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O ENFOQUE CULTURAL NO ENSINO DE ALEMÃO E AS NOVAS MÍDIAS

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II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES

Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula

09 e 10 de fevereiro de 2017

Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon

1

O ENFOQUE CULTURAL NO ENSINO DE ALEMÃO E AS NOVAS

MÍDIAS

Djeisci Monique Maldaner (UNIOESTE)1 Elisangela Redel (Orientadora - UNIOESTE)2

Resumo: Ensinar uma língua estrangeira, de acordo com as DCES (2008), é aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos, permitindo reconhecer os diferentes propósitos comunicativos no uso da língua. É, também, ensinar e compreender a cultura do outro, analisar as questões e implicações sócio-políticas e, ainda, desenvolver uma consciência crítica e transformadora diante desta língua. Nesse sentido, este trabalho discutirá o enfoque cultural e as novas mídias no ensino de Língua Alemã, com base nos resultados do Estágio Supervisionado em Língua Alemã, realizado no Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, junto a uma turma de CELEM. Com base nos pressupostos teóricos de Bohunovsky (2009; 2005), DCES (2008), Rojo (2015), Uphoff (2009), Voerkel (2014), Wink (2011) e Wucherpfennig; Oliverira (2011) buscou-se mostrar aos alunos alguns aspectos importantes da cultura alemã (música, culinária, estereótipos e curiosidades) por meio da utilização de mídias e textos autênticos. Os resultados desta experiência foram muito positivos, porque foi possível construir, em conjunto com os alunos, um olhar crítico sobre a forma de eles verem a cultura de si e a do outro (por exemplo: os alemães nem sempre são pontuais; na Alemanha há, também, pobreza, lixo e crianças abandonadas; nem todo brasileiro sabe sambar, etc.).

Palavras-chave: Língua Alemã. Cultura. Mídia.

Considerações Iniciais

Quando se fala em ensino de língua estrangeira, muitas são as ideias e propostas que nos cercam. De acordo com Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua Estrangeira Moderna (doravante, DCES) (2008, p. 53), o estudo de uma língua estrangeira apresenta-se como “um espaço para ampliar o contato com outras formas de conhecer, com outros procedimentos interpretativos de construção da realidade”, ou seja, a língua estrangeira tem como propósito o discurso em si em todo seu contexto social e político, construindo significados para si e não apenas códigos para transmissão.

1

Graduanda do quarto ano do curso de Letras/ Alemão na Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

campus Marechal Cândido Rondon. E-mail: djeisci.maldaner@hotmail.com

2 Professora Colaboradora de Língua Alemã no Curso de Letras - Português Alemão/Inglês/Espanhol da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon. Doutoranda em Letras (Língua e Literatura Alemã) pela Universidade de São Paulo (USP).

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Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula

09 e 10 de fevereiro de 2017

Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon

2 As DCES (2008) mencionam que, o ensino/aula de língua estrangeira deve ser um espaço em que o aluno compreenda a diversidade cultural e linguística, de modo que também “[...] se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social”. (PARANÁ, 2008, p.53). Nesse sentindo, Bohunovsky (2005, p. 332) também menciona que o contato com outra cultura traz sempre coisas novas, outras formações discursivas, ideologias e imaginários ligados à língua em si.

Desta forma, partindo dos pressupostos teóricos de Bohunovsky (2009; 2005), DCES (2008), Rojo (2015), Uphoff (2009), Voerkel (2014), Wink (2011) e Wucherpfennig; Oliverira (2011), o propósito deste trabalho é trazer considerações sobre o enfoque cultural e as novas mídias no ensino de Língua Alemã, com base nos resultados do Estágio Supervisionado em Língua Alemã, realizado no Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, junto a uma turma de CELEM3.

O ensino da língua alemã e o enfoque cultural

A situação do ensino de alemão no Brasil ainda está muito distante do idealizado. Segundo Bohunovsky (2005), há muitos imaginários que comprometem o processo de ensino de alemão como língua estrangeira no Brasil, como, por exemplo, o de que este idioma é inacessível e extremamente difícil de ser compreendido/dominado. Isto porque, “assim como a ‘beleza’ do francês e a ‘importância’ do inglês, a ‘dificuldade’ do alemão ajuda a manter imaginários que atribuem a essas três línguas um suposto nível superior em comparação com outras”, menciona Bohunovsky (2005, p. 335). Diante disso, o aluno já inicia a aula no convencimento de que terá uma grande dificuldade para aprendê-la.

Nos livros didáticos, Buhonovsky (2009) também chama atenção para a forma como a(s) cultura(s) de si e do outro estão representadas. Os livros que são importados da Alemanha, por exemplo, abordam situações comunicativas bem distantes da realidade do estudante “brasileiro”, ou seja, “o aprendiz brasileiro que estuda a língua alemã se aproxima dessa língua com base num livro feito para um público-alvo do qual não faz parte” (BOHUNOVSKY, 2009, p. 336).

3 Disponível em: <http://www.lem.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=345>. Acesso

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3 A partir destas considerações, optou-se por trabalhar no Estágio Supervisionado de Língua Alemã a temática “Deutsche Kultur”. Para trabalhar com questões culturais da Alemanha e, sobretudo, buscar junto dos alunos desconstruir determinados estereótipos sobre os alemães, selecionou-se diferentes gêneros textuais, valendo-se, principalmente, de reportagens do Deutsche Welle4, como também de diferentes estilos musicais alemães5. Tais escolhas não são gratuitas e estão teoricamente amparadas nos autores Bakthin (1992), Antunes (2007), Bohunovsky (2009) e nas DCES (2008, p. 64), que afirmam o seguinte: “A aula de LEM deve ser um espaço em que se desenvolvam atividades significativas, as quais explorem diferentes recursos e fontes, a fim de que o aluno vincule o que é estudado com o que o cerca.”. Daí a necessidade de o texto e gêneros escolhidos pelo professor serem autênticos, para que neles o aluno consiga projetar e refletir suas próprias vivências e experiências e, ao mesmo tempo, ampliar seu horizonte de expectativas e conhecimento. A título de exemplo, buscou-se mostrar, trazendo um rico e diferenciado repertório musical alemão, que a música alemã não é sinônima e/ou se restringe às bandas presentes na Oktoberfest local, de MCR.

De todo modo, é preciso planejar aulas diversificadas e com enfoque intercultural, isto é, buscar por materiais além do livro didático, que complementem as aulas e auxiliem o “encontro” dos alunos não só com a língua, mas também com a cultura alemã. Esta posição está em consonância com Uphoff (2009, p. 71), que menciona o seguinte: “a função do professor [...] consiste em ajustar o livro didático à situação concreta da sala de aula e traduzir o planejamento do dispositivo em ações de ensino”. Isto implica dizer que “o professor não pode [...] trabalhar com esse livro didático ‘página por página’ / ‘do início até o final’, mas precisa organizar, ele mesmo, a sequência do programa de ensino” (NEUNER; HUNFELD, apud UPHOFF, 2009, p. 66). Por isso, utilizou-se do livro didático de língua alemã, empregado pela turma de CELEM, Wie geht’s, apenas uma atividade relacionada à cultura alemã e seus pontos turísticos.

O enfoque intercultural, segundo Neuner (2001), tem como objetivo principal a comunicação, que ocorre com base em diferentes “temas do cotidiano”. É a partir destes assuntos que os alunos apresentam mais facilidade em se comunicar e compreender o conteúdo em outra língua.

4 Disponível em:

<http://www.dw.com/pt-br/quase-2-milh%C3%B5es-de-crian%C3%A7as-vivem-na-pobreza-na-alemanha/a-19545489>. Acesso em: 18 dez. 2016.

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4 Também é importante mencionar que não há método perfeito. Nesse sentido, Leffa (2012, p. 407) afirma que, “após tantos métodos expostos e estudados, chegava-se à conclusão que cabia ao professor decidir o que fazer na sala de aula, partindo de seu contexto de atuação, considerando a realidade dos alunos e a relação com outras áreas de conhecimento.”. Diante do exposto, é perceptível que a organização, análise e autonomia para planejar as aulas partem inteiramente do professor.

No que se refere ao uso de mídias no ensino de alemão, é importante e necessário que o professor consiga utilizar todos os materiais disponíveis na escola, inclusive as mídias e/ou materiais tecnológicos. Quando um professor elabora seu próprio material pedagógico, de acordo com as DCES (2008, p. 69), ele possibilita “flexibilidade para incorporar especificidades e interesses dos alunos, bem como para completar a diversidade do assunto em foco”.

De acordo com Wucherpfennig e Oliverira (2011), atualmente, os professores, de modo geral, ainda possuem muito receio em trabalhar com ferramentas tecnológicas (gramáticas, dicionários, corretores ortográficos), embora estas sejam muito positivas para um aprendiz de língua estrangeira, pois auxiliam no processo de ensino-aprendizagem de maneira interativa e atraente para o aluno, inserido em uma era de crescimento tecnológico.

Nesse sentido, “ao fazer o uso das mídias em sala de aula, os alunos dão um importante passo em direção à sua própria autonomia de aprendizagem, após o direcionamento inicial fornecido pelo professor”. (WUCHERPFENNIG; OLIVERIRA, 2011, p. 105). Assim, as novas tecnologias têm influenciado significativamente no ensino de línguas.

Considerações finais

A questão cultural precisa ser integrada às aulas de Língua Estrangeira. Também é necessário desenvolver, juntamente com os alunos, competências de interpretação e senso crítico, para lidar com representações e estereótipos referentes às diferentes culturas, inclusive a do aluno. Tal tarefa já inicia na avaliação e seleção do livro e material didático que será utilizado nas aulas de Língua Estrangeira, visto que, como Wink (2011, p. 194) menciona, “no caso do ensino de alemão no distante país Brasil, onde apenas uma minoria dos estudantes de alemão tem a oportunidade de conhecer pessoalmente o país da língua

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5 alvo, o livro didático não só predomina, mas praticamente substitui a realidade.” De todo modo, é papel do professor discutir com os alunos os efeitos de sentido provocados pelo livro didático e suas consequências para a criação e manutenção de imaginários, estereótipos e preconceitos.

Acrescenta-se a isso, com base em Rojo (2015), a necessidade e importância de utilizar em sala de aula mídias e novas tecnologias que despertem, motivem e auxiliem o aluno em seu processo de ensino-aprendizagem. Em tempos de novas tecnologias e, portanto, de novas linguagens (ROJO, 2015), a própria concepção de ensino e aprendizagem passa a ser reavaliada e reformulada.

Referências

BOHUNOVSKY, Ruth. Imagens de uma língua: reflexões sobre o ensino de alemão como língua estrangeira no Brasil. Pandaemonium germanicum, p. 327-344. 9/2005.

______. O ensino de línguas estrangeiras no Brasil e a “compreensão do estrangeiro”: o papel da tradução. In: Horizontes de Linguística Aplicada. v. 8, n. 2, 2009, p. 170-184.

LEFFA, Vilson J. Como produzir materiais para o ensino de línguas. ______ (Org.). Produção

de materiais de ensino: prática e teoria. 2. ed. Pelotas: Educat, 2007, p. 15-41.

LOPES, Diana Vasconcelos. As novas tecnologias e o ensino de línguas estrangeiras. Unibratec, 2013. p. 1-17. Disponível em: <http://www.unibratec.edu.br/tecnologus/wp-content/uploads/2012/08/tecnologus_edicao_06_artigo_01.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2016. MUNI. Methoden FIFA. Methoden des Fremdsprachen Unterrichts. Disponível em: http://is.muni.cz/el/1421/podzim2013/NJII_102/Methoden_FIFA.pdf>, acesso em 29 de jul. de 2016.

PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica Língua Portuguesa. Curitiba: MEC, 2008.

ROJO, Roxane; BARBOSA, Jacqueline P. Gêneros do discurso, multiletramentos e

hipermodernidade. 1. ed. São Paula: Parábola Editorial, 2015. p. 86-146.

UPHOFF, Dörthe. O poder do livro didático e a posição do professor no ensino de alemão

como língua estrangeira. Campinas, São Paulo. 2009, 178 p.

VOERKEL, Paul. O planejamento de aulas de alemão como língua estrangeira: importância e modelos. MOURA, Magali dos Santos, et al. (Org) Ensino-aprendizagem de alemão como

língua estrangeira: teoria e praxis. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014, 206 p.

WINK, Georg. A eterna volta dos estereótipos: uma revisão crítica do atual enfoque intercultural. BOHUNOVSKY, Ruth (Org.). Ensinar alemão no Brasil: contextos e conteúdos. Curitiba: UFPR, 2011, p. 189 - 217.

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09 e 10 de fevereiro de 2017

Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon

6 WUCHERPFENNIG, Norma; OLIVERIRA, Paulo S. X. de. Passagem para o virtual: as novas mídias. BOHUNOVSKY, Ruth (Org.). Ensinar alemão no Brasil: contextos e conteúdos. Curitiba: UFPR, 2011, p. 99- 121.

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