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Os dois ou o inglês maquinista (Martins Pena)

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Academic year: 2021

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Os dois ou o inglês maquinista (Martins Pena)

Personagens:

CLEMÊNCIA (maltrata os escravos. Quer casar a filha para enriquecer)

MARIQUINHA, sua filha (apaixonada por Felício)

JÚLIA, irmã de Mariquinha (10 anos)

FELÍCIO, sobrinho de Clemência (apaixonado por Mariquinha. Funcionário público)

GAINER, inglês (invenção: uma máquina de fazer açúcar a partir dos ossos)

NEGREIRO, negociante de negros novos (fortuna sem honestidade)

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[EUFRÁSIA]

[CECÍLIA, sua filha] (é possível apaixonar-se por vários homens ao mesmo tempo)

[JUCA, irmão de Cecília]

[JOÃO DO AMARAL, marido de Eufrásia] (conversas aleatórias, sem importância)

ALBERTO, marido de Clemência Moços e moças

Linguagem coloquial: Na peça note a presença de recursos típicos do gênero dramático: ausência de narrador, presença de rubricas (instruções em itálico ou entre parênteses que orientam o ator sobre cenário, traje e reações expressivas).

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Espaço: sala de estar de Clemência (a mãe viúva (?))

Enredo básico:

A peça em questão é de ato único e se passa no ano de 1842 no Rio de Janeiro. A trama gira em torno de Clemência e Mariquinha (respectivamente mãe e filha) e dos pretendentes da filha: um negociante de escravos (Negreiro), um especulador de inventos inúteis - como a máquina que transforma boi em carne e sapato...- (o inglês Gainer) e o primo de Mariquinha ( o também pretendente Felício). Mariquinha e seu primo Felício se amam, mas como este é pobre não há possibilidade de casamento. Aos pretendentes, Negreiro e Gainer, há uma

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crítica operada contra os dois personagens – ambos desejosos de obter a fortuna pessoal da jovem mediante o casamento – parece transcender à banalidade das tramas de Martins Pena. Funciona como metáfora da própria realidade nacional, dominada no plano econômico pelos traficantes e pelo capital inglês. Na cena inicial da peça está Negreiro a considerar a necessidade de se contar com juízes de 'bom senso' na hora de negociar a entrada ilegal de navios negreiros no país; para Negreiro, o juiz em agindo com honestidade 'fica na conta de pobre'. Na cena seguinte, há uma conversa entre Felício e Mariquinha, em que ele diz ter um plano para retirar Negreiro e Gainer como pretendentes à mão de Mariquinha. Para

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realizar seu intento, Felício promove uma intriga entre os dois homens. Diz a Gainer que Negreiro o chamou de velhaco. Os dois, quando se encontram, brigam em plena casa de Clemência, que descobre, em uma conversa com Negreiro, o interesse de Gainer não por ela, mas por sua ilha... a partir daí, Negreiro considera a possibilidade de casar-se com Clemência, supostamente viúva de um marido, Alberto. À chegada do pai de Mariquinha (Alberto), a quem todos julgavam morto, soma-se o conflito entre o inglês e o traficante, permitindo a revelação do caráter degradado dos dois pretendentes. Escondido, atrás da cortina junto com Negreiro, Alberto surpreende a própria esposa pedindo Gainer em casamento.

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Segue-se então, uma briga generalizada entre Gainer e Clemência contra Alberto e Negreiro; Gainer foge, Alberto acaba perdoando a mulher, por influência de seu sobrinho, Felício, a quem promete a mão de sua filha, Mariquinha. Negreiro sobra... Assim, Mariquinha e o primo Felício podem efetivar a relação amorosa, como se o brasileiro simbolicamente tomasse posse da riqueza da nação. A peça acaba com a festa dos Reis na casa de Alberto.

Sobre os Folhetins:

CLEMÊNCIA – Por mim, se não fossem os folhetins, não lia o Jornal. O último

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NEGREIRO – Eu? Nada. Não gasto o meu tempo com essas ninharias, que são

só boas para as moças.

O amor entre Felícia e Mariquinha: Felício -

Felício - Ouviste, prima, como pensa este homem com quem tua mãe pretende casar-te?

Mariquinha - Casar-me com ele? Oh, não,

morrerei antes!

Felício - No entanto é um casamento vantajoso. Ele é imensamente rico... atropelando as leis, é verdade; mas que importa? Quando fores sua mulher... Mariquinha - E é você quem me diz isso?

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Quem me faz essa injustiça? Assim são os homens, sempre ingratos! Felício - Meu amor, perdoa. O temor de perder-te faz-me injusto. Bem sabes quanto eu ter adoro; mas és rica, e eu um pobre empregado público; e tua mãe jamais consentirá no nosso casamento, pois supõe fazer-te feliz dando-te um marido rico.

Sobre os escravos:

CLEMÊNCIA – Não vale a pena mandar fazer vestidos de chita pelas francesas; pedem sempre tanto dinheiro! (Esta cena deve ser toda muito viva. Ouve-se dentro bulha como de louça que se quebra:) O que é isto lá dentro? (Voz, dentro: Não é nada, não senhora.) Nada? O que é que se quebrou

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lá dentro? Negras! (A voz, dentro: Foi o cachorro.) Estas minhas negras!... Com licença. (Clemência sai.)

EUFRÁSIA – É tão descuidada esta nossa gente!

JOÃO DO AMARAL – É preciso ter paciência. (Ouve-se dentro bulha como de bofetadas e chicotadas.) Aquela pagou caro...

EUFRÁSIA, gritando – Comadre, não se aflija.

JOÃO – Se assim não fizer, nada tem.

EUFRÁSIA – Basta, comadre, perdoe por esta. (Cessam as chicotadas.) Estes nossos escravos fazem-nos criar cabelos brancos. (Entra Clemência arranjando o lenço do pescoço e muito esfogueada.)

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CLEMÊNCIA – Os senhores desculpem, mas não se pode... (Assenta-se e toma respiração.) Ora veja só! Foram aquelas desavergonhadas deixar mesmo na beira da mesa a salva com os copos pra o cachorro dar com tudo no chão! Mas pagou-me!

Sobre os meias-caras:

CLEMÊNCIA – Deixe-o falar. A propósito, já lhe mostrei o meu meia-cara, que recebi ontem na Casa da Correção?

NEGREIRO – Pois recebeu um?

CLEMÊNCIA – Recebi, sim. Empenhei-me com minha comadre, minha comadre empenhou-se com a mulher do desembargador, a mulher do desembargador

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pediu ao marido, este pediu a um deputado, o deputado ao ministro e fui servida.

NEGREIRO – Oh, oh, chama-se isto transação! Oh, oh!

CLEMÊNCIA – Seja lá o que for; agora que tenho em casa, ninguém mo arrancará. Morrendo-me algum outro escravo, digo que foi ele.

FELÍCIO – E minha tia precisava deste escravo, tendo já tantos?

CLEMÊNCIA – Tantos? Quanto mais, melhor. Ainda eu tomei um só. E os que tomam aos vinte e aos trinta? Deixa-te disso, rapaz. Venha vê-lo, sr. Negreiro. [(Saem.)]

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1.Ao longo das décadas de 1820 e 1830, o Brasil firmou acordos internacionais e promulgou leis que declararam extinto o tráfico internacional de escravos e declararam livres os negros que entrassem em território nacional. A peça Os dois ou o inglês maquinista, escrita e encenada na década de 1840, põe em cena a permanência do comércio ilegal de escravos e o tratamento dispensado aos negros naquela sociedade. Nessa peça de Martins Pena:

a) Mariquinha recebe de presente dos seus pretendentes um pajem negro. Nessa cena, observa-se o esforço

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desmedido de Negreiro, que é capaz de cometer crimes para agradar a sua amada, postura adequada aos padrões românticos.

b) Clemência conseguiu comprar um escravo por intermédio de pessoas influentes. Preocupada com sua imagem na sociedade, ela mantém segredo quanto ao novo escravo, ocultando-o dos frequentadores da casa.

c) Felício refere-se a Negreiro como “um negociante de meia-cara”. A expressão, hoje em desuso, serve para julgar a falta de caráter de Negreiro, que usa de máscaras sociais para sustentar uma boa imagem perante a sociedade fluminense.

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d) o inglês Gainer ameaça denunciar o comércio ilegal de escravos. Suas ameaças são movidas pelo desejo de afastar da casa de Mariquinha o traficante de escravos, Negreiro, e não por preocupação com o cumprimento da lei.

e) personagens negros desempenham papéis secundários, como “o preto dos manuês”, um “preto de ganho” e os escravos da casa. Relegando-os aos bastidores da ação, o autor deixa entrever o aspecto secundário do tema da escravidão para sua comédia.

2.Leia o trecho abaixo, transcrito de Os dous ou o inglês maquinista.

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“Alberto: Oh, minha ausência, minha ausência!

Negreiro: A mim não me matarás! Safa, em suma.

Alberto: A que cenas vim assistir eu em minha casa!”

Explique quem é Alberto no contexto da ação da peça e qual o papel que ele irá desempenhar em seu desfecho.

Respostas:

1.D

2.É o marido de Clemência. Volta após dois anos sumido. Não estava morto e

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sim prisioneiro. Ele representa o triunfo do bem, da virtude e da moral.

Referências

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