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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 34ª Câmara de Direito Privado

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 34ª Câmara de Direito Privado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 34a Câmara – Seção de Direito Privado

Julgamento sem segredo de justiça: 22 de fevereiro de 2010, v.u. Relator: Desembargador Irineu Pedrotti.

Apelação Cível nº 992.05.142012-0 (1003022/5-00) Comarca de Porto Ferreira

Apelantes: R. de C. G. e C. A. G. Apelada: C. S. L.

AÇÃO ORDINÁRIA. AGRAVO RETIDO. CONTRADITA DE TESTEMUNHA. REJEIÇÃO MANTIDA. A decisão que rejeitou a contradita oferecida contra a testemunha arrolada pela Requerida, resultou da livre, prudente e direta convicção do r. Juízo de Direito “a quo”. Mesmo que se pudesse demonstrar livre de ônus o interesse (da testemunha) na demanda, o depoimento seria na forma processual meramente informativo.

AÇÃO ORDINÁRIA DE RESSARCIMENTO DE DANOS C. C. OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO DE VIZINHANÇA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. ÁGUAS PLUVIAIS. ÔNUS DA PROVA. Existindo dúvida sobre a origem e extensão dos danos e não comprovados o nexo causal e a culpa da Requerida, não se afigura viável a condenação dela ao pagamento dos danos materiais e dos encargos processuais, porque os Requerentes não apresentaram elementos essenciais para o reconhecimento. O objeto da prova é o fato controvertido – afirmado por uma parte e negado pela outra. O destinatário (da prova) é o processo, conforme adágio "o que não

está nos autos não está no mundo". É ela que pode proporcionar à parte os meios para convencer

o julgador sobre o conteúdo que lhe interessa.

Voto nº 14.250. Visto,

R. DE C. G. e C. A. G. ingressaram com Ação Ordinária contra C. S. L., partes qualificadas e com caracteres nos autos, sob a proposição afirmativa:

“... são senhores e legítimos proprietários do imóvel (...) situado à Rua João Mutinelli, nº 335 ...”.

“... Quando foi edificada a residência dos requerentes, a parede então construída na divisa estava apenas com a fundação sob a terra, isto é, o terreno da requerida encontrava-se com o nível abaixo do piso interno da residência. Com o passar dos anos (...) toda a água pluvial do lote da requerida quando escoada para essa rua, trazia junto uma pequena quantidade de solo de terra (...) sem poder passar totalmente pelos orifícios, a água causou fissuras e trincas no muro para poder escoar por ali, saindo na rua ...” (folhas 3/4).

“... O lote da requerida encontra-se até os dias atuais sem manutenção nenhuma, isto é, com queda natural da água pluvial ...”.

“... Os danos causados na propriedade dos requerentes nada mais foi do que a infiltração de águas pluviais e acúmulo de terra trazida por essas águas, ao longo do tempo (...) causando umidade na parede que soltou o seu reboco e azulejos de seu revestimento interno e também criando caminhos cada vez maiores sob as fundações das paredes, tirando seu apoio e estabilidade o suficiente para que elas trincassem por não suportarem o peso das lajes de concreto e coberturas de telhas de barro ...” (folha 4 – destaques do original).

“... Além dos dispêndios efetuados pelos requerentes para fazerem a necessária reforma na sua propriedade, os mesmo tiveram que contratar a arquiteta (...) a qual elaborou o incluso laudo ...”.

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“... O VALOR TOTAL A SER REEMBOLSADO PELA REQUERIDA AOS REQUERENTES DEVERÁ SER DE R$ 9.001,29 ...” (folha 6 – destaques do original).

Pugnam pela condenação do Requerido:

“... Pagamento do valor de R$ 8.771,29 (...) concernentes aos danos suportados pelos requerentes no reparo do seu prédio ...”.

“... Pagamento no valor de R$ 230,00 (...) concernentes aos honorários da arquiteta que elaborou o incluso laudo ...”.

“... seja compelida ...”.

“... a efetuar os reparos no seu terreno para evitar que as águas pluviais continuem a causarem os danos no prédio dos requerentes ...”.

“... A efetuar a devida manutenção periódica no seu terreno para evitar que as águas pluviais continuem a causarem os danos no prédio dos requerentes ...” (folha 8 – destaques do

original).

Formalizada a angularidade da ação a Requerida apresentou contestação (folhas 91/98).

Em audiência, inviabilizada a conciliação, o r. Juízo autorizou a realização da prova pericial; as partes indicaram Assistentes Técnicos e a Requerente apresentou quesitos (folhas 124/125 e 127).

Encartado o laudo pericial (folhas 135/143), manifestaram-se os Requerentes, a Requerida e seu assistente técnico (folhas 149/150, 152 e 155/156).

Em outra audiência foram colhidos os depoimentos do Requerente e das testemunhas arroladas (folhas 170/176).

R. DE C. G. e C. A. G. interpuseram recurso de Agravo Retido:

“... quanto ao não acolhimento da contradita sobre a testemunha da requerida, por motivo de amizade íntima ...” (folha 182).

Vencida a instrução, seguiu-se a prestação jurisdicional:

“... JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS (...) EXTINGUINDO O PROCESSO, COM APRECIAÇÃO DO MÉRITO, nos termos do artigo 269, inciso I, segunda hipótese, do Código de Processo Civil ...” (folha 195 – destaques do original).

R. DE C. G. e C. A. G. interpuseram recurso de apelação com matéria preliminar:

“... requerem a análise do agravo retido ...” (folha 206).

No mérito aduzem:

“... ficaram comprovados a existência de um fato; a ocorrência do dano; o nexo causal e a culpa da requerida ...”.

“... O laudo pericial (...) foi conclusivo em afirmar as causas dos danos ocorridos no imóvel dos apelantes ...”.

“... o depoimento da testemunha dos apelantes foi consistente e conclusivo, vindo a corroborar o conjunto probatório ...” (folha 207).

Alternativamente pedem a exclusão ou redução dos honorários advocatícios. C. S. L. em contra-razões defende o acerto da sentença (folhas 210/212). Relatado o processo, decide-se.

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O recurso passa a ser apreciado nos limites especificados pelas razões para satisfação do princípio

tantum devolutum quantum appellatum, com reflexão, desde logo, sobre a diretriz sumular que não

admite o reexame das provas em caso de recursos constitucionais1.

A decisão que rejeitou a contradita oferecida pelos Requerentes contra a testemunha P. L. DA S., arrolada pela Requerida, resultou da livre, prudente e direta convicção do r. Juízo de Direito a quo. Mesmo que se pudesse demonstrar livre de ônus o interesse (da testemunha) na demanda, o depoimento seria (na forma processual) meramente informativo.

O exame crítico com as ponderações necessárias em frente autoriza a rejeição do agravo retido. O objeto da prova é o fato controvertido – afirmado por uma parte e negado pela outra. O destinatário (da prova) é o processo, conforme adágio "o que não está nos autos não está no mundo". É ela que pode proporcionar à parte os meios para convencer o julgador sobre o conteúdo que lhe interessa.

O princípio geral da responsabilidade civil aponta para o dever de indenizar, sempre que presentes os elementos caracterizadores do ato ilícito. Por isto que se faculta ao lesado reclamar em Juízo a correspondente reparação pecuniária.

R. DE C. G. e C. A. G. ingressaram com Ação Ordinária de Ressarcimento de Danos contra CERÂMICA SANCHES LTDA. sob o argumento de que a infiltração de águas pluviais e o acúmulo de terra trazida por essas águas, por falta de manutenção no lote da Requerida, provocaram danos no prédio deles Requerentes; os prejuízos por eles sofridos e suportados atingiram R$ 9.001,29.

As provas não fornecem meios substancialmente eficientes para arrimar a pretensão; a pericial não foi conclusiva sobre o dano, o nexo e a culpa da Requerida; a testemunhal não supre as deficiências.

Conclusão do laudo:

“... Durante a vistoria levantou-se as seguintes informações ...”.

“... o imóvel dos autores sofreu reformas e ampliações, como por exemplo, a construção da garagem e a colocação de laje pré moldada no prédio, o que torna difícil o diagnóstico preciso do que realmente ocorreu no imóvel ...”.

“... durante as reformas, as anomalias apontadas na inicial, aparentemente foram tratadas e corrigidas ...”.

“... no imóvel da requerida, na área próxima da divisa com o imóvel da autora, não existe construção alguma, estando o terreno ao natural ...”.

“... analisando a topografia do terreno da requerida (...) parte das águas pluviais que escoam pelo terreno, segue até a rua pela divisa do imóvel da requerente ...” (folha 136).

“... as anomalias constatadas no imóvel da requerente, provavelmente foram causadas pela soma de dois fatores: consolidação e recalque do solo.

O primeiro fator, a consolidação, pode ter ocorrido em virtude da percolação de águas pluviais que se acumulam na divisa dos imóveis, e/ou pelo vazamento das tubulações que compõem os sistemas de escoamento de águas pluviais, esgoto e água potável do prédio residencial em questão.

O segundo fator, recalque do solo, pode ter acontecido por consequência da consolidação apontada ou pela sobrecarga nas fundações resultantes das reformas executadas no prédio, como a colocação da laje pré moldada em toda a residência. Esta sobrecarga aplicada ao solo pode ter causado uma interferência no seu bulbo de tensões, acarretando um recalque do solo. Este recalque teria causado uma acomodação da estrutura do prédio, o que certamente seria uma das

1 - STF. Súmula 279: "Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” STJ. Súmula 7: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.”

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causas do aparecimento de trincas e fissuras nas paredes e do aprofundamento do piso ...” (folha

135).

V. C. vizinho dos requerentes, em 1998 fez reforma na residência deles (Requerentes); substituiu o forro de madeira por laje de alvenaria.

Disse que foram construídos dois dutos de alvenaria no terreno da Requerida; com as chuvas mais fortes os dutos transbordavam e o excesso de água infiltrava-se na terra.

Surgiram grandes rachaduras que exigiram obras de reparação que foram realizadas há um ano. Não teve acesso ao imóvel para constatar a extensão das rachaduras, mas assegura que “... eram grandes

e demonstravam problemas estruturais graves (...) em alguns lugares chegavam a apresentar vãos que variavam de dois a três centímetros ...”. Revela que na substituição do forro de madeira por laje de

alvenaria não foi providenciado reforço nas vigas e nas colunas do imóvel (folhas 172/173).

P. L. DA S. efetuou serviços, como servente de pedreiro, no imóvel dos Requerentes. Foram realizadas brocas e balderames para sustentar o prédio; os trabalhos não foram acompanhados por arquiteto ou engenheiro; a parede que apresentou rachaduras dividia o interior do exterior do imóvel à divisa com o terreno da Requerida (folhas 174/175).

Há dúvida sobre a origem e a extensão dos danos e não ficaram comprovados o nexo causal, a culpa e o dolo da Requerida; não se afigura viável a condenação dela ao pagamento dos danos materiais e dos encargos processuais, porque os Requerentes não produziram provas essenciais para o reconhecimento.

Consta da r. sentença:

“... a perícia judicial realizada não é conclusiva sobre a efetiva infiltração de águas pluviais advindas do terreno pertencente à ré no solo em que está edificado a residência dos autores e seu nexo com a consolidação e recalque do solo, consequentemente com os prejuízos na estrutura do prédio, na forma delineada na petição inicial ...”.

“... a culpa pela inexatidão no resultado da perícia incumbe aos próprios autores, conquanto realizaram obras na residência destinadas a recuperar os danos indicados na inicial sem antes ter a cautela de perpetuar com exatidão o estado em que o bem se encontrava e as causas que o deixaram naquela condição, através do instrumento jurídico adequado.

O laudo técnico que instrui a inicial não pode ser considerado para este fim, conquanto além de não ser comprovadamente precedente às obras de recuperação do prédio, foi elaborado por profissional contratado pelos próprios autores e sem o crivo do contraditório.

As provas orais, por sua vez, são imprestáveis para complementar a prova pericial e esclarecer com a necessária certeza se houve infiltração de água a contribuir com a consolidação e recalque do solo ...”.

“... sem a certeza da infiltração de águas pluviais no terreno em que está edificado o prédio residencial pertencente aos autores através do terreno pertencente à ré e de sua contribuição na consolidação e recalque do respectivo solo, não há como responsabilizar a ré, ainda que parcialmente, pelos danos no imóvel dos autores, o que informa a improcedência do pedido indenizatório ...” (folha 194).

Incumbia aos Apelantes o ônus da prova sobre a existência do fato constitutivo do seu direito, e não à Apelada a prova sobre fato que pudesse impedir, modificar ou extingui-lo.

“Na ação de ressarcimento de dano, o fato constitutivo da pretensão do autor consiste na culpa do réu, cabendo àquele o ônus da prova, consoante regra de direito processual.” 2

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“Não tendo o autor se desincumbido do ônus de comprovar os requisitos caracterizadores da responsabilidade civil, é de rigor a improcedência da ação.” 3

Os Requerentes deviam ter trazido aos autos prova mais substancial e, que, incólume de suspeitas, autorizasse a acolhida de sua pretensão. Sem prova inconteste do fato, do nexo causal e da culpa ou dolo, o julgamento não pode amparar o propósito por eles reclamados.

Não se pode afastar a existência de sucumbência que deve ser suportada pela parte que recebeu decisão desfavorável. É direito do Advogado da parte vencedora, uma vez que ajuizou a ação e acompanhou o seu trâmite, cumprindo com satisfação os encargos.

O caso comporta a condenação com a ressalva do artigo 12 da Lei nº 1.060, de 1950 (Apelante beneficiária da Justiça Gratuita).

Atendidos o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, além do trabalho e tempo exigidos para a execução do mister, evidencia-se que a quantia fixada pela sentença foi elevada, razão pela qual é reduzida para 15% sobre o valor da causa, quantia que remunera condignamente o trabalho desenvolvido pelo Advogado da Requerida.

Em face ao exposto, rejeitado o agravo retido, dá-se parcial provimento ao recurso de apelação (para redução dos honorários advocatícios).

IRINEU PEDROTTI

Desembargador Relator.

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