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PRECISÃO DE ESCALAS DE MENSURAÇÃO UTILIZADAS EM TESTES DE ACEITAÇÃO

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ISSN 0103-4235 Alim. Nutr., Araraquara

v.20, n.4, p. 633-639, out./dez. 2009

PRECISÃO DE ESCALAS DE MENSURAÇÃO UTILIZADAS

EM TESTES DE ACEITAÇÃO

Adriana Barbosa SANTOS* Fabio Laky OZEKI** Bruna Maira Galaverna OLIVEIRA*** Mieko KIMURA****

* Departamento de Ciências da Computação e Estatística – IBILCE – UNESP – 15054-000 – São José do Rio Preto – SP – Brasil. E-mail: adriana@ibilce.unesp.br.

** Engenheiro de Alimentos – IBILCE – UNESP – 15054-000 – São José do Rio Preto – SP – Brasil.

*** Curso de Graduação em Engenharia de Alimentos – IBILCE – UNESP – 15054-000 – São José do Rio Preto – SP – Brasil. **** Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos – IBILCE – UNESP – 15054-000 – São José do Rio Preto – SP – Brasil. RESUMO: Os testes afetivos têm sido um recurso efi

-ciente em vários contextos da análise sensorial. A esco-lha da escala de mensuração a ser utilizada nestes testes é um aspecto fundamental que vem sendo pouco discutido na literatura nos últimos anos. Este artigo apresenta uma avaliação da precisão das escalas Likert e Stapel frente às usuais Hedônica e Magnitude, utilizadas na mensuração de atributos sensoriais. Dois experimentos foram realiza-dos, um com produto doce (doce de leite em pasta) e outro com produto salgado (salgadinho sabor bacon). Aparência, aroma, sabor e textura foram os atributos avaliados por es-tudantes universitários. Para avaliar a precisão das escalas de mensuração foram adotadas duas abordagens: uma com base em estatísticas de dispersão; e outra examinando da-dos relativos à opinião da-dos provadores sobre qual escala eles consideram mais precisa para expressar sua percep-ção sensorial. Os resultados fornecem evidências de que a infl uência do atributo e do tipo de produto sobre a pre-cisão das escalas em testes de aceitação não é signifi cante. Mais especifi camente, os resultados sugerem que a escala alternativa Likert apresenta precisão comparável à escala Magnitude; fato que sugere sua recomendação em testes afetivos com provadores não treinados. A escala Hedônica aparece como a preferida na opinião dos provadores. PALAVRAS-CHAVE: Análise sensorial; escalas de men-suração; teste de aceitação; doce de leite; salgadinho.

INTRODUÇÃO

Em geral, a escolha dos alimentos e sua aceitabili-dade são baseadas primeiramente em percepções afetivas sensoriais tais como “gostei” ou “não gostei”, e só depois pelas suas propriedades nutricionais e seus benefícios para a saúde. O conhecimento sobre tais percepções dos consu-midores quando incorporado às etapas iniciais do processo de desenvolvimento de um novo produto e repetido em to-das as ocasiões ao longo do mesmo pode estabelecer um di-ferencial importante para o sucesso de um alimento.3, 4, 9, 11

A análise sensorial é uma técnica de mensuração utilizada para estabelecer uma interação com consumi-dores, possibilitando conhecer suas percepções afetivas sensoriais. Além disso, consiste num fator chave para a determinação da vida útil de muitos produtos; pois torna possível o estudo de propriedades organolépticas dos pro-dutos, usando seres humanos como instrumentos de me-dição; otimiza a aceitabilidade de um produto; e fortalece o potencial competitivo diante da acentuada concorrência com produtos substitutos e da crescente necessidade de me-lhorar a qualidade de produtos; entre outros fi ns.2, 7, 12

Em testes afetivos, a formulação de um questio-nário padronizado para coletar os dados sobre os atribu-tos sensoriais mensurados requer a defi nição da escala de mensuração como parte desse processo de formulação. O emprego da escala Hedônica ou Magnitude é freqüente, embora existam alternativas. 8 Duas escalas que podem ser

incluídas dentre as alternativas para testes de aceitação são as escalas Likert e Stapel. A escala Likert de cinco itens por se caracterizar como escala conceitual, 5 de múltiplos itens

ou de percepção 1 possui simplicidade favorável a aplicação

em testes de aceitação com provadores não treinados. No entanto, a escala Stapel, por ser uma escala quantitativa, os valores representativos das respostas indicam tipicamente apenas um pólo. Ainda sim, esta pode ser adaptada para dois pólos que representam de um lado uma percepção afe-tiva negaafe-tiva e de outro uma percepção afeafe-tiva posiafe-tiva so-bre um atributo sensorial. 1

Embora as escalas Hedônica e Magnitude já tenham sido examinadas e comparadas em outros estudos, 10,13 a

discussão sobre técnicas de mensuração em testes afetivos tem sido pouco explorada 7 recentemente,

principalmen-te abordando questões sobre a precisão das escalas como parte do contexto metodológico que engloba estes testes; inclusive porque o processo de escolha da escala a ser ado-tada para avaliar atributos sensoriais não é tão simples. Aspectos como simplicidade de compreensão; representa-tividade acurada da percepção do provador; e infl uência do tipo de produto sobre a resposta dada pelo provador como expressão de sua avaliação acerca de um atributo podem

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ser importantes para aumentar a efi ciência de uma análise sensorial.

Escalas de menor amplitude de variação como a Li-kert com associação de pontuação para seus itens ou Stapel de dois pólos com cinco níveis (-2, -1, 0, +1, +2) são apli-cadas em vários outros contextos experimentais ou estudos observacionais de forma corrente por sua potencial simpli-cidade, apesar de serem menos introduzidas no âmbito dos testes de aceitação.

Estudos sobre a precisão destas escalas quando comparada à Magnitude ou Hedônica (ambas de maior am-plitude), ou mesmo que envolvam a visão dos provadores acerca da forma de mensuração das percepções afetivas são escassos ainda na literatura. Neste sentido, este artigo bus-ca cobrir essa lacuna da literatura ao examinar os aspectos supracitados, uma vez que objetiva avaliar a precisão das escalas Likert e Stapel frente às usuais Hedônica e Magni-tude. Para tanto, são considerados dois experimentos que tratam da mensuração dos atributos sensoriais aparência, aroma, sabor e textura, incluindo a participação de estudan-tes universitários como provadores em estudan-tesestudan-tes de aceitação de alimentos.

MATERIAIS E MÉTODOS Planejamento Experimental

Como parte preliminar do planejamento experimen-tal dos dois testes de aceitação, procedeu-se com a defi ni-ção das escalas, em que se optou pela utilizani-ção de esca-las com pontuação. Uma escala Hedônica de sete pontos; Magnitude de 1 a 10 pontos; Likert de cinco pontos, sendo 1 para "Péssimo" e 5 para "Ótimo"; e a Stapel com cinco níveis (-2; -1; 0; +1; +2). A atribuição dos pontos às escalas Hedônica e Likert em cada nível de resposta estabelece a dimensão e ordenação das alternativas a fi m de viabilizar a análise estatística.

Sobre os produtos envolvidos nos testes de aceita-ção, defi niu-se que seriam utilizados dois produtos já co-mercializados em escala industrial, sendo um doce e um salgado (doce de leite em pasta e salgadinho sabor bacon). A escolha levou em conta aspectos como: facilidade de ma-nuseio, custo, opções no mercado, identifi cação do público alvo com o produto, dentre outros. Na primeira série de teste foi utilizado o doce, e na segunda, o salgado.

Para garantir maior confi abilidade no processo de coleta de dados e assegurar que não haveria dúvidas quanto ao preenchimento do questionário a ser aplicado no teste afetivo, realizou-se um pré-teste do questionário que enfo-cou a objetividade das questões, a facilidade de autopreen-chimento, a adequação da formatação e layout.

Ao avaliarem cada um dos atributos sensoriais, os provadores deveriam responder sobre sua percepção usan-do cada uma das escalas. Para eliminar qualquer viés de-corrente da ordem de apresentação das escalas, foi feito um sorteio a fi m de defi nir a sequência de disposição das es-calas no questionário para cada atributo avaliado. Visando

obter dados referentes à precisão das escalas sob a ótica dos provadores, incluiu-se uma pergunta sobre qual escala os provadores achavam que refl etia com maior precisão sua percepção afetiva da aparência, aroma, sabor e textura dos produtos.

Os provadores foram convidados a participar da de-gustação dos produtos, sendo convidados de forma verbal pelos pesquisadores e por meio de cartazes previamente afi xados em locais de mais alta circulação na Instituição em que foi realizado o teste. A fi m de compor um grupo homo-gêneo, aumentar a identifi cação com os produtos, e manter a representatividade do público alvo, foram incluídos como provadores estudantes universitários com idade entre 17 e 35 anos, de ambos os sexos.

Ambos testes (de aceitação do doce de leite e do sal-gadinho) foram realizados no mesmo laboratório de análise sensorial durante os períodos da manhã e tarde por um dia, porém em datas distintas, e contaram com a participação de cento e trinta e dois voluntários. Este tamanho de amos-tra atende às recomendações da literatura, sendo número sufi ciente para realização do experimento em âmbito labo-ratorial. 6

As amostras do doce de leite foram servidas em co-pos descartáveis de 50ml, acompanhados de uma colher de sobremesa descartável e água. A porção da amostra foi de aproximadamente 30g. Já para o teste do salgadinho, as amostras foram servidas em pires pequeno contendo apro-ximadamente 25 unidades e água.

Análise Estatística

Os dados coletados foram organizados em planilhas do MS Excel 2007 e tratados estatisticamente usando o auxílio do software Minitab® Release 15. A primeira par-te da análise estatística englobou uma avaliação geral da pontuação associada aos atributos mensurados por meio de cálculos de estatísticas descritivas para cada um deles nas diferentes escalas. Medidas de dispersão relativas comple-mentaram as estatísticas descritivas. Além de desvio padrão (s) e coefi ciente de variação (cv), foi defi nido também o ín-dice de variação, o qual expressa a razão do desvio padrão pela amplitude (iv = s / a; onde s é o desvio padrão das respostas e a é a diferença entre os extremos observados). Como as escalas consideradas neste experimento possuem diferentes amplitudes de pontuação, o iv cria uma padroni-zação que permite comparar a variabilidade das respostas dos provadores para cada atributo sensorial. As medidas de variação relativas sustentaram essa primeira análise estatís-tica da precisão das escalas em relação ao atributo sensorial e tipo de produto analisados. Estas análises embasaram-se na pontuação atribuída pelos provadores após degustação do produto e aplicação das quatro escalas para mensurar cada atributo.

Foram empregados testes de homogeneidade 14 para

efetuar a segunda parte da análise da precisão, ou seja, no tratamento estatístico dos dados derivados da resposta ao questionamento feito aos provadores em relação à escala

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que refl ete com mais precisão sua percepção afetiva. Nestes testes foi adotado um nível de signifi cância de 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Análise geral do uso das escalas

Os provadores envolvidos no teste de aceitação do doce de leite eram predominantemente adultos jovens. Ti-nham idade variando de 17 a 33 anos com média de 20,9 e desvio padrão de 2,5 anos. Do total de 132 provadores, 83 (63,4%) eram do sexo feminino e 48 (36,6%) do sexo masculino. Também numa faixa etária estreita (de 17 a 32 anos), os provadores que degustaram os salgadinhos de bacon possuíam idade média de 20,9, com desvio padrão de 2,5 anos. Por motivo de inconsistência nas respostas, um questionário foi descartado e a amostra analisada foi composta por 131 provadores, sendo 71 (54,2%) do sexo feminino e 60 (45,8%) do sexo masculino.

A Tabela 1 apresenta estatísticas descritivas calcu-ladas para os dados relativos ao teste de aceitação do doce de leite. Os cálculos se referem a cada escala conforme o atributo sensorial avaliado.

Um primeiro aspecto a se observar sobre os resulta-dos da Tabela 1 é a proximidade resulta-dos valores de média e me-diana para a maioria dos atributos; o que indica não apenas que os dados possuem certa simetria e uniformidade, como também que a escala não está infl uenciando a percepção dos provadores sobre o produto.

Além disso, observando-se também os extremos percebeu-se que o doce de leite teve boa aceitação dos pro-vadores, o que pôde ser verifi cado em todas as escalas por uma aprovação superior a 75%, ou seja, no caso da escala Magnitude, as notas variaram entre 5 e 10, o que indica uma avaliação positiva para os quatro atributos sensoriais. Para a escala Hedônica os provadores atribuíram pontos que, associados aos conceitos, variaram de “desgostei ligei-ramente” a “gostei muitíssimo”. No caso da escala Likert, a pontuação equivale a conceitos que variam de “ruim” a “ótimo”, sendo que para aparência e aroma as avaliações foram de no mínimo regular. Os resultados obtidos com a escala Stapel foram semelhantes aos da Likert, que também possui cinco níveis de resposta. Exceto por um provador que atribuiu valor -1 para textura, as avaliações para os de-mais atributos compreenderam o intervalo 0 a +2, com as medianas refl etindo avaliações tão satisfatórias quanto no caso das demais escalas, ou seja percepções positivas sobre o produto.

A boa aceitação do doce de leite entre os provadores também pode ser confi rmada pelos outliers (valores discre-pantes e isolados da maior parte dos dados da amostra). Nas avaliações onde eles apareceram, as menores pontuações dadas pelos provadores foram consideradas outliers o que reforça que as atribuições concentraram-se acima desses valores. Para a escala Hedônica, em relação à aparência e aroma, os provadores, em grande maioria, atribuíram a pontuação 6, sendo os valores 3, 4, 5, e 7 outliers. Neste caso, tal pontuação indica que “gostaram muito” do

pro-Tabela 1 – Estatísticas descritivas relativas ao teste de aceitação do doce de leite, calculadas para cada escala conforme o atributo sensorial.

Atributo sensorial

Escalas

(Nº de níveis) n

x

s

Mediana cv iv Outliers Extremos

Aparência Magnitude(10) 132 8,6±1,2 9 13,48 0,24 5;6 5; 10 Hedônica(7) 132 5,9±0,7 6 12,5 0,18 3;4;5;7 3; 7 Likert(5) 132 4,4±0,6 4 13,38 0,30 --- 3; 5 Stapel(5) 132 1,5±0,6 2 40,7 0,30 --- 0; +2 Aroma Magnitude(10) 132 8,5±1,2 9 13,93 0,20 4;5;6 4; 10 Hedônica(7) 132 5,9±0,8 6 13,54 0,27 4;5;7 4; 7 Likert(5) 132 4,4±0,6 4 14,22 0,30 --- 3; 5 Stapel(5) 132 1,4±0,6 +1 46,16 0,30 --- 0; +2 Sabor Magnitude(10) 132 8,9±1,1 8 11,76 0,18 4 4; 10 Hedônica(7) 132 6,2±0,7 6 11,36 0,23 4 4; 7 Likert(5) 132 4,6±0,6 5 13,12 0,20 2 2; 5 Stapel(5) 132 1,5±0,6 2 37,80 0,30 --- 0; +2 Textura Magnitude(10) 132 8,7±1,4 9 15,56 0,23 4 4; 10 Hedônica(7) 132 5,9±1,0 6 17,19 0,25 --- 3; 7 Likert(5) 132 4,4±0,7 4 15,36 0,23 2 2; 5 Stapel(5) 132 1,4±0,7 2 48,40 0,18 -1 -1; +2

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duto. Fato semelhante ocorreu para a escala Magnitude em relação a esses mesmos atributos, na qual pontuações abai-xo de 7 foram atípicas.

Outro aspecto de destaque são as medidas de ção relativa. Nos casos do coefi ciente e do índice de varia-ção, verifi ca-se certa regularidade em todas as escalas nos quatro atributos sensoriais, com a escala Stapel apresen-tando maiores valores. Tomando o iv, entretanto, a discre-pância em relação às demais escalas é atenuada. De fato, o iv é um indicador de precisão das escalas que faz com que a variação em torno da média quantifi cada pelo desvio padrão seja relativa à amplitude total da escala empregada na avaliação do atributo sensorial.

A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas cal-culadas para os dados relativos ao teste de aceitação do sal-gadinho. Novamente, os cálculos se referem a cada escala conforme o atributo sensorial avaliado. Entretanto, cabe ressaltar que um questionário foi excluído por inadequação no preenchimento.

Com base nos resultados obtidos, pode-se observar, num primeiro momento, que os valores da média e mediana, na maioria dos atributos sensoriais, estão bem próximos, o que indica que há certa simetria e uniformidade dos dados. Posteriormente, foi possível observar que assim como na avaliação do doce de leite, o salgadinho teve boa aceitação entre os provadores.

Apesar da amplitude ter sido a máxima possível em alguns casos, as pontuações médias indicam uma boa aceitabilidade do produto para todos os atributos sensoriais

avaliados. Para a escala Hedônica, os provadores atribuí-ram pontos que variaatribuí-ram de 1 a 7, como no caso do aroma. Para a escala Likert, a variação máxima entre as opiniões dos provadores (1 a 5) não ocorreu, com o sabor recebendo a pontuação mínima de 3. Os resultados obtidos com a es-cala Stapel foram condizentes com os da eses-cala Likert em aparência e sabor, revelando uma impressão estritamente positiva do produto nestes quesitos. Já para aroma e textu-ra, as respostas variaram de um extremo a outro (-2 a +2), mostrando que houve grande variação de opiniões entre os provadores; fato não presente na escala Likert. Para a esca-la Magnitude, os extremos variaram de 2 a 10, com mais de 70% das notas entre 7 e 10 para todos os atributos.

Além da avaliação da média e dos extremos, os va-lores dos outliers também contribuem para confi rmar a boa aceitação do salgadinho entre os provadores. Em todas as avaliações onde eles apareceram, as menores atribuições dadas pelos provadores foram consideradas outliers. Em relação ao aroma, para a escala Hedônica, a amplitude foi total. No entanto, os conceitos 1, 2 e 3 foram considerados

outliers. Logo, as pontuações concentraram-se no intervalo

de “indiferente” a “gostei muitíssimo”. Considerando ainda o mesmo atributo para a escala Stapel, a amplitude também foi total e as respostas com valores -2 e -1 foram conside-rados outliers. Este fato também ocorreu na mensuração da textura.

Outro aspecto a ser considerado são as medidas de variação relativa. Quanto às estimativas dos coefi cientes de variação, observa-se que existe certa regularidade dos

valo-Tabela 2 – Estatísticas descritivas relativas ao teste de aceitação do salgadinho, calculadas para cada escala conforme o atributo sensorial.

Atributo sensorial

Escalas

(Nº de níveis) n

x

s

Mediana cv iv Outliers Extremos

Aparência Magnitude(10) 131 8,3±1,2 8 14,99 0,20 4;5;6 4;10 Hedônica(7) 131 5,6±0,9 6 16,1 0,18 2;3 2;7 Likert(5) 131 4,2±0,6 4 14,48 0,20 2 2;5 Stapel(5) 131 1,3±0,7 1 50,06 0,23 -1 -1;+2 Aroma Magnitude(10) 131 8,2±1,6 9 19,95 0,20 2;3 2;10 Hedônica(7) 131 5,5±1,1 6 20,42 0,18 1;2;3 1;7 Likert(5) 131 4,1±0,8 4 18,55 0,27 2 2;5 Stapel(5) 131 1,2±0,8 1 69,57 0,20 -2;-1 -2;+2 Sabor Magnitude(10) 131 8,9±1,1 9 12,5 0,22 --- 5;10 Hedônica(7) 131 6,1±0,8 6 12,56 0,27 4 4;7 Likert(5) 131 4,5±0,6 5 13,42 0,30 --- 3;5 Stapel(5) 131 1,5±0,6 2 41,33 0,30 --- 0;+2 Textura Magnitude(10) 131 8,5±1,3 9 15,15 0,22 4 4;10 Hedônica(7) 131 5,7±0,9 6 16,42 0,23 3 3;7 Likert(5) 131 4,2±0,7 4 16,12 0,23 2 2;5 Stapel(5) 131 1,2±0,8 1 63,83 0,20 -2;-1 -2;+2

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res para todas as escalas nos diferentes atributos. Os maio-res valomaio-res foram obtidos para a escala Stapel (cv=50,06% para aparência; 69,57% para aroma; 41,33% para sabor; e 63,83% para textura), o que representa uma menor precisão dessa escala. Para aparência e aroma, a escala Likert é a escala mais precisa (cv=14,48% e 18,55%, respectivamen-te). Já para os atributos sabor e textura, a escala Magnitude é a que apresentou maior precisão (cv=12,5% para sabor e 15,15% para textura). Tomando os valores do índice de variação (iv), existe maior homogeneidade em relação às escalas. No geral, os valores estão compreendidos no in-tervalo de 0,18 a 0,23. No caso do aroma, o uso da escala Likert revelou um iv=0,27. O mesmo ocorreu com a escala Hedônica em relação ao sabor. Para este mesmo atributo, as escalas Likert e Stapel tiveram um iv=0,30, o que indica que houve menor precisão na mensuração deste atributo.

Nessa primeira avaliação percebe-se que a escala alternativa Likert apresenta precisão comparável à escala Magnitude e Hedônica, levando-se em conta a desvanta-gem destas duas últimas escalas no sentido de serem mais apropriadas para provadores mais sensíveis e treinados. Assim, a escala Likert consiste numa boa alternativa para testes sensoriais de aceitação. A escala Stapel, ao contrário, não teve resultados tão satisfatórios em ambos os testes re-alizados.

Precisão das escalas avaliadas sob a ótica dos provadores

Considerando agora a ótica dos provadores sobre a precisão das escalas nas avaliações dos atributos para o doce de leite e para o salgadinho, verifi ca-se um consenso quanto à preferência dos provadores. Na análise das dis-tribuições percentuais relativas às preferências dos

pro-Tabela 3 – Percentual de preferência do provador quanto à precisão da escala. Valores P relativos aos testes de homogeneidade.

Atributo Escala Doce de leite Salgadinho Valor P

Aparência Hedônica 63 (47,73%) 55 (41,98%) Magnitude 33 (25,00%) 31 (23,66%) 0,513 Likert 32 (24,24%) 37 (28,24%) Stapel 04 (3,03%) 08 (6,11%) Aroma Hedônica 51 (38,93%) 44 (34,11%) Magnitude 35 (26,72%) 42 (32,56%) 0,700 Likert 37 (28,24%) 37 (28,68%) Stapel 08 (6,11%) 06 (4,65%) Sabor Hedônica 63 (47,73%) 49 (38,28%) Magnitude 38 (28,79%) 43 (33,59%) 0,492 Likert 28 (21,21%) 33 (25,78%) Stapel 03 (2,27%) 03 (2,34%) Textura Hedônica 54 (40,91%) 54 (41,54%) Magnitude 41 (31,06%) 35 (26,92%) 0,624 Likert 35 (26,52%) 36 (27,69%) Stapel 02 (1,52%) 05 (3,85%) Geral Hedônica 46 (34,85%) 43 (32,06%) Magnitude 30 (22,73%) 36 (27,48%) 0,566 Likert 30 (22,73%) 25 (19,08%) Stapel 0 (0,00%) 0 (0,00%) *Indefi nida 26 (19,70%) 28 (21,37%)

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vadores pelas escalas ao avaliarem cada atributo, não se verifi cou diferença estatisticamente signifi cante quanto ao produto, conforme apontado na Tabela 3. Pelo teste de ho-mogeneidade, P=0,513 para aparência; P=0,700 para aro-ma; P=0,492 para sabor; e P=0,624 para textura.

Para ambos os produtos, a escala Hedônica foi a de maior precisão, de acordo com a opinião dos provadores. Nela concentraram-se as preferências para todos os atribu-tos avaliados. A escala Stapel foi considerada pelos pro-vadores como a que expressa com menor precisão as suas percepções afetivas sobre cada atributo sensorial tem para os dois produtos; o que é confi rmado pelos menores valores percentuais (abaixo de 7% em todos os casos).

As escalas Magnitude e Likert tiveram percentuais muito próximos, tendo a segunda maior preferência, ora a Magnitude, ora a Likert. Em relação ao doce de leite, e no caso do aroma, a escala Likert apresentou-se ligeiramen-te mais precisa na preferência dos provadores que a escala Magnitude, ainda que sem diferença signifi cativa. Na pri-meira a porcentagem respectiva foi de 28,24%, e na segun-da, 26,72%. Situação análoga ocorreu para a aparência: 25% para a escala Magnitude e 24,24% para a Likert. Para o salgadinho, a ligeira vantagem da escala Likert em rela-ção à Magnitude nas avaliações da aparência e da textura também não são signifi cativas, uma vez que o percentual de 27,69% para Likert fi cou muito próximo ao obtido para a escala Magnitude (26,92%). Para os atributos aroma e sa-bor a situação se inverte, com a escala Magnitude sendo a segunda mais preferida para expressar as percepções afeti-vas dos provadores.

Os resultados mostrados na Tabela 3 e Figura 1 in-crementam e reforçam as evidências descritas acima sobre a preferência pelas escalas, revelando que realmente esta in-depende do tipo de produto e do atributo sensorial julgado. Na avaliação geral, considerando a repetição de escolha de uma escala para dois ou mais atributos, a escala Hedônica é também a preferida pelos provadores, com Magnitude ou Likert aparecendo na segunda opção. De fato, verifi cou-se

certa regularidade nas evidências encontradas sobre a pre-cisão das escalas Hedônica, Magnitude e Likert. Já para a escala Stapel, não há indicativos que reforcem sua confi abi-lidade em testes de aceitação, haja vista que os provadores não se sentiram seguros ao avaliarem suas percepções afe-tivas sobre ambos os produtos usando-a como instrumento de avaliação.

CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho combinaram duas abor-dagens de avaliação da precisão de escalas de mensuração aplicáveis em testes de aceitação. Conforme descrito, as evidências contribuem para recomendar a escala Likert como alternativa de boa precisão para aplicação em testes afetivos com provadores não treinados. Sua precisão foi equivalente a da escala Magnitude, independente do tipo de produto e do atributo sensorial avaliado. Além disso, a aliança de simplicidade e facilidade de compreensão das pessoas em empregá-la valoriza sua utilização.

Houve concordância entre as duas abordagens de avaliação da precisão, ou seja, os resultados obtidos pela ótica dos provadores confi rmam aqueles obtidos pelos cál-culos estatísticos de dispersão relativa. Sob a ótica dos pro-vadores, a escala Hedônica aparece com destaque, sendo a de maior precisão para expressar suas percepções sobre aparência, aroma, sabor e textura, tanto para o doce de leite como para o salgadinho.

SANTOS, A. B.; OZEKI, F. L.; OLIVEIRA, B. M. G.; KIMURA, M. Precision of measurement scales utilized in acceptance tests. Alim. Nutr., Araraquara, v. 20, n. 4, p. 633-639, out./dez. 2009.

ABSTRACT: Affective tests are an effi cient method in several contexts of sensorial analysis. The choice of the 0% 10% 20% 30% 40% 50%

Hedônica Magnitude Likert Stapel 34,85% 22,73% 22,73% 0,00% 32,06% 27,48% 19,08% 0,00% Doce de Leite Salgadinho

FIGURA 1 – Percentuais de preferência geral pelas escalas sob a ótica dos prova-dores.

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measurement scale to use in those tests is a critical aspect not so emphasized last years in literature. In this work we sought to evaluate the precision of the Likert and Stapel scales, compared to Hedonic and Magnitude scales so commonly used for measuring sensorial attributes. Two experiments were performed, one using a sweet product (sweetened concentrated milk ) and the other with a salty product (bacon fl avored snack). Appearance, aroma, taste and texture were analyzed by university students. The purpose was to examine scale precision based on two perspectives: fi rst, analyzing statistics of dispersion and after considering subjects opinion about which scale they considered the most precise to represent their sensory evaluation of each attribute. The results show that in acceptance tests like it, the sensorial attributes and the kind of products used did not signifi cantly affect the precision of the scales. The evidences suggested that Likert’s alternative scale has a precision comparable to Magnitude’s scale. It allows recommending its application in affective tests with non trained subjects. Hedonic scale is the preferred by subjects.

KEYWORDS: Sensorial analysis; measurements scales; acceptance test; sweetened concentrated milk; bacon fl avored snack.

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Referências

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