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FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) DE EDUCAÇÃO BÁSICA EM ENSINO DE ARTE: EM BUSCA DE ALTERNATIVAS

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) DE EDUCAÇÃO BÁSICA EM ENSINO DE ARTE: EM BUSCA DE ALTERNATIVAS

Luciana Gruppelli Loponte1 (coord.), Karen da Costa Sippel e Linéia Bastos Ribeiro (Acadêmicas do curso de Pedagogia – Bolsistas do Programa Unisc de Iniciação Científica – PUIC) - Departamento de Educação - Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

Palavras-chaves: ensino de arte, educação básica, formação de professores, formação continuada

Resumo: A realidade que encontramos no Vale de Rio Pardo e Taquari, é a grande falta de conhecimento

em relação a importância do ensino da arte nas escolas, em especial no ensino fundamental. Buscando compreender esta situação, desenvolvemos o projeto de pesquisa UNIARTE ESCOLA, realizando na sua fase inicial (1999) um levantamento de dados nos municípios de abrangência da UNISC, sobre o desenvolvimento do ensino da arte nas escolas públicas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Constatamos que há uma grande desvalorização na forma de entender e de trabalhar o ensino de arte na escola, uma vez que a maioria dos(das) professores(as) não contam com formação específica na área, principalmente pela pouca oferta de cursos de licenciatura em arte na região. A partir da divulgação dos resultados preliminares desta pesquisa, elaboramos uma proposta-piloto de assessoria pedagógica na área de ensino de arte, dirigido inicialmente a professores/as de Santa Cruz do Sul, o que foi realizado no primeiro semestre do ano de 2000. Oferecemos o curso de extensão UNIARTE ESCOLA: encontros com arte e educação, com 20 vagas, abertas aos professores(as) interessadas. Este trabalho de assessoria pedagógica foi concebido como uma pesquisa-ação, considerando os(as) envolvidos(as) como sujeitos do processo de produção de conhecimento. Pretendemos, a partir deste curso de extensão, constituir grupos de estudo com encontros periódicos entre professores(as) interessados, tendo como objetivo debater e aprofundar questões sobre a temática de ensino de arte, baseando-se principalmente nas experiências vividas pelos(as) professores(as) no contexto social e cultural das suas práticas. Registramos toda esta experiência através de diários de campo e material produzido pelas próprias participantes. Além disso, pretendemos também realizar entrevistas com algumas professoras envolvidas, procurando registrar e analisar as suas expectativas em relação a sua formação. Todo este material ainda está em fase de análise, tendo sua conclusão prevista para dezembro de 2000. Alguns dados importantes, no entanto, já emergem a partir desta experiência de formação continuada. Os 12 encontros semanais foram organizados a partir de uma reflexão teórica e prática, procurando debater e aprofundar questões sobre a temática do ensino de arte na educação básica. Podemos afirmar, nesta fase da pesquisa (ainda em análise) que a iniciativa trouxe resultados positivos ao grupo de professoras, propiciando um espaço de reflexão coletivo sobre a ação pedagógica em ensino de arte. Como um “laboratório de idéias”, o curso estimulou a realização de projetos pelas professoras, além de trazer informações sobre abordagens teóricas e metodológicas e publicações mais recentes na área de arte na educação. O registro, a sistematização e análise desta experiência proporcionará um subsídio importante para a elaboração de práticas futuras em projetos de extensão da UNISC voltados à formação docente em geral, e especificamente, na área do ensino de arte.

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Professora do Departamento de Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Mestre em Educação (UNICAMP), Doutoranda em Educação (UFRGS). E-mail: loponte@unisc.com.br

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A partir de levantamento2 realizado em municípios da região do Vale do Rio Pardo e Taquari, constatamos que entre os professores e professoras que atuam na disciplina de Educação Artística, cerca de 80% não tem formação específica na área. Este é um dado preocupante, na medida em que a área de arte na educação vêm ganhando um maior espaço, a partir da instituição da sua obrigatoriedade pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da elaboração dos PCNs Arte (embora este seja visto com ressalvas, é um espaço importante).

A formação das professoras que atuam na área de arte na região é bastante eclética: Informática, PPT (Preparação Para o Trabalho), Matemática, Filosofia, Administração, Educação Física, Biologia, Ciências, Estudos Sociais, Letras, Educação Especial, Geografia e História. Um número bastante reduzido tem formação em Licenciatura em Educação Artística ou curso similar. Dentre as professoras de séries iniciais, a maioria só tem magistério, perpetuando na sua prática as velhas receitas e técnicas de “trabalhinhos” artísticos e reprodução de modelos estereotipados.

As concepções das professoras em relação a arte e ensino de arte baseiam-se principalmente na idéia da arte como expressão de sentimentos; o ensino de arte para o desenvolvimento da criatividade; o ensino de arte para o desenvolvimento de dons, talentos, habilidades, aptidões, propiciando a descoberta de "gênios"; o ensino de arte como atividade relaxante, colaborando para aliviar tensões, perder a timidez; o ensino de arte para o desenvolvimento de "destrezas": motricidade, elaboração de trabalhos manuais; o ensino de arte como forma de entender o mundo. Embora as professoras revelem diferentes experiências de formação (acadêmicas ou não), as respostas não se diferenciam muito em relação ao seu conteúdo, com algumas exceções advindas de docentes com formação em Pedagogia e Educação Artística. O que prevalece, em geral, é o que poderíamos chamar de "senso comum" em relação ao ensino de arte e a arte, em geral.

Uma possível razão para este quadro difícil é a falta de cursos de licenciatura em arte na região. Há poucos profissionais com conhecimentos suficientes para argumentar

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UNIARTE Escola (1999-2000) - Pesquisa em andamento no Departamento de Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), com previsão de conclusão para dezembro de 2000. A pesquisa, pretendeu na sua primeira fase, fazer um diagnóstico da situação do ensino de arte na região de Santa Cruz do Sul, através de questionários preenchidos por professoras(es) de Educação Infantil, Séries Iniciais e professoras(es) de Educação Artística nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Nesta fase da pesquisa participaram 158 docentes, de 22 municípios da região - 154 mulheres e 4 homens. A segunda fase da pesquisa (2000) prevê o registro e o acompanhamento de um trabalho de extensão em formação continuada de professores/as da Educação Básica em ensino de arte.

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em defesa do ensino de arte nas escolas e municípios. Enquanto o campo de estudos ligado a esta área vem crescendo no Brasil, através de inúmeras pesquisas e publicações, e inclusive através do reconhecimento internacional de educadoras de arte, ainda vemos o ensino de arte ser desvalorizado e desconsiderado como área de conhecimento em muitas escolas.

No entanto, só a falta de cursos de licenciatura na região não explica e justifica toda situação. Se assim o fosse, as concepções das professoras sobre ensino de arte diferenciariam-se mais significativamente em relação a sua respectiva formação superior, o que não pudemos constatar de forma mais incisiva no levantamento realizado.

Entendemos que a formação continuada de docentes é essencial para a reversão desta realidade adversa para o ensino de arte. Pensamos ser importante desta maneira, não apenas a formação dirigida a professoras e professores de arte, mas a formação de professores e professoras em arte, contemplando desta maneira aqueles e aquelas que, na sua formação pessoal, não tiveram muitas oportunidades de descobrir as inúmeras possibilidades da arte como uma área de conhecimento tão importante quanto outras na escola e na nossa vida cotidiana.

Desta maneira, a partir da divulgação dos resultados preliminares desta pesquisa, elaboramos uma proposta-piloto de assessoria pedagógica na área de ensino de arte, dirigido inicialmente a professores/as de Santa Cruz do Sul, o que foi realizado no primeiro semestre do ano de 2000. Oferecemos o curso de extensão UNIARTE ESCOLA: encontros com arte e educação, com 20 vagas, abertas aos professores e professoras interessadas.

Este trabalho de assessoria pedagógica foi concebido como uma pesquisa-ação, considerando os professores e professoras envolvidos(as) como sujeitos do processo de produção de conhecimento. Segundo ZEICHNER (citado por GERALDI et al., 1998, p. 253): “o professor reflexivo faz pesquisa-ação para seu desenvolvimento profissional. Isso é diferente das muitas pesquisas realizadas para conhecer o que os professores e as professoras fazem para controlar e mudar as suas práticas”. Ainda, segundo ZEICHNER, a pesquisa-ação é um instrumento fundamental para a implantação de reformas educacionais ou de transformação da escola em que os professores e as professoras têm uma presença autônoma.

Desta maneira, pretendemos, a partir deste curso de extensão, constituir grupos de estudo com encontros periódicos entre professores(as) interessados, tendo como

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objetivo debater e aprofundar questões sobre a temática de ensino de arte, baseando-se principalmente nas experiências vividas pelos(as) professores(as) e no contexto social e cultural das suas práticas.

Registramos toda esta experiência através de diários de campo e material produzido pelas próprias participantes. Além disso, pretendemos também realizar entrevistas com algumas professoras envolvidas, procurando registrar e analisar as suas expectativas em relação a sua formação. Todo este material ainda está em fase de análise, tendo sua conclusão prevista para dezembro de 2000.

Alguns dados importantes, no entanto, já emergem a partir desta experiência de formação continuada. Das 20 participantes iniciais do curso de formação (com carga horária de 48 horas), apenas duas tinham formação específica na área. As demais, na sua maioria, tinham formação de magistério a nível médio. Todas participantes do cursos eram mulheres, e atuavam nas diferentes etapas da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio como professoras multidisciplinares ou como professoras de Educação Artística.

A expectativa inicial de muitas das participantes em relação ao curso era que este forneceria “receitas” de trabalhos e técnicas para aplicação imediata nas suas respectivas salas de aula. No entanto, organizamos os 12 encontros semanais baseados na reflexão teórica e prática, procurando debater e aprofundar questões sobre a temática do ensino de arte na educação básica. Os temas dos encontros foram: Histórico do Ensino de Arte no Brasil; Situação do Ensino de Arte na região de Santa Cruz do Sul; Abordagens Contemporâneas no Ensino de Arte; Possibilidades de Intervenção Pedagógica e Projetos em Ação em Ensino de Arte. Buscamos, sempre que possível, trazer para a discussão do grupo as diferentes experiências de trabalho de cada uma das professoras participantes.

Podemos afirmar, nesta fase da pesquisa (ainda em análise) que a iniciativa trouxe resultados positivos ao grupo de professoras, propiciando um espaço de reflexão coletivo sobre a ação pedagógica em ensino de arte, o que raramente acontece nas escolas. Como um “laboratório de idéias”, o curso estimulou a realização de projetos pelas professoras, além de trazer informações sobre abordagens teóricas e metodológicas e publicações mais recentes na área de arte na educação.

O registro, a sistematização e análise desta experiência proporcionará um subsídio importante para a elaboração de práticas futuras em projetos de extensão da

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UNISC voltados à formação docente em geral, e especificamente, na área do ensino de arte.

Como interface importante deste projeto, cabe ressaltar a sua relação com o ensino de graduação através da disciplina Fundamentos e Metodologia de Arte-Educação no curso de Pedagogia, possibilitando às alunas-professoras em formação o acesso aos dados da pesquisa e um olhar mais atento e crítico sobre as práticas escolares em arte.

Procuramos assim, através desta pesquisa, contribuir para a qualificação do trabalho docente em ensino de arte, numa tentativa de minimizar o quadro de desvalorização e improvisação desta área de conhecimento nas escolas.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.

_______. Parâmetros Curriculares em Geral e para as Artes Plásticas em particular,

Arte & Educação em Revista, n.4, p. 7-15, dez. 1997.

________. (org.) Arte-Educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:

arte. Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

DICKEL, Adriana. Que sentido há em se falar em professor-pesquisador no contexto atual? Contribuições para o debate. In: GERALDI, Corinta et al (orgs.).

Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas, SP:

Mercado de Letras, Associação de Leitura do Brasil,1998. p. 33-71.

GERALDI, Corinta et al (orgs.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas, SP: Mercado de Letras, Associação de Leitura do Brasil,1998.

GERALDI, Corinta Maria Grisolia, MESSIAS, Maria da Glória Martins, GUERRA, Míriam Darlete Seade Guerra. Refletindo com Zeichner: um encontro orientado por preocupações políticas, teóricas e epistemológicas. In: GERALDI, Corinta et al (orgs.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas, SP: Mercado de Letras, Associação de Leitura do Brasil,1998. p. 237-274.

LOPONTE, Luciana Gruppelli. Imagens do Espaço da Arte na Escola: um olhar feminino, Faculdade de Educação, UNICAMP, Campinas, SP, 1998 (Dissertação de Mestrado).

MARTINS, Mirian et al. Didática do Ensino de Arte: A Língua do Mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

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MARTINS, Mirian Celeste. Aprendiz da Arte: trilhas do sensível olhar-pensante. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992.

PEREGRINO, Yara Rosas (coord.). Da Camiseta ao Museu: O ensino das artes e a democratização da cultura. João Pessoa, PB: UFPB, 1995.

Referências

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