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Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica. Unidade I:

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Academic year: 2021

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Unidade I:

Unidade: Introdução à

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1 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica

O que é Filosofia?

Essa pergunta permite muitas respostas... Alguns podem apontar que a Filosofia é o “estudo de tudo” ou “o nada que pretende abarcar tudo”.

Diante de tantas possibilidades, podemos iniciar nosso trabalho procurando o significado da palavra, que é de origem grega. Trata-se da junção de dois termos: „philos‟ que significa amizade e “sophia” que significa sabedoria; portanto, Filosofia é o amor pela sabedoria.

Considerando essa ideia, podemos dizer que a Filosofia indica um estado de espírito, um desejo de procurar o conhecimento, cultivá-lo e respeitá-lo. Segundo a tradição, foi o grego Pitágoras de Samos que criou esse conceito. Pitágoras considerava que a sabedoria absoluta era um privilégio divino, mas os

homens poderiam desejá-la e ao se dedicarem a obtê-la, tornavam-se FILÓSOFOS. filosofia Philo = amizade Sophia = sabedoria Pitágoras de Samos 1

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2 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

A Filosofia é uma criação grega. Foram os gregos que, encantados com o mundo que os cercava e insatisfeitos com as explicações de caráter tradicional, procuraram entender os fenômenos com base na inteligência humana. Em suma, eles perceberam que o mundo poderia ser conhecido pelo homem e por isso, ensinado.

Para que Filosofia?

Marilena Chauí conta que quando você pergunta a um filósofo para que serve a Filosofia, a primeira resposta será “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.1

O que ela quer dizer com isso? Sua afirmação permite considerar que a Filosofia demanda uma atitude diferenciada perante o conhecimento e as suas formas. Trata-se da

ATITUDE FILOSÓFICA.

A atitude Filosófica é marcada por dois movimentos: a atitude crítica perante as informações recebidas e o pensamento crítico, marcado por indagações rigorosas sobre o mundo.

Esse tipo de atitude aponta a necessidade de observar o conhecimento como algo em construção e que pode ser alterado, ampliado e acima de tudo criticado. O filósofo grego Sócrates dizia que a atitude filosófica fundamental era aceitar que: “Sei que nada sei”.

A atitude filosófica, portanto, é uma atitude de indagação constante e as perguntas que marcam essas indagações são as mesmas, independentes dos objetos que a Filosofia pretenda conhecer. Observe o gráfico que segue:

1 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Atica, 2000, p.9.

Atitude Filosófica Atitude crítica e pensamento crítico

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3 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

Aos poucos, a Filosofia volta as suas questões para o próprio pensamento, ou seja, o pensamento passa a interrogar a si mesmo e esse movimento é chamado de REFLEXÃO. A reflexão filosófica é considerada radical, pois coloca em discussão como é possível a existência do próprio pensar e como isso realmente acontece. A reflexão filosófica também procura observar as relações que estabelecemos com o mundo e como essas se efetivam. Observe o Gráfico

Atitude Filosófica O quê? Significação de algo Como? Estruturas e relações que constituem algo Por que? Origem ou causa das coisas Reflexão Filosófica = pensar o pensamento Reflexão Filosófica Por que pensamos? Motivos O que pensamos? Conteúdo Para que pensamos? Finalidade

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4 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a Filosofia: conhecimento sistemático

Coerência Relação entre as ideias

Essas questões, contudo, não podem ser respondidas ao acaso ou com base em opiniões pessoais. A Filosofia é uma ciência que trabalha com raciocínios lógicos e enunciados precisos. No campo da Filosofia, o processo de pensar algo é acompanhado por um rigor sistemático que garante organicidade, lógica e sentido a tudo que é postulado. As respostas obtidas a essas questões, portanto, precisam formar um conjunto coerente, sistemático de ideias que possa ser comprovado e demonstrado logicamente.

Considerando o que já foi dito, voltamos a questão: Para que Filosofia? Ora, a Filosofia nos ensina a pensar de forma crítica, a criticar o pensamento. A filósofa Marilena Chauí aponta:

“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos, for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história, for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política, for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos, for útil; então, podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”2

A Filosofia Ocidental tem seu estudo dividido em grandes momentos, que algumas vezes estão próximos à periodização utilizada na História e algumas vezes ficam bem distantes. Os principais períodos são:

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5 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

Filosofia Antiga – do século VI a.C ao século VI d.C

Esse período compreende os quatro grandes períodos da Filosofia greco-romana. São eles:

Nome Período Característica

Pré Socrático ou cosmológico Séc. VI a.C - Séc V a.C Mapear a origem do

mundo.

Mapear as causas das

transformações da

natureza.

Período Socrático ou

antropológico.

Séc. V a.C - Séc IV a.C Mapear questões

voltadas à questão humana como: ética, política.

Período Sistemático Séc. IV a.C - Séc III a.C Sistematizar os

conhecimentos sobre

cosmologia e

antropologia

Tudo pode ser objeto da Filosofia

Período Helenístico ou greco-romano

Séc III a.C – Séc IV d.C Ocupa-se de questões

sobre ética, do

conhecimento humano

e das relações

homem/natureza e

natureza/Deus

Filosofia Patrística – século I a século VII

Trata-se de um esforço sistemático de conciliação da filosofia greco-romana, com o pensamento cristão e pode ser dividida em duas: a patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e a patrística romana (ligada à Igreja de Roma).

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A Patrística terá como questão principal a conciliação entre a fé e razão e seus autores vão introduzir no campo

do pensamento a noção de que algumas verdades foram reveladas por Deus, trata-se dos dogmas. Com isso, surge uma distinção desconhecida aos pensadores antigos, entre as verdades

reveladas por Deus (os dogmas) e as verdades da razão humana.

As verdades divinas são tidas, para esses autores, como mais importantes e superiores ao pensamento racional humano.

Filosofia Medieval – Século XIII ao século XIV

Trata-se do surgimento de uma Filosofia que pode ser considerada realmente cristã. Suas questões centrais são: as relações entre Deus e o homem, a relação entre fé e razão, a diferença entre o corpo e alma, o Universo como uma hierarquia de seres e a subordinação do poder temporal ao poder espiritual. A Filosofia medieval sofreu grande influência do pensamento neoplatônico e das leituras árabes do pensamento de Aristóteles.

Outra característica importante era o método desenvolvido, conhecido por disputa. Uma ideia seria considerada verdadeira ou falsa, dependendo da força e da qualidade dos argumentos apresentados pelo autor. O pensamento está subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma ideia era considerada verdadeira, dependendo se estava baseada na opinião de alguma autoridade reconhecida.

Filosofia Patrística conciliação entre a fé e a

razão.

Filosofia Medieval Método da disputa = Uma ideia seria considerada verdadeira ou falsa, dependendo da força e da

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Filosofia da Renascença – Século XV ao Século XVI

Trata-se de um período marcado pela descoberta de novas obras de Platão e Aristóteles, bem como a recuperação do trabalho de outros autores do mundo greco-romano. São três as linhas de pensamento no período

Filosofia da Renascença A Natureza é um

grande ser vivo.

O homem é parte da natureza e pode agir sobre ela. O homem pode conhecer os vínculos estabelecidos pelos elementos da natureza e criar outros. Valorização da “vida ativa”, ou seja, a participação política. Renascimento da liberdade política. Homem como artífice de seu destino. Destino determinado pelo conhecimento, da política, das técnicas e da arte.

Filosofia Moderna – Século XVII a Século XVIII

Esse período é conhecido como Grande Racionalismo Clássico. Nenhum outro período da história da Filosofia foi tão marcado pela crença na RAZÃO. Considerava-se que a razão seria capaz de conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões humanas e controlá-las, além disso, seria capaz de

determinar o melhor regime político para as sociedades e de mantê-lo racionalmente.

Filosofia Moderna Primado da RAZÃO

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8 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

É um período marcado por três grandes mudanças de atitude intelectual.

Filosofia Moderna A Filosofia deve começar pela reflexão. Indagar a capacidade humana de conhecer e demonstrar a verdade dos conhecimentos

Tudo que pode ser conhecido, pode ser transformado em um conceito claro, distinto, demonstrável e necessário. Natureza, Sociedade e Política podem ser conhecidas

totalmente, pois são inteligíveis.

A realidade é um

sistema de

causalidades

racionais, rigorosas que podem ser

conhecidas e

transformadas pelo homem.

Filosofia da Ilustração ou Iluminismo – Século XVIII ao Século

XIX.

Esse período também crê no poder absoluto da razão e seus pensadores consideram que ela “ilumina” o caminho humano.

O Iluminismo afirma que:

Iluminismo A Razão permite conquistar liberdade, felicidade social e política. A Razão é capaz de progresso. O homem pode atingir a perfeição através do conhecimento, das artes, da moral e da ciência. O Aperfeiçoamento da Razão se realiza pelo progresso das civilizações.

As civilizações evoluem das mais primitivas para as mais desenvolvidas. Natureza é o reino das relações necessárias e imutáveis. Civilização é o reino da liberdade e da finalidade produzida pelo homem.

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Filosofia Contemporânea – Século XIX até os nossos dias.

O pensamento filosófico atual é marcado pelas questões sobre a relatividade do pensamento, a crítica à razão instrumental e a necessidade de perceber a pluralidade das sociedades humanas. Seus principais problemas são:

Os campos próprios de Estudo da Filosofia.

A Filosofia realizou seus estudos em diversas áreas e ao longo de sua existência como uma disciplina do pensamento foi capaz de desenvolver alguns campos de estudo que lhe são próprios. São eles:

Filosofia Contemporânea

História e progresso – A História é descontínua e não progressista.

I

Razão – deve alertar para o perigo do pensamento instrumental. Trazer liberdade ao ser humano

Filosofia – afirmar sua posição de compreensão e crítica às ciências.

Crítica às Utopias Revolucionárias – somos capazes de criar uma sociedade mais justa?

Cultura – pluralidade cultural

Crítica à Razão. O que podemos realmente conhecer?

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O conhecimento.

As noções que discutimos até agora apontam que a questão central da Filosofia envolve a crítica ao ato de pensar e, conectado a ele, o ato de conhecer. O conhecimento permeia todo o nosso cotidiano; através dele, sabemos como nos portar, o que evitar, o que é adequado. Enfim, o conhecimento do mundo nos garante um grande repertório de ações e pode ser percebido de duas maneiras:

Filosofia

Ontologia Fundamento últimos de todos os seres Lógica Formas e regras do pensamento verdadeiro Epistemologia Análise crítica das ciências. Teoria do Conhecimento Estudo das modalidades de conhecimento humano Ética Estudo dos valores morais Filosofia Política Estudo da natureza do poder Filosofia da História - Estudo da dimensão temporal da experiência humana Estética Estudo das formas da arte e do trabalho artístico Filosofia da Linguagem A linguagem como manifestação da humanidade História da Filosofia Estudo dos períodos Filosóficos

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11 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a Na primeira, o conhecimento é a relação estabelecida pela consciência do observador e o mundo que o cerca e na segunda possibilidade, o conhecimento é o conteúdo dessa relação. Trata-se, portanto, do saber adquirido e transmitido.

Quando interagimos com o mundo, criando o conhecimento, nunca o fazemos despidos de conceitos anteriores, pois, ao longo da nossa relação com o mundo, somos educados e absorvemos conceitos que nos permitem ampliar o saber que temos. Trata-se de construir um edifício, em que cada um contribui com sua vivência.

Existem muitas formas de conhecer e entre elas, destacam-se o senso comum e a ciência.

O Senso Comum

O senso comum é uma forma de conhecimento espontâneo que resulta das experiências cotidianas dos indivíduos para resolver problemas. Nesse processo, ele troca informações com seus contemporâneos e recebe informações de gerações anteriores. Trata-se de um conhecimento empírico e fragmentário que não estabelece relações com outros fenômenos.

Conhecimento = relação objeto/observador Ato de conhecer Conteúdo produzido

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Suas características centrais são:

É importante perceber que o Senso Comum pode ser considerado uma etapa na construção do saber. Ele precisa ser substituído por uma abordagem crítica e coerente, ou seja, o senso comum deve ser transformado em BOM SENSO. O Bom Senso, segundo Gramsci é "o núcleo sadio do senso comum".3

Qualquer pessoa, se não privada de sua liberdade de pensamento, e se teve condição de desenvolver sua atitude crítica, será capaz de autoconsciência, de perceber criticamente o próprio pensamento e de analisar o mundo que a cerca. Portanto, todos somos capazes de atingir o bom senso proposto por Gramsci e, a partir dele construir um conhecimento, fruto da crítica sistemática.

Como fazer isso?

É necessário assumir a postura de dúvida perante o mundo que nos cerca e considerar, que as informações que recebemos precisam ser alvo de critica. Dessa forma entramos no mundo das CIENCIAS.

3 ARANHA, Maria Lucia.Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1993, p 37. Senso Comum

Saber Imediato

I

Saber Subjetivo Saber Heterogêneo Saber Não Crítico

Observação Confunde a aparência com o real Observação Centrada nas opiniões do indivíduo Acúmulo não sistemático de informações Não analisa criticamente o conhecimento

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A Ciência

Ao longo do tempo, podemos observar a existência de três formas de conceber as ciências ou noções do que é cientificidade. A primeira, chamada concepção racionalista, tem sua origem no pensamento dos gregos e pode ser percebida até o final do século XVII. As características centrais dessa abordagem são:

Deve-se observar que, para essa perspectiva, a ciência faz uma radiografia da realidade. Ela definia um objeto e dele procurava deduzir os efeitos e propriedades do fenômeno estudado, trata-se de uma abordagem hipotético-dedutiva. Já a abordagem empirista era hipotético-indutiva, ou seja,

Concepção

Racionalista

Conhecimento racional, dedutivo e demonstrativo –tido como real Objeto científico é matemático = realidade

possui uma estrutura matemática As experiências científicas = verificar e confirmar as demonstrações teóricas Objeto científico = representação intelectual universal, necessária, verdadeira e real

verdadeira das coisas -corresponde à própria realidade Ciência- unidade sistemática de postulados – relações de causalidade sobre o objeto Ciência- unidade sistemática de postulados – natureza do objeto natureza e as propriedades de seu objeto,

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14 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

criava suposições ao objeto e, depois de realizar um conjunto de experiências, definia suas características e propriedades.

A concepção empírica pode ser relacionada ao pensamento de Aristóteles e pode ser rastreada até o século XIX. Suas características centrais são:

A concepção construtivista combina elementos vindos do empirismo e do racionalismo e indica uma nova perspectiva para a noção de ciência. Procura-se explicar a realidade e não construir um raio X do mundo que nos cerca, trata-se de um conhecimento que pode ser ampliado e corrigido. Trata-se da concepção de ciência que domina o conhecimento atual.

A

concepção

empirista

A ciência é uma interpretação dos fatos, baseada em observações experimentos. Métodos experimentais rigorosos A experiência tem a função de produzir conhecimento A ciência é uma interpretação dos fatos, baseada em experimentos

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15 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

As características dessa concepção são:

Deve-se observar que, apesar de a concepção racionalista e a empirista terem sua origem no pensamento grego, a concepção dos gregos do que era ciências é radicalmente diferente da nossa. Existem muitas diferenças; contudo, a que merece destaque é a relação entre a ciência e a técnica.

No mundo grego, que era escravista, a técnica era considerada

Concepção

Construtivista

o objeto uma construção lógico-intelectual modelos explicativos construídos -observação e experimentação Os resultados obtidos possam ser alterados e alterem a própria teoria coerência entre os princípios que orientam a teoria

Tecnologia é um saber teórico que pode ser aplicado

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16 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

um saber inferior. Ela estava ligada a práticas necessárias à vida e nada tinha a oferecer à ciência nem a receber dela. Já a ciência moderna está intimamente ligada à intervenção no mundo natural e, nesse sentido, a ciência moderna não se separa da questão técnica, pois no mundo, o controle da natureza é considerado fundamental para a ciência. Na verdade, a ciência moderna coloca em evidência a questão da tecnologia que pode ser definida como um saber teórico que pode ser aplicado praticamente.

A Filosofia, com sua atitude crítica, é a alma mater da ciência e permite ao ser humano interferir no seu meio, procurando um mundo melhor, como aponta Marilena Chauí:

“Penso que quem busca a filosofia como forma de expressão de seu pensamento, de seus sentimentos, de seus desejos e de suas ações, decidiu-se por um modo de vida, um certo modo de interrogação e uma certa relação com a verdade, a liberdade, a justiça e a felicidade. É uma decisão existencial, como nos aparece com tanta clareza nas primeiras linhas do Tratado da emenda do intelecto, de Espinosa. Essa decisão intelectual, penso, não é possível a menos que aceitemos aquilo que Merleau-Ponty chamou de “nossa vida meditante” em busca de uma razão alargada, capaz de acolher o que a excede, o que está abaixo e acima dela própria. Essa decisão, penso também, não é possível se não admitirmos com Espinosa que pensar é a virtude própria da alma, sua excelência. O desejo de viver uma existência filosófica significa admitir que as questões são interiores à nossa vida e à nossa história e que elas tecem nosso pensamento e nossa ação. Significa também uma relação com o outro na forma do diálogo e, portanto, como encontro generoso, mas também como combate sem trégua.´4

4

CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São Paulo, 2003, p.11.

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17 Uni dad e: In trod uç ão à R efl ex ão Fi los óf ic a

Referências

ARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1993.

CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São Paulo, 2003.

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www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000

São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000

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