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O TELETRABALHO NA ERA DA INFORMÁTICA: NOVOS RUMOS PARA O DIREITO DO TRABALHO

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Academic year: 2021

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O TELETRABALHO NA ERA DA INFORMÁTICA:

NOVOS RUMOS PARA O DIREITO DO TRABALHO

ORIBES, Simone Scandiuzzi

RESUMO

Com a evolução tecnológica, a cada dia surgem fatores novos nas relações humanas. O teletrabalho é um deles. Aos poucos o tema vem sendo abordado pelos doutrinadores, principalmente após a edição da Lei 12.551/2011 que regulamenta o teletrabalho no Brasil. Vem, o presente estudo, destacar os principais pontos polêmicos como a subordinação, a flexibilização e a jornada de trabalho, adentrando na questão das horas extraordinárias e como o mundo jurídico tem visto essa nova forma de trabalho.

Palavras-chave: Teletrabalho. Subordinação. Jornada de trabalho.

ABSTRACT

With technological progress, every day brings new factors in human relations. Telecommuting is one of those factors. Gradually the issue has been addressed by jurists, especially after the issue of Law 12.551/2011 that regulatesTelecommuting in Brazil. Come, the present study highlight the main polemicissues such as subordination, flexible working hours and, entering the issue of overtime and how the legal world has seen this new way of working.

Keywords: Telecommuting. Subordination.Workday.

INTRODUÇÃO

A escolha do tema deste presente trabalho foi a de verificar o quanto o Direito é importante para regulamentar a vida em sociedade.

Sempre que surge uma nova questão, há certa rejeição e muitas discussões a respeito. Mas, aos poucos, vai tomando uma dimensão que não mais é possível permanecer sem regulamentação, justamente pelo fato da

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sociedade não parar de evoluir. Cabe então ao Direito interferir nessas novas relações, para que a sociedade continue em harmonia.

FUNDAMENTAÇÃO

O teletrabalho surgiu primeiramente por volta de 1857,criado J. Edgard Thompson, proprietário de estradas de ferro nos Estados Unidos, que se utilizou do telégrafo para descentralizar as atividades de sua empresa (ESTRADA, 2006, p. 99-100).

Com a crise do petróleo em 1970 o físico americano Jack Nilles, desenvolveu um projeto para reduzir as viagens diárias com deslocamento. Com o fim da crise do petróleo, o teletrabalho ficou um pouco esquecido, mas diante dessa nova realidade tecnológica voltou novamente a ser largamente utilizado (ESTRADA, 2006, p. 99-100).

Teletrabalho é o trabalho executado à distância, através das novas tecnologias de comunicação, o que permite a flexibilização do tempo e do lugar de trabalho, com redução de custos (BELMONTE, 2007, p. 16).

Portanto, está diretamente relacionado com a descentralização do trabalhador em relação à empresa, à comunicação em tempo real e à necessidade de interagir cada vez mais com outros setores do planeta, possibilitando a troca de dados e a aceleração do desenvolvimento econômico, industrial, social, tecnológico, dentre outros.

O teletrabalho apresenta vantagens e de desvantagens, tanto para o empregado quanto para o empregador.

Para o empregado a maior vantagem está no deslocamento até o estabelecimento da empresa, o que significa economia de tempo, podendo ser aproveitado para atividades particulares (GARCIA, 2012, p. 123).

Para aquele trabalhador que tem dificuldade em delimitar o período de trabalho e o de tempo livre, pode ser uma desvantagem, causando prejuízos à vida privada, íntima e familiar, devido ao fato de não conseguir se desconectar do empregador (GARCIA, 2012, p. 123).

Para o empregador a maior vantagem está na economia com a infraestrutura e redução nos custos da empresa (GARCIA, 2012, p. 123).

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No entanto, a dificuldade em fiscalizar o empregado pode provocar vulnerabilidade dos dados da empresa, bem como o risco do trabalho ser desenvolvido pelos familiares e não pelo empregado (GARCIA, 2012, p. 123).

Um grande beneficiado com o teletrabalho é o deficiente físico, pois possibilita a sua inserção no mercado de trabalho, principalmente pelo fato de não precisar se deslocar de seu ambiente familiar. (BENTO, 2012, p. 105).

O meio ambiente também só tem a ganhar. Embora ainda não haja estudos sobre os benefícios que o teletrabalho possa trazer ao meio ambiente, é perfeitamente possível concluirmos que a diminuição do tráfego, reduz a emissão de gases dos veículos e diminui também o congestionamento (BARROS, 2010, p. 330).

No Brasil, foi editada a Lei 12.551/2011 que alterou o art. 6° da CLT, igualando o trabalho realizado à distância àqueles executados no estabelecimento do empregador ou no domicílio do empregado, desde que caracterizados os pressupostos da relação de emprego elencados nos arts. 2° e 3° da CLT (GARCIA, 2013, p. 234).

O parágrafo único equiparou, para fins de subordinação jurídica, os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio(GARCIA, 2013, p. 234).

Portanto, caso o empregador se utilize de meios telemáticos e informatizados para controlar e supervisionar os seus empregados, mesmo que seja a distância, será reconhecida a presença da subordinação jurídica, portanto, esses empregados terão os mesmos direitos em relação àqueles que mantêm um controle direto de comando.

A subordinação do empregado é o elemento mais importante para demonstrar o vínculo jurídico do emprego, sendo considerado um tipo de subordinação física, em que o empregado está sempre ao alcance do empregador, com horário de chegada e saída, e sempre a vista de todos (ESTRADA, 2006, p. 107).

Por isso, a análise da subordinação jurídica nesses casos fica mais complicada, pois, ao mesmo tempo em que o empregado não utiliza o estabelecimento da empresa para o trabalho e tem autonomia na realização de

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suas atividades, também está diretamente ligado à empresa através de instrumentos informáticos, mantendo assim uma dependência como se estivesse no local da empresa (ESTRADA, 2006, p. 109).

Também não pode ser considerado um trabalhador autônomo, uma vez que estes, além de manter uma liberdade de organização da atividade, estabelecem o preço e não sofrem ingerência sobre o modo, o tempo e o lugar da execução (BELMONTE, 2007, p. 20).

Diante disso, os doutrinadores têm falado em parassubordinação, que é um meio termo entre subordinação e autonomia.

O trabalhador parassubordinado tem uma maior liberdade de trabalhar com ou sem exclusividade, podendo organizar sua própria atividade e autonomia, bem como o tempo e o local de execução, seguindo, entretanto, certas diretrizes do tomador de serviços (BELMONTE, 2007, p. 20).

A jornada de trabalho no teletrabalho se enquadra na jornada não controlada, ou seja, aqueles trabalhadores que não mantêm conexão permanente com a empresa, controlando seu próprio horário de atividade.

Para esses trabalhadores não enseja o cálculo das horas extraordinárias, bem como o direito aos descansos e às regras relativas ao horário noturno (DELGADO, 2012, p. 903).

Tem direito apenas ao descanso semanal remunerado, por ser garantia constitucional (GARCIA, 5. ed. 2012, p. 522).

Alguns doutrinadores se referem ao teletrabalho como “escravo”, pois a aparência da liberdade do trabalho é contraditada por um trabalho que se esparrama por todas as horas do dia e da noite (ESTRADA, 2012, p. 179).

Por isso, doutrinadores têm defendido o direito do teletrabalhador à desconexão, ou seja, o direito de não permanecer lincado com o empregador fora dos horários de trabalho, finais de semana, férias ou demais períodos destinados ao descanso (RESEDÁ, 2007, p. 171).

CONCLUSÃO

O teletrabalho é uma nova realidade em nossa sociedade. Cabe ao Direito, como regulamentador das relações humanas, buscar novos meios de

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assegurar as garantias dos trabalhadores alcançadas até hoje através de muita luta, sem, no entanto, impedir o que não se pode, que é o desenvolvimento da humanidade, seja ele tecnológico, econômico, político, social ou cultural.

Não se deve evitar ou retardar o desenrolar dos fatos, mas sim analisar, pesquisar, buscar regulamentação tendo como exemplo tudo o que já foi passado até hoje. Diante disso, cada contribuição é de suma importância para o crescimento do tema, no intuito de alcançar o mais rápido possível e aproximar-se cada vez mais do equilíbrio numa relação trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2010.

BELMONTE, Alexandre Agra. Problemas jurídicos do teletrabalho. Revista de

Direito do Trabalho. São Paulo, v. 127, jul./set./2007.

BENTO, Rafael Tedrus. Parassubordinação e teletrabalho: Novas formas de trabalho. Revista de Direito do Trabalho. São Paulo, v. 148, out./dez./2012. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012.

ESTRADA, Manuel Martín Pino. Panorama juslaboral do teletrabalho no Brasil, na OIT, Venezuela e Espanha. Revista de Direito do Trabalho. São Paulo, n. 123, jul./set./2006.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. 5. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012. Minha Biblioteca. Disponível em: <http://online.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-309-4451-3/page/>. Acesso em: 01 mai. 2013.

_____. Curso de direito do trabalho. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense. 2013. Minha Biblioteca. Disponível em:

<http://online.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-309-4669-2>. Acesso em: 01 mai. 2013.

RESEDÁ, Salomão. O direito à desconexão: uma realidade no teletrabalho.

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