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Dois contributos complementares para a teologia da unidade de Deus no Egipto: Erik Hornung e Jan Assmann. URI:

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Academic year: 2021

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Hornung e Jan Assmann

Autor(es):

Marques, Pedro Miguel Correia

Publicado por:

Instituto Oriental da Universidade de Lisboa

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24153

Accessed :

19-Jun-2021 08:26:34

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CADMO

R evista do Instituto O riental

U niversidad e de Lisboa

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TEOLOGIA DA UNIDADE DE DEUS NO EGIPTO:

ERIK HORNUNG E JAN ASSMANN*

Por PEDRO MIGUEL CORREIA MARQUES

Mestrando de História e Cultura Pré-Clássica

O estudo da religião egípcia constitui um dos vários aspectos da Egiptologia e tem suscitado fortes e acesos debates. Uma das ques- tões principais destes debates reside na interrogação sobre 0 carácter da religião do Antigo Egipto. Desde os inícios da Egiptologia que vários autores pretenderam aplicar à religião egípcia «le cadre conceptuel (...) inadéquat et incapable de clarifier les réalités du panthéon égyptien»(1), compreendendo o monoteísmo, 0 politeísmo, o henoteísmo e o pan- teísmo, devido ao facto de terem sido cunhados numa época posterior ao Antigo Egipto e inseridos numa óptica monoteísta.

Não pretendemos no âmbito do presente trabalho definir os con- ceitos ou expor a evolução da investigação egiptológica relativa a es- tas questões, remetendo para alguma bibliografia que analisa os vários conceitos e teorias, nomeadamente Erik Hornung®, Jan Assmann<3) e José Nunes Carreira(4). Os contributos de Erik Hornung, com a publi- cação do seu livro Les Dieux de l ’Egypte. L’Un et le Multiple, em 1971, e de Jan Assmann, com a sua obra Egyptian Solar Religion in

the New Kingdom. Re, Amun and the Crisis of Polytheism, em 1984,

foram decisivos para uma melhor clarificação do tema. Assmann con- sidera o «pensamento do uno»<5) e Hornung defende que «le Un et le multiple (...) favorise (...) une approche nouvelle de la réalité de la notion de dieu»(6), se bem que considere que «il est probable que même des termes nouveaux, améliorés n’engloberont jamais la richesse totale de la nature d’un dieu»(7).

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Na órbita desta consideração relativa ao Uno e aos múltiplos, estabelecemos 0 tema deste trabalho, centrando-nos numa divindade. Deste modo, pretendemos estudar a unicidade do deus Ré.

Ré era 0 deus solar egípcio. O seu principal santuário localizava- -se na lunu do Norte, Heliópolis, que constituía a capital do XIII nomo do Baixo Egipto. O principal objecto sagrado deste santuário era um obelisco, que simbolizava um raio de sol petrificado e sob a forma do qual o deus Ré era cultuado. O obelisco era a pedra benben, estando relacionado com os tempos primordiais. Segundo as concepções egíp- cias, Ré ou a ave Benu (fénix) quando saíram do Nun, que constituía

0 caos ou as águas primordiais, tinham pousado na pedra benben, antes da criação do mundo. A importância desta pedra no culto do deus Ré era preponderante, denominando-se 0 templo de Hut Benben, isto é, 0 palácio do obelisco. A ave Benu, assim como 0 boi Meruer, era adorada como uma manifestação da divindade. O falcão, 0 leão e

0 gato eram os outros animais que se relacionavam com a divindade, assim como o iched, a árvore sagrada de Heliópolis.

Evolução histórica

A importância do deus Ré provém do Império Antigo, nomeada- mente da IV dinastia. O terceiro faraó desta dinastia, Djedefré, incluiu na sua nomenclatura real 0 título de Sa Ré («filho de Ré»)(8). O seu irmão e sucessor, 0 faraó Khafré, constituiu oficialmente este título como seu quinto nome, prática que foi generalizada por todos os reis egipcios'91. Deste modo, Ré tornou-se uma divindade de cariz nacio- nal, protector da realeza. O rei era 0 filho do deus na terra, legitimando

0 seu próprio poder e governando 0 Egipto de acordo com a ordem estabelecida por Ré na criação(10). Consequentemente a cidade de Ré, Heliópolis, foi considerada 0 «centro espiritual do Egipto e berço teó- rico do próprio faraonato»(11).

Na V dinastia a relação entre 0 deus Ré e a realeza fortaleceu-se. Segundo 0 quarto conto do Papiro Westcar, Ré ter-se-ia unido carnal- mente com a esposa de um sacerdote de Heliópolis e desta união teriam nascido os três primeiros monarcas da V dinastia(12), Userkaf, Sahuré e Neferirkaré Isesi. Os textos egípcios referem a existência de seis templos do deus Ré, construídos na V dinastia. No entanto, apenas

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se conhecem as ruínas de dois templos. Um é o templo solar de Userkaf e o outro é o templo solar de Niuserré, quarto faraó da V dinastia, ambos localizados em Abusir (Abu Gurab)<13). No reinado de Niuserré acentuou-se a influência do culto solar na ideologia real.

No Império Novo 0 deus solar adquiriu poderes universais, incluindo na sua esfera os estrangeiros, devido ao facto de 0 Egipto se ter tor- nado uma potência mundial. Segundo Assmann, a religião solar egíp- cia no Império Novo apareceu «as a closely guarded secret cosmo- logy, depicted in royal tombs as “underworld books” for the use of the king in the after life (...); as a set of hymns located in countless non- -royal tombs, which praise the solar journey in its polytheistic form as a joint operation between the sun god and a «personal sphere (...); as a sort of monotheism that regards the sun as the natural manifestation of the uniqueness of god»(14). O culto solar caracterizava-se pelos mis- térios, com uma tradição apenas conhecida pelo faraó e sacerdotes. Neste âmbito, 0 faraó desempenhava a função de sacerdote solar e ao praticar os mistérios preservava a ordem cósmica e incluía a hu- manidade na viagem solar, garantindo a si próprio a participação nesta após a sua morte. Os hinos constituíam a poesia em honra do deus solar. No Império Novo estes poemas pertenciam apenas aos inicia- dos nos mistérios, sendo apanágio dos túmulos reais. Somente na Época Baixa começaram a ser utilizados em túmulos não reais. A presença de hinos em túmulos revela 0 processo teológico da religião solar nas dimensões temporal, espacial, sociológica e também histó- rica<15). Os hinos solares nasceram no seio de um debate acerca de algumas questões da religião solar egípcia, constituindo alguns deles uma expressão textual de um movimento espiritual e religioso. A ques- tão central do debate teológico era a articulação de um conceito de unidade do divino, que os próprios hinos inseriram na religião solar. «The uniqueness or oneness of god is the central theological problem of the New Kingdom»(16>. A concepção de deus e os conceitos de unidade e pluralidade relacionavam-se com uma «crise do politeísmo», que despontou na religião egípcia devido ao facto de o Egipto ter atingido no Império Novo e principalmente no período ramséssida um nível elevado de literatura e no seio da qual se produziu um discurso teológico·171. Este processo conduziu a uma nova teologia solar, que surgiu após o reinado de Amen-hotep III, nos textos das cidades de Tebas e Mênfis. Este faraó considerava as suas estátuas como mani- festações do deus Ré. Antes deste reinado, na XVIII dinastia, foi cultuado em Deir el-Bahari 0 deus Ré-Horakhti nos templos funerários reais, nomeadamente no templo funerário de Hatchepsut. O sucessor

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desta rainha, 0 faraó Tutmés III, iniciou a construção de um templo a Amon-Ré e Ré-Horakhti em Amada, construção que foi prosseguida por Amen-hotep II. Na XIX dinastia o culto solar atingiu 0 seu apogeu(18). Seti I incluiu uma capela dedicada a Ré-Horakhti no seu templo em Abidos. Com 0 seu sucessor, Ramsés II, ocorreu uma deificação do faraó vivo, sendo este uma imagem de Ré, que iluminava 0 mundo como 0 disco solar. O templo principal de Abu Simbel era dedicado ao próprio faraó deificado, Ramsés II, e a Ptah, Amon-Ré e Ré- -Horakhti. Este faraó construiu ainda um templo núbio em El-Derr dedi- cado a algumas divindades, entre as quais Ré-Horakhti, e num dos templos de EI־Kab existia um templo também desta divindade. O faraó Merenptah, defendeu ser ele próprio «o disco solar da humanidade, que afasta as trevas do Egipto»(19).

Características de Ré

A religião egípcia era composta por vários deuses. Segundo a concepção egípcia os deuses eram semelhantes aos seres vivos, na medida em que também eram gerados, nasciam, cresciam, envelheciam e morriam, inclusivamente os deuses criadores, primordiais a todos os outros. A morte dos deuses localizava-se temporalmente no fim dos tempos e apenas 0 deus criador sobreviveria ao lado de Osiris no caos primordial, que era intemporal.

Na VI dinastia, Ré foi considerado 0 principal deus criador. A sua cosmogonia indicava que Ré tinha emergido do Nun primordial ou nascido sob a forma da ave Benu e tinha-se colocado em cima da pedra benben, de onde procedeu à criação de todas as coisas. Também se considerava que Ré teria saído das pétalas de uma flor de lótus, que teve a sua origem no oceano primordial. Uma das representações iconográficas da divindade indicava este nascimento, consistindo numa criança real emergindo da primordial flor de lótus. Sendo o deus criador era concebido como o pai dos deuses(20). Uma versão mitológica apresentava Ré como filho dos deuses Geb e Nut, 0 que se relacio- nava com a concepção egípcia de uma mãe de todos os deuses(21). Ré era considerado ainda como pai de Maet, o que se relacionava com 0 facto de ser o criador universal de todas as coisas, inclusive da «ordem cósmica que veio à existência quando no momento da criação o caos foi repelido»1221. Ré detinha igualmente a paternidade dos homens. Deste modo, a humanidade era denominada de rebanho de Ré. O mito do olho de Ré explicava a origem dos homens das

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lágrimas do deus, baseando-se na semelhança fonética entre lágrimas

{remit) e homens (remetj){23).

Um dos mitos do deus Ré, o «Mito da Vaca do Céu», centrava- -se na questão do envelhecimento do deus criador, Ré, 0 que amea- çava a ordem do mundo. A própria viagem solar era semelhante à vida humana, pois 0 Sol nascia de manhã, como uma criança recém- nascida, atingia a sua maturidade ao meio-dia e morria ao entardecer, como homem velho, penetrando no mundo dos mortos. Todos os mortos pretendiam ressuscitar, acompanhando Ré na sua barca divina. Inicial- mente a ressurreição era apanágio do faraó, que após a sua morte tornava-se Osiris e Ré. As pirâmides, consideradas réplicas da colina primordial, eram construídas de modo a facilitar a ressurreição real e a união do rei com 0 deus solar(24). Posteriormente considerou-se que todos os defuntos poderiam ter acesso à osirificação e à ressurreição, que constituíam os seus principais desejos na eternidade, pois torna- vam-se Osiris no mundo dos mortos, adquirindo a divinização, e pode- riam sair do mundo dos mortos acompanhando 0 deus Ré na sua barca solar. Deste modo, nos livros funerários do Império Novo, 0 mo- tivo dominante era a morte e a ressurreição de Ré. No entanto, apenas os eleitos poderiam ressuscitar.

A ressurreição do deus Ré relacionava-se com a criação do mundo e inseria-se na concepção egípcia da regeneração constante da vida. Existem duas representações que nos esclarecem acerca da ressur- reição de Ré. Uma constitui a última imagem do «Livro das Portas», que consistia no deus solar dentro da sua barca a elevar-se do Nun todas as manhãs. A outra figura nos «Textos das Pirâmides», nos quais a deusa Nut era apresentada a conceber 0 Sol. A deusa engo- lia 0 deus solar pela boca ao anoitecer, que atravessava o interior do seu corpo durante a noite e renascia pelo órgão sexual feminino como um novo Sol. «En termes temporels aussi, la régénération n’est possible qu’à l’extérieur du monde ordonné de la création»*25*. Deste modo, o deus Ré morria à noite, entrando no caos rejuvenescedor. A morte procedia à renovação do mundo. O caos primordial purificava e vivificava 0 deus Sol, que renascia rejuvenescido de manhã. Uma vez que saía do caos, como no tempo primordial, recriava-se deste modo diariamente 0 mundo, que se regenerava/rejuvenescia, renovando-se perpetuamente a obra de criação e regressando esta à perfeição das origens. A imagem de Ré a sair da deusa Nut fortalecia a ideia do renascimento e de regresso à origem. Estas concepções conduziram à ideia que a morte era a passagem para o outro mundo e que podia ser ultrapassada.

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O inimigo de Ré também ressuscitava. Este era a terrível ser- pente Apopis, que simbolizava 0 caos e pertencia à não-existência. O conflito tinha começado no preciso momento em que Ré saiu do Nun primordial e ocorria diariamente, sendo a função do deus proteger a sua criação. O deus Ré e a tripulação da barca solar tinham que vencer Apopis todos os dias, cuja função era impedir a passagem do Sol, pois apesar de ferida e morta, a serpente era indestrutível, mor- rendo e ressuscitando todos os dias, para cumprir o seu papel no ciclo solar. A vitória diária do deus Ré sobre 0 seu inimigo e sobre a morte garantia ao egípcio a sua própria existência pessoal e poli- tica(26). Alguns livros funerários referem 0 confronto, nomeadamente 0

«Livro das Portas» e 0 «Livro de Amduat», que localizam a luta na sexta hora do dia e na sétima hora da noite, respectivamente.

Antes da criação existia um estado de não-existência com um potencial de fertilidade elevado, que permitia a regeneração do deus solar. Erik Hornung definiu bem este estado(27). Segundo este autor, a não-existência «est une et indifférenciée»<28), caracterizando-se por «une unité indivisible de deux choses»(29). A dualidade consistia na justaposição de dois conceitos complementares, que constituíam a unidade. O deus criador imiscuiu-se da não-existência, criando-se a si próprio. No início, ele era uno e andrógino, contendo os dois sexos, sendo o «père des pères et mère des mères»(30). No processo de criação dividiu os dois sexos no primeiro casal divino, Chu e Tefnut, dando origem a uma multiplicidade diversificada da existência. Esta multiplicidade tinha origem na unidade dual da não-existência, à qual a existência pertencia e que impregnava toda a criação. O Uno da não-existência na criação tornava-se o múltiplo da existência. Devido ao facto de 0 deus criador engendrar uma multiplicidade na criação, recebe 0 epíteto de «aquele que se transforma em milhões».

Como deus cósmico e criador, Ré tinha uma natureza rica e va- riada, caracterizando-se por uma multiplicidade de nomes, formas e atributos, que indicavam uma realidade mítica ou cultual. De facto, «aucune de ses images ne révèle la forme véritable d’un dieu, et aucune n’est en mesure d’englober la richesse totale de sa nature (...). Chaque image constitue une expression puissante mais en dernière analyse limitée et imparfaite de la nature et de la réalité de la divinité représentée»*311, pois apenas revelava uma ínfima parte da natureza complexa da divindade, cuja forma verdadeira era oculta e misteriosa. O «Mito do Poderoso Nome Secreto de Ré» centra-se na questão da multiplicidade de nomes do deus Ré e no desconhecimento do seu verdadeiro nome: 0 deus ardente. Isto relacionava-se com o facto de

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os egípcios concederem um grande poder aos nomes divinos. Quando Ré enumerou a ísis os seus epítetos, terminou com as suas três mani- festações principais, que serão explanadas mais à frente: Khepri de manhã, Ré ao meio-dia e Atum ao entardecer.

Existia um livro, a «Litania do deus Sol», datado da XVIII dinas- tia, no qual 0 deus solar era assimilado a várias divindades e onde são apresentados 75/76 nomes do deus solar. Isto relacionava-se com a multiplicidade de nomes, formas e manifestações de uma divindade, assim como com 0 processo de sincretismo.

O carácter múltiplo de Ré e o facto de ser considerado o verda- deiro deus criador favoreceu o sincretismo com outras divindades, in- elusive deuses criadores, nomeadamente Khepri, Atum (Ré-Atum), Hórus (Ré-Horakhti), Osíris (Ré-Osíris/Osíris-Ré), Sobek (Sobek-Ré), Khnum (Khnum-Ré), Montu (Montu-Ré) e Amon (Amon-Ré). Erik Hornung definiu com muita claridade 0 processo sincrético das divin- dades egipcias132*. Este autor considera que o sincretismo baseava-se numa combinação entre deuses e não numa fusão, de modo que con- tinuavam a existir paralelamente cada uma das divindades separadas e 0 deus resultante da união, que poderia ocorrer entre duas, três ou quatro divindades. O sincretismo egípcio era oposto ao monoteísmo, na medida em que não existia uma fusão completa em um único deus, pois o divino egípcio caracterizava-se por uma multiplicidade de formas.

O poder que Ré adquiriu na IV dinastia originou a substituição do papel do deus Atum em Heliópolis por Ré, ocorrendo um processo sincrético entre os dois deuses, que está atestado nos «Textos das Pirãmides»<33). Atum era 0 senhor primitivo de Heliópolis e a divindade primordial da Enéade heliopolitana. Segundo esta concepção teoló- gica, Atum tinha-se criado a si próprio, saindo do Nun, 0 caos primor- dial, e gerou Chu, a personificação do ar, e Tefnut, a personificação da humidade e do orvalho, que por sua vez geraram Geb, a terra, e Nut, o céu. Estes geraram os deuses Osíris, ísis, Set e Neftis. Como acrescento tardio à Enéade, considerava-se que Osíris e ísis haviam concebido Hórus, que teve quatro filhos Imseti, Hapi, Duamutef e Kebehsenuef. A Enéade heliopolitana era a mais importante congrega- ção de deuses do panteão egípcio, constituindo uma cosmogonia com passagem à história, pois Chu, Tefnut, Geb e Nut representavam os diversos compostos do mundo e Osíris, ísis, Set e Neftis eram os heróis primordiais(34). Atum era uma divindade ctónica, cujo nome sig- nificava «O Completo», aquele que existe por si próprio, aquele que se completou a si mesmo, indicando uma totalidade perfeita. Deste

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modo, Atum representava 0 Sol do entardecer, completando a viagem diurna de Ré(35).

Nos «Textos das Pirâmides» da V dinastia, o deus Sol aparece no seu nome de Khepri. Este era 0 deus-escaravelho, cujo nome tem

0 significado de «Aquele que vinha à existência». Isto relacionava-se com o facto de os escaravelhos nascerem espontaneamente de mon- tículos de excremento, 0 que os associava à criação e à ressurreição. Deste modo, Khepri era 0 Sol matinal, que nascia/renascia todos os dias.

O sincretismo de Ré com Hórus originou Ré-Horakhti, que cons- tituía a forma hieracocéfala do deus Sol. Este era 0 Sol do horizonte,

0 Sol quando atingia 0 seu zénite ao meio-dia. Ré era representado iconográficamente por um homem com cabeça humana ou de falcão, tendo em cima desta 0 disco solar, que era rodeado pela serpente

uraeus. O deus segurava em cada mão 0 símbolo ankh e 0 ceptro

uase, que estavam relacionados com as características da divindade.

Este modo de representar Ré era semelhante à iconografia de Ré- -Horakhti, tendo-nos informado oralmente 0 Professor Josep Padró que apenas existe uma atribuição segura a uma das divindades quando

0 seu nome aparece escrito ao lado da figura.

Khepri, Ré-Horakhti e Atum constituíam as três formas diurnas do deus Sol, cuja forma tripla era visível na própria esfinge(36).

O sincretismo entre Ré e Osíris relaciona-se com 0 facto de o deus Sol no decurso da viagem solar entrar no reino dos mortos à noite. No entanto, «les théologiens» égyptiens (...) évitent, de manière délibérée, de concevoir ce lien entre Rê et Osiris comme étant un syncrétisme»*37*. O autor defende que a aproximação correcta figura no túmulo de Nefertari, esposa de Ramsés II, e numa variante desta representação do período ramséssida. Na figura, ísis e Neftis adoram Ré e Osíris sob a forma de uma múmia com cabeça de carneiro encimada pelo disco solar. Este era Efu-Ré, 0 carneiro sagrado do mundo subterrâneo. Na legenda que acompanha esta representação iconográfica e na sua variante encontramos definida a natureza da união das duas divindades. Quando Ré descia para o mundo dos mortos morria e tornava-se Osíris, integrando-o de modo a que se tornassem um só corpo. Deste modo, Osíris tornava-se 0 Sol da noite, despertando os mortos. Segundo 0 «Livro de Amduat», a união entre os dois deuses ocorria na sexta hora da noite. Este livro e o «Livro dos Mortos» consideravam Ré e Osíris uma unidade, sendo o deus resultante da união o deus que presidia ao julgamento dos mortos<38). Esta união permitia a continuidade da vida, pois unia-se 0 ontem

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(Osiris) com 0 amanhã (Ré)(39). A união entre as duas divindades dis- solvia-se quando Ré saía do mundo dos mortos todos os dias, sob a forma de Khepri, ressuscitando da morte nocturna.

Não obstante a multiplicidade de nomes, formas, representações iconográficas e sincretismos das divindades egípcias, estas eram úni- cas, porque cada deus era único e incomparável. Em vários hinos e preces figura o epíteto de Único a caracterizar 0 deus. Este epíteto não indica a existência de um monoteísmo. É aplicado a múltiplas divindades, que são «únicas», no sentido que não existiam outras di- vindades que lhes fossem semelhantes. Deste modo, todos os deuses eram únicos de um modo próprio. O contexto no qual figura 0 epíteto Único faz referência ao deus criador e à sua criação. Este deus foi único apenas durante 0 espaço de tempo entre a sua saída da não- -existência e 0 processo da criação. Neste processo dispersou a uni- dade primordial numa multiplicidade e diversidade de manifestações, trazendo à existência deuses e homens. Apesar de se ter dividido em múltiplos e de existirem características comuns entre vários deuses, cada um deles mantinha as suas características próprias, que lhes permitiam diferenciar das outras divindades.

Jan Assmann tem uma concepção diferente. Este autor apresenta uma cosmologia politeísta da teologia da viagem solar(40) e uma «nova teologia solar» desde 0 reinado de Amen-hotep lll<41) como dois está- dios evolutivos da religião solar.

A cosmologia politeísta tinha uma base antropológica que determi- nava a dimensão mítica do mundo divino. Esta dimensão desenvolvia, no contexto da teologia da viagem solar, uma iconografia de imagens, que representavam as constelações de actos divinos. As constelações constituíam os conjuntos de acções dos deuses e consequentemente concebiam os deuses nas suas relações e dependências com os outros deuses, que formavam uma parte intrínseca do seu desenvolvimento pessoal. Um deus era o protagonista, mas não 0 único actor. Conse- quentemente, os deuses eram actores relacionados com outros deu- ses, que davam às suas acções significado e propósito.

«The new solar theology» (...), discards the traditional icons, i. e. the constellations of actions, and attempts to achieve, by means of this “démythification”, a concept of god based purely on the phenome- nology of cosmic events»(42). A fenomenología da viagem solar consis- tia na interpretação teológica do fenómeno visível da natureza. A nova teologia solar considerou que 0 deus solar estava sozinho na sua via- gem, 0 que excluiu as tradicionais constelações de deuses. Ré absor- veu as constelações que pertenciam à sua esfera pessoal incluindo

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esta em si próprio. Ele era o único actor e os restantes deuses eram apenas descritos no seu carácter cósmico como efeitos do Sol. Deste modo, a referência teológica era o olho humano, pois limitava-se a tudo o que era visível por este. A luz solar era encarada como a forma da presença física de Ré, o modo como a divindade se mani- festava, o modo de comunicação entre criador e criação. A comunica- ção entre o deus solar e a sua criação era possibilitada pela distância imensurável que existiria entre os dois. Ré era Uno e continha em si próprio múltiplas transformações e vidas, que penetravam em todos os seres pela vista através dos raios solares. Estes detinham um poder criador e organizador, pois criavam e ordenavam 0 mundo e definiam as suas fronteiras. A criação era um fenómeno de creatio continua, pois todos os dias 0 deus solar penetrava nos seres vivos, inclusive nos deuses, concedendo-lhes vida num fluxo contínuo.

Conclusão

A partir do reinado de Amen-hotep III surgiu uma nova teologia solar, que se afastava do politeísmo egípcio. No entanto, a religião egípcia não deixou de ser politeísta. O afastamento do politeísmo foi definido por Jan Assmann como a crise do politeísmo. Esta crise, no que respeita ao deus solar, consistia na unicidade da acção solar. Ré era o único actor, absorvendo as constelações de acções em si pró- prio. O deus solar viajava sozinho, era Uno e através dos seus raios solares concedia a vida a todos os seres, multiplicando as existências diariamente. Os outros deuses eram colocados num nível semelhante aos humanos e figuravam apenas como efeitos solares.

A esta concepção podemos unir algumas ideias de Erik Hornung, que defende a unicidade de Ré quando este saiu do caos primordial. O deus solar tinha-se criado a si próprio, emergindo da não-existên- cia. Era único, na medida em que na origem, quando saiu do caos primordial, não existia nenhum outro ser. Ré era hermafrodita, era o uno que continha em si a totalidade das existências, sendo perfeito, com- pleto. Com a criação primordial e com a criação diária, 0 deus solar dividia a sua unicidade numa multiplicidade de manifestações, com- partilhando a sua perfeição. Deste modo, Ré era 0 pai dos deuses e dos homens. Era igualmente único à sua própria maneira e tinha carac- terísticas próprias, que 0 diferenciavam dos outros deuses.

O deus solar nascia, crescia e morria, à semelhança dos homens. Contudo, a sua morte era simbólica e diária. Ré morria e entrava no

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mundo dos mortos, onde ocorria o sincretismo com Osiris, despertando as almas do sono da morte. Um dos desejos dos defuntos era perten- cer à tripulação das barcas solares, ressuscitando com 0 nascer de um novo dia. O deus solar ressuscitava, renascia, saindo do caos ou do interior da sua mãe, renovando diariamente a criação. Por esta razão, a criação era um processo de creatio continua, acentuando todos os dias 0 poder e a unicidade do deus Ré.

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Notas

* Parte de um texto escrito para o seminário de História e Cultura do Egipto faraónico, orientado pelo Prof. Doutor José Nunes Carreira, adaptado para publicação.

<1> E. HORNUNG, Les Dieux de l ’Égypte. L’Un et le Multiple, França, Champs Flammarion, 1992, p. 231.

(2) Ibidem, principalmente pp. 7-23.

(3) J. ASSMANN, Egyptian Solar Religion in the New Kingdom. Re. Amun and the Crisis of

Polytheism, London and New York, Kegan Paul International, 1995, nomeadamente pp. XI-

-XIII.

<4) J. NUNES CARREIRA, “Monoteísmo”, in L. M. ARAÚJO (dir.), Dicionário do Antigo Egipto, Lisboa, Caminho, 2001, pp. 577-583.

(15)

<6> E. HORNUNG, op. cit., p. 231.

(7) Ibidem, p. 231.

<8> L. M. ARAÚJO, “Djedefré”, in Idem (dir.), op. cit., p. 282; J. C. SALES, “Ré” , in L. M. ARAÚJO (dir.), op. cit., p. 741.

<9> J. C. SALES, Ibidem.

(10) F. DAUMAS, La Civilisation de l ’Egypte Pharaonique, Paris, Arthaud, 1987, p. 267; G. HART, “Re” in A Dictionary of Egyptian Gods and Godesses, Londres, Routledge, 1986, pp. 180-181.

<11> P. MALHEIRO, “Heliopolis”, in L. M. ARAÚJO (dir.), op. cit., p. 411.

<12> F. DAUMAS, Les Dieux de l ’Egypte, Paris, Presses Universitaires de France, 1982, p. 100; G. HART, op. cit., p. 180; V. IONS, Egyptian Mythology, Verona, Paul Hamlyn, 1968, p. 45.

(13) J. BAINES ; J. MALEK, Egipto. Deuses, Templos e Faraós, Lisboa, Circulo de Leitores, 1991, p. 154.

<14> J. ASSMANN, op. cit., p. 16.

(15) Ibidem, p. 3.

(16) Ibidem, p. 2.

<17> Ibidem, p. XII.

<18> E. HORNUNG, op. cit., p. 138.

<19> Ibidem, pp. 125-126.

<2°> J. C. SALES, “Ré”, in L. M. ARAÚJO (dir.), op. cit., p. 741. <21> E. HORNUNG, op. cit., pp. 132-133.

<22) L. M. ARAÚJO, “Maet” , in Idem (dir.), op. cit., 524 e ainda 529.

<23> J. C. SALES, “Ré” , in L. M. ARAÚJO (dir.), op. cit., p. 741.

(24) Y. KOENIG, “Rê” in Dictionnaire de l ’Égypte Ancienne, Paris, Albin Michel, 1998, p. 351.

<25> E. HORNUNG, op. cit., p. 146.

<26> J. ASSMANN, op. cit., p. 43.

<27> E. HORNUNG, op. cit., pp. 156-168.

<28> Ibidem, p. 160.

(29) Ibidem.

<30> Ibidem, p. 155.

<31> Ibidem, p. 112.

(32) Ibidem, pp. 78-86.

(33) L. M. ARAÚJO, “Atum”, in Idem (dir.), op. cit., p. 125.

(34) J. C. SALES, As Divindades Egípcias. Uma Chave para a Compreensão do Egipto

(16)

<35> L. M. ARAÚJO, “Atum” , in Idem (dir.), op. cit. nota 33, pp. 125-126; J. C. SALES, op. cit. nota 34, p. 93.

<36> E. HORNUNG, op. cit., p. 84.

<37) Ibibem, p. 82.

<38> Ibibem.

<39> J. ASSMANN, op. cit., p. 62.

(40) Ibibem, pp. 38-66.

<41> Ibibem, pp. 67-101.

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