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Os Santuários de Zeus na Sicilia

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O s Santuários de Zeus na Sicilia

Lilian de Angelo Laky*

LAKY, L.A. O s Santuários de Zeus na Sicilia. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplem ento 12: 3 749, 2011.

R e su m o : N este artigo, propiciarem os um a visão panorâm ica da form a pela qual o culto de Zeus se m anifestou m aterialm ente na Sicilia durante os sécu­ los VI, V e IV a.C . na escolha de sua im agem em m oedas e na instalação de im portantes áreas sagradas por algum as cidades. Ateremo-nos, principalm ente, às póleis on de houve a m onum entalização do culto da divindade, portanto, àquelas responsáveis pela construção de santuários im portantes de Zeus, com o Siracusa, Selinonte e A grigento. A presentarem os a configuração espacial dos santuários de Zeus nestes locais com a intenção de discutir as correspondências e os contrastes espaciais entre os locais de culto e a posição do culto no espaço da pòlis.

Palavras-chave: Zeus - Sicilia - Santu ários - T ip os m onetários

D

urante a nossa p esquisa de m estrado realizam os um levantam ento siste­ m ático e exaustivo das evidências m ateriais a respeito de Zeus, já encontradas no m undo grego, utilizando obras de trabalho m etódico e m in ucioso com o o Inventory ofArchaic and

Classical Poleis (2005) ed itad o por H ansen e

N ielsen (do Copenhagen Polis Center) e o Guide

Archeologico Grecia (2004) da autoria de Torelli e

M avrojannis (Laky 2011). O levantam ento pro­ piciou a construção de um catálogo geral sobre evidências m ateriais de Zeus no m u n d o grego.1 A organização da docu m en tação (arquitetônica, epigráfica, num ism ática) perm itiu-nos perceber que, na Sicília, o culto de Zeus é am plam ente

(*) D outorand a em A rqueologia C lássica pelo Labeca - M AE / USP. Bolsista da FAPESP.

lilian.laky@ usp.br

(1) V ide apêndice II (Laky 2011: 4 5 5 4 8 2 ).

atestado nas fontes arqueológicas e textuais do século V I até o século IV a.C . São do século V I a.C . as evidências m ais antigas do culto do deus na ilha, sendo a m ais antiga o tem plo de Zeus O lím pio construído em Siracusa por volta de 5 8 0 /7 0 a.C . N ão encontram os evidências arqueológicas anteriores a esta data. D atad o de aproxim adam ente 530 a.C . é o tem plo G de Se­ linonte atribuído a Zeus O lím pio pela m aioria dos arqueólogos italianos. N a Sicília, portanto, podem os dizer que o culto de Zeus adquiriu visibilidade no período do início da construção de tem plos m onum entais, tem plos de grande im pacto na paisagem u rbana da pólis, com o verem os m ais adiante.

A próxim a con strução de um tem plo d ed i­ cad o a Zeus ocorreu n o início d o século V a.C . em A grigento. O tem plo, d atad o de 4 8 0 a.C ., m arca o início d o culto de Zeus no p erío d o clássico. N a Sicília, apó s esta data, cessaram -se as con struções de edifícios de culto ao deus,

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Os Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 37-49, 2011.

m as se iniciaram na ilha as cu nh agen s de m oe­ das com im agens d esta divin dade. A prim eira delas, um tip o de Zeus sen tad o n o tron o, foi cu n h ada em 476 a.C . na recém fu n d ad a p ólis de A etna, on de havia um culto de Zeus

Aetnaios relacion ado ao vulcão Etna, sagrado

a Zeus, conform e relatou Píndaro (01 6.90-95;

Pit 1.10-15). E m 4 6 0 a .C . foram cu n h adas em

Zancle m oedas com im agens de Zeus atiran do o raio. A o redor d o m esm o ano foram em itidas em G alária tipos m on etários de Zeus sen tad o n o tron o (Figs. 1, 2, 3).

Fig. 1. Aetna (anverso);

tetradracma de prata. Kraay 1976, fig.838.

Fig. 2. Zancle (anverso);

tetradracma de prata. Kraay 1976, fig.774.

Fig. 3. G alária (anverso);

Litra de prata. M anganare 2003, fig.2.

N o século IV a.C . en contram os um a única construção de um san tuário dedicad o a Zeus: o san tuário de Zeus M eilichios em Selinonte. E ao longo do século IV a.C . aum en tou o núm ero de em issões m onetárias com im agens de Zeus relacionadas ao fim d o período de tirania e ao início d o período de dem ocracia na ilha. Estas m oedas têm n o anverso a im agem da cabeça de Zeus Eleuthérios (Libertador) - culto de Zeus celebrado pelos gregos nos m om en tos de quebra do regime tirânico. Estas m oedas foram cunha­ das em Siracusa, A gyrion, Erice, Taurom ênio e A laisa no cham ado p eríodo de Tim oleonte (c. 345 a 335 a.C .), o coríntio responsável por restabelecer a dem ocracia n a ilha (Figs. 4, 5, 6).

Fig. 4. Siracusa (anverso);

hem idracma de bronze. S N G A N S 477-88

Fig. 5. Agyrion (anverso); bronze. BM C, Sicily, Fig. 26.

Fig. 6. Érice (anverso);

Peso: 1.25; prata. BM C, Sicily, Figs.13-14. Devem os ressaltar tam bém que, na Sicília, há inform ações textuais e epigráficas que fazem referência a san tuários de Zeus que ain da n ão foram localizados. Polibio (Frag. IX .27.6) nos inform a que nas colinas de A grigento havia um

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tem plo de Zeus Atabírios (culto originário de R odes), que provavelm ente se situava n a colina de G irgenti ou na R upe A tenea. N as tábuas de bronze de H eracléia, Itália do Sul, há um a refe­ rência ao san tuário de Zeus M eilichios em A laisa, n o norte da Sicilia. (C oarelli; Torelli 1984: 394).

A p ós apresentarm os um a breve cronolo­ gia para o culto de Zeus n a Sicilia, podem os discorrer sobre os principais san tuários do deus erigidos em Siracusa, Selinonte e A grigento.

C o m o já dissem os, dentre os santuários, o m ais antigo é o de Siracusa, cujo tem plo é datado p or volta de 5 8 0 /7 0 a.C . O tem plo, dedicado a Zeus O lím pio, foi o segundo edifício religioso edificado pelos siracusanos. O prim ei­ ro tem plo construído na pòlis é o de A poio, datado entre 600-580 a.C . (M arconi 2007: 50).

O O lim piéion de Siracusa - nom e dado aos tem plos dedicados a Zeus O lím pio - foi constru­ ído fora dos m uros da pòlis na região da foz do rio A napos e C iane, exatam ente na posição que

corresponde à extremidade de O rtígia. C onform e Francesca Veronese (2006: 236), o tem plo arcaico provavelmente teve um antecessor em madeira, rem ontando ao século VII a.C . e na zona do tem plo foi atestada, tam bém , a pré-existência de assentam ento indígena (Figs. 7, e 8).

O edifício em pedra do século V I a.C . é d ó­ rico, períptero de 6 x 17 colunas (m onolíticas) e m ede 20,50 x 60 m (C oarelli; Torelli 1984: 28; Veronese 2006: 326). Trata-se de um tem plo longo e estreito e p ouco sabem os d a articulação dos espaços internos d ad o o estado ruim de conservação desta parte (Figs. 9 e 10).

Várias fontes literárias mencionam aconteci­ mentos na área do santuário de Zeus Olímpio. Tu- cídides (VI. LXV. 3) registrou que os atenienses - à ocasião da expedição à Siracusa em 415 a.C . - de­ sembarcaram em frente ao santuário, acamparam ao lado do templo. Plutarco (Nícias, XVI) recorda em um testemunho muito posterior ao episódio, que os atenienses capturaram um navio siracusano

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Os Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 3749, 2011.

Fig. 8. V ista da foz do rio A napos e a ponta de Ortígia ao fundo. Foto: arquivo pessoal/2009.

Fig. 9. Planta do Olimpiéion. Veronese 2006, fig.8.22.

Fig. 10. Vista sudeste do Olimpiéion. Foto: arquivo pessoal/2009 -que levava a lista com os registros dos cidadãos

que tinham atingido idade militar, as quais eram guardadas no santuário de Zeus Olímpio. Diodoro

(XTV. 62. 3 4 ) escreveu que o general cartaginês Himilcon, em 396 a.C., bloqueou o Porto Grandt e estabeleceu seu quartel no templo de Zeus. N o

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tem po de D ionisio II (367-344 a.C.), Hícetas, um siracusano que havia se tom ad o tirano de Leonte e de C orinto, aliou-se a Cartago, planejando-se fazer senhor de Siracusa. Para isso, tom ou o cam po contra Dionisio, construindo um acampamento no tem plo de Zeus O lim pio, abandonando-o pos­ teriormente devido ao esgotamento das provisões (Diodoro, XVI. 68. 1-2).

Estes relatos, sempre ligados às invasões à ci­ dade, dem onstram a im portância militar do local onde se erguia o tem plo de Zeus. A posição extra- -urbana d o santuário, a localização na foz do rio C ian e e o Porto G ran de favoreciam o acesso de quem vinha por mar. O rio C ian e e o rio A napos podiam ser navegados por em barcações pequenas possibilitando o acesso ao território da khóra de Siracusa, além, tam bém da região do Porto G rande ser um golfo que perm itia a atracagem

de inúm eras embarcações. Em bora o acesso pela água favorecesse o uso do local com o parada para o ataque à cidade, o pântano em frente ao Olim- piéion funcionava com o um a barreira natural ao acesso ao santuário.

O segundo tem plo m ais antigo de Zeus é o cham ado tem plo G de Selinonte. C on h ecido com o um dos m aiores tem plos já construídos no m u n d o grego, é datado de c. 530 a.C . e foi erigido na parte setentrional da área sagrada extra-urbana conhecida com o C olin a O riental. O edifício é dórico, pseudodíptero de 8 x 17 co­ lunas e m edia 49,97 x 109,12 m (M ertens 2006: 232). A s proporções gigantescas da estrutura são com paradas aos grandes tem plos dípteros da Jôn ia, da m etade do século V I a.C . (Coarelli; Torelli 1984: 86; M ertens 2006: 233-234) (Figs.

11, 12, 13).

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O s Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 3749, 2011.

Fig. 12. Tambores de colunas e capitel. Mertens 2006: 400.

0 20 m

1 I I 1---- 1 Fig. 13. Planta do Templo G. Mertens 2006, fig. 401.

D úvidas ain da perm anecem acerca da atribuição da divindade cultuada neste tem plo. U m a grande p edra conten do inscrições (I.G. XIV, 268), a ch am ada “T áb u a de Selin o n te’ , en contrada nas ruínas do tem plo G , registra u m a vitória da cidade e o agradecim ento aos deuses: Os selinontinos são vitoriosos graças aos

deuses Zeus, Fobos, Héracles, Apoio, Poseidon, os Tindarides, Atena, Deméter, Pasicrateia e a outros

deuses, mas sobretudo graças a Zeus (...). O s arque­

ólogos italianos preferem atribuir o tem plo a Zeus O lím pio devido à dim ensão gigantesca d o edifício e porque a inscrição faz referência principal a Zeus. Entretanto, já se considerou a possibilidade de o tem plo ser dedicado a A poio, pois a inscrição na T áb u a faz referência a um

Apolonion. A discussão em torn o d o tem plo G

é intensa e atualm ente os p esquisadores têm

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aceitado a dedicação d o edifício a Zeus O lím pio (B ejor 1977: 441; C oarelli; Torelli 1984: 86-87; T u sa 1967: 191; Veronese 2006: 514). Em nossa pesquisa de m estrado, a análise das dim ensões d o tem plo G em associação àquelas do A polo-

nion de D íd im a - edifício jô n ico com o qual é

com parad o pelos especialistas - e ao padrão de dim ensões dos tem plos dedicados a A poio no século VI e V a.C . m ostrou, de form a alternati­ va, que o tem plo G era de fato um O lim piéion (Laky 2011: 146; 356-359).

Em Selinonte, a única área sagrada destina­ da a Zeus confirm ada diretam ente pelas evidên­

cias arqueológicas (epigráficas, sobretudo) é o tém eno de Zeus M eilichios, situado na C o lin a de G aggera, oposta à C o lin a O riental, on de está o tem plo G . O santuário de Zeus Meilichios é extra-urbano e situa-se na área próxim a ao tém e­ no de Dem éter Malophóros. A área é caracteriza­ da por um tem plo de pequenas dim ensões (5,30 x 2,97 m) articulado em um pronaos e naos distilo

in antis e precedido por um altar. O tém eno pos­

sui estruturas de vários períodos, com o um altar do século VI a.C . apesar da m aior parte dos m ateriais encontrados serem datados d o século IV a.C . (Veronese 2006: 527) (Figs. 14, 15).

Fig. 14. Área do témeno de Zeus Meilichios. Foto: arquivo Labeca/2005.

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Os Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 3749, 2011.

O templo de Zeus de maiores dimensões foi na arquitetura grega (Randall-Maclver 1968:200-201) construído na transição do século V I e V a.C. em (Figs. 16,17,18,19).

Agrigento. A maior parte dos especialis­ tas prefere datar o início da construção do templo em associação à vitória grega sobre os cartagineses na Batalha de Himera em 480 a.C. (Griffo 2005: 113). A atribuição do edifìcio a Zeus Olímpio nos é fornecida por Diodoro Siculo (X III82, 14), que também descreveu o templo, e por Polibio (IX 27,9). O Olimpiéion de Agrigento é o terceiro templo mais antigo dedicado a Zeus e considerado o maior templo construído no mundo grego. O edifìcio era dòrico, media 56,30 x 112,60-70m e períptero de 7x14 colunas (Mertens 2006: 261). Internamente, o templo possuía uma cela simples extremamente longa com o opistódomo separado por um muro sólido e não por um pórtico, ao contrário do que ocorre na arquitetura de outros templos gregos na Sicília. N o lado externo deste muro, as colunas não estavam em pé livremente, mas anexadas. Trata-se, portanto, de

u m a característica com pletam ente nova Fig. 16. Planta de Agrigento. Coarelli e Torelli 1984: 130.

Fig. 17. Planta de Agrigento: santuários próximos à Porta V. Cali 2005: 179.

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O s pesquisadores ressal­ tam a existência de gigantescas figuras encontradas no local, cham adas por eles de Telamones ou A tlantes. Através da reunião dos fragm entos destas figuras, que se encontravam dispersos no sítio, os arqueólogos constataram que elas m ediam 7,65 m etros de com prim ento e que o tem plo com portava seis dessas figuras. A tualm ente, os estudos têm m ostrado que estas gigantescas figuras estavam colocadas abaixo de cada coluna, no lado de fora do tem plo para su portar o peso excessivo da arquitrave (Randall-M aclver 1968: 201).

Em A grigento o tem plo foi erguido ao lado dos principais edifícios e dentro dos m uros da pólis. Era um santuário urbano, que fazia parte do cinturão de tem plos na porção sul da cidade (Figs. 20, 21, 22)

A apresentação do histórico do culto de Zeus e da configuração espacial de seus santuários na Sicília permite tecermos algumas considerações preliminares sobre a característica do culto na ilha.

Em primeiro lugar, percebem os que os santuários de Zeus se encontram em posições variadas nas póleis. Em Siracusa, o O lim piéion está localizado fora da área urbana, na área de Polichnê, em um a região de entrada e saída para quem escolhia o cam inho por terra ou por mar. Por terra o acesso à Siracusa passava pelo O lim ­ piéion, pois a estrada Elorina, que já na época de Tucídides existia, passava atrás do tem plo perm i­ tindo o acesso à khára de Siracusa em direção à região de Eloro, portanto ao interior da ilha. Por mar, com o já dissem os, as fozes do rio A napos e C ian e próxim as ao tem plo perm itiram a entrada de pequenas em barcações que poderiam tam ­ bém chegar até Eloro. Sobre a função sim bólica do edifício, Marconi ressalta que os tem plos construídos na época do O lim piéion - com o é o caso do tem plo de A poio em Siracusa - tinham função marítima, eram endereçados aos viajantes que vinham pelo mar. Igualmente serviam para im pressionar os visitantes não-gregos e gregos vindos do m undo colonial ou da Grécia Balcâni- Fig. 19. Planta do Olimpiéion. Mina 2005: 55. ca (M arconi 2007: 50-51).

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O s Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 3749, 2011.

Fig. 21. Capitei dòrico do O lim piéion na àrea do tempio. Foto: arquivo Fig. 22. Telamon (c. 7m) no Museu de

p essoal/2009. Agrigento. Foto: arquivo pessoal/2009.

Em Selinonte, igualmente, o culto de Zeus assu­ miu característica extra-urbana. O santuário de Zeus

Meilichios e o templo G , o Olimpiéion, situam-se nas

duas colinas principais da pólis: Colina de Gaggera e Colina Oriental. Observando a planta da cidade vemos que elas estão próximas aos dois importantes cursos d ' água da cidade, os rios Modione e Cotone. Já o O lim piéion de A grigento encontra-se em p osição urbana. O tem plo foi construído na porção sul da pólis, p róxim o à p orta V. O edifí­ cio faz parte do com plexo de tem plos construí­ dos no final d a planície em cim a de um a cresta rochosa, form an d o um cinturão de tem plos visível para qu em vinha do m ar.2

(2) Os santuários de Zeus Olímpio em Siracusa, Selinonte e Agri­ gento foram minuciosamente analisados em relação à configura­ ção urbana e o território destas três cidades em Laky 2011.

Para finalizarm os apresentarem os três gráfi­ cos feitos por Francesca Veronese - arqueóloga italiana responsável pelo estudo m ais recente sobre os san tuários gregos na Sicília.

Tendo com o busca a com preensão da reali­ dade topográfica d o santuário, a sua dim ensão político-religiosa e o papel da religião na posse de território, a p esquisad ora estudou m inucio­ sam ente tod os os espaços sagrados dedicados às divindades gregas na ilha, utilizando pela prim eira vez m odelos m atem áticos com o o Po­ lígono de Thielsen, entre outros, e ferram entas com o o G IS.

N o prim eiro gráfico escolhido, estão os d ad os relativos aos cultos e aspectos peculiares da paisagem (solos arenosos, cam in h os sin u o­ sos, lagos, p ân tanos, nascentes ou fontes, cursos d 'á g u a , mar, n ecrópoles e m uros). Nota-se que os cursos d ' água foram os principais locais

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— — ii i iw m -a— wm * v sk?

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escolh idos para a construção de san tuários de Zeus, seguido pelas áreas próxim as aos m uros, com o deve ser o caso dos tem plos de Siracusa e A grigento, respectiva­ mente. Lugares de solo arenoso, próxim os ao m ar e às necrópoles, p an tan osos, têm a m esm a pro­ porção com o locais destinados ao culto d o deus (Fig. 23).

N o segundo gráfico estão as inform ações sobre a relação entre local de culto e a m orfologia do territorio. Percebe-se que os rele­ vos e os declives (pendió) foram os tipos de terreno escolhidos para a criação de urna área sagrada a Zeus. E o terceiro gráfico nos inform a sobre os cultos e as altitudes. Em relação ao culto de D em éter e C ore, vem os que o culto de Zeus foi instalado na al­ titude de no m áxim o 100 metros (Figs. 24 e 25).

O s contextos geom orfoló- gicos e paisagísticos da Sicilia influíram na escolha de determ i­ nadas áreas para a instalação dos cultos e tais inform ações serão contrastadas, em nossa pesquisa de doutorad o, com a instalação do culto de Zeus na G récia Balcânica, on de o culto assum iu características próprias a com eçar pelas altitudes m ais elevadas, lá escolhidas com o locais para o encontro com o deus (Fig. 26).

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Os Santuários de Zeus na Sicília.

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 12: 37-49, 2011.

LAKY, L.A. The Sanctuaries o f Zeus in Sicily Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplem ento 12: 37-49, 2011.

A b stract: In this article, we provide an overview o f how the cult o f Zeus was m anifested m aterially in Sicily over the sixth, fifth and fourth centuries B .C . in the choice o f his im age on coins and the installation o f his m ajor sacred areas by som e G reek cities, such as Syracuse, A grigento and Selinunte. We present the spatial configuration o f the sanctuaries o f the deity at these poleis for dis­ cussing the spatial correspondences and contrasts between all sacred areas and the cult positio n (in the territory or in the urban space).

K eyw ords: Sicily - Zeus - Sanctuaries - M onetary Im ages

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