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Todos os profissionais da contabilidade sabem que a

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Academic year: 2021

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Estudo de Caso

Ensino do Lucro Arbitrado

Mauro Fernando Gallo

É graduado em Ciências Econômicas pela Fun-dação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap); mestre em Controladoria e Contabi-lidade Estratégica pela Fecap; doutor em Ci-ências Contábeis pela FEA/USP; coordenador da Comissão de Desenvolvimento Científico do CRCSP. É pesquisador na área de Conta-bilidade Tributária e Gestão e Planejamento Tributário e atua como professor no curso de MBA em Direito e Contabilidade do Instituto de Pós-Graduação (Ipog). É autor de livros na área de Contabilidade e Gestão de Tributos, bem como de diversos artigos científicos na área publicados no Brasil e no exterior.

T

odos os profissionais da contabilidade sabem que a

cada dia que passa torna-se mais importante gerenciar

muito bem os tributos nas empresas, em função da alta

carga tributária que não pesa somente sobre elas, mas pode, até

mesmo, comprometer a viabilidade da instituição.

O objetivo deste estudo de caso é compartilhar a experiência

prática com os profissionais que atuam tanto na área contábil e

sua gestão, quanto na área do ensino da Contabilidade.

O problema que se apresenta é o pouco conhecimento de um

grande número de profissionais que atuam na área contábil ou

de gestão tributária das empresas a respeito da tributação do

Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) pela sistemática

do lucro arbitrado.

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há mais de vinte anos, na área do ensino da Contabilidade e, há mais de quatorze anos, na área de Con-sultoria Tributária, buscando sem-pre encontrar a sistemática legal de menor custo tributário para as em-presas em que atuo.

Ministrei aulas em cursos de ba-charelado em Ciências Contábeis na cidade onde resido, Bauru (SP), além de aulas em cursos de mestra-do em Contabilidade, em São Pau-lo. Continuo atuando em cursos de pós-graduação em Contabilidade e Gestão Tributária, além de cursos específicos de curta duração por todo o território nacional, o que possibilitou constatar o reduzido conhecimento dos profissionais da área sobre o sistema de tributação do IRPJ pelo lucro arbitrado.

A questão que se apresenta é:

Qual a razão desse tipo de situ-ação se encontrar praticamente em todos os estados do Brasil?

Primeiramente, deve-se destacar que, até um passado não tão longín-quo, somen-te o Fisco po-deria tributar as empresas pela siste-8.383, de 1991, ou seja, exclusiva-mente por intermédio do lança-mento de ofício efetuado apenas pelos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil é que as empresas poderiam ter seu lucro arbitrado.

Assim sendo, nota-se que hou-ve uma total despreocupação dos cursos de Ciências Contábeis so-bre o ensino da tributação do IRPJ pela sistemática do lucro arbitrado, uma vez que ele somente poderia ser utilizado pelos agentes do Fis-co federal.

Porém, a situação passou por uma primeira alteração quando da revogação do §2º do Art. 21 da Lei n.º 8.541, de 1992, possibilitando que as empresas, a partir de en-tão, pudessem calcular, por si só, sua tributação de IRPJ com base na apuração pelo lucro arbitrado, mas de forma excepcional, ou seja, des-de que se tratasse des-de casos fortui-tos ou de força maior, devidamente

comprovados, conforme disposto na lei civil.

Nessa situação, ainda não se vivenciaram grandes

mu-danças, pois a apuração do IRPJ com base na sistemática do lucro arbitrado constituía-se em uma exceção a constituía-ser con-siderada em casos extremos. Portanto, praticamente até o momento, não havia nenhum ensino sobre tal sistemáti-ca nos cursos de Contabilida-de, nem no nível de graduação nem no de pós-graduação.

A partir de 1996, com embasa-mento no §1º do Art. 47 da Lei n.º 8.981, de 1995, o contribuinte pas-sou a poder optar pela sistemática de apuração do IRPJ com base no lucro arbitrado, desde que sua re-ceita fosse conhecida.

O Decreto n.º 3.000, de 1999, ou seja, o Regulamento do Impos-to de Renda (RIR), em seu Art. 531, estabelece que as empresas

pode-base no lucro arbitrado, desde que sua receita seja conhecida e que a situação se enquadre nas hipóteses constantes no Art. 530.

Essa situação demonstra não se tratar de uma opção normal, como poderia se dar com o Simples Na-cional ou o lucro presumido, ou, até mesmo, o lucro real, caso a empre-sa não estivesse obrigada a adotar esta última sistemática e se enqua-drasse nos limites de faturamento e condições das duas primeiras.

Mesmo não se tratando de uma opção normal como as demais, des-de 1996, passou a ser mais uma al-ternativa à disposição dos profissio-nais da contabilidade e dos gestores tributários em determinadas condi-ções estabelecidas pela legislação.

Desta forma, nota-se a existên-cia clara de três fases, no que se re-fere à sistemática de apuração do IRPJ com base no lucro arbitrado: a primeira, quando somente o Fisco poderia apurar o resultado das em-presas com base no lucro arbitrado; a segunda, em que o contribuinte já poderia, excepcionalmente, apurar o IRPJ a ser pago com base no lucro arbitrado; e a terceira, que vigora desde 1996 até nossos dias, em que as empresas têm a possibilidade de optar, em determinadas condições legais, pela sistemática de apuração com base no lucro arbitrado.

Quando da mudança para a se-gunda fase, ou seja, adoção pela sistemática do lucro arbitrado em situações excepcionais, não se no-tou nenhuma mudança, tanto no ensino da Contabilidade quanto na utilização da nova sistemáti-ca por parte dos profissionais da área contábil, ou, até mesmo, pe-los profissionais com atuação na área de gestão tributária, os quais, até aquela época, em sua grande maioria, eram advogados, haven-do pouca participação desses pro-fissionais. Porém, a terceira fase,

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que é a situação atual, já está em vigor há quase vinte anos e, até o presente momento, vem apresen-tando um baixo nível de utilização, principalmente devido ao pouco conhecimento dos profissionais da área contábil sobre o tema em questão.

Nota-se que, nos últimos dez anos, a gestão tributária passou a contar com maior participação de profissionais da contabilidade, vez que os advogados tributaris-tas se deram conta de que o pla-nejamento tributário, com base em discussão do entendimento legal, também denominado de “conten-cioso administrativo” ou “judicial”, é muito lento na obtenção de re-sultados específicos, principalmen-te devido à morosidade de nossa Justiça. Com isso, passaram a atuar em conjunto com os profissionais da contabilidade no chamado pla-nejamento tributário operacional, o qual proporciona benefícios ime-diatos para as empresas.

Isso possibilitou um grande de-senvolvimento para as empresas que se utilizam da gestão e do planejamento tributário, inclusive com a diminuição de riscos tribu-tários, os quais, na atualidade, são bem combatidos e cobrados pelos órgãos de fiscalização, sejam fe-derais, estaduais ou municipais.

Todo o crescimento e desenvol-vimento da gestão tributária ope-racional, seja pelos profissionais da contabilidade isoladamente, ou até mesmo em conjunto com advoga-dos tributaristas, vem apresentan-do inúmeras possibilidades e situ-ações a cada ano que passa, seja com estudos quanto à melhor sis-temática de apuração de resultados para tributação, seja com reorgani-zações societárias, seja pela utiliza-ção de benefícios fiscais, etc. E n t r e t a n -to, nota-se que a apu-ração do IRPJ pela s i s t e m á -tica do lu-cro

arbitra-do ainda não apresenta o mesmo nível de crescimento.

Analisando-se o histórico dessa sistemática, e com base no que te-nho encontrado em cursos de pós-graduação por todo o território nacional, pode-se observar que o ensino do lucro arbitrado continua a ser praticamente inexistente, até mesmo na graduação em Contabi-lidade, resumindo-se, muitas vezes, como já mencionado, à informação de que somente pode ser utiliza-do pelo Fisco federal, ao con-siderar, conforme previsto na legislação, que o contribuin-te possui uma “contabilidade

imprestável”. O r a , quem vai

querer di-zer que sua

contabilida-de está im-prestável?

Muitos alunos de pós-graduação mencionam

claramente que, ao longo de sua graduação, quase

nada foi ensinado sobre lucro arbitrado, havendo

casos em que nem sequer foi mencionado, o que

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tabilidade que registrariam incor-retamente os atos praticados pelas empresas, ou será que a culpa, na realidade, é das empresas, que pra-ticam atos de forma desorganizada e, até mesmo, não disponibilizam a documentação corretamente aos seus contadores? Quem não conhe-ce empresários que deixam de dis-ponibilizar os extratos das contas bancárias para seus contadores? Como os profissionais da contabi-lidade poderão ser responsabiliza-dos por uma contabilidade classi-ficada como “imprestável” nessas situações mencionadas?

Com base em tudo o que se constatou na prática da gestão tributária em médias e pequenas empresas, durante mais de catorze anos, e no ensino da Contabilidade por mais de vinte anos, no que se refere ao conhecimento e ao ensi-no da tributação do IRPJ com base na sistemática do lucro arbitrado, passei a me dedicar ao ensino des-sa modalidade, seja em cursos de pós-graduação ou até

mes-mo em cursos específicos d e c u r t a duração, além de orientar de gestão tributária.

Em ambas as situações, tanto no ensino quanto na orientação da aplicação da sistemática de apura-ção do lRPJ com base no lucro ar-bitrado, temos encontrado grande interesse, principalmente por par-te dos profissionais da contabilida-de, mas também por advogados, administradores e economistas, os quais realmente confessam o des-conhecimento das possibilidades de utilização do lucro arbitrado, de acordo com os princípios estabele-cidos na legislação.

Muitos alunos de pós-gradua-ção mencionam claramente que, ao longo de sua graduação, quase nada foi ensinado sobre lucro arbi-trado, havendo casos em que nem sequer foi mencionado, o que ainda ocorre nos dias atuais. É importante lembrar que há aproximadamente dez anos não se falava, nos cursos de Ciências Contábeis, sobre as dis-ciplinas de Contabilidade Tributária

e Gestão ou

bre tais temas na área contábil. No entanto, essa situação está se alterando e, a cada dia, mais li-vros novos têm sido escritos sobre o assunto, além de terem sido in-cluídas essas disciplinas na maior parte dos cursos de Contabilidade. Porém, curiosamente, mesmo com esse crescimento de informações sobre a área contábil tributária, muito pouco ainda tem sido ensi-nado e escrito com base na apura-ção do IRPJ pela sistemática do lu-cro arbitrado.

A forma de ensino da Sistemá-tica de Lucro Arbitrado que temos adotado constitui-se de aulas ex-positivas com slides, nas quais se mencionam os diversos aspectos envolvidos, seja no caso de receita conhecida – que possibilita à empre-sa a adoção desempre-sa sistemática –, seja no caso de receita não conhecida – caso em que somente o Fisco fede-ral poderá adotar o lucro arbitrado como sistemática para apuração do resultado a ser tributado pelo IRPJ.

O profissional da área contábil, ou de outra área que tra-balha com gestão e planejamento tribu-tário, poderá se per-guntar por que deve aprender a respeito de um procedimento que somente pode ser ado-tado pelo Fisco federal. Deve-se lembrar aos pro-fissionais da contabilidade a importância de conhe-cerem toda a sistemática para poder conferir o que foi efetuado, uma vez que o Fisco federal tem várias al-ternativas para apuração do lucro arbitrado, de acordo com a legislação, tais como: total das compras, nas empre-sas comerciais; soma dos va-lores da folha de pagamento

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Referências

Brasil, Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

_____, Lei n.º 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Institui a Unidade Fiscal de Referência, altera a legislação do imposto de renda e dá outras providências.

______, Lei n.º 8.541, de 23 de dezembro de 1992. Altera a legislação do Imposto de Renda e dá outras providências. ______, Lei n.º 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Altera a legislação tributária Federal e dá outras providências. dos empregados e das compras de

matérias-primas, produtos interme-diários e materiais de embalagem, nas empresas industriais; soma dos valores devidos aos empregados, no caso das empresas de serviços, além de outras possibilidades, como, por exemplo, pelo lucro real apurado no último período em que a empresa manteve escrituração contábil de acordo com a legislação; pelo valor do ativo total no último balanço pa-trimonial conhecido; pelo valor do capital, inclusive correção monetá-ria contabilizada como reserva de capital; pelo valor do patrimônio lí-quido constante do último balanço conhecido; e pelo valor mensal do aluguel. No caso da receita conhe-cida, em que a sistemática de apu-ração do IRPJ com base no lucro ar-bitrado pode ser adotada tanto pela empresa como pelo Fisco federal, a situação é bem simples, pois é idên-tica à apuração pelo lucro presumi-do, havendo apenas um acréscimo de 20% nos percentuais da base de cálculo do IRPJ. Assim, como no caso das empresas em geral o percentual da base de cálculo é de 8%, no lucro presumido passa a ser de 9,6% (8% x 1,20), ou, no caso de empresas de prestação de serviços, passa de 32% para 38,4% (32% x 1,20).

É importante destacar que no lucro arbitrado somente há altera-ção da base de cálculo do IRPJ, não

havendo nenhum acréscimo em re-lação ao lucro presumido, no que se refere à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), à contribuição para o Programa de Integração So-cial (PIS) e à Contribuição para o Fi-nanciamento da Seguridade Social (Cofins).

Outro fato que se destaca no en-sino dessa modalidade e que mui-tos também desconhecem é que a apuração com base no lucro arbitra-do não é considerada pela legislação como uma penalidade, com base tanto na receita conhecida quanto na receita não conhecida. Sendo as-sim, o resultado que for apurado, quando obtido pelo Fisco federal, ainda será acrescido de multa de ofí-cio, que poderá ser de 75%, 150% ou 225%, conforme o caso, multa essa que não incidirá quando o lu-cro arbitrado for adotado por opção da empresa, com base na legislação aplicável, desde que seja efetuado corretamente.

Deve-se também esclarecer que, na apuração com base na sistemá-tica do lucro arbitrado, as alíquo-tas praticadas do IRPJ – seja a nor-mal, de 15%, seja a do adicional, de 10%, bem como a da CSLL, de 9% para as empresas não financeiras – são as mesmas das demais formas de tributação, tais como lucro pre-sumido e lucro real. Além disso, as alíquotas do PIS, de 0,65%, e da

Co-fins, de 3,0%, são as mesmas apli-cáveis ao lucro presumido.

Por outro lado, adota-se nas aulas a prática de estudos de caso, tanto para a aplicação da receita conhecida quanto da não conhe-cida, para que os alunos passem a ter um conhecimento completo dos mecanismos de apuração com base no lucro arbitrado.

Conforme temos constatado, o ensino da sistemática de apuração do IRPJ com base no lucro arbitra-do tem recebiarbitra-do uma ótima aceita-ção pelos alunos, seja em pós-gra-duação, seja em cursos específicos de curta duração. Ainda mais im-portante é constatar que os profis-sionais da contabilidade, quando passam a conhecer mais detalha-damente a sistemática de lucro ar-bitrado, verificam que se trata de mais uma opção disponível para possibilitar a correção dos registros contábeis das empresas, desde que aplicada de acordo com os requisi-tos expressos na legislação.

Desta forma, o lucro arbitrado deixa de ser apenas uma prática aplicada pelo Fisco federal quando a contabilidade é considerada “im-prestável”, e passa a ser mais uma alternativa ao aperfeiçoamento das demonstrações contábeis de em-presas que pretendam corrigir sua situação contábil fiscal de acordo com a legislação.

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