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Musicalização para Bebês com Transtorno do Espectro Autista

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Academic year: 2021

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Musicalização para Bebês com Transtorno do Espectro Autista

Regiana Blank Wille Universidade Federal de Pelotas regianawille@gmail.com Gabriela Cintra dos Santos Universidade Federal de Pelotas gaabicintra@gmail.com Tamiê Pages Camargo Universidade Federal de Pelotas tamiecamargo@gmail.com Luana Medina de Barros Universidade Federal de Pelotas luanamedinas@gmail.com Andreia Cristina de Souza Lang Universidade Federal de Pelotas andreia_lang2901@hotmail.com Daniela Gazis Universidade Federal de Pelotas daniela.gazis@gmail.com Camila Barbosa Castro Universidade Federal de Pelotas

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo descrever os resultados de algumas atividades musicais ainda em andamento realizadas com bebês autistas, expondo os diferentes pontos de vista de acordo com seu desenvolvimento nas aulas. Essas atividades foram ministradas para bebês no projeto de extensão de musicalização. Trabalhando com turmas de faixa etária entre 3 meses à 4 anos e contando com uma coordenadora e vinte monitores, o projeto oferece atividades em grupo que estimulam a musicalidade como o canto (acompanhado de diversos instrumentos harmônicos e melódicos), movimentos estimulados por dinâmicas aplicadas durante as músicas executadas e exploração de instrumentos percussivos. Os bebês são acompanhados por seus pais durante toda a aula, onde se envolvem ativamente nas práticas musicais e também experimentam o crescimento e desenvolvimento musical de seus filhos enquanto ajudam e os instigam a participarem das dinâmicas propostas. Atualmente o projeto de musicalização que está em funcionamento desde 2007 tem sido procurado por uma quantidade cada vez maior de pais com bebês diagnosticados com TEA

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(Transtorno do Espectro Autista), sendo orientados pelos profissionais específicos da área a procurar atividades diferentes das habituais, sendo, por exemplo, atividades de estimulação como a musicalização. A musicalização interage com dinâmicas que instigam o desenvolvimento musical e cognitivo, sendo o seu benefício tanto para as crianças com ou sem o Espectro Autista.

Palavras chave: Espectro Autista; Atividades musicais; Musicalização de Bebês.

TEA – Transtorno de Espectro Autista

O TEA – Transtorno de Espectro Autista, ou autismo, é dividido atualmente em três categorias grave, moderado e leve, o que antes eram os diversos tipos de autismo Espectro Autista; Síndrome de Asperger; Autismo de Alto Funcionamento; entre outros (APA, 2002). É um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, apesar de ainda permanecerem divergências e grandes questões a responder.

Os pacientes com TEA são agrupados por seus déficits de desenvolvimento no domínio de três áreas: 1) linguagem e comunicação, 2) reciprocidade social e 3) padrão de interesses e comportamentos (MEILLEUR e FOMBONNE, 2008). O autista nasce com um transtorno neurobiológico, uma alteração no desenvolvimento que o faz ter dificuldades no relacionamento com as pessoas e com o ambiente onde vive. Ele precisa, assim, de ajuda para se desenvolver e superar suas limitações. Segundo Afonso (2013):

A música pode contribuir para diminuir estes comprometimentos no autista possibilitando o desenvolvimento de potenciais e restabelecendo funções para que ele possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, em consequência uma melhor qualidade de vida

(AFONSO, 2013, p. 1396).

No decorrer das atividades de um projeto de musicalização infantil, notou-se um considerável progresso dos bebês autistas e seu desenvolvimento musical e social, graças às estratégias de rotina estabelecidas e que tem a finalidade de envolver os bebês em convívio social através da música. Foi possível constatar através da dinâmica proporcionada pela convivência do bebê com as atividades musicais, que as atividades lúdicas contribuíram para o desenvolvimento de um ser reflexivo e sensível ao ambiente exterior.

Para o bebê autista, o processo de adaptação a uma nova rotina é lento, e dessa forma seu primeiro contato com a musicalização costuma ser seguido de um

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desconforto e desinteresse diante das atividades. No decorrer da sua adaptação, o interesse aumenta principalmente em relação aos instrumentos de percussão, pois ao experimentarem a sonoridade do instrumento são instigados a interagir com o mundo exterior. O que foi percebido então, no decorrer das atividades, é que os encontros de musicalização proporcionados aos bebês autistas contribuem para que ele desenvolva seu comportamento social, emocional e sua percepção, além de trabalhar a coordenação motora, sem contar com a sensibilidade criada em relação ao ambiente ao seu redor.

Metodologia e organização das atividades

O projeto de Musicalização com os bebês acontece uma vez por semana, onde nos reunimos com os bebês, acompanhados pelos pais, para realizar atividades musicais. Abaixo a tabela com a relação das atividades musicais realizadas nas aulas de musicalização, o local e os ministrantes.

Práticas pedagógicas musicais realizadas através de atividades  Canto de início: boas vindas aos bebês;

 Hora do canto: momento que permite a criança se expressar de acordo com o ritmo e a canção proposta;

 Expressão corporal: consiste em atividades que irão trabalhar a forma de expressão não verbal e coordenação motora;

 Percussão corporal: Movimentos e batidas no corpo sem locomoção;

 Brinquedo projetivo: exercícios que os responsáveis realizam com os seus bebês;

 Movimento sem locomoção: atividade que auxilia na percepção e interiorização da pulsação da música;

 Movimento com locomoção: bebês acompanham as marchas, os saltos, os galopes, etc.;

 Socialização: objetiva a utilização da música como aliada no ensino de regras, mostrando seus limites de uma forma natural;

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 Conjunto de percussão: atividades nas quais os bebês tocam os instrumentos ou brinquedos sonoros;

 Canto de Relaxamento: objetiva relaxar e acalmar os bebês para finalizar as atividades;

 Canto de despedida: referência para o bebê que a aula chegou ao fim.

Nestes encontros, os bebês são instigados a interagir com diversas dinâmicas sonoras que lhes são proporcionadas durante trinta minutos de atividades intensivas. A estrutura das atividades e dinâmicas é rotineira, o que é importante para que a criança autista consiga expressar musicalmente ao seu tempo, socializar com outros bebês e ser instigada a compreender o que está sendo proposto. As atividades de movimento, expressão e percussão contribuem para essa vivência.

Musicalização de bebês com Espectro Autista

Considerando a importância do estímulo aos bebês com Espectro Autista, e de sua inclusão, baseamos nosso relato em alguns encontros do projeto de musicalização realizados durante o primeiro semestre de 2017, sendo estes uma continuação dos encontros realizados no ano de 2016 e que se estenderão até o final deste ano. Os encontros acontecem durante quatro dias da semana, sendo cinco turmas divididas por idade, quatro turmas tendo início às dezoitos horas e uma turma com início às dezoito e quarenta, todas com duração de trinta minutos. No total contamos com trinta e uma crianças, das quais oito foram diagnosticados com o Espectro Autista. As turmas são definidas por faixa etária de 0 a 2 anos, de 2 a 3 anos e de 3 a 4 anos, cada uma delas se estrutura com no máximo 8 alunos. Para Louro (2006):

Não é necessário, portanto, reservar o ensino de música para pessoas com deficiência somente a instituições especializadas ou direcioná-las unicamente com intenções terapêuticas, pois assim estaremos negando o princípio da inclusão social de um contingente expressivo de alunos e, quem sabe, possíveis profissionais da música. Portanto, as escolas e os professores de música precisam estar sensíveis e preparados para compreender a diversidade de nossa população (LOURO, 2006, p. 30).

A procura do projeto de musicalização pelos pais com bebês que foram diagnosticados com o Espectro Autista ocorreu pela indicação de psicólogos que os acompanham nas terapias. Segundo eles, é importante que os bebês participem de atividades diferentes das habituais com os psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, pois são atividades que estimulam o cérebro de uma

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forma diferente. Por conta dessa procura foi necessária a realização de leituras e estudos sobre o assunto, para que todos os bebês fossem atendidos da melhor forma possível, respeitando suas características individuais.

Os anos de 2015 e 2016 foram importantes para que os monitores do projeto (licenciandos em música) pudessem ampliar seus conhecimento e aprender mais sobre o Transtorno do Espectro Autista. Agora na continuação do projeto, o desenvolvimento não só musical, mas também do convívio social dos bebês é perceptível. Entraram alguns bebês novos e mesmo com pouco tempo de aula já são notáveis alguns avanços no desenvolvimento musical e na forma como os bebês reagem aos estímulos e às pessoas à sua volta.

O espaço onde ocorrem as atividades é equipado e decorado para receber as crianças durante a semana. Para a realização das aulas de musicalização são colocados tapetes coloridos e almofadas e os bebês juntamente com seus pais sentam no chão para a realização das atividades. A parede é cheia de adesivos de animais, letras e números, tornando o lugar atrativo para os alunos. Ao chegarem a sala, os bebês encontram os monitores e a coordenadora e geralmente são cumprimentados com um abraço. Nesse momento é perceptível que os bebês com o Espectro Autista nem sempre cumprimentam espontaneamente, sendo necessário a orientação dos pais para que o façam.

Entre os bebês com Espectro Autista participantes do projeto, percebemos diferenças de comportamentos demonstradas a partir de suas reações quando envolvidos nas dinâmicas. Geralmente os bebês realizam boa parte das atividades junto a seus pais fazendo as dinâmicas propostas com o estímulo dos mesmos. Porém, algumas das crianças diagnosticadas com TEA acabam por, aparentemente, não responderem aos estímulos, como os alunos Maria, José e João (nomes fictícios), três crianças que discorreremos sobre durante este relato. Maria normalmente não faz as atividades, pois é bem agitada. Tem características tais de um autista, de criar um mundo autônomo, e tem estereotipias como correr e pular. Dificilmente consegue manter-se fazendo uma única coisa por muito tempo ou com o grupo. Outras crianças autistas têm características semelhantes, mas mesmo entre eles é possível observar suas diferenças, por isso é sempre importante reafirmar que as reações e

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características são diferentes com cada bebê, sendo necessárias diferentes formas de lidar com cada um deles.

Iniciamos a aula sempre com a música de boas vindas, quando cantamos essa música para bebês percebemos a diferença de comportamento deles, pois cantando sempre a mesma música eles reconhecem o início da aula. Durante toda a aula uma monitora toca o violão acompanhando as canções e o instrumento é apresentado na primeira canção. José gosta de ficar perto da monitora que toca o violão e tenta segurá-lo com as mãos, assim fica tranquilo enquanto cantamos a canção. Ao contrário da Maria, por exemplo, a qual não tem concentração durante essa música. Ela fica agitada, continua a correr e dificilmente tem sua atenção tomada pela atividade ou pelos pais.

Já no decorrer da aula, ao cantar outras canções que trabalham a expressão corporal, os pais e monitores têm o papel de estimular os bebês. Dessa forma, os pais são de grande importância durante a aula, pois com a ajuda e estímulo deles os bebês acabam por tentar fazer as atividades corporais.

[...] a pessoa com autismo passa a ter uma relação singular com tudo que é externo. Fixa-se em rotinas que trazem segurança, não interage normalmente com pessoas, inclusive com os pais, nem manuseia objetos adequadamente, gerando problemas na cognição, com reflexos na fala, na escrita e em outras áreas. Aprende de forma singular. Há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos, e as informações nem sempre geram conhecimento (CUNHA, 2013, p. 28).

Ao longo das atividades que trabalhamos com os instrumentos de percussão verificamos um maior interesse por parte dos bebês autistas. Eles ficam interessados com os instrumentos, os quais são atrativos e coloridos. Ao serem expostos aos instrumentos percussivos alguns deles se veem atraídos por estes. Os estímulos sonoros e visuais são mais atrativos para eles. Além dos instrumentos de percussão, os brinquedos e acessórios que usamos durante as aulas são atrativos para todos os bebês.

Pudemos ver isso também durante as atividades de danças e cirandas, nas quais nos levantamos e interagimos uns com os outros. Durante essas canções de cirandas e outras que o contato corporal ou visual é estabelecido, percebemos certo desconforto para esses bebês. Durante as atividades em que trabalhamos o corpo, os bebês autistas dificilmente acompanhavam, entretanto neste ano (2017) tivemos algumas mudanças positivas nesse sentido que exploraremos mais adiante neste

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artigo. Sabemos da importância do trabalho musical aliado à expressão corporal, pois como afirma Victório (2011):

Na educação Musical, o estímulo à pesquisa sonora vinculada ao contexto afetivo do indivíduo, visa à ampliação do universo sonoro, considerando as possibilidades instrumentais, corporais e vocais. Posto que o tocar e o ouvir um instrumento, bem como a voz que fala, canta, imita, inventa, movimenta-se no corpo e no ambiente, são elementos de aprendizagem, criação, invenção e ação que motivam e ativam a expressão, favorecendo as relações em seus diversos níveis (VICTÓRIO, 2011, p. 33).

A música é uma forma importante para se trabalhar a comunicação entre mãe e bebê, pois os primeiros contatos físicos e emotivos, e os estímulos auditivos são importantes para o seu desenvolvimento. Assim sendo, as práticas musicais realizadas no projeto têm sido direcionadas e preparadas para confrontar-se com diversas situações neste caso específico, para com a inclusão das crianças com TEA. Por isso reiteramos que as aulas de musicalização com crianças até quatro anos devem ser tratadas com muita competência, utilizando a música não somente como fim, mas também como meio contribuindo para formação de cidadãos bem como a inclusão.

No decorrer de algumas aulas, ficou perceptível que os bebês autistas foram ficando mais à vontade para a realização das atividades e se tornaram mais participativos, tanto que em alguns momentos fizeram espontaneamente a canções com a percussão corporal juntamente com o grupo. Tal como aconteceu com Maria ao decorrer das aulas, o que relataremos mais adiante. Ao acabarem as atividades que contavam com os instrumentos percussivos ou brinquedos, percebemos a dificuldade em devolvê-los e guardá-los. Os bebês autistas mantiveram maior dificuldade, por essa razão, quando acabávamos uma atividade que continha algum objeto, fazíamos outra que explorava outro objeto atrativo, para que a troca desses se tornasse mais simples para eles.

Ao fim da aula a intenção é relaxar os bebês, assim cantamos uma canção de relaxamento enquanto os pais massageiam seus filhos. Essa é uma atividade na qual há contato entre os pais e filhos. Alguns bebês autistas não se manifestavam durante

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essa atividade, ficavam tranquilos, mas sem muita interação com os pais. Havia também situações nas quais os bebês não conseguiam ficar relaxados por esse tempo. Ao longo das aulas observamos grandes diferenças entre alguns bebês. Uma dessas crianças foi com a Maria percebemos seu desenvolvimento musical, sua melhor interação com os colegas, pais e os monitores do projeto ao longo das aulas. Conseguimos analisar que agora em 2017, Maria nos cumprimenta de forma espontânea, dá abraços nos monitores, mesmo alguns sendo novos e ela não os conhecendo. No que diz respeito ao desenvolvimento musical, ela já faz várias atividades sozinha e de forma sincronizada. Ao cantarmos as músicas que ela reconhece, ela faz os movimentos que fazemos durante as mesmas. Além disso, é possível perceber sua melhor interação com seus colegas e pais. Ela faz, por exemplo, a atividade de se esconder embaixo do “pano encantado” junto com seus colegas, o que anteriormente era um grande desafio. Também a vimos pela primeira vez relaxar durante a música final da aula. Foi possível perceber ela aproveitando seu momento de relaxamento, enquanto sua mãe a massageava.

Além da Maria, pudemos perceber esse desenvolvimento musical e a melhor interação com os colegas também com José. Ele, por sua vez, é muito atraído pelo espaço no qual a musicalização acontece. Logo que chega na sala se encaminha para os tapetes coloridos. Ao longo das aulas deste ano é possível observar o seu interesse por todos os instrumentos musicais. Quando os monitores tocam o piano ele gosta de ir explorar, quando tocam violão ou violino também. José tem se mostrado mais atento aos momentos da aula, ficando mais alegre em músicas cantadas a mais tempo nas aulas, além de ser bem participativo nas rodas e cirandas, tocando o instrumento e seguindo as coreografias que o cuidador e os monitores mostram. Além disso, em uma das aulas, na qual a Maria estava com um pandeiro, José se aproximou dela e ficou sentado a seu lado olhando fixamente para ela e o pandeiro que ela tocava. Foi curioso observar sua aproximação com ela, pois ele não costuma fazer isso com outras crianças.

Maria e José estão no projeto de musicalização há mais tempo e ambos demoraram um pouco para responderem aos estímulos musicais, cognitivos e sociais que a musicalização proporciona, mas é evidente a sua importância para o

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desenvolvimento dos mesmos. Já João, com idade de um ano e dez meses, entrou para o projeto esse ano, e mesmo com apenas dois meses de aula, percebemos algumas mudanças no seu comportamento em relação à aula, aos monitores e às outras crianças. Na primeira aula, por conta do estranhamento em relação ao lugar e às pessoas, João chorou quase o tempo todo o que não se repetiu nos encontros seguintes. Aparentemente ele não responde aos estímulos na hora da aula, mas sua mãe nos relatou que em casa ele relembra e canta todas as músicas fazendo também os movimentos corporais aprendidos em aula. João não tolera muito bem o contato físico, mas aos poucos tem interagido mais com as crianças e com os monitores, em diversos momentos ele sorri para alguém, o que, segundo a mãe não é muito comum. A hora de dar tchau é um momento que o João mais interage, enquanto cantamos a música de despedida ele acena e fala tchau para todos, inclusive depois que termina a aula ele continua falando tchau. Em uma das aulas na quando fomos guardar um dos brinquedos que utilizamos, falamos que era a hora de dar tchau, e o João guardou e acenou para o brinquedo, dizendo tchau para ele. Além da mãe, a tia e a avó também acompanham o João e o tempo todo ele é estimulado, o que tem facilitado para que o mesmo, aos poucos, possa responder às atividades ajudando no seu desenvolvimento cognitivo, musical e também, social.

Com essa observação atenta dessas crianças e também das outras crianças e bebês diagnosticados com TEA ao longo dessas aulas, percebemos que eles prezam pela rotina das mesmas. Durante esses encontros cantamos as mesmas canções e quando há uma tentativa de troca da canção eles sentem necessidade da música cantada anteriormente. Para introduzir novas músicas, cantamos também as músicas que são de rotina da aula para que a mudança não seja brusca para os bebês, principalmente para os autistas. Todas as aulas são preparadas e pensadas em todos os bebês, sendo eles com espectro autista ou não, sempre levando em conta suas características pessoais e o bom andamento da aula no geral. O fato de tantos pais terem procurado a musicalização e o perceptível desenvolvimento de algumas crianças autistas durante as aulas é de extrema gratificação por parte de toda a equipe do projeto. Entendemos a importância do mesmo para os bebês e principalmente, para os

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autistas, pois proporcionam momentos de atividades que trabalhamos aspectos musicais e sociais auxiliando o desenvolvimento das crianças.

Considerações Finais

Em nossa atuação na musicalização de bebês possível visualizar a importância das práticas musicais e sua eficiência como auxiliares no desenvolvimento das habilidades perceptivo-musicais assim como no desenvolvimento motor, cognitivo, social, da atenção, da memória, dos sistemas de ordenação sequencial e espacial, além de fortalecer a relação e o afeto entre as pessoas (ILARI, 2002). A Educação Musical por sua vez oportuniza diversas possibilidades de aprendizagem, comunicação, exploração, improvisação, criação e produção, promovendo o desenvolvimento integral do ser humano por meio dos sons, dos jogos, do lúdico e da manipulação dos instrumentos musicais.

Ao destacarmos aqui três crianças participantes do projeto que possuem TEA, projetamos demonstrar que as experiências musicais também podem acontecer de maneira eficiente para as crianças e bebês autistas, tanto quanto para qualquer outra criança típica participante. Elas podem ser instigadas a experimentar as dinâmicas apresentadas através da música assim como todos os outros bebês. Destacamos que a criança diagnosticada com TEA, como qualquer criança, precisa de muito amor, carinho e atenção. Ela deve ser respeitada, incluída no meio social e estimulada a acreditar em seu potencial, por isso prezamos tanto por sua inclusão nas turmas de musicalização.

Como relatamos anteriormente, os bebês autistas que participam do projeto mostram resultados significativos de desenvolvimento musical e social desde que entraram no mesmo. Através das observações do desenvolvimento das crianças acreditamos que as aulas podem seguir proporcionando a elas o desenvolvimento musical, social e cognitivo.

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Referências

AFONSO, Lucyanne de Melo. Música e Autismo: práticas musicais e desenvolvimento sonoro musical de uma criança autista de 5 anos. In: XXI Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical. Pirenópolis. Anais… Pirenópolis: ABEM, p.1396- 1405, novembro, 2013.

APA. American Psychiatric Association. DSM-V - Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5.ed. Washington: British Library Cataloguing, 2013.

CUNHA, Eugênio. Autismo na Escola. RJ: Wak, 2013.

Diagnostic and statistical manual of mental disorders – DSMIV. 4th ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000.

ILARI, Beatriz. Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição musical no primeiro ano de vida. Revista da ABEM. Associação Brasileira de Educação

musical. Porto Alegre, n. 7, p. 83-90, setembro, 2002.

LOURO, Viviane dos Santos. Educação musical e deficiência: propostas pedagógicas. São José dos Campos, SP, 2006.

ILARI, Beatriz. A música e o desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e

mitos. REM - Revista Eletronica de Musicologia. Curitiba, Vol. IX, 2005.

MEILLEUR, AA, FOMBONNE, E. Regression of language and nonlanguageskills inpervasive developmental disorders. J Intellect Disabil Res. 2009, feb.; 53(2): 115-124.

VICTÓRIO, Márcia. O bê-a-bá do dó-ré-mi: reflexões e práticas sobre educação musical nas escolas de ensino básico. Rio de Janeiro, Wak, 2011.

Referências

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