1 - Reação de ordem zero: 1
2
Este tipo de reação não pode ser elementar (0.A→k P, não há reação!), sendo 3
portanto tipo νAA P, logo a A A k dt v A d ] [ ] [ =
− , e temos que, via Integração, para
4 0 ] [ ) 0 ](
[A t = = A , a concentração de A em um tempo t [A]t é: 5
∫
∫
=− → − = → = − A t A A A A dt k v A d kdt v A d A k dt v A d t 0 ] [ ] [ 0 0 ] [ ] [ ] [ ] [ 6 7 kt v A A]t =[ ]0− A [ Eq. (1) 8(Nos exemplos adiante suporei que vA =1). 9
10
2 - Reações de ordem a ≥ 1: 11
12
Se a velocidade da reação é determinada pelo reagente A de ordem a, as integrais para a 13
= 1 e a ≠ 1 são diferentes, de modo que teríamos duas resoluções via integração. Para a 14 ≠ 1: 15 16
∫
∫
= − → = − → = − ≠ A t A a A a A a a A dt k A A d kdt A A d A k dt A d t 0 ] [ ] [ 1 0 [ ] ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ D D D 17[
−]
= − − = + − − = − = −∫
∫
− − + −a −a t A A a A A A A a a A A a a A A d A A A d t t t 1 0 1 ] [ ] [ 1 ] [ ] [ ] [ ] [ 1 [ ] [ ] 1 1 ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ 0 0 0 18[
]
k dt kt A A a A A a A t A a a t a a t =D =D − − = − − − − − − −∫
0 1 0 1 1 0 1 ] [ 1 ] [ 1 1 1 ] [ ] [ 1 1 19 1 0 1 ] [ 1 1 1 ] [ 1 1 1 − − = + − − a A a t a A kt A a D Eq. (2) 20 21 Para a = 1: 22 kt A dt k A A d kdt A A d A A A t A A A a A a t t D D D → =− → =− = − =∫
∫
[ ] ] [ 0 ] [ ] [ 1 0 0 ] [ ln ] [ ] [ ] [ ] [ 23 → − = − A kt A t DA 0 ] [ ] [ ln ln[A]t =−DAkt+ln[A]0 Eq. (3) 24 25Não é possível converter a Eq. (2) na (3) meramente substituindo a = 1 (basta observar 26
que zeros apareceriam no denominador das frações). Mas isso é possível a partir de um 27
truque que aprendi com um livro do Eyring (embora tenha visto em outros lugares): 28
fazendo o limite da Eq. (2) para a 1: 29 − + = − − − → a A a t a a A kt a A 1 0 1 1 1[ ] 1 ] [ 1 1 lim D 30
Aplicando a regra de L’Hospital para o caso limite 0 1 : 31 − + = − − → − → da a d da A d kt da a d da A d a a A a t a ( 1) ) ] ([ lim ) 1 ( ) ] ([ lim 1 0 1 1 1 D 32 Como dx du y y dx dy u u ) (ln = , e no nosso caso y=[A]t ou [A]0;u=1−a ex=a : 33 0 0 0 1 0 1 1 1 ] ln[ ] ln[ ] ln[ ] ln[ 1 ) 1 ( ] ln[ ] [ lim 1 ) 1 ( ] ln[ ] [ lim A kt A A kt A A A kt A A A t A t a a A t a t a + − = → − = − ⇒ − + = − − → − → D D D 34 35
Vale lembrar que usei DA a todo o momento. Em reações elementares a A =
D , de 36
modo que esta constante assume valores inteiros, 1 2 e raramente 3. Para reações em 37
geral DA =vA, esta constante podendo assumir tanto valores inteiros como fracionários.
38 39
A Eq. (3) pode ser modificada para mostrar a variação de [A] com t: 40 → = → − = = − − kt A A A t t A t e e kt A A A A D [ ]0 D ] [ ln 0 0 ] [ ] [ ln ] ln[ ] ln[ 41 kt t A e A A] =[ ]0 −D [ Eq. (4) 42 43
Outra maneira de abordar o problema é considerar a velocidade em função de x. 44
Lembremos que falamos de uma reação em que A (com ou sem outros reagentes) reage 45
para se tornar P. Neste caso deduzimos no dcq1 (linha 30) a relação:
46 P A v P P v A A x [ ] [ ]0 =[ ]−[ ]0 − − = 47
Se assumimos, para simplificar, que [P]0 = 0 e vP = 1, temos que [P] = x. Numa reação 48
de primeira ordem a = 1, e digamos que neste caso vA = 1 também (lembre-se que 49
poderia não ser, a menos que fosse uma reação elementar). Como conseqüência xt = [A]t 50
– [A]0 (evidenciando a dependência temporal). Como sabemos que a velocidade da 51
reação pode ser dx/dt, que também equivale a k[A], podemos deduzir a seguinte relação: 52
∫
∫
= − → = − → − = x k tdt x A dx kdt x A dx x A k dt dx t 0 0 0 0 0 ) ] ([ ) ] ([ ) ] ([ 53 → = − − A x xt kt 0 0 ) ] ln([ kt x A A t = − 0 0 ] [ ] [ ln 54Pode-se isolar o x, de modo que: 55 kt kt t kt t kt kt t kt x A A e e A x e x e A A e x A A e e t [ ] [ ] [ ] ( 1) ] [ ] [ 0 0 0 0 0 ] [ ] [ ln 0 0 − = → − = → = − → = − 56 ) 1 ( ] [ ] [ 0 kt t t P A e x = = − − Eq. (5) 57 58
É possível retornar a Eq. (4) lembrando que xt =[A]0−[A]t: 59 kt t kt kt t t A A A e A A e A A e x =[ ]0 −[ ] =[ ]0(1− − )=[ ]0 −[ ]0 − →[ ] =[ ]0 − 60 61
Toda essa dedução da Eq. (5) poderia ter sido evitada, pois como tínhamos deduzido a 62
Eq. (4) para [A]t, poderíamos aplicá-la em xt =[A]0−[A]t para fornecer a mesma Eq. 63
(5). Porém esta estratégia de colocar a velocidade da reação em função de x e resolver a 64
integral para esta variável oferece vantagens que posteriormente se mostrarão claras 65
(como em reações bimoleculares). Em outras palavras, às vezes é melhor deduzir a 66
velocidade com relação à x e depois deduzir [A]t a partir de xt, ao invés do contrário. 67
___________________ 68
Seja a reação de A reagindo para formar P. Com a ≠ 1, a velocidade é a A A k dt A d ] [ ] [ = − D , e 69 segundo a Eq. (2): 70 → − = − + − = − + = − − − − − − 1 1 0 1 0 1 0 1 ] [ 1 ) 1 ( 1 ] )[ 1 ( 1 ] )[ 1 ( ] [ 1 1 1 ] [ 1 1 1 a t a a A a A a t a A a A kt A a A a kt A a D D 71 72 1 1 1 0 1 0 1 ] )[ 1 ( ] [ ] [ − − − + − = a a A a t kt A a A A D Eq. (6) 73 74
Se DA =a=2: → + = 1 ] [ 2 ] [ ] [ 0 0 kt A A A t 75 76 0 0 0 ] [ 1 2 ] [ 1 ] [ 2 ] [ 1 A kt A kt A A t + = + = Eq. (7) 77 78
Uma reação com ordem de velocidade de segunda ordem com relação ao reagente A
79
possui esta forma. Para uma mesma constante de velocidade k podemos comparar
80
diferentes tipos de reações. Usando k = 2, [A]0 = 10, DA =1 para reações de ordem 0 e 1 81
e DA =2 para reação de segunda ordem pode-se construir o gráfico da Fig. 1:
82 0 2 4 6 8 10 12 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 tempo c o n c e n tr a ç ã o CA(a=1) CA(a=2) CA(a=0) 83 Fig. 1 84 85
Se um determinado contaminante ambiental tem sua concentração diminuída no 86
ambiente segundo uma reação de segunda ordem, ele desaparecerá definitivamente do 87
meio ambiente mais ou menos rapidamente comparado com um decaimento de primeira 88
ordem? Pela Fig. 1 somos tentados acreditar que o decaimento de segunda ordem 89
implica uma menor duração da espécie consumida. No entanto uma observação mais 90
acurada da Fig. 1 mostra que este fato não procede: 91
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3,2 tempo c o n c e n tr a ç ã o CA(a=1) CA(a=2) 92 Fig. 2 93 94
[A]t para a reação de segunda ordem permanece com concentração superior para uma 95
reação de primeira ordem a partir de um certo intervalo de tempo. Este comportamento 96
me foi atentado pelo livro do Moore (W. J. Moore, Físico-Química, Vol. 1, Editora 97
Edgard Blücher LTDA, pg. 307, 2000). 98
99
Um gráfico parecido com o da Fig. 1 pode ser obtido mudando não a ordem da reação, 100
mas a constante de velocidade numa reação de primeira ordem, por exemplo, como é o 101 caso na Fig. 3: 102 0 2 4 6 8 10 12 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 tempo c o n c e n tr a ç ã o k = 0,1 k = 1 k = 5 103 Fig. 3 104 105
Observe que para k = 0,1 o perfil de [A]t é muito semelhante ao de uma reação de ordem 106
zero. Isto pode ser entendido através da expansão de Taylor, que para uma função f(x) 107
com x nas proximidades de a (uma constante qualquer diferente do sentido de a de 108
ordem de reação usado até o momento) é descrita como: 109 ! ) )( ( ... ! 2 ) )( ( '' ! 1 ) )( ( ' ! 0 ) ( ) ( ) ( 2 n x a x a f x a x a f a x a f a f x f n n − + + − + − + = 110 111 Para a = 0 112 113 ! ) 0 ( ... ! 2 ) 0 ( '' ! 1 ) 0 ( ' ) 0 ( ) ( ) ( 2 n x f x f x f f x f n n + + + + = (Série de Maclaurin) 114 115 Se a função é exponencial: 116 3 0 3 2 0 2 0 0 ) 0 ( '' ' ) 0 ( '' ) 0 ( ' 1 ) 0 ( ) ( h e h f h e h f h he f e f e x f h h h h hx − = − = = = − = − = = = = − − − − − 117 118 ! ) ( ... ! 3 ! 2 ! 1 ! 0 1 ) ( 3 3 2 2 n x h x h x h hx e x f n n hx = − + − + + − = − 119 120
Segundo a Eq. (4) para DA =1, sendo t = h e k = x:
121 − + + − + − = = − ! ) ( ... ! 3 ! 2 ! 1 ! 0 1 ] [ ] [ ] [ 3 3 2 2 0 0 n t k t k t k kt A e A A n n kt t 122
Para um k muito pequeno, se assumirmos que os termos de potencias maiores que 1 123
podem ser truncados: 124
(
kt)
A A kt A A]t [ ]0 1 [ ]0 [ ]0 [ ≈ − = − 125Ou seja, uma reação de ordem zero. Essa observação, que li pela primeira vez num livro 126
do Linus Pauling, mostra como é importante a análise estatística dos dados e outros 127
tipos de experimento que justifiquem a atribuição da ordem da reação com relação a um 128
dado composto. Nem sempre é fácil diferenciar 1ª de 2ª ordem visualmente, por 129
exemplo, podendo levar a equívocos como dizer que uma reação de 1ª ordem é de 130
ordem zero, como ilustrado acima. 131
132
3 – Tempos de meia-vida: 133
134
Para a reação de primeira ordem descrita na seção anterior (linhas 45 à 57) é pode-se 135
plotar as concentrações de A e de P (x) em função do tempo, fornecendo um gráfico 136
Para finalizar, para [A]0 =10e k =2, entre 0 < t < 3: 137 0 2 4 6 8 10 12 0 1 2 3 4 tempo c o n c e n tr a ç ã o CA x 138 Fig. 4 139
As curvas obedecem às equações (4) e (5) (para DA =1):
140 kt t A e A] =[ ]0 − [ 141 ) 1 ( ] [ 0 kt t A e x = − − 142
E se cruzam em um tempo
τ
, que pode ser obtido igualando [A]t à xt: 143 k e A e A e A e A] k [ ] (1 k ) 2[ ] k [ ] k 1/2 ln(1/2) [ 0 = 0 − → 0 = 0 → = ⇒ =− − − − −τ τ τ τ τ 144 k ) 2 ln( = τ Eq. (8) 145O valor de
τ
neste caso é o tempo de meia-vida (t1/2) de A, numa reação de primeira 146ordem. Por causa da simetria do aumento da concentração do produto com a queda da 147
dos reagentes, as curvas se cruzam em t1/2, ou seja, o tempo após qual a concentração de 148
A se reduz a metade. Ou seja, o tempo de meia-vida é tal que [A] (t = t1/2) = [A]0/2. Para 149
uma reação de primeira ordem (a = 1) com DA =1 (elementar ou não):
150 → − = − → + − = ln[ ]0 ln([ ]0/2) ln[ ]0 1/2 ] ln[At kt A A A kt 151 → − = − 2 / 1 1 ) 2 ln( kt k t1/2 =ln2 Eq. (9) 152
E naturalmente que Eq. (9) é equivalente à Eq. (8). Esta equação é extremamente 153
aplicada na cinética das desintegrações de núcleos radioativos. 154
155
Para a ≠ 1 emprega-se a condição de [A]t = [A]0/2 na Eq. (2): 156
→ − − − = − − − = → − + = − → − + = − − − − − − − − − − 1 0 1 0 1 1 0 1 0 2 / 1 1 0 2 / 1 1 0 1 0 1 ] [ 1 1 1 ] [ 1 1 2 ] [ 1 1 1 ) 2 / ] ([ 1 1 1 ] [ 1 1 1 ) 2 / ] ([ 1 1 1 ] [ 1 1 1 ] [ 1 1 1 a a a a a A a A a a A a A a A a A a A a kt A a kt A a A a kt A a D D D 157 1 0 1 2 / 1 ] [ ) 1 ( 1 2 − − − − = a A a A k a t D Eq. (10) 158 159
Observe que o tempo de meia vida para uma reação de ordem zero pode ser obtido 160
empregando a mesma condição à Eq. (1): 161 k A t kt A At 2 ] [ ] [ ] [ 0 2 / 1 0 − → = = 162
Para uma reação de primeira ordem temos
k k t 2 4 , 1 2 ln 2 /
1 = ≈ , e para reação de segunda 163 ordem: 164 0 1 0 1 2 / 1 ] [ 2 1 2 ] [ ) 1 ( 1 2 A k a A k a a t a a → = → − − = − − 165
Ou seja, dados [A] e k, todos os tempos de meia vida (para a = 0, 1 ou 2) são
166
inversamente proporcionais a 2k, mas se [A]0 > 1,4, t1/2 (a = 0) é o maior tempo de meia 167
vida, pois [A]0 está no numerador, t1/2 (a = 1) fica como intermediário e t1/2 (a = 2) é o 168
menor, pois [A]0 está no denominador. Para o caso exemplificado [A]0 =10e k =2, t1/2 169 = 2,5; 0,35 e 0,025, para a = 0, 1 e 2, respectivamente. 170 171 ___________________ 172 173
Uma maneira mais geral de expressar a reação de primeira ordem vAA vPP pode ser 174 obtida assumindo vA ≠vP: 175 → = − = kdt A v A d P v P d A P [ ] ] [ ] [ ] [ kt v A A A kt v A t =− A + → =− A 0 0 ] [ ] [ ln ] ln[ ] ln[ 176
mas usando a equação da linha 43: 177 0 0 ) ] /[ 1 ( 0 0 ] [ ] [ 1 ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ 0 A v P v A A v P v A v A v P v A v A P t A A x P t A A P t A A − = → − = → + = 178
podemos obter a variação da concentração de P com o tempo para este caso mais geral: 179 → = − → − = − = −v kt P t A P t A A A e A v P v A v P v kt v A A 0 0 0 [ ] ] [ 1 ] [ ] [ 1 ln ] [ ] [ ln 180
181 182 ) 1 ( ] [ ] [ 0 vkt A P t A e v A v P = − − Eq. (11) 183
De modo que se vA =vP =1 a Eq. (11) se torna a Eq. (5). Observe que neste caso a 184
simetria da relação entre [A] e [P]t = xt observada na Fig. 4 (em que as concentrações se 185
cruzam no tempo de meia vida) pode ser quebrada caso vA ≠vP, como exemplificado 186 na Fig. 5: 187 0 5 10 15 20 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 tempo c o n c e n tr a ç ã o [A]; vA = vP = 1 x=[P]; vA = vP = 1 [A]; vA = vP = 2 x=[P]; vA = vP = 2 [A]; vA = 1; vP = 2 x=[P]; vA = 1; vP = 2 188 Fig. 5 189 190
Para uma reação com a ≠ 1 podemos obter o mesmo tipo de equação geral como a Eq. 191
(11) substituindo na Eq. (6) a seguinte relação: 192 P t A P t A A v P v A A v P v A v A [ ] ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ 0 0 − → = − = 193 De modo que: 194 P t A a a A a t v P v A kt A a v A A [ ] [ ] 1 ] )[ 1 ( ] [ ] [ 0 1 1 1 0 1 0 = − + − = − − − 195 + − − = − − −1 1 1 0 1 0 0 1 ] )[ 1 ( ] [ ] [ ] [ a a A a A P t kt A a v A A v v P Eq. (12) 196