 % da população de zero a seis anos de idade atendida na educação infantil, deste total apenas 9 % provém de famílias com até meio salário mínimo, as demais crianças pertencem às famílias com rendimento de dois ou mais salários mínimos. Com o intuito de sanar esta lacuna, a educação infantil recebe uma atenção especial do PNE de 2001 através de um estudo mais aprofundado, elenca a sua relevância que serve de base para a cidadania das crianças:

No Brasil, a educação das crianças menores de 7 anos tem uma história de cento e cinqüenta anos. Seu crescimento, no entanto, deu-se principalmente a partir dos anos 70 deste século e foi mais acelerado até 1993. Em 1998, estava presente em 5.320 Municípios, que correspondem a 96,6% do total. A mobilização de organizações da sociedade civil, decisões políticas e programas governamentais têm sido meios eficazes de expansão das matrículas e de aumento da consciência social sobre o direito, a importância e a necessidade da educação infantil.(PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001. 1.1).

Em 1993, em detrimento pela falta de vagas na Educação Infantil, as matrículas se mantiveram estáticas em torno de 4.2 milhões. Constatou-se que a maioria das crianças sem atendimento na primeira etapa da Educação Básica provém de famílias carentes ou abaixo da linha de pobreza. Estas crianças, muitas vezes, encontram-se expostas à promiscuidade, ou seja, não recebem o atendimento necessário para o desenvolvimento integral, a

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cidadania plena. No entanto é um dever constitucional o cuidado e a educação das crianças, determinado pelo art. 208, IV da Constituição Federal.

A formação dos profissionais da educação infantil merece uma atenção especial, dada a relevância de sua atuação como mediadores no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Além da formação acadêmica prévia, requer-se a formação permanente, inserida no trabalho pedagógico, nutrindo-se dele e renovando-o constantemente. “À medida que essa ciência da criança se democratiza, a educação infantil ganha prestígio e interessados em investir nela” (PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001. 1.1.). O conhecimento do contexto das crianças, os propósitos educacionais, as bases históricas, e filosóficos, a forma como o professor interage, tornam-se essenciais para desenvolver uma educação sólida, que desenvolve a criatividade e a auto confiança da criança:

A qualificação específica para atuar na faixa de zero a seis anos inclui o conhecimento das bases científicas do desenvolvimento da criança, da produção de aprendizagens e a habilidade de reflexão sobre a prática, de sorte que esta se torne, cada vez mais, fonte de novos conhecimentos e habilidades na educação das crianças.(PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. 2001. 1.1.)

Além da formação acadêmica, torna-se necessário a formação permanente do educador.É preciso levar em consideração o ambiente no qual a criança encontra-se inserida, solidificando a personalidade de cada criança em suas raízes, fundamentada na concepção de criança cidadã, como ser humano em processo de desenvolvimento, como sujeito ativo na construção do seu saber.

Porém, numa pesquisa realizada pelo IBGE/MEC, apresentada em 1995 pelo escritor Pedro Demo, mostra que no Brasil há um grande número de docentes leigos atuando na

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educação infantil neste período, ou seja, 18,92% tem apenas o primeiro grau incompleto ou completo; 64,01% possuem o Ensino Médio e apenas 17,07 % possuem formação superior.

A profissão do professor tem sofrido, ao longo dos tempos, mudanças que interferem drasticamente no seu papel deixando entreabertas lacunas entre o ideal e a realidade. A partir deste pressuposto, o professor sofre por não conseguir vivenciar as expectativas em relação ao seu trabalho, associadas às características das dimensões de persuadir, de encantar seu aluno no conhecimento, pela fé no outro e de ter a vocação para a difícil, e segundo Freud, “ a missão impossível de ensinar” (FREUD,1969.). Ou seja, Freud não quer dizer que é impossível educar, mas sim, que é uma tarefa muito difícil, que exige qualificação do educador, pois a criança está sempre em constante crescimento do conhecimento. É necessário que o educador encontre alternativas no intuito de ajudar a criança a buscar o seu próprio equilíbrio, ou seja, que ela construa sua própria identidade, o seu eu, isto exige uma postura séria e comprometida do educador.

A complexidade do trabalho do professor na contemporaneidade precisa ser analisada com muito cuidado, pois, está embrenhado de significados construídos ao longo do tempo. O ideal da profissão está posto no imaginário do coletivo, porém a realidade atual desconserta constantemente esses profissionais, que buscam realizar bem o seu papel educador. Ou seja, é preciso avançar muito na formação dos profissionais da Educação Infantil, pela importância do ensino-aprendizagem das crianças até os seis anos de idade, principalmente no incentivo à leitura. O mestre Paulo Freire diz que “a leitura do mundo e a leitura da palavra estão dinamicamente juntas”. ( FREIRE,1988. p. 34.) Ou seja, as criança precisam ser postas em contato com a literatura infantil, através de contação de histórias, fábulas clássicas, entre outras, promovendo assim o imaginário da criança, principalmente a paixão pela leitura. As crianças, sem perceber, fixam as palavras brincando, aprendem com prazer e adquirem maior fluência no aprendizado.

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Focando mais especificamente a Formação de Professores da Educação Infantil, nas últimas décadas, várias pesquisas têm demonstrado que os primeiros seis anos de vida de uma criança se constituem em um período de intenso aprendizado e desenvolvimento. O atendimento educacional de qualidade, a forma como os profissionais agem com as crianças nessa fase da vida, tem um impacto extremamente positivo no curto, médio e longo prazo. Geram benefícios educacionais, sociais e econômicos mais expressivos do que qualquer outro investimento na área social, tais como: melhor desempenho na escolaridade obrigatória; menores taxas de reprovação e abandono escolar; maior probabilidade de completar o ensino médio, bem como a realização plena e feliz como ser humano em sua essência.

Esta observação foi realizada entre os que tiveram acesso à educação infantil de qualidade, quando comparados aos que não tiveram essa oportunidade. O atendimento às crianças na infância afeta positivamente o itinerário de vida delas, contribuindo significativamente para a sua realização pessoal e profissional.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A escolha dos documentos e obras a serem analisados, parte de um levantamento minucioso, levando em consideração o processo desenvolvido ao longo da história, mas principalmente com o foco voltado à educação contemporânea da primeira etapa da Educação Básica.

A formação de professores é um dos itens contemplados pela LDB, em seu artigo 62, redigido nos seguintes termos:

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a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério da educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (LDB, 1996.Art.62.)

A LDB é clara ao afirmar que é admitida a formação em nível médio do professor, porém exigindo que seja na modalidade normal. O PNE enfatiza esta preocupação da formação dos profissionais que não possuem ensino superior, que seja oferecido pelos órgãos competentes em um prazo reduzido a graduação pela relevância da formação das crianças na educação básica:

A partir da vigência deste plano, somente admitir novos profissionais na educação infantil que possuam a titulação mínima em nível médio, modalidade normal, dando-se preferência à admissão de profissionais graduados em curso específico de nível superior. No prazo máximo de três anos a contar do início deste plano, colocar em execução programa de formação em serviço, em cada município ou por grupos de Município, preferencialmente em articulação com instituições de ensino superior, com a cooperação técnica e financeira da União e dos Estados, para a atualização permanente e o aprofundamento dos conhecimentos dos profissionais que atuam na educação infantil, bem como para a formação do pessoal auxiliar. (PNE,2001. 1.3.)

A formação básica do educador é a exigência mínima, que requer atualização constante pela qualidade do ensino-aprendizagem. A Constituição Federal de 1988 assegura à criança brasileira o atendimento em creche e pré-escola. Essa importante conquista nacional reitera um dos postulados da Declaração Mundial de Educação para Todos, firmada

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no ano de 1990, de que a aprendizagem ocorre desde o nascimento e requer educação e cuidado na primeira infância.

O reconhecimento da importância do atendimento de qualidade às crianças da primeira etapa da Educação Básica leva as nações a assumirem em Dacar, em 2000, entre os compromissos pela Educação para Todos, a meta de ampliar a oferta, melhorar a qualidade da educação e dos cuidados na primeira infância, com especial atenção às crianças em situação de vulnerabilidade. Esta é uma das seis metas expressas no Marco de Ação de Dacar, do qual o Brasil é um dos signatários, sendo a UNESCO a instituição das Nações Unidas que tem, entre suas atribuições, a de apoiar os países no cumprimento dessa agenda. Em 2003, a Representação da UNESCO no Brasil, firmou parceria para a realização do Programa Fundo do Milênio para a Primeira Infância em alguns estados do País. O referido desafio foi lançado pelo Banco Mundial e prontamente acolhido pela UNESCO e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, que compartilham a firme convicção de que garantir uma educação de qualidade desde os primeiros anos de vida é um dos mais importantes investimentos que uma nação pode fazer.

Para contribuir na formação de qualidade do docente da primeira etapa da Educação Básica, o texto Abordagens na Formação de Professores: uma Reconstrução Aproximativa

do Campo Conceitual aponta caminhos através da hermenêutica reconstrutiva gera o

entendimento e o consenso na educação, bem como dialoga com o texto de Morim, Os Sete

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Página 61 RECONSTRUÇÃO DO SABER PEDAGÓGICO

Diante das diversas pressões que afetam a profissão do educador, vários autores nos advertem sobre as dificuldades de exercer essa profissão na contemporaneidade. Pois a sociedade sofre com o mal-estar do trabalho docente, que é definido nas e pelas interações humanas, portanto um “trabalho interativo” (TARDIF; LESSARD, 2005) também está imerso nesse mal-estar. Dessa forma, o trabalho do professor deve atender a todas as exigências da contemporaneidade: a formação integral e completa dos alunos, bem como capacitá-los com uma cultura geral. Prioritariamente trabalhar com os alunos as diversas dimensões do ser humano para alcançar sua plena formação psicológica, afetiva e emocional, ou seja, que a criança chegue ao patamar da plena cidadania.

O estudo de práticas instituintes dos saberes docentes, com relevantes abordagens, novas elaborações e reflexões focadas na hermenêutica reconstrutiva, proporcionam um espaço permanente de problematização e de aprendizagens, na especificidade da docência na educação infantil, focando a construção de diferentes perspectivas de aprendizagem. É pertinente analisar a abordagem de Trevisan, sob a ótica de Habermas na reconstrução do saber:

Habermas propõe uma hermenêutica como atitude metodológica para as ciências sociais, apostando em uma versão transcendente, mas ao mesmo tempo dependente das abordagens empíricas, dizendo que as regras, os valores e atitudes que constituem o sujeito são tão participantes da ciência quanto o que é possível apreender pela observação. Em conhecimento e interesse, o autor defende a idéia de que o sujeito do conhecimento tem compromisso com os processos de aprendizagem dos quais depende a reprodução do mundo da vida. Segundo ele, toda ciência supõe uma relação com os interesses humanos, que são as condições de possibilidade das experiências vividas, experiências essas constituidoras dos objetos. Ou seja: a compreensão da realidade é vista a partir de interesses resultantes da ação com a natureza e dos ditames do sistema social, sendo esses

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garantia da compreensão da vida e da história. Desse modo, a razão interessada é condição de possibilidade do conhecimento. (TREVISAN,2011. p. 415)

A formação de professores vista por este ângulo, visa a humanização do ser humano, torna o ambiente acolhedor, proporciona maior harmonia em seu ambiente de trabalho. Edgar Morin, em Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, salienta que a educação deve embasar-se nos quatro pilares da educação contemporânea:“aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer. Este conceito constitui aprendizagens indispensáveis que devem ser seguidas de forma permanente pela política educacional de todos os países”. ( MORIN, 2002.p.11.)

O trabalho docente, visto por este prisma, torna-se eficaz ao colocar em prática a dialogicidade no ambiente de trabalho, evidenciando conhecimento profundo do contexto escolar, permitindo uma interação entre: ambiente; as crianças; as famílias; a sociedade; o corpo docente e a direção da escola. É fundamental o diálogo interativo e constante de todos os segmentos da escola em torno das práticas pedagógicas para promover o crescimento de todos os envolvidos neste processo educativo, pois ensinar é também aprender. Segundo Trevisan: “dialogando com o coletivo, com outras discussões historicamente já realizadas, com os modelos de formação já existentes, com diferentes autores, com diferentes teorias, enfim, com as múltiplas compreensões sobre o mesmo assunto”.( TREVISAN,2011. p. 420.) Ou seja, existe uma teleologia no diálogo, gerando o entendimento e o consenso.

Como na Educação Infantil o profissional tem uma ampla responsabilidade de cuidar, educar e ensinar crianças de até seis anos, sua formação é uma das variáveis que maior impacto causa sobre a qualidade do atendimento, que fará a diferença no aprendizado das crianças desta fase da vida. Os resultados deste trabalho eficiente na educação infantil será

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constatado a longo prazo, nas gerações futuras, nas suas vivências, no profissionalismo nos mais diversos setores, principalmente na organização da família, da sociedade e dos cuidados com o planeta terra.

Trevisan salienta que “o conhecimento passa a ser legitimado não pelo intérprete observador, nem pelo crítico-objetivo e muito menos pelo militante do dissenso, mas pela atitude de afirmação ou negação dos proferimentos do participante de uma interação comunicativa”. TREVISAN,2011. p. 420) Ou seja, cada um tem a sua vivência, seu ponto de vista que passa a ser partilhado em uma nova forma de filosofar, que permite a liberdade de expressão, bem como o respeito às ideias de cada educador, envolvido no processo de aprendizagem. Reconstroem constantemente seus argumentos, bem como corrigem mal-entendidos, priorizam a inovação no ensino aprendizagem.

Rubem Alves ilustra a temática sobre a concepção de infância em sua obra Quando

eu era menino. O autor relata sua memória quando criança, comparando aquela época com

os dias atuais, enaltece a importância que deve ser dada a esta faixa etária da vida do ser humano que se reflete em toda a vida adulta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, para que o trabalho docente na primeira fase da Educação Básica tenha êxito, é preciso repensar a prática pedagógica constantemente à luz da hermenêutica reconstrutiva. Esta abordagem de relevante importância que:

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apresenta-se como ensejo de produzir uma teorização dialógica, histórica, crítica e confiável, encaminhada à formação voltada a uma qualificação mais ampla, com atitude de lidar com as exigências dos contextos particulares sem abandonar a possibilidade de contribuição ao universal do qual faz parte.(TREVISAN, 2011. p. 423)

O educador precisa estar consciente de que cada criança traz no seu bojo personalidade própria, com suas qualidades e origens, que precisam ser lapidadas tornando-o um ser humantornando-o melhtornando-or, capaz de ctornando-onstruir sua própria cidadania.

Morin enfatiza os quatro pilares da educação contemporânea, quando afirma que são condições primordiais para o desenvolvimento da educação do futuro. É necessário aprender a estar aqui no planeta:

Aprender a estar aqui significa: aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas – e por meio de-culturas singulares. Precisamos doravante aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos. Devemo-nos dedicar não só a dominar, mas a condicionar, melhorar, compreender.( MORIN, 2002. p.76.)

Assim, a formação docente da educação infantil se assenta sobre a contemporaneidade, busca a reflexão, o estudo e a troca de experiências, a aproximação da teoria com a prática, o fortalecimento do coletivo, o respeito à diversidade, com foco nas narrativas e experiências individuais, gerando a possibilidade de mudanças nos espaços escolares, tendo um ambiente com clima acolhedor para brincar e recriar com dinamismo, tendo a criança como ser social, histórico, inserido na cultura e um cidadão de direitos. Educar é construir pontes, ou seja, precisamos abrir horizontes para que a criança possa

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partir de uma base sólida para galgar voos no infinito do conhecimento, no desenvolvimento do seu dom, focando os seus sonhos e metas, na realização plena de sua cidadania.

REFERÊNCIAS

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