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A FORMAÇÃO CONTINUADA NOS ESTUDOS DO PNAIC DA REDE ESTADUAL EM BARRA DO GARÇAS E PONTAL DO ARAGUAIA, MT
GLADES RIBEIRO MUELLER SEDUC / CEFAPRO/Barra do Garças, MT gladesrm@hotmail.com
EDMARA DA COSTA CASTRO DALLABRIDA SEDUC / CEFAPRO/Barra do Garças, MT edmaracostacastro@gmail.com
JOSÉLIA DE SOUZA SOARES FERREIRA SEDUC / CEFAPRO/Barra do Garças, MT lindinha.1.prof.joselia@hotmail.com
Este trabalho traz uma breve reflexão de ações que desenvolvemos enquanto Orientadoras de Estudos no PNAIC1 em Barra do Garças, com Professoras Alfabetizadoras2 devidamente cadastradas no referido Programa. Os dados foram produzidos com base nas análises de Questionário Semiestruturado com questões semiabertas focando: atividades práticas desenvolvidas na formação, compreensão da dinâmica formativa, aplicabilidade dos materiais e reflexões produzidas pelas Orientadoras, diálogos informais dos momentos formativos e observações.
Este questionário foi respondido ao final do Caderno 03 de Matemática, cuja temática Central foi sobre o Sistema de Numeração Decimal (SND), ressaltamos que questionário semelhante foi respondido ao final de cada Caderno ou unidade trabalhada.
Destacamos que para este momento trazemos recortes emergidos das reflexões referentes à presença de jogos para o desenvolvimento de conceitos matemáticos, envolvendo construção do Sistema de Numeração Decimal (SND), formas de registros, construção da consciência numérica, operações, proposições e resoluções de
problema pela criança; e assim como, da importância do trabalho destes conceitos específicos da Matemática para as Professoras Alfabetizadoras; assim como, contribuições provenientes destas reflexões para o processo de Formação Continuada das mesmas.
Agrupamos as respostas cujos sentidos julgamos similares, que nos remetessem às compreensões que estivessem na mesma perspectiva quanto aos itens questionados. Dentre as Professoras Alfabetizadoras que fizeram parte do Grupo de Profissionais que realizaram a Formação Continuada na Turma em destaque, salientamos que das trinta participantes, vinte e duas responderam ao questionário.
A Construção do Sistema de Numeração Decimal (SND) mereceu destaque longo na Formação Continuada do PNAIC em 2014 que trouxe como foco central nos Cadernos Formativos, a Matemática; foram três Cadernos que trabalharam de maneira sequenciada, gradual e com aprofundamentos tal tema.
O Caderno três, que trazemos com ênfase nesta reflexão, intitulado: “Construção do Sistema de Numeração Decimal”, abordou a discussão teórica, assim como, a proposição, reflexão e trabalho envolvendo diferentes Jogos Matemáticos no decorrer deste e dos demais Cadernos. Ao enfocar a teoria, a presença da discussão da relação do lúdico, dos jogos com o SND também mereceu evidência e foi o diferencial na formação, pois permitiu as discussões teóricas e as confecções, vivências e reflexões dos jogos para a construção dos conceitos matemáticos envolvidos. Ao findar as Formações, também foram desenvolvidas atividades sistemáticas, planejadas por meio de diferentes Metodologias e posteriormente, aplicadas com as turmas da Alfabetização, no primeiro Ciclo.
Ao discutir “o lúdico, os jogos e o SND” Muniz et all (apud Brasil, 2014a, p.14) afirmam que “O Sistema de Numeração Decimal possui regras que podem ser aprendidas por meio de jogos”. São estes jogos que podem permitir de forma lúdica que a criança se aproprie de conceitos matemáticos, compreendendo os processos envolvidos nestas apropriações, conforme destaca o autor, “atividade lúdica associada à característica fundamental do jogo como atividade livre que permite propor, produzir e resolver situações-problema” (Id Ibid), envolvendo materiais manipuláveis e o estímulo proposto pelo mundo imaginário da criança pelos jogos.
Outro aspecto destacado no Caderno em discussão foi a importância de o professor entender os conceitos envolvidos, realizar a confecção dos jogos, jogá-los, testando seus
limites, possibilidades, dificuldades, possíveis variáveis, para que ao propor o jogo já o conheça e saiba mediar e jogar junto com as crianças. Ressaltou-se também, a importância dos registros pelas crianças das ações desenvolvidas no jogo, cabendo ao professor conhecer suas crianças e interceder nestes registros de forma gradual para registros convencionais, ou uso da “terminologia formal” utilizada pela Linguagem Matemática, de acordo com o ano em que irá propor o jogo dentro do Ciclo de Alfabetização.
Estas reflexões foram relevantes para as Professoras Alfabetizadoras, onde nos estudos do Caderno percebeu-se que num processo anterior a presente Formação, iniciavam já utilizando os registros formais (utilizando algarismos, por exemplo), não valorizando as formas de registros não convencionais que podem ser utilizados pelas crianças no processo de Alfabetização (por exemplo: desenhar, utilizar risquinhos, bolinhas e outros sinais para registrar quantidades, usar agrupamentos de palitos para formar Dezenas durante a realização dos jogos). Este ponto também foi discutido após as atividades terem sido planejadas e desenvolvidas nas escolas com as turmas de Alfabetização onde trouxeram para o grupo de Formação, como aconteceu este momento com as crianças, o que colaborou para o enriquecimento do coletivo.
Em seu texto Vianna (apud Brasil, 2014a) discorre sobre a aquisição do Sistema de Numeração Decimal (SND) pela criança e enfatiza que ocorre um processo similar ao que ocorre na aquisição do Sistema de Escrita Alfabética (SEA), sendo o SND um Sistema Posicional (onde um mesmo algarismo representa diferentes quantidades dependendo de sua posição na escrita de um número, ex. 5 cinco, 50 o cinco equivale a cinquenta, 500 o cinco representa quinhentos); ressalta:
Deste modo, talvez a maior dificuldade para o processo de letramento matemático, no que diz respeito aos números, consista na compreensão do funcionamento do Sistema de Numeração Decimal e na da sua característica mais importante em relação à escrita: o fato de ser um sistema Posicional. (BRASIL, 2014a, p.06)
Esta reflexão foi fundamental para que as Alfabetizadoras compreendessem que o processo da “Alfabetização Matemática” também apontada pelo autor, como “Numeramento” acontece de forma processual e gradual pela criança. E segue o autor, que a “‘consciência numérica’, ocorre quando a criança consegue lidar livremente com os números, [...] operando com eles, ciente das
propriedades do SND” (VIANNA APUD BRASIL, 2014a, p.9) e afirma que os jogos e atividades lúdicas são fundamentais nesta ação.
Com relação ao contexto acima comentado, ficou evidente na questão: “De qual
atividade você mais gostou?” onde 07 Alfabetizadoras responderam que gostaram de
desenvolver todas as atividades práticas e jogos que trouxeram a confecção e desenvolvimento prático dos mesmos; e 16 responderam que gostaram de confeccionar os jogos que envolviam a construção do conceito do SND (“Gasta cem primeiro”; “Montão, Montinho e Soltos”; “Placar Zero”, “Esquerdinha”; “Ganha Cem Primeiro”; “Tapetinho”) onde se revela pelas declarações das Alfabetizadoras a importância do trabalho colaborativo, em equipe (Carlos Marcelo, 1999), em que a Formação de Professores deve ser um “continuum” como afirma Mizukami (2003, p.13) e coaduna com o referenciado pelos estudos de Monteiro (2003, p.3) que “[...] pressupõe um crescimento contínuo de possibilidades na atuação docente durante toda a carreira profissional"; pois estes estudos estiveram ausentes na Formação Inicial destas Alfabetizadoras e vivenciá-los na Formação Continuada foi o diferencial.
As Alfabetizadoras também foram perguntadas sobre sugestões para melhorar as formações, em que trazemos alguns exemplos: “Esse curso deveria começar já no início do
ano, para que os encontros e atividades fossem realizados com um tempo maior para a execução do mesmo”. (PA1). “Que não fosse tão corrido” (PA2). “Começar no início do ano” (PA3). Nesta questão evidencia-se a necessidade que sentem as Professoras
Alfabetizadoras da Formação Continuada e em serviço, pois os desafios inerentes à prática pedagógica são constantes e intrínsecos ao cotidiano da sala de aula.
Manifestou-se também, que houve o fortalecimento das Alfabetizadoras enquanto grupo, pois as discussões e confecções de materiais sempre possibilitaram perceber um clima de solidariedade, partilha de materiais e experiências. Permitimos a confecção dos materiais por escola; assim, todas tiveram a possibilidade do acesso aos jogos e atividades lúdicas proporcionadas pelo material base do PNAIC, uma vez que o tempo foi curto, e não permitiria a confecção de todos os jogos por todas as Professoras Alfabetizadoras, neste sentido, confeccionaram um kit de jogos por escola.
Ao avaliarmos nosso trabalho, também concordamos que poderíamos ou deveríamos ofertar mais encontros, como para as confecções de jogos, assim como, encontros teóricos para discutir os conceitos trazidos nos materiais da Formação.
Por fim, inferimos que a Formação ofertada via PNAIC teve sua relevância pelas narrativas no que tange a diferentes estratégias utilizadas nas formações, do trabalho com contagens, agrupamentos e trocas (SND), mudança na concepção do lúdico na matemática, inovação na prática ressignificada, recontextualizada, reconceituada. Evidenciou-se a necessidade da Formação Continuada em serviço, de desafios inerentes à prática pedagógica no cotidiano da sala de aula. Revelaram o fortalecimento do grupo nas discussões, confecção e partilha de materiais, experiências, vivências lúdicas e clima de solidariedade. Destaca-se a possibilidade de reflexão do vivido, experienciado, conforme Nóvoa (1995) como possibilidade de rever, ressignificar as práticas através da reflexividade crítica sobre elas; e coaduna com Marcelo García (1999), o desenvolvimento profissional é por toda a vida, processual.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Jogos na Alfabetização Matemática. Brasília: MEC, SEB, 2014c.
72 p.
CARLOS MARCELO García. Formação de professores – Para uma mudança educativa. Portugal: Porto, 1999.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicolletti. Escola e Aprendizagem da Docência – Processos de Investigação e Formação. São Carlos: EdUFSCar. 2003.
MONTEIRO, Filomena Maria de Arruda. Desenvolvimento profissional da docência: uma experiência de formação em um curso de Licenciatura em Pedagogia. São Carlos: UFSCar, 2003. 177 p.
MUNIZ, Cristiano Alberto et all. O lúdico, os jogos e o Sistema de Numeração Decimal. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Construção do Sistema de Numeração Decimal. Brasília: MEC, SEB, 2014b, p. 14-18.
VIANNA, Carlos Roberto. Relações entre o Sistema de Escrita Alfabética (SEA) e o Sistema de Numeração Decimal (SND): Algumas reflexões. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Construção do Sistema de Numeração Decimal. Brasília: MEC, SEB, 2014a, p. 14-18.
