1 PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PROJETO PÓS-GRADUANDOS NA ESCOLA
Inclusão Escolar: reflexão e mão na massa
Marcos Rodrigo Louvem da Rosa
São Paulo 2016
2 Apresentação e Justificativa
O acesso de educandos público-alvo da educação especial desestabiliza a concepção tradicional de educação da escola. Tal fato exige dos educadores reflexão, planejamento e formação, o que também possibilita a ressignificação de seu trabalho. Para a inclusão se efetivar, os docentes necessitam de formação continuada, recursos materiais e apoios técnicos, pedagógicos e burocráticos. Somente assim, os educadores poderão refletir sobre os benefícios que a inclusão traz para a escola e para a sociedade. (CERETTA, 2011).
É preciso considerar, sobretudo, que
[...] a inclusão é mais que um modelo para a prestação de serviços de educação especial. É um novo paradigma de pensamento e ação no sentido de incluir todos os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma do que exceção (SKRTIC, 1994 apud STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 31).
Quando a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP) opta por apoios terceirizados, como auxiliar de vida escolar (AVE), que auxilia na higiene e alimentação e estagiários (estudantes de pedagogia) para acompanhar alunos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento (TGD), bem como atendimento educacional especializado no contraturno, muitos educadores entendem que cabe a esses profissionais desenvolver o processo inclusivo. Todavia, a escola inclusiva, assim como a sociedade inclusiva, envolve uma mudança de paradigma de pensamento, de concepção de ser humano e de coletividade, trazendo em si um árduo trabalho de reflexão sobre a convivência humana, o ensinar e o aprender.
Essa mudança de paradigma refere-se principalmente à forma como os sistemas de ensino concebem e se relacionam com a diferença (CAVALCANTI, 2007). A aceitação da diversidade (de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de raça, de linguagem de origem, de classe social, de nível de aquisição educacional e para com a pessoa com deficiência), da alteridade, deve ser postura atitudinal de base nas relações
3 escolares. Fundar essa celebração da diferença, reconhecendo-a como enriquecedora da cultura é a tarefa da educação contemporânea (MITTLER, 2003, citado por CAVALCANTI, 2007).
A educação especial, valendo-se de serviços diversificados, deve proporcionar a igualdade de oportunidades, atendendo assim as individualidades dos educandos. Nesse sentido, apresenta-se como um desafio aos educadores, necessitando que estes busquem caminhos e possibilidades, ordenando uma série de ações e criando facilidades a partir de promoção de recursos educacionais (MAZZOTTA, 1982).
A formação continuada do professorado visando ao rompimento de barreiras, as quais impedem a plena participação dos educandos nas diversas atividades educacionais é recurso imprescindível para o desafio da inclusão. E nesse ínterim, a compreensão do modelo social de deficiência, o qual não se baseia exclusivamente no aluno e nos seus defeitos, mas sim se volta para o meio, que o oprime e incapacita (CAVALCANTI, 2007), auxilia o educador a refletir e repensar sua prática. Além disso, lidar com casos reais do cotidiano escolar aproxima teoria e prática, possibilitando reflexos imediatos na prática do professor.
Objetivo
Apresentar o modelo social de deficiência, o qual considera que as maiores dificuldades para o desenvolvimento do estudante com deficiência advêm das barreiras impostas pelo meio social. Identificar e eliminar essas barreiras, principalmente a atitudinal, através de casos vivenciados pelos docentes em seu cotidiano escolar.
Metodologia da formação
Em três encontros de duas horas, pretendemos debater e construir coletivamente os conceitos de diferença, exclusão, deficiência e rompimento de barreiras. No primeiro encontro trataremos da diferença e da exclusão e no segundo, da deficiência e do rompimento de barreiras. No terceiro encontro, a partir de casos de ensino apresentados pelos docentes, conceituaremos juntos o rompimento de barreiras para a plena participação dos estudantes.
4 Incialmente, pretendemos considerar as individualidades dos educadores e suas trajetórias profissionais. A partir dessa conversa, valorizando os diferentes saberes que trazem, passamos a conceituar a diferença e o estigma, segundo concepção de Goffman (1988). Realizaremos uma reflexão sobre a diferença e as personalidades deterioradas pela exclusão social.
No segundo encontro, por sua vez, apresentaremos o modelo social de deficiência e as contribuições da Convenção Internacional dos direitos das pessoas com deficiência (BRASIL, 2008). Em seguida, apresentaremos o gênero caso de ensino e os docentes, em grupos, construirão os seus próprios casos.
No terceiro encontro, lidaremos com casos de ensino apresentados pelos próprios professores. A partir dos exemplos reais, trabalharemos em conjunto o rompimento de barreiras para a plena participação dos educandos.
Utilizaremos aulas dialógicas, projeção em Datashow de imagens, vídeos e trabalhos em grupo.
Perfil do Formador
Formado em Letras (FFLCH/USP). Mestrando da linha de Educação Especial na Faculdade de Educação da USP.
Atua como professor de apoio e acompanhamento à inclusão - Paai na Prefeitura Municipal de São Paulo.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos político legais da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF, 2010.
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008
CAVALCANTI, A. M. L. A inclusão do aluno com deficiência mental no ensino médio: um estudo de caso. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2007. Disponível em:
<http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1529>. Acesso em 13 out.2015.
5 CERETTA, L. M. Alunos com necessidades educacionais especiais do ensino médio: percalços da invisibilidade. VII Encontro da Associação brasileira de pesquisadores em educação especial. Londrina: Nov., 2011, p. 3506-3516.
GOFFMAN, Erving. Estigmas, Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, S.A. 4ª edição 1988.
GUARIDO, R.L. “O que não tem remédio, remediado está”: medicalização da vida e algumas implicações da presença do saber médico na educação. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo,2008.
STAINBACK, Susan.; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.