Ouvir os alunos, partilhar práticas, aprender com
a diversidade:
Estratégias para o desenvolvimento dos
professores
Responder à diversidade através do envolvimento
com as vozes dos alunos: uma estratégia para o
desenvolvimento dos professores
• Projeto Comenius Multilateral
• Duração de três anos: 2011–2014
• 3 países: Portugal, Espanha e Reino Unido
• 12 parceiros: 4 universidades e 8 escolas do ensino básico e secundário
Objetivos do projeto
3 áreas de foco:
diversidade
vozes dos alunos (aprendizagem e ensino)
desenvolvimento dos professores
Desenvolver estratégias e materiais que
demonstraram ser eficazes no desenvolvimento dos professores, e apresentar recomendações
Metodologia
Dois ciclos de investigação ação colaborativa
desenvolvidos por equipas de professores e de investigadores em 8 escolas do 2º ciclo EB ao ensino secundário, em cidades de três países (Lisboa, Madrid, Hull e Manchester).
1º ciclo de investigação ação – fase piloto: janeiro-maio 2012 2º ciclo de investigação ação: novembro 2012-maio 2013
- As vozes dos alunos: recolha e envolvimento com as
vozes dos alunos, a fim de favorecer o
desenvolvimento de práticas de sala de aula mais inclusivas.
Metodologia
(continuação)- Plano de ação inicial: uma estrutura (framework) flexível, de sete passos
- As lesson study (aulas de pesquisa) como estratégias para o desenvolvimento do professor
- Investigadores das universidades dão formação e apoio às equipas de professores das escolas
parceiras; e,
acompanham as escolas, identificando, em
colaboração com os professores, processos de introdução de práticas mais inclusivas
Primeiro encontro, em Hull, Reino Unido - dezembro 2011
1º ciclo de investigação ação – fase piloto: janeiro-maio 2012
Plano de ação inicial
1º passo: Formar um grupo de trabalho: trios de professores 2º passo: Analisar a diversidade na escola
3º passo: Recolher as opiniões dos alunos
4º passo: Planificar as lesson study (aulas de pesquisa)
5º passo: Lecionar as lições de estudo (lesson study), tendo em conta as respostas dos alunos
6º passo: Entrevistar os alunos
Segundo encontro, em Madrid, Espanha - junho 2012 Partilha de resultados da fase
piloto e planificação para o próximo ciclo
As lesson study (aulas de pesquisa): uma estratégia
para o desenvolvimento dos professores
Racional
Ter a oportunidade de ver colegas no contexto de trabalho é fundamental para o desenvolvimento da prática pedagógica
Ocorrem mudanças na prática como resultado do desenvolvimento de uma linguagem comum com a qual os colegas podem falar uns com os outros sobre aspetos detalhados da sua prática
Plano de ação inicial
1º passo: Formar um grupo de trabalho: trios de professores 2º passo: Analisar a diversidade na escola
3º passo: Recolher as opiniões dos alunos 4º passo: Planificar as lesson study
5º passo: Lecionar três aulas de pesquisa:
observar as respostas dos alunos
6º passo: Entrevistar os alunos
7º passo: Identificar as implicações
para a prática
São realizadas do seguinte modo:
• Trios de professores chegam a um acordo sobre um foco para as suas aulas, tendo em consideração as opiniões
dos alunos
• Cada trio planifica colaborativamente uma aula
(conhecida com research lesson), de modo a assegurar a participação de todos os alunos
• O professor informa a turma sobre a observação dos professores
Objetivo: melhorar a qualidade das experiências de aprendizagem que os professores proporcionam a todos os seus alunos.
• Enquanto um/a professor/a leciona a aula, os seus dois
colegas observam o processo, focando especificamente
no modo com os alunos respondem.
• A aula é registada em vídeo, para ser analisada pelo trio depois da aula
• Um grupo de alunos é entrevistado para determinar as suas opiniões sobre as aulas
• A aula é registada em vídeo, para ser analisada pelo trio depois da aula
• Podem ser feitas algumas reformulações ao plano inicial da aula
Impactos nos professores
Para mim o mais importante foi ter sido observada por
outros colegas. Foi muito enriquecedor e ajudou-me a
melhorar em alguns aspetos.
Foi muito bom planificar em conjunto e também estar nas
aulas umas das outras. Criou um espaço de intimidade
entre nós… Somos completamente diferentes e por isso temos um impacto totalmente diferente nos nossos
alunos. Mas agora quando nos encontramos, muito mais naturalmente falamos da prática, dos seus detalhes, do que vamos fazer, e partilhamos mais documentos.
Impactos nos professores
Vou ter de estar mais atenta a alguns dos alunos porque às vezes penso que estão todos a participar mas afinal não estavam.
Com respeito às formas como trabalhámos a
diversidade, a colega da turma do 6ª ano teve um papel fundamental no trio. A sua turma é
extremamente difícil no comportamento,
desmotivação e participação; e ela abriu as reflexões do trio e ajudou-nos a refletir sobre como lidar com essa situação preparando melhores aulas que
pudessem promover mais participação e aprendizagem para todos os alunos.
Impactos nos professores
Todos sentimos que a grande mais valia foi termos
trabalhado em conjunto. Duas de nós , de Ciências, já trabalhávamos em conjunto e o professor de Educação Visual inseriu-se no grupo em perfeição.
O ano passado gostámos da experiência e resolvemos
continuá-la. O 1º ano foi um ano de partir pedra com um novo modelo. O facto de o termos feito deixou-nos mais à vontade para arriscar uma parceria com os. O nosso foco foi a participação dos estudantes na planificação das aulas. Reunimos com um grupo de alunos de cada turma para trabalhar a planificação da aula a partir de um tema que sugerimos. Eles participaram em todo o processo.
Ouvir as vozes dos alunos para fazer sentido da
diversidade e interrogar as práticas
Plano de ação inicial
1º passo: Formar um grupo de trabalho 2º passo: Analisar a diversidade na escola 3º passo: Recolher as opiniões dos alunos
4º passo: Planificar as lições de estudo (lesson study) 5º passo: Lecionar as lições de estudo (lesson study),
tendo em conta as respostas dos alunos
6º passo: Entrevistar os alunos
Envolvimento de uma diversidade de contextos e
de alunos
Revelou-se essencial:
• Ouvir e reconhecer a realidade única de cada
contexto e pessoa.
• Desenvolver formas de trabalhar em conjunto e de responder aos alunos, adaptadas a cada contexto. • Envolver sistematicamente os alunos ao nível do
feedback; e, em alguns contextos, do planeamento, ensino e reflexão.
Diversos modos de recolha das vozes dos alunos
• Entrevistas e entrevistas a grupos focais (diferentes estratégias)
• Alunos como investigadores
• Questionários
• Mini-questionários no final das aulas
• Alunos apresentam à sua turma estratégias que os poderiam ajudar a aprender melhor
Questionários: frases para completar
1. Sinto-me bem na aula quando....
2. Acho as aulas divertidas quando...
3. Percebo melhor as aulas quando...
4. A pior coisa na minha turma é...
5. Sinto-me inseguro na turma quando ...
6. Percebo melhor o que o/a professor/a diz quando ele/a...
7. A pior coisa nesta escola é…
8. Gostaria que os meus professores...
“Pensa em três conselhos que poderias dar aos teus professores de modo a que, ao darem as aulas, todos os alunos pudessem aprender e sentir-se bem na sua turma”.
Discussão em pirâmide
Da reflexão individual ao
debate em grupo-turma
• Seminários e outras iniciativas para apresentar aos alunos a ideia de formar um grupo de investigação-ação na escola: alunos voluntários.
• Ao longo do processo os alunos investigadores foram envolvendo outros colegas nesse grupo.
• Numa das escolas, no 2º ciclo do projeto, o grupo assumiu a liderança das entrevistas.
• A opiniões dos alunos investigadores foram
recolhidas: a sua experiência e como veem a escola -diversidade , exclusão/inclusão.
ALUNOS entrevistam ALUNOS
Preparação para a recolha das vozes dos alunos
O que te faz sentir incluído/não incluído na turma/escola? Cinco workshops com os alunos para desenvolver competências de pesqu
isa
Entrevistas a grupos focais
(+)
O que nos faz sentir que estamos a participar e aprender numa aulaDebate com base
em
‘Post – it’ anónimos
(+) O que nos faz sentir não participantes/à parte
numa aula
As vozes dos alunos (+)
•Gostei de ser um dos que ajudaram a planear a aula
porque se alguém no meu grupo não soubesse alguma coisa eu ajudava.
•Houve uma inversão de papéis nesta aula.
•Senti que estava a participar porque nós, os alunos,
estávamos a dar a aula.
•A aula foi construída a partir do que já tínhamos
pesquisado e preparado. Assim participamos mais porque já sabemos qualquer coisa sobre o tema.
•Gostei mesmo do trabalho de grupo. Senti que fazia
As vozes dos alunos (–)
•No caso do meu grupo foi totalmente diferente dos
outros. Éramos só eu e a minha colega e ela não tinha vontade de trabalhar. Eu tinha e por isso fiz o trabalho sozinha.
•Reparei que alguns colegas se sentiam à parte devido
às dificuldades que têm (nas línguas).
•Alguns dos alunos nos pequenos grupos estavam a
Impactos da experiência nos alunos
• Aprendemos a preparar e dar uma aula aos nossos
colega.
• Senti que fazia mesmo parte daquela aula.
• Quando uma aula é mais prática e dinâmica como
esta e o professor é capaz de responsabilizar os alunos nas tarefas, eles ficam motivados. Desta maneira, os alunos conseguem mesmo aprender.
Impactos da experiência nos alunos
• Como turma nós já dissemos ao professor que
queremos mais aulas como esta. Ele concordou. (…)
• Aprendemos mais sobre a circulação sistémica.
Gostaríamos de aplicar este método de trabalho com outras disciplinas.
Impactos nos alunos investigadores
Este projeto para mim foi…• Encontrei muitas pessoas diferentes e versões e
perspetivas de vida partilhadas por alguns colegas que eu antes nem podia imaginar!
• Eu aprendi muito! Não gosto muito de estudar, e
aprendi a ouvir o que os alunos pensam sobre as aulas.
• (O projeto)Correu muito bem. Chegámos à conclusão
que ajudou muitos alunos a envolverem-se na aprendizagem.
O que aprendemos
As opiniões dos alunos são um caminho incontornável que nos torna capazes de reconhecer e trabalhar com a diversidade
Os professores precisam de aprender a comprometer-se com essas vozes
Isso pode estimular o desenvolvimento de práticas mais inclusivas
A colaboração é necessária de modo a apoiar a introdução de novas formas de trabalho na escola
Este processo é suscetível de desafiar o status quo
Os elementos dos órgãos diretivos têm de estar preparados para apoiar processos de experimentação.
Desafios a ter em conta
• Escolha dos mecanismos adequados para um verdadeiro empenhamento em relação às vozes dos alunos
• Articulação entre o feedback dos alunos e o
desenvolvimento das aulas
• Encontrar um equilíbrio entre as vozes individuais e coletivas
• Resistências à mudança das práticas
• Pressões externas: currículo, processos de avaliação, contextos organizacionais...
Referências
Ainscow, Mel; Dyson, Alan; Goldrick, Sue; West, Mel (2012). Developing
Equitable Education Systems. Nova Iorque: Routledge.
Ainscow, M. (coord.), Caldeira, E., Paes, I., Micaelo, M. and Vitorino, T. (2011). Aprender com a Diversidade? Um Guia para o Desenvolvimento da Escola (2ª ed., revista e atualizada). Lisboa: Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural
Messiou, Kiki (2010). Inclusion: developing an effective whole school approach.
European Journal of Special Needs Education, 25, 3.
Miles, Susie; Ainscow, Mel (Ed.s) (2011). Responding to Diversity in Schools: An
Inquiry-Based Approach. Nova Iorque: Routledge.
Paes, Isabel; Vitorino, Teresa; et al. (2010). Learning in collaboration in school. The Green School. In: Ferreira, M. M. and Valadares, J. (2011) (Eds.) Project
Compractice. Communities of Practice for Improving the Quality of Schools for All, 75-97. Lisboa: Universidade Aberta.
Riehl Carolyn J. (2000). The Principal's Role in Creating Inclusive Schools for Diverse Students. Review of Educational Research, 70, 1, 55-81