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Vistos, etc... Estado de Mato Grosso do Sul Poder Judiciário «Comarca do Processo#Retorna o nome da co» «Vara do Processo#Retorna o nome da vara»

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Ação Penal: 0040505-74.2010.8.12.0001

Parte Autora: Ministério Público Estadual

Acusado(s): Anderson de Souza Moreno, Willian Jhony de Souza Ferreira

Vítima(s): Mayana de Almeida Duarte

Vistos, etc...

ANDERSON DE SOUZA MORENO e WILLIAN JHONY DE SOUZA FERREIRA foram pronunciados

no artigo 121, § 2º, incisos I e IV do Código Penal, bem como nos artigos 306 e 308 da lei 9.503/97, porque no dia 14 de junho de 2010, por volta das 3h, o primeiro, também conhecido como "FUSCÃO", dirigindo o veículo GM/Vectra de cor preta e o segundo na direção de outro veículo, Fiat/UNO, cor azul, fazendo "racha" na Avenida Afonso Pena, nesta capital, deram causa, por dolo eventual, a uma colisão com o veículo GM/Celta, conduzido por Mayana de Almeida Duarte, que transitava pela rua José Antônio, culminando na morte dela.

Iniciada a sessão plenária de julgamento, não houve inquirição de testemunhas, sem leitura de peças,

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passando aos interrogatórios dos acusados, relatados os autos e, na sequência, deu-se início aos debates orais.

O Promotor de Justiça, Douglas Oldegardo

Cavalheiro dos Santos, requereu a condenação de Anderson

nos termos da pronúncia e quanto a Willlian, a absolvição no homicídio e condenação nos crimes de embriaguez ao volante e racha, este qualificado (art. 306 e 308 CTB) com aplicação do art. 29, § 2º do CP.

ANDERSON, representado pelos advogados, Antonino Moura Borges e Daniel Zanforlim Borges, sustentaram as teses:

A) Quanto ao homicídio, a de

desclassificação para lesão seguida de morte e culposo no trânsito.

B) Quanto aos crimes de racha e

embriaguez sustentou a absolvição, alegando que não os praticou.

Por sua vez, a defesa de Willian, representada pelo advogado Abdalla Maksoud Neto, negou a participação no crime de homicídio, ratificando, portanto, a

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posição do Promotor, pedindo a absolvição em tal crime e negou também que estava embriagado, todavia concordou com o crime de racha.

O Conselho de Sentença por maioria de votos declarados:

I – quanto ao acusado Anderson:

a) reconheceu a

materialidade, a letalidade, a autoria e não absolveu em nenhum dos crimes lhe imputados.

b) reconheceu as

qualificadoras no homicídio.

Assim, condenou o acusado Anderson no homicídio doloso duplamente qualificado e também nos crimes de embriaguez ao volante e racha.

Neste particular, consigno que o Conselho do Tribunal do Júri reconheceu a qualificadora do motivo torpe, entendendo que o acusado agiu por emulação, ou seja, para

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satisfazer sentimento próprio de vitória, praticando "racha". Consigno, ainda, que reconheceu o crime autônomo de "racha" constante no art. 308 do CTB.

Como se sabe, ao Conselho compete julgar os fatos e neste caso observa-se que o motivo torpe qualificou o crime e ao mesmo tempo constitui elementar de outro crime, de forma que uma ação deve excluir a outra, até porque a redação dos quesitos é a mesma.

Assim, em tais circunstancias, é um fato regulado por duas normas (qualificadora e crime de trânsito), de forma que nada impede que este Juiz, na dosimetria da pena, aplique o princípio do conflito aparente de normas, evitando-se "

bis in idem

", razão pela qual mantenho a qualificadora e afasto o art. 308 do CTB, crime de "racha".

II – quanto ao coacusado Willian

Absolveu no homicídio, conforme requerido pelo Promotor e Defesa e o condenou nos crimes de embriaguez ao volante e racha, tudo conforme termo de

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quesitação anexo.

As circunstâncias atenuantes e agravantes são da competência deste Juízo Singular, logo passo a apreciá-las.

Verifico militar a favor do acusado Anderson a atenuante da menoridade. Isto porque não confessou nenhum dos crimes lhe atribuídos.

Por outro lado, milita em favor de Willian a atenuante da confissão apenas no crime de racha, eis que negou também os demais crimes.

Por outro lado, não há qualquer agravante, bem como causa de aumento ou diminuição a ser ponderada.

Posto isso:

A) Anderson de Souza Moreno infringiu o art. 121, § 2º, incisos I e IV c.c art. 65, inciso I do Código Penal, bem como no artigo 306 da lei 9.503/97, razão pela qual fica condenado nestes artigos; e

B) Willian Jhony de Souza Ferreira também infringiu o artigo 306 e 308 da lei 9.503/97 c.c § 2º do art. 29 e 65 inc.III, alínea "d" do CP.

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Considerando a pena em abstrato do acusado Willian, foi consultado o promotor de justiça sobre a proposta de suspensão do processo mediante o cumprimento de condições nos termos do art. 89 da lei 9.099/95, o qual pediu vista dos autos para se manifestar sobre esta possibilidade, sendo deferido pelo prazo de 5 (cinco) dias.

Assim, a dosimetria da pena refere-se apenas ao acusado Anderson.

As circunstâncias judiciais do art. 59 do CP não lhe são totalmente favoráveis.

Embora a conduta social seja normal e não é possuidor de antecedentes criminais, verifico que agiu com culpabilidade manifestamente reprovável.

Isto porque, saiu de uma boate onde havia ingerido bebidas alcoólicas além do permitido pela legislação e, após adentrar no seu veículo (GM/Vectra) passou a desenvolver velocidade incompatível com as circunstâncias reinantes no trânsito, aliás principal avenida de Campo Grande/MS (Afonso Pena), transpassando vários semáforos

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que sinalizavam a cor vermelha, vindo a colidir violentamente contra o veículo da vítima Mayana, arremessando-o por mais de 45 metros, ocasionando a morte dela após dez dias de agonia no hospital.

A personalidade é destoante dos interesses

da sociedade, tendo em vista que não é a primeira vez que se envolve em delitos de trânsito, aliás, conforme prova dos autos e até mesmo do seu interrogatório em juízo e hoje neste plenário, extrai-se que é a segunda vez que se envolve em colisão de veículos resultando morte, valendo salientar que no seu primeiro envolvimento, era menor de idade.

Ainda quanto a sua personalidade, além dos fatos acima relatados, aos 17 (dezessete) anos foi abordado pela Polícia Militar na condução de uma motocicleta de propriedade de seu irmão, a qual pegou escondida, salientando que carregava um amigo na garupa que se encontrava sem capacete e com uma lata de cerveja nas mãos.

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de Mayana, teve sua CNH apreendida, entretanto, dias depois foi parado por policiais dirigindo outro veículo e, ainda, na contramão de direção, tanto abuso que lhe rendeu a prisão preventiva, a qual não foi revogada nem mesmo pelo STJ até o momento.

Nota-se, desta forma, que se trata de pessoa que não vê limites nas suas condutas, demonstrando indiferença à vida e leis de trânsito, colocando, assim, em perigo a incolumidade pública, fato que configura sua total desarmonia com relação aos outros membros da sociedade.

As conseqüências do crime são típicas da

espécie, ou seja, dor, revolta, sofrimento pela perda de um ente querido tanto dos seus familiares (pai, mãe, irmãos, tios, etc.), como também de seus amigos, pois, segundo informações acostadas aos autos, mormente os documentos juntados (recados de carinho à vítima realizados via rede social – ORKUT - internet) percebe-se o imenso carisma, fato que se confirma por ocasião da grande quantidade de pessoas neste plenário (lotado).

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Acrescenta-se, ainda, que a vítima era jovem, apenas 23 (vinte e três anos) anos de idade, com toda uma perspectiva de vida pela frente, aliás, acadêmica de Direito, exigindo do Estado, via Poder Judiciário, no mínimo uma condenação razoável.

Em arremate, consigno que a vítima em

nada contribuiu para o acontecimento dos fatos.

Os motivos e as circunstâncias foram

apreciados pelo Conselho de Sentença.

Assim, sopesando tais circunstâncias judiciais, fixo a pena-base do delito de homicídio em 17 (dezessete) anos e 06 (seis) meses de reclusão.

Anoto, por oportuno, que a pena não pode ser tida como exagerada, aliás, o TJ-MS na Apelação n. 2010.012600-6, tendo como réu José Aparecido Bispo da Silva, manteve a condenação de 26 (vinte e seis) anos:

"é improcedente o pedido de redução da pena-base, quando demonstrado que as conjunturas negativas — culpabilidade e

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conseqüências do crime — são demasiadamente intensas e justificam a exacerbação da reprimenda em patamar muito acima do mínimo legal."

Registro que este acórdão também foi utilizado para justificar a pena no processo n. 0031475-49.2009, tendo como réu Leonardo Leite Cardoso e vítima Claudinéia Rodrigues Mendes, bem como nos autos de nº 0062671-03.2010.8.12.0001 tendo como réus Ireneu Maciel e Valdemir Vansan e vítima, ex-vereador Carlos Antônio

Costa Carneiro.

Reduzo 6 (seis) meses de reclusão pela atenuante da menoridade.

Portanto, fica condenado, em definitivo, pelo crime de homicídio em 17 (dezessete) anos de reclusão.

Com relação ao delito do art. 306 do Código de Trânsito fixo a pena base em 2 (dois) anos de

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Reduzo 3 (três) meses de detenção e dez (dez) dias/multa para a atenuante supracitada.

Assim, fica condenado quanto a este crime à pena de 1 (um) ano e 9 (nove) meses de detenção e 70 (setenta) dias/multa.

Desta feita, EM DEFINITIVO fica condenado à pena de:

A) 17 anos de reclusão no homicídio qualificado e,

B) 1 (um) ano e 9 (nove) meses de detenção e 70 (setenta) dias/multa.

O valor do dia/multa é de um trigésimo do salário mínimo à época do fato, porquanto não tem melhores condições.

Casso-lhe o direito de dirigir veículo automotor pelo tempo da condenação com base no art. 92, inciso III do CP, devendo oficiar ao DETRAN e CONTRAN neste sentido.

O regime de pena é o fechado, sendo que o homicídio é hediondo.

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Pagará as custas.

Recomendo permanecer preso, até que eventualmente consiga progressão no Juízo da Execução Penal.

Expeça-se G.R. "Provisória."

Após o trânsito em julgado da sentença, façam-se as comunicações necessárias, inclusive nome no rol de culpados, providencie-se a G.R. "Definitiva" e arquive-se.

Sentença publicada em Plenário, saindo as partes e os acusados intimados.

Comunique-se o STJ desta sentença para que seja anexado ao HC que lá tramita visando a liberdade provisória do aludido acusado.

Expeça-se mandado de prisão por força desta sentença condenatória.

Registre-se oportunamente.

Sala das sessões da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande-MS, aos 29 de fevereiro de 2012.

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Aluízio Pereira dos Santos

Referências

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