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A EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO OBJETIVO DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

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A EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO OBJETIVO DE UMA GESTÃO

DEMOCRÁTICA

Rozieli Bovolini Silveira1 Diane Santos de Almeida2 Carina de Souza Avinio3

Resumo: A educação inclusiva e processo de educação de pessoas com deficiência

tem ganhado destaque nos discursos da comunidade escolar. Historicamente, pessoas com deficiência foram excluídas, não só da escola, mas de toda a vida social que a circundava. O presente trabalho buscou elucidar as principais construções teóricas sobre a educação inclusiva e a importância dessa discussão na gestão escolar, além de contextualizar com os momentos históricos da educação para pessoas com deficiência, através de uma pesquisa bibliográfica. As discussões sobre a educação para pessoas com deficiência começaram no século XVI, ganhando o ápice no movimento social que culminou na Declaração de Salamanca, em 1994. No que tange a gestão escolar é necessário que na prática ocorra uma política educacional que promova alterações curriculares, buscando aliados nesse processo de inclusão e que façam da escola um espaço democrático e participativo.

Palavras-chave: Educação; Inclusão; Gestão escolar. Introdução

A educação inclusiva tem ganhado destaque nos discursos da comunidade escolar, isso porque a concepção de educação atual, vê a inclusão de forma ampla, ou seja, que independente da deficiência ou condição socioeconômica, todos possam usufruir de uma educação de qualidade. Como salienta Rosseto (2004), as políticas públicas de inclusão escolar de pessoas com deficiência tem sido objeto de vários estudos e discussões no Brasil. Isso acontece, principalmente após a Declaração de Salamanca (1994) e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) que determinam ações do Estado para diminuir e coibir atos de discriminação. Porém, o Brasil ainda hoje possui milhares de pessoas com deficiência que estão sendo

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Autora. Graduada em Psicologia, Técnico-administrativo em Educação no IF Farroupilha e aluna do Curso de Especialização Latu Senso em Gestão Escolar no IF Farroupilha, Câmpus Júlio de Castilhos. E-mail: rozieli.silveira@iffarroupilha.edu.br

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Co-autora. Acadêmica do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação no IF Farroupilha, Câmpus Júlio de Castilhos. E-mail: diane-e@hotmail.com

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Orientadora. Docente do Curso de Especialização Latu Senso em Gestão Escolar no Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Júlio de Castilhos. E-mail: carina.avinio@iffarroupilha.edu.br

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discriminadas nas comunidades em que vivem, isso em virtude do processo de exclusão social que é tão antigo quanto a socialização do homem, como salienta Maciel (2000).

No que tange a gestão escolar, cada vez mais o foco passa ser, o compartilhamento das responsabilidades por todos os cidadãos que fazem parte da comunidade escolar. Como afirma Luck (2010), a participação democrática significa aproximar os membros da escola para que se diminua as desigualdades entre eles. Assim buscando uma forma mais democrática para gerir uma unidade social e além da participação na tomada de decisões, mas que assumam responsabilidade pela implementação das ações decididas conjuntamente.

Metodologia

O presente trabalho buscou elucidar as principais construções teóricas sobre a educação inclusiva e a importância dessa discussão na gestão escolar, além de contextualizar com os momentos históricos da educação para pessoas com deficiência. Para isso foi desenvolvido uma pesquisa bibliográfica.

Esta pesquisa possibilitou as autoras fazerem uma apropriação mais complexa da temática em destaque, visto que foram realizadas leituras, fichamentos e reflexões em periódicos e livros nas áreas de gestão escolar, educação inclusiva e psicologia. O estudo bibliográfico é de extrema importância para situar dentro do tema e para fundamentar a análise e a discussão dos dados obtidos. Segundo Lakatos e Marconi (2001), a pesquisa bibliográfica não é mera repetição daquilo que já foi dito sobre determinado assunto, pois “propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras” (p. 183).

Com este entendimento, podemos sinalizar que este trabalho tem o intuito de possibilitar o aprofundamento e enriquecimento dos temas bordados.

Resultados e discussão

Historicamente, pessoas com deficiência foram excluídas, não só da escola, mas de toda a vida social que a circundava. As discussões sobre a educação para pessoas com deficiência começaram no século XVI, por médicos e pedagogos que acreditavam nas possibilidades dos indivíduos, até então ineducáveis. Porém, nessa

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época o que prevaleciam eram os asilos e manicômios, como solução para o tratamento dos considerados desviantes. Paralelamente a esse processo, iniciou no século XIX, a educação dos alunos considerados “anormais” em escolas especiais. (MENDES, 2006).

No século XX começam a surgir ações que visavam integrar as pessoas com deficiência à sociedade, isso em decorrências das guerras mundiais que deixaram muitas pessoas com mutilações físicas e a intensificação da produção industrial que ao mesmo tempo em que, segregava, buscava a “normalização” das pessoas com deficiência, pois era necessário mão-de-obra para a produção (MENDES, 2006; ROSSETO, 2004).

A educação especial, a partir da década de 1960, constituiu-se inicialmente nos princípios da Integração, de forma paralela ao sistema regular. Nesse período já havia mobilização para que se assegurasse o direito das pessoas com deficiência a participarem de todos os programas e atividades cotidianas acessíveis a todas as crianças. A crítica que se fez a esse modelo é que a pessoa com deficiência é que deveria se adequar a sociedade (MENDES, 2006).

A partir da reforma, que deixou de pensar o direito a educação formal através do modelo de Integração escolar, surge na década de 1990 a educação inclusiva e a educação inclusiva total. A educação inclusiva total acredita que todos os alunos com deficiência devem ser colocados em sala de aulas regulares e elimina-se totalmente do modelo de prestação de serviços de apoio. Na educação inclusiva considera que preferencialmente é a colocação em classe regular, embora inclua a possibilidade de serviços de suporte (MENDES, 2006). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB 9.394/96 salienta que o aluno com deficiência terá o direito aos serviços de apoio especializado dentro da escola regular e ainda quando não for possível o atendimento educacional nas classes regulares, em função das condições específicas, o mesmo será encaminhado para escolas e serviços especializados.

Vários movimentos sociais ganharam destaque na busca pelos direitos das pessoas com deficiência, o principal deles foi a Declaração de Salamanca, em 1994. Os principais acordos foram que toda criança tem o direito à educação e deve ser dado a ela subsídios para a sua aprendizagem, sistemas educacionais deveriam ser implantados, levando em conta a vasta diversidade de necessidades, as escolas

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regulares deveriam constituir meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando uma sociedade mais inclusiva e alcançando a educação para todos. (MACIEL, 2000)

Outro ponto fundamental que a Declaração deixa em evidência é o caráter participativo, democrático e descentralizado para o planejamento revisão e avaliação de ações por parte das instituições escolares (MACIEL, 2000). Sobre o papel social que a escola desempenha na promoção de uma cultura mais igualitária, Bonetti (2011) salienta: “a escola se encontra frente a um paradoxo: o desafio da escola se constitui a sua grande possibilidade de ação social” (2011, p. 224).

A partir da gestão escolar é possível observar a influencia positiva ou negativa no acesso as oportunidades sociais da vida em sociedade, pois a organização da escola e forma de gestão mostra o caráter excludente ou includente. A gestão da escola depara-se com a responsabilidade de avançar na construção de um modo de atuação com o objetivo de assegurar que a educação se faça com a melhor qualidade para todos, cumprindo assim seu papel social e político (FERREIRA, 2011).

Como salienta Enumo (2005) a inclusão escolar não vai ser facilmente resolvida com somente leis ou teorias, porém é necessário que na prática ocorra uma política educacional que promova alterações curriculares, buscando aliados nesse processo, como os familiares próximos do aluno, além de capacitar escolas e profissionais.

Nesse sentido é que se defende uma escola pública e de qualidade, que atenda as dimensões de subjetividade, que cada criança possa internalizar os valores democráticos, que possa construir a consciência de si e dos outros atores sociais. Isso tudo baseado nos princípios de igualdade, de respeito mútuo, da liberdade e da solidariedade e outros valores que garantem o convívio democrático entre os cidadãos (ROUANET, 2010). Com esse entendimento, acredita-se que a educação democrática vem ao encontro de uma postura crítica e reflexiva, onde todos possam se apropriar de seus direitos e deveres como cidadãos.

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5 Conclusões

O processo de inclusão escolar está cada vez mais presente nas discussões dos gestores escolares, principalmente em como metodologicamente proporcionar o aprendizado das pessoas com deficiência. Porém, além desse aspecto, é possível observar a importância da inclusão das pessoas que historicamente foram excluídas das instituições escolares, como meio de essencialmente fazer da escola um espaço democrático e participativo.

É através de uma gestão democrática, que verdadeiramente promova a participação das pessoas que fazem parte da comunidade é que será possível a formação de pessoas cidadãs, que estejam preocupadas com o relacionamento humano, com os valores aprendidos pela cultura que estão inseridas. Como afirma Toro e Werneck (2004): “a democracia é uma forma de construir a liberdade e a autonomia de uma sociedade, aceitando como seu fundamento a diversidade e a diferença” (2004, p. 10). Dessa forma é preciso construir, destruir, reconstruir, refletir e transformar a sua prática constantemente, a fim de minimizar os efeitos de uma educação segregadora e autoritária.

Referências

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de novembro de 1996.

ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Avaliação assistiva para crianças com

necessidades educacionais especiais: um recurso auxiliar na inclusão escolar.

Rev. Bras. Ed. Esp. Marília, v.11, n3, set-dez, 2005.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão Democrática da Educação:

ressignificando conceitos e possibilidades. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 4ª Edição. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2001.

LUCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 6.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, Série Cadernos de Gestão.

MACIEL, Maria Regina Cazzaniga. Portadores de deficiência: a questão de

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MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar

no Brasil. Revista Brasileira de Educação. V.11, n.33, set-dez, 2006.

ROSSETTO, E. Processo de inclusão: um grande desafio para o século XXI. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, v.3, n.1, 2004.

ROUANET, Bárbara Freitag. Democracia e Escola. In: Democracia e

Subjetividade: a produção social dos sujeitos democráticos / Conselho Federal

de Psicologia. – Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2010. 266 p.

TORO, Jose Bernardo A.; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização Social- um

modo de construir democracia e participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 26 abr. 2015.

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