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Análise da Percepção dos Usuários da Praça Capitão Jovino- Passo Fundo- RS

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Academic year: 2021

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Análise da Percepção dos Usuários da Praça Capitão Jovino- Passo

Fundo- RS

Linessa Busato (1) Emilly Besser (2) Caliane Christie Oliveira de Almeida (3) (1) Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(PROPAR-UFRGS). Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da IMED, Brasil. E-mail: linessa.busato@imed.edu.br

(2) Graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo IMED, Brasil. E-mail: memy_besser@hotmail.com

(3) Doutora em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP). Coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da IMED. Bolsa de Produtividade em Pesquisa da Fundação Meridional,

Brasil. E-mail: caliane.silva@imed.edu.br

Resumo:

As áreas verdes são de extrema importância não somente para a manutenção da qualidade da paisagem nas cidades, mas também da qualidade do clima e do ar do ambiente urbano, que interferem diretamente nas condições de saúde e bem-estar da população. Estudos têm mostrado os benefícios, em diversos aspectos, do contato visual e físico dos moradores com áreas verdes inseridas no espaço urbano. Neste sentido, faz-se extremamente importante o aprofundamento sobre estratégias projetuais e de avaliação da apropriação dos espaços abertos para incentivar o seu uso por parte da população. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo principal, investigar a percepção dos usuários em relação à Praça Capitão Jovino, localizada na cidade de Passo Fundo- RS, por meio da aplicação de questionários. Esta praça foi escolhida devido ao seu intenso uso se comparada às demais praças da cidade. Os resultados são importantes para compreender as necessidades dos usuários e pontos atrativos da praça, bem como para retroalimentar projetos futuros na área. para toda a cidade.

Palavras-chave: percepção usuários, áreas verdes, paisagismo.

Abstract: Green areas are extremely important, not only to maintain the quality of climate and air of

the urban environment, but also provide better health and well being of the population. Studies have shown the benefits in various aspects, contact with green areas for residents of urban space. In this sense, it is extremely important the deepening of projective strategies, ownership of open spaces to encourage people to seek more and more contact with urban green areas. This study aims, through the

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use of questionnaires to investigate the perception of users in relation to the square Captain Jovino, located in Passo Bottom line- RS. This square was chosen because of its heavy use compared to other squares. The results are important to understand the needs of users and attractive points of the square, and can in this way in future propose appropriate reforms and spaces that meet the requirements of leisure and community recreation, not only the location, but the whole city.

Keywords: perception users, green areas, landscaping.

1. INTRODUÇÃO

A importância das áreas verdes no espaço urbano tem sido amplamente discutida e estudada no meio acadêmico e profissional, tanto na área da arquitetura e urbanismo, quanto do planejamento urbano. Em linhas gerais, o foco dos estudos não abrange somente os aspectos bioclimáticos e ecológicos, mas também a influência que os espaços verdes abertos exercem sobre a qualidade de vida da população que o usufruem, visto que os mesmos são áreas de convivência social e de contato com a natureza.

Diversos fatores influenciam, direta e indiretamente, na utilização dos espaços públicos de uma maneira geral, tais como: a localização, se são ou não acessíveis e/ou visualizados por usuários em potencial; a atratividade, se os espaços são atrativos visualmente e convidativos para a população; a ergonomia, se os espaços e mobiliários são em número e dimensão adequadas e/ou cumprem com as funções originais a que foram destinados; a segurança; o bem estar físico e emocional, se o espaço fornecer alívio ao estresse causado, dentre outros aspectos, pela vida urbana atribulada e se contribui para melhorar a saúde e contribui para o bem estar emocional dos usuários; a funcionalidade, se o espaço é direcionado efetivamente à necessidades do grupo de usuários; a manutenção, se é fácil e econômica; a acessibilidade, se é acessível a toda a população, independente da faixa etária e/ou da condições de mobilidade do cidadão; conforto ambiental, especialmente se oferece ambiente fisiologicamente confortável, sobretudo, em momentos de pico, no que diz respeito ao sol e sombra; dentre outros fatores (MARCUS E FRANCIS, 1998, p. 9).

Apesar de sua extrema importância para as cidades de uma forma em geral, as áreas verdes em muitas cidades brasileiras não são tratadas com a devida importância ou atenção. Via de regra, esses espaços urbanos não são projetados adequadamente para atender as expectativas e necessidades da população ao qual são destinados. Os mobiliários e aparelhos urbanos, mormente, são insuficientes, de baixa qualidade e estão degradados, inviabilizado seu uso. Diante deste contexto, mostra-se comum vislumbrar espaços públicos, como praças e parques, vazios e sem o uso ao qual foi originalmente destinado.

Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é investigar sobre a percepção dos usuários que frequentam a Praça Capitão Jovino, identificando os aspectos peculiares que os atraem, quais os usos e espaços mais utilizados e as atividades realizadas pelas pessoas que usufruem do local. Além disso, o artigo tem como propósito investigar se a reforma da praça influenciou no aumento da frequência de utilização da mencionada praça. Este estudo é de caráter exploratório e introdutório, o qual se pretende aprofundar as análises e espaço amostral futuramente.

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A Praça Capitão Jovino está localizada no município de Passo Fundo- RS, mais precisamente no bairro Vila Rodrigues, próximo ao centro da cidade. Seu entorno se caracteriza por um uso do solo predominantemente residencial, possuindo algumas edificações comerciais e educacionais, essencialmente situadas na Avenida Presidente Vargas, uma das principais vias da cidade.

A reforma da supracitada Praça ocorreu em 2011, na ocasião da qual foram trocadas as pavimentações, os mobiliários urbanos e a iluminação, sendo suprimidos um sanitário público e um antigo chafariz degradado, além de algumas árvores. A aprovação do projeto foi feita pela Secretaria de Planejamento do município e também passou pela aprovação da Associação de Moradores do bairro e dos representantes da paróquia Santa Terezinha; entidades movimentadoras e cuidadoras da praça.

FIGURA 1 – Vistas dos espaços da Praça Capitão Jovino. Fonte: Autores (2016).

Atualmente a praça possui como equipamentos urbanos um playground, uma academia ao ar livre, bancos ao longo dos caminhos, luminárias, lixeiras e o túnel da literatura; tido como um monumento cultural de Passo Fundo. A fim de se obter informações a respeito da percepção dos usuários da Praça Capitão Jovino, e identificar as suas necessidades vinculadas aos espaços públicos abertos, foram elaborados e aplicados questionários focos em diferentes setores da praça, especialmente nos finais de semana – por serem os dias de maior movimento –, e em dias ensolarados e com temperaturas médias em torno de 20º C. Nesse sentido foram entrevistados 32 usuários , elencados aleatoriamente com distintas idades, sexo, grau de instrução e renda, com o propósito de serem levantadas o maior número de informações e variadas. A primeira identificação dos entrevistados foi por sexo e a faixa etária, em seguida foram aplicadas as perguntas abertas:

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1- Quantas vezes por semana você frequenta esta praça e há quanto tempo? 2- Você frequentava a praça antes de ser reformada?

3- Para qual finalidade utiliza a praça? 4- Quais espaços você usa da praça? 5- Quantas quadras você mora da praça? 6- Você mora em casa ou em apartamento? 7- O que você mudaria nesta praça? 2. RESULTADOS

Foram entrevistados 5 homens e 27 mulheres, com idades entre 15 e 70 anos. A maioria das pessoas entrevistadas eram casais e geralmente a mulher respondia às perguntas, sendo este fato importante para o número significativo de entrevistados femininos. Em relação ao grau de frequência, o resultado mostrou-se bem distribuído, sendo que 25% fazem uso esporadicamente do espaço, 25% frequentam, no mínimo, uma vez ao mês, 25% frequentam todos os finais de semana, 25% frequentam mais de uma vez por semana. Ao contrário do resultado esperado, 56% dos usuários que frequentam a praça todo final de semana e mais de uma vez por semana, não moram nas redondezas do equipamento, e sim a mais de 1 km do local. Uma das hipóteses era confirmar o limite crítico, de 5 a 10 minutos de caminhada ou até 300m de locomoção, encontrado em estudos realizados em cidades suecas por ULRICH (apud GRAHN, 1994).

As entrevistas mostraram resultados iguais em relação à frequência depois da reforma da praça em 2011: 50% frequentavam antes da reforma e 50% passaram a frequentar depois. Os usuários que usufruíam da praça antes da reforma acrescentaram comentários como: “ficou mais bonita”; “modificou o público”; “foi muito bom ter retirado o banheiro”; “ficou mais segura, mais iluminada, mais plana”; e “não vinha antes, pois era abandonada”. As expressões mais recorrentes foram “está mais bonita” e “mais aberta”; indicando que a percepção entre os fatores estéticos pode influenciar na frequência do espaço.

Os principais motivos que faz os usuários entrevistados a irem à Praça Capitão Jovino são para passear e realizar atividades de lazer. Na sequência, apareceram às opções passear com o cachorro e usar o playground e praticar o esporte de slackline. Dentre as atividades de passeio e lazer, estão englobados tomar chimarrão, contemplação da paisagem e do local e interagir/conversar com amigos. Os usos do espaço não se mostraram muito diversificados, mesmo deixando a opção de reposta livre, pelo fato da praça oferecer poucos equipamentos e um número limitado de mobiliário urbano. Um fato interessante é que a academia ao ar livre, situada no setor norte da praça, considerada como um dos seus diferenciais, não foi citada por nenhum entrevistado como atividade prioritária e/ou indutora de deslocamentos.

O mobiliário mais utilizado são os bancos, incluindo os bancos em cimento armado e revestimento de madeira fixos da praça e as cadeiras dos próprios usuários, dispostas à grama e em torno do playgound nos dias mais ensolarados. Os passeios e calçadas, de uma forma geral, são utilizadas principalmente para que as crianças andem de bicicleta e para a prática de caminhadas por parte dos adultos de diferentes sexos e idades.

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GRÁFICO 1 – Atividades praticadas no local. Fonte: Autores (2016).

GRÁFICO 2: Espaços e mobiliários mais utilizados na Praça. Fonte: Autores (2016).

Sobre a distância em que moram da praça, 37,5% dos entrevistados residem em até 4 quadras do local e, 62,5%, a mais de 1 km de distância da praça em questão. Este resultado, particularmente, surpreendeu ao se analisar os dados coletados nas entrevistas, pois muitas pessoas vinham de bairros que também tinham praças com infraestrutura adequada. Estes entrevistados também foram questionados acerca da justificativa para se percorrer um trajeto relativamente longo para a utilização da Praça Capitão Jovino. As respostas mais comuns foram: “porque é boa”; “tem wifi grátis”; “tem mais grama”; “é mais segura”; “mais plana”; “tem outros cães para iteração”; “ficou muito boa após a reforma”, dentre outras.

GRÁFICO 3: Itens a serem modificados na Praça. Fonte: Autores (2016).

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Outra curiosa justificativa foi a de que a praça é mais “aberta” que as outras da cidade. Das pessoas entrevistadas, 65% residem em apartamentos e 35% em moradias unifamiliares, confirmando uma das hipóteses esperadas, a de que a maioria dos usuários frequentava os espaços públicos para ter mais contato físico e/ou visual com áreas verdes amplas, não possibilitadas pela tipologia de sua moradia.

Quando foram questionados sobre quais as mudanças ainda necessárias no espaço e/ou na infraestrutura da Praça Capitão Jovino, os usuários apontaram a oferta de banheiro público e a disponibilização de bebedouros ao longo do seu perímetro. Vale ressaltar que a reinvindicação para a instalação de banheiro público foi feita, sobremaneira, pelos usuários que moram a mais de 1 km do local. Os moradores do entorno da praça, por sua vez, repudiam tal solicitação.

3. CONCLUSÃO

A diferença da porcentagem de usuários que frequentavam antes da reforma e somente depois da reforma não se mostrou relevante neste estudo em específico. Mas o número de pessoas que passou a frequentar o espaço após sua requalificação se mostrou considerável. Nesse contexto, foram mencionados variados aspectos positivos incorporados ao espaço relacionados à beleza e acessibilidade física e visual. Alguns entrevistados apontaram uma praça “mais aberta” e “mais bonita”; revelando uma melhora na percepção do espaço como um todo. Quando mencionado que a praça está “mais aberta”, pode-se interpretar a percepção da baixa densidade de vegetação relacionada à entrada de luz no espaço e a permeabilidade visual. Na sequência do estudo pode-se explorar mais a fundo o significado deste termo pelos usuários, dentre outros aspectos.

Outro resultado importante é de que a maioria dos frequentadores mora a mais de 1 km do lugar. O considerável deslocamento dos usuários para utilizar o referido espaço aberto justifica-se pela escassez de áreas verdes qualificadas na cidade de Passo Fundo. Desse modo, conclui-se que uma praça bem planejada, esteticamente agradável, que ofereça conforto e segurança ao usuário, bem como áreas destinadas a atividades de lazer e recreação, atrairá a população para o local, independente da distância a ser percorrida. Por fim, diante dos aspectos elencados, após sua reformulação, a Praça Capitão Jovino se tornou um espaço movimentado, seguro e procurado pelas pessoas; que poderá se conformar como um marco na cidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRAHN, P. Green Structure – The importance for health of nature areas and parks. European Regional Planning, no 56, 1994.

MARCUS, C., FRANCIS, C. People places: design guidelines for urban open spaces. New York: John Wiley & Sons, INC, 2ºed. 1998.

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