• Nenhum resultado encontrado

I C N F, I. P. E S T U D O S D E B A S E P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D O S E R R A D E S Ã O M A M E D E. Trabalho nº 2015/004

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "I C N F, I. P. E S T U D O S D E B A S E P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D O S E R R A D E S Ã O M A M E D E. Trabalho nº 2015/004"

Copied!
32
0
0

Texto

(1)

I C N F , I . P .

E

S T U D O S D E

B

A S E P A R A A

E

L A B O R A Ç Ã O D O

P

R O G R A M A

E

S P E C I A L D O

P

A R Q U E

N

A T U R A L D A

S

E R R A D E

S

à O

M

A M E D E

F A S E 3 - S Í N T E S E

R e l a t ó r i o

Trabalho nº 2015/004 30 de novembro de 2016

(2)
(3)

I C N F , I . P .

E

S T U D O S D E

B

A S E P A R A A

E

L A B O R A Ç Ã O D O

P

R O G R A M A

E

S P E C I A L D O

P

A R Q U E

N

A T U R A L D A

S

E R R A D E

S

à O

M

A M E D E F A S E 3 – S Í N T E S E R E L A T Ó R I O Í N D I C E 1 INTRODUÇÃO 3

2 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO E VALORAÇÃO 3

2.1 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO 3

2.2 VALORES EXCECIONAIS, RELEVANTES E ALTOS 8

2.2.1 Valores Físicos 8

2.2.2 Valores Biológicos 8

2.2.3 Valores Cénico-Paisagística 9

2.2.4 Valores Sócio económicos 10

2.3 VALORES MÉDIOS E BAIXOS 11

2.3.1 Valores Físicos 11

2.3.2 Valores Biológicos 11

2.3.3 Valores Cénico-Paisagística 12

2.3.4 Valores Sócioeconómicos 13

3 DIAGNÓSTICO 13

3.1 SÍNTESE DA ANÁLISE SWOT 13

3.1.1 Biodiversidade 13

3.1.2 Geodiversidade 15

3.1.3 Paisagem 16

3.1.4 Socio economia 17

3.2 VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO 19

3.3 LINHAS DE FORÇA CRÍTICAS 19

3.4 CENÁRIOS 19

3.4.1 Cenário assente nas Vulnerabilidades 19

3.4.2 Cenário assente nos Constrangimentos 20

3.4.3 Cenário assente nas Reorientações 22

3.4.4 Cenário assente nas Potencialidades 24

3.5 OPÇÕES ESTRATÉGICAS 25

3.5.1 Opção Protecionista 25

(4)

3.5.3 Opção de Mudança 26

3.5.4 Opção Pró-Ativa 26

ÍNDICE QUADROS

Quadro 1 - Linhas de Força para o Cenário Vulnerabilidades 20 Quadro 2 – Linhas de Força para o Cenário Constrangimentos 21

Quadro 3 – Linhas de Força para o Cenário Reorientações 23

Quadro 4 – Linhas de Força para o Cenário Potencialidades 24

ÍNDICE FIGURAS

Figura 1. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Protecionista 27 Figura 2. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Reativa 28 Figura 3. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Mudança 29 Figura 4. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Pró-Ativa 30

(5)

1 I N T R O D U Ç Ã O

Atendendo ao Caderno de Encargos para a elaboração dos Estudos, a prestação de serviços comporta 3 fases distintas:

 Fase 1 – Caracterização;  Fase 2 – Diagnóstico;  Fase 3 – Síntese.

O presente relatório constitui o Relatório da Fase 3 – Síntese, concernente da prestação de serviços de elaboração dos Estudos de Base do Programa Especial do Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), adjudicado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) à Biodesign. Nesta Fase 3 – Síntese é apresentado um documento síntese e cartografia que integra os principais resultados alcançados nos estudos de caracterização e diagnóstico.

2 S Í N T E S E D A C A R A C T E R I Z A Ç Ã O E V A L O R A Ç Ã O

2 . 1 S

Í N T E S E D A

C

A R A C T E R I Z A Ç Ã O

O Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM) integra-se na região estatística NUTS II do Alentejo, e na região NUTS III do Alto Alentejo, de Portugal Continental. Localiza-se no distrito de Portalegre, abrangendo 4 concelhos e 14 freguesias: integralmente o concelho de Marvão e parcialmente os concelhos de Castelo de Vide, Portalegre e Arronches. A área de estudo do Parque Natural da Serra de São Mamede contempla 56 061 ha.

Na componente geológica, a área do parque está profundamente influenciada pela serra de São Mamede, cuja orientação preponderante é NW-SE. Esta ergue-se a 1027 m e está completamente rodeada pela planície Alentejana, situada a cerca de 350-400 m. A parte ocidental da elevação é constituída por granitos e a parte oriental por xistos do Paleozóico, com intercalações de quartzito. Há um contraste nítido entre a parte granítica, onde existem superfícies bastante bem conservadas, e a parte xistosa onde a dissecação é mais intensa e as superfícies são raras. Na parte granítica observam-se duas vastas aplanações, cujas posições testemunham o levantamento da montanha: a rechã de Portalegre, situada a 400-500 m de altitude, e a plataforma de Alvarrões, a 680-700 m, separada da rechã anterior por uma escarpa de falha vigorosa, cujo desnível é de cerca de 230 m.

As cristas de quartzito fazem parte de um vasto sinclinal com cerca de 40 km de extensão, com direção NW-SE, desde Castelo de Vide até à fronteira com Espanha. Esta estrutura alarga para SE. Começa em cunha a 2 km, a W de Castelo de Vide e em Marvão já tem 4 km de largura. Trata-se de uma estrutura larga e complexa que gradualmente assume a direção E-W já perto da fronteira. Paralelamente a esta estrutura sinclinal existe outra, mais a sul, muito estreita e de fraco relevo, que se inicia em Fortios segue mais ou menos paralelo ao limite SW do parque, e quase que se juntam perto de Alegrete.

(6)

Na área afeta ao PNSSM ocorrem terrenos que se designados por Zona Centro Ibérica (ZCI), sendo o seu limite os terrenos Ordovícicos no enfiamento de Portalegre na direção NW-SE. Por sua vez, na parte sul do PNSSM ocorre a Zona de Ossa Morena (ZOM), que corresponde aos terrenos câmbricos e Pré-câmbricos nos quais está inserida as designadas Faixa Blastomilonítica e a Zona de Cisalhamento Tomar-Badajóz-Córdoba (ZCTBC).

Na área do PNSSM podem distinguir-se duas grandes bacias hidrográficas, a Norte a bacia do Tejo que corresponde à região hidrográfica n.º 5, e a sul a bacia do Guadiana, que corresponde à região hidrográfica n.º 7. A bacia do Guadiana é a que ocupa uma maior área do parque. A rede hidrográfica do PNSSM é bastante diversificada, sendo de referir como principais cursos de água dada a sua dimensão, o rio Sever e a ribeira de Nisa, que constituem afluentes do rio Tejo, e os rios Caia e Xévora, afluentes do rio Guadiana. Identificam-se ainda duas albufeiras de água públicas: a albufeira de Póvoa e Meadas ou de Nisa, e a albufeira da Apartadura.

O PNSSM apresenta uma vasta lista de património arqueológico e arquitetónico. No que respeita ao Património Arquitetónico Classificado estão presentes os seguintes Monumentos Nacionais: Convento de Santa Clara, Cruzeiro de São Bernardo, Janelas da Casa da Rua de Azevedo Coutinho, Lápide do Município de Portalegre, Sé de Portalegre, Muralhas do Castelo de Portalegre, Castelo de Alegrete e os seguintes Imóveis de Interesse Público: Casa Amarela, Igreja da Misericórdia e Consistório, Palácio Barahona, Castelo de Torrejão e Igreja do Bonfim.

Na área do PNSSM foram identificadas 12 unidades de vegetação onde se enquadram 27 habitats naturais da Diretiva Habitats dos quais 4 apresentam caráter prioritário para a conservação (

), designadamente: Habitats 3170* - Charcos temporários mediterrânicos; Habitat 4020* - Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix; Habitat 6220* - Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea; Habitat 91E0* - Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae).

No que concerne à flora vascular, foram referenciadas 29 espécies com interesse conservacionista (espécies RELAPE), juntamente com 9 espécies de briófitos ameaçados. Destas espécies, 3 estão incluídas nos Anexos II e/ou IV da Diretiva Habitats (e Decreto-Lei 140/99, de 24 de abril), designadamente: Marsupella profunda, Narcissus triandrus e Salix salviifolia subsp. australis.

Relativamente à fauna do PNSSM, foram elencadas 266 espécies de vertebrados terrestres, das quais 16 são peixes, 14 são anfíbios, 20 são répteis, 166 são aves e 50 são mamíferos. Deste elenco faunístico, releva-se a presença de 46 espécies classificadas nas categorias de ameaça mais elevadas, segundo o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (Vulnerável, Em Perigo e Criticamente em Perigo), das quais 5 correspondem a peixes, 2 a répteis, 23 a aves e 11 a mamíferos. De referir ainda a presença de 4 espécies de invertebrados com estatuto de ameaça a nível europeu (Diretiva Habitats).

No grupo dos peixes, pelo seu grau de ameaça, destacam-se três ciprinídeos endémicos da Península Ibérica: a cumba (Luciobarbus comizo), a boga-de-boca-arqueada (Iberochondrostoma lemmingii) e o escalo-do-Sul (Squalius pyrenaicus). As suas principais ameaças relacionam-se com a poluição das linhas de água, a introdução de espécies de ictiofauna exóticas ou a construção de mini-hídricas.

(7)

Relativamente à herpetofauna, destaca-se a presença do cágado-de-carapaça- estriada (Emys orbicularis), que no PNSSM tem uma população reduzida, com uma distribuição muito restrita e localizada.

No grupo das aves, e nas categorias mais altas de ameaça, salienta-se a presença do rolieiro (Coracias garrulus), do chasco-preto (Oenanthe leucura), da águia-real (Aquila chrysaetos), da águia-caçadeira (Circus pygargus), da águia-perdigueira (Aquila fasciata), do britango (Neophron percnopterus) e do melro-das-rochas (Monticola saxailis), todas estas espécies com populações pouco numerosas no interior do PNSSM.

No que concerne aos mamíferos, as espécies mais ameaçadas correspondem todas a quirópteros, destacando-se o mediterrânico (Rhinolophus euryale), o morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi), o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii) e o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii), existindo no PNSSM uma das grutas de maior importância nacional para espécies cavernícolas – a gruta da Cova da Moura.

As 12 macro-unidades de vegetação identificadas e as suas sub-categorias permitiram individualizar 14 biótopos no PNSSM, como unidades de uso pela fauna presente: Agroflorestal Área agrícola, Área rochosa, Bosque, Cursos de água e Galerias ripícolas, Matagal, Matos, Montado, Planos de água, Pomar, Povoamento florestal Prados Naturais e Pastagens.

Para a área do Parque foram definidas cinco unidades de paisagem: Plataforma da Beira, Patamar envolvente, Serra de São Mamede, Vale calcário, e Peneplanície alentejana.

Plataforma da Beira: Esta unidade configura-se como uma peneplanície com um substrato geológico de xistos e grauvaques, verificando-se a presença de afloramentos rochosos; aqui, em termos de ocupação, predominam as pastagens, contudo é de notar que, em relação às restantes unidades do Parque, também é aqui que surgem com maior expressão os povoamentos florestais de eucaliptos.

Patamar envolvente: Esta unidade caracteriza-se sobretudo pelo relevo aplanado; embora tenha um substrato geológico com base em granitos alcalinos identificam-se diversos tipos de solo que, naturalmente conduzem a uma multiplicidade de usos, surgindo assim no território um mosaico de culturas, dando origem a uma paisagem de carácter reticulado.

Serra de São Mamede: Destaca-se o relevo imponente, os "acidentes" geológicos e um coberto vegetal sobretudo arbóreo. Enquanto formação geológica notável, destaca-se como sendo o elemento estruturante da paisagem do PNSSM. A vila de Marvão e a crista quartzítica onde se implanta, constitui, por si só, um ponto excecional da paisagem devido ao seu valor histórico e cénico, e por tudo isso, candidata a Património Mundial da Unesco.

Vale calcário: Esta zona é considerada como uma das mais originais e interessantes paisagens do Parque Natural, o que se deve à sua diversidade, com a horticultura de regadio e variedade de campos arborizados. A sua planura, traduz-se num vale aberto, destacando-se da paisagem mais agreste e imponente que o rodeia.

Peneplanície alentejana: Esta unidade, embora se configure como uma peneplanície com um substrato geológico de xistos e grauvaques, e por isso semelhante ao que ocorre no extremo norte do Parque Natural,

(8)

distingue-se desta pela natureza litológica diversa e por uma exposição também distinta. Estes dois fatores concorrem para identificar uma nova unidade proposta, uma vez que aqui predominam os extensos montados, também utilizados para pastagens, e onde surgem algumas áreas afetas a culturas arvenses.

Quanto ao descritor da sócio-economia, refira-se que população residente na área protegida (representada pela área de estudo) apresenta uma estrutura demográfica envelhecida e em perda, que é comum às freguesias, aos concelhos e à região em que se insere.

A área de estudo do PNSSM, delimitada a partir das subsecções da BGRI1, tem, em 2011, 18.729 habitantes,

distribuídos por 65 lugares censitários2 e incluindo a população residente fora de lugares censitários.

A população residente em 2011 na área de estudo representa 53% da população residente nos 4 concelhos que abrangem a área protegida – Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre – e 66% das freguesias que abrangem a área protegida. A comparação com a população residente total nos últimos períodos intercensitários revela uma quebra demográfica, representada pelo conjunto das freguesias abrangidas.

Este decréscimo demográfico é acompanhado por um envelhecimento da população, representado pelo aumento do índice de envelhecimento. Na área de estudo, o índice de envelhecimento situa-se, em 2011, nos 333 idosos por cada 100 jovens, o que permite antever um acentuado agravamento tendencial do envelhecimento da população. Podendo ser associado a uma estrutura etária envelhecida, destaca-se o peso da população analfabeta e da população com apenas o ensino básico do 1.º ciclo na população residente da área protegida.

O desemprego assume uma dimensão relevante na população residente da área protegida, semelhante ao comportamento regional. Destaca-se ainda uma mudança bastante importante ao nível da estrutura económica da população, de modo que a população empregada no setor primário representa em 2011 apenas 6% da população empregada residente na área protegida.

Em termos gerais, assinalam-se as diferenças na caracterização da população dos concelhos abrangidos pela área protegida, destacando-se o concelho de Portalegre – em função da maior atratividade da cidade de Portalegre na fixação de jovens, face à oferta de emprego, serviços e habitação - em termos de maior dimensão populacional, menor decréscimo demográfico, população menos envelhecida, nível de qualificação académica mais elevado (com destaque para o peso da população com ensino superior), e menor peso do setor primário.

O valor do PNSSM encontra-se associado não só aos valores naturais, mas ao cariz rural da sua paisagem marcada pela vivência das atividades económicas que aí coexistem – a agricultura, a pecuária, a exploração

1 A área de estudo corresponde ao conjunto das subseções estatísticas da BGRI 2011 que se encontram abrangidas ou

que intersectam o limite da área protegida. A BGRI - Base Geográfica de Referenciação de Informação corresponde ao “Sistema de referenciação geográfica suportado em informação cartográfica ou ortofotocartográfica em formato digital, para todo o território nacional. Permite a divisão de cada unidade administrativa de base, a freguesia, em pequenas áreas estatísticas - secções e subsecções estatísticas.” (INE - Sistema de Metainformação, consultado em http://smi.ine.pt/AbreviaturaEAcronimo/Detalhes/302)

(9)

florestal, a caça e a pesca lúdica, assim como pelo crescente desenvolvimento das atividades de recreio e lazer e do turismo.

O crescimento do turismo no PNSSM beneficia da atratividade das vilas de Castelo de Vide e do Marvão (face a concentração de locais de interesse para visitação, alojamento e restauração), evidenciando-se no concelho do Marvão (abrangido na sua totalidade pelo PNSSM) e na generalidade do PNSSM a importância do Turismo em Espaço Rural. Contudo, atendendo à reduzida representatividade de empresas de animação turística nos concelhos do PNSSM, considera-se que o potencial da área protegida e do turismo de natureza encontra-se ainda subexplorado.

A caça e a pesca lúdica constituem também elementos de atração turística, existindo no PNSSM duas concessões de pesca lúdica (nas albufeiras de Póvoa e Meadas e da Apartadura) e um conjunto de zonas de caça. Contudo, a interdição do exercício da caça em todos os terrenos cinegéticos não ordenados, permitiu restringir a atividade cinegética na área do PNSSM.

A importância da atividade agrícola e florestal encontra-se representada na análise do uso do solo, sendo que os eventuais conflitos relacionados com a produção florestal encontram-se limitados pela restrição de introdução de espécies de crescimento rápido. Segundo a atualização do uso do solo para 2015, as principais espécies florestais são o carvalhal e o pinheiro bravo, sendo só então seguidas do eucaliptal.

As áreas sujeitas a regime florestal no PNSSM correspondem ao Perímetro Florestal da Serra de São Mamede, à Quinta dos Olhos de Água e a São Salvador. Encontram-se abrangidas pelo mesmo Plano de Gestão Florestal3, e no seu conjunto, totalizam os 382,72 ha4, representando menos de 1% da área do

PNSSM. É também importante referir que a única Zona de Intervenção Florestal (ZIF) integrada totalmente no Distrito de Portalegre se situa no interior do Parque: a ZIF de Marvão com 7.647 ha, cuja gestão é assegurada pela Terras de Marvão, Associação de Desenvolvimento Local.

No caso da produção agrícola, a comparação dos dois recenseamentos agrícolas permite identificar uma situação de perda, mas diferenciando-se as freguesias do concelho de Castelo de Vide abrangidas pelo PNSSM, onde se registou mesmo um aumento do número de explorações e da Superfície Agrícola Utilizada. Assiste-se, sobretudo em torno do concelho de Castelo de Vide, a um fenómeno de instalação de “novos rurais”, os quais, em muitos casos, desenvolvem atividades complementares ou principais ligadas ao Setor agrícola.

Assinala-se ainda, no âmbito da promoção da produção agrícola, a presença do Aproveitamento Hidroagrícola Marvão-Apartadura, concluído em 1993, e que se insere totalmente na área do PNSSM (freguesia de São Salvador da Aramenha). Ocupa cerca de 470 ha, ou seja menos de 0,8% da área do PNSSM.

3 Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de São Mamede, Quinta dos Olhos de Água e São Salvador, elaborado

pelo ICNF.

4 Área efetiva contabilizada no Plano de Gestão Florestal do Perímetro de Florestal de São Mamede, Quinta dos Olhos de

(10)

Por fim, merece referência a diversidade de produtos com DOP ou IGP, cuja delimitação geográfica abrange a área protegida, incluindo algumas das produções tradicionais do PNSSM – a Maçã de Portalegre IGP, a Castanha de Marvão DOP e a Cereja de São Julião IGP.

2 . 2 V

A L O R E S E X C E C I O N A I S

,

R E L E V A N T E S E A L T O S

2.2.1 Valores Físicos

No que respeita à valoração os geossítios identificados e caracterizados no PNSSM não existem valores excecionais ou altos.

2.2.2 Valores Biológicos

Tendo por base a informação recolhida durante a caracterização biológica do Parque Natural da Serra de S. Mamede, procedeu-se à valoração das suas diversas componentes (comunidades vegetais, flora, fauna terrestre e biótopos), de modo a diferenciar as zonas com maior valor ecológico das áreas menos relevantes.

Os resultados correspondem a unidades de vegetação/habitats/biótopos onde o interesse conservacionista é maior, quer pelo seu valor intrínseco, grau de ameaça ou raridade, quer pelo elenco faunístico que pode albergar. Nestas zonas de valoração alta e excecional encontram-se igualmente locais vitais para espécies de fauna ameaçada, como sejam ninhos de rapinas ou abrigos de importância nacional para morcegos.

As comunidades vegetais consideradas como áreas de valoração Excecional correspondem maioritariamente a zonas que incluem o habitat prioritário 4020* (Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix), o habitat 7140 (Turfeiras de transição e turfeiras ondulantes), o habitat 8310 (Grutas não exploradas pelo turismo), o habitat 9230 (Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica) e o habitat 9340 (Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia).

As comunidades vegetais consideradas como áreas de valoração Alta incluem os seguintes habitats: 3260 (Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e da Callitricho-Batrachion), 6220* (Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea), 6310 (Montados de Quercus spp. de folha perene), 9260 (Florestas de Castanea sativa), 9330 (Florestas de Quercus suber), 91E0* (Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae)), 91B0 (Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia) e 92A0 (Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba).

À semelhança do que foi efetuado na valoração das comunidades vegetação/habitats naturais, as áreas de valor florístico excecional incluem as áreas de distribuição das espécies prioritárias para a conservação da natureza. No caso do PNSSM, corresponde à área de distribuição de Marsupella profunda. Apesar de ser endemismo europeu, Marsupella profunda é rara na Península Ibérica, tendo sido observada, em território nacional, apenas na serra da Estrela, na serra de S. Mamede e arredores de Santo Tirso. Para além disso, é uma espécie prioritária do Anexo B-II da Diretiva Habitats e incluída no Anexo I da Convenção de Berna.

(11)

As áreas de valor florístico alto incluem as áreas de ocorrência de Narcissus pseudonarcissus subsp. portensis, Salix salviifolia subsp. australis, Drosophyllum lusitanicum e Scrophularia sublyrata. Neste elenco estão, assim, incluídas as comunidades vegetais de linhas de água (que incluem o habitat natural 91B0), as zonas descobertas (que incluem os afloramentos rochosos dos habitats 8220 e 8230) e algumas áreas de matos potenciais à ocorrência de Drosophyllum lusitanicum.

Foram identificados 2 401ha (4,32% do PNSSM) de áreas de importância Excecional para a fauna, correspondendo maioritariamente aos cursos dos rios, galerias ripícolas e algumas áreas adjacentes a locais de nidificação de rapinas ameaçadas e da Gruta da Cova da Moura. Classificadas como áreas de importância Alta para a fauna existem cerca de 22 450ha (40,43% do PNSSM), onde se incluem os Montados, os Bosques, os Prados naturais e Pastagens, as zonas Agroflorestais e alguns biótopos de valor mais baixo, mas que por se encontrarem perto dos locais importantes para fauna atrás referidos aumentaram o seu valor. Estas áreas encontram-se maioritariamente na zona norte e na zona sul do PNSSM, não existindo grande expressividade na região central do parque.

2.2.3 Valores Cénico-Paisagística

A unidade de paisagem Serra de São Mamede apresenta valoração Excecional e as duas unidades Vale Calcário e Peneplanície Alentejana apresentam valoração Relevante.

Na unidade de paisagem Serra de São Mamede destaca-se o relevo imponente, os "acidentes" geológicos e um coberto vegetal sobretudo arbóreo, sobressaindo a formação geológica notável como sendo o elemento estruturante da paisagem do PNSSM. A vila de Marvão e a crista quartzítica onde se implanta, constitui, por si só, um ponto excecional da paisagem devido ao seu valor histórico e cénico, tendo sido candidata a Património Mundial da Unesco. Por outro lado no terço superior das cristas, para além dos afloramentos rochosos visíveis e da vegetação natural, surgem povoamentos florestais de eucalipto e pinheiro bravo, estes apresentam-se como elementos estranhos e empobrecedores da paisagem, não contribuindo para a sua valorização natural e cénica; também no andar intermédio, formado em boa parte por povoamentos de castanheiro, verifica-se um generalizado abandono destes povoamentos.

A unidade de paisagem Vale Calcário individualiza-se das adjacentes que constituem a Serra, uma vez que este vale é considerado como uma das mais originais e interessantes paisagens do Parque Natural, o que se deve à sua diversidade, decorrente do mosaico com a horticultura de regadio e variedade de campos arborizados. A sua planura traduz-se num vale aberto, destacando-se da paisagem mais agreste e imponente que o rodeia. Muita da sua identidade está também associada ao património edificado, como sejam as quintas ou a própria cidade de Castelo de Vide, e património vegetal, nomeadamente a alameda constituída por 300 exemplares de freixos, altos, frondosos e centenários. A principal preocupação ou risco para a manutenção desta paisagem prende-se com o abandono dos usos, quer pelo êxodo, pela viabilidade económica de exploração face ao reticulado da mesma, quer pelas questões fitossanitárias que põem em causa a integridade dos povoamentos florestais.

Em relação à Peneplanície Alentejana, embora morfologicamente semelhante ao que ocorre no extremo norte do Parque Natural, distingue-se pela diferente natureza litológica e por uma exposição também distinta, fatores determinantes para o predomínio de extensos montados, também utilizados para pastagens, e onde

(12)

surgem algumas áreas de culturas arvenses. Surge como fator menos positivo o estado de degradação em que se encontram muitas das galerias ripícolas associadas às linhas de água, pelo que, afigura-se fundamental para a valorização da paisagem, uma intervenção com vista à sua recuperação; refere-se ainda que deverão ser incentivadas as práticas tradicionais, nomeadamente no que diz respeito ao tipo de pastoreio, promovendo a diversidade em termos biológicos.

2.2.4 Valores Sócio-económicos

Os valores sócio-económicos, contrariamente aos descritores referidos anteriormente, não são facilmente quantificáveis. Desta forma, na definição dos valores excecionais e relevantes foram consideradas as características da AP que lhe conferem distinção, associadas aos benefícios retirados das diversas atividades económicas, enquadrados pelos objetivos da criação da AP, de entre os quais se destaca “Promover de uma forma ordenada e equilibrada, o desenvolvimento económico, social e cultural da região e, em especial, das populações rurais, nomeadamente incentivando e apoiando as ocupações tradicionais do território.” (alínea b) do artigo 3.º do Decreto-lei n.º 121/89, de 14 de abril), bem como os objetivos de um parque natural.

Na área do PNSSM identificam-se um conjunto de atividades económicas cujas vivências conferem um cariz rural que por si só constituem valores excecionais relevantes, destacando-se (tradicionalmente) as atividades associadas ao setor primário e (mais recentemente) as atividades associadas ao setor terciário em concreto ao turismo.

O sector primário assume um protagonismo evidente na área protegida, beneficiando das condições ambientais e biofísicas do PNSSM, contribuindo em si mesmo para a preservação de um conjunto de ecossistemas que dependem da atividade agrícola ou da pastorícia. Com efeito, no PNSSM têm lugar várias atividades associadas ao setor primário destacando-se: a produção agrícola, a pecuária, a pastorícia, a exploração florestal, a pesca e a caça, cuja representatividade e relevância se apresentam bastante variáveis.

O valor do setor primário associa-se por um lado ao caráter tradicional da atividade e por outro à importância desta atividade medida através de um conjunto de indicadores como sejam: a população agrícola familiar (cerca de 80% da população agrícola familiar dos quatro concelhos: Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre), o número de explorações agrícolas (1 953), a superfície agrícola utilizada (41 936 ha no conjunto de freguesias que abrangem o PNSSM). Destaque ainda para a presença de produções tradicionais no PNSSM com classificação DOP e IGT nomeadamente a castanha de Marvão DOP que apesar da reduzida produção constitui uma cultura endógena com forte tradição no PNSSM que tem vindo a ser objeto de promoção e valorização, por exemplo através do Festival da Castanha, organizado pela Câmara Municipal de Marvão. Ainda como atividades que podem proporcionar maiores benefícios, assinala-se o valor económico associado à atividade cinegética, e a extensão de área ocupada por zonas de caça: Zonas de Caça Associativa – 24 105 ha, 43% do PNSSM.

No que se refere ao sector terciário, a atividade turística é uma atividade cujos benefícios têm vindo a aumentar. Este aumento associa-se às características únicas da AP para o desenvolvimento de atividades de turismo de natureza (destaque para a grande extensão de percursos pedestres associados a uma rede de miradouros) bem como da atratividade das vilas de Castelo de Vide e do Marvão evidenciando-se a

(13)

importância do Turismo em Espaço Rural. Por fim, mas não menos importante destaque para a realização de provas desportivas, assumindo o PNSSM um papel importante ao nível nacional.

2 . 3 V

A L O R E S M É D I O S E B A I X O S

2.3.1 Valores Físicos

No que respeita à valoração os geossítios identificados e caracterizados no PNSSM apenas existem valores científicos classificados como Baixo, designadamente: Miradouro da Fonte dos Carvoeiros, Miradouro de Portalegre (serra), Miradouro da Fonte dos Amores, Falha da Senhora da Penha, Miradouro da Senhora da Penha, Olhos de Água, Pedreiras das Caleiras de Escusa, Cova da Moura, Crista quartzítica de Marvão, Miradouro de S. Mamede, Marmitas de Gigante, Cascatas da Cabroeira, Pego do Inferno, Pia da Moura, Cascata do Monte Sete e Crista da Penha da Esparoeira.

2.3.2 Valores Biológicos

As comunidades vegetais classificadas nas áreas de valor Médio incluem a generalidade dos habitats naturais do PNSSM, designadamente: habitat 3280 (Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba), habitat 3290 (Cursos de água mediterrânicos intermitentes da Paspalo-Agrostidion), habitat 4030 (Charnecas secas europeias), habitat 5330 (Matos termomediterrânicos pré-desérticos), habitat 6420 (Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion), habitat 8220 (Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica) e habitat 8230 (Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo albi-Veronicion dillenii).

Classificadas como áreas de valoração Baixa temos as manchas de carvalhal, de azinhal e de sobreiral que não apresentam uma estrutura fitocenótica evoluída nem bem definida. Estas manchas não foram consideradas habitats naturais protegidos do Anexo I da Diretiva Habitat e como tal o valor da comunidade foi mais baixo. São, no entanto, comunidades que, apesar não preencherem este requisito têm algum valor do ponto de vista da conservação na área do PNSSM, já que representam resquícios do que outrora foram os bosques climácicos da região e funcionam como áreas de refúgio para uma grande variedade de espécies de fauna.

Os matos (baixo e esclerofilo), bem como os prados naturais e as pastagens, que não são enquadrados em nenhum habitat da Diretiva Habitats são também incluídos nesta categoria de valoração Baixa. São comunidades vegetais muito desestruturadas fitossociologicamente e com um grau de naturalidade muito baixo.

As áreas agrícolas, agroflorestais e as áreas com povoamentos florestais resultantes de atividades silvícolas, são áreas muito perturbadas por intervenções humanas e não se enquadram em nenhum dos habitats naturais da Diretiva Habitats. Assim, estas unidades consideradas foram consideradas de valor Muito Baixo.

(14)

aculeatus, uma espécie do Anexo V da Diretiva Habitats. No entanto, a falta de informação sobre a sua área de distribuição nos limites do PNSSM dificultou esta avaliação, não tendo sido possível a sua representação cartográfica. Trata-se de uma espécie de grande plasticidade ecológica, ocorrendo em subcoberto de carvalhais, sobreirais, azinhais e em matagais esclerofilos ou fendas de rochas, pelo que a classificação de todas as manchas com estas nomenclaturas de vegetação como áreas de ocorrência (ainda que potencial) desta espécie conduziria à sobrevaloração da carta de valores florísticos e da carta final de valores florísticos e de vegetação.

Uma vez que apenas se entra em conta com espécies que merecem especial atenção do ponto de vista da conservação, as restantes áreas onde não foram observadas estas espécies foram consideradas de valor florístico baixo.

Como resultado final, foram identificados 26 189 ha (47,16% do PNSSM) de áreas de importância Média para a fauna, onde encontramos os Matos e Matagais, os Povoamentos florestais, as Áreas rochosas e agrícolas e os Planos de água, os quais de distribuem principalmente na região central da área protegida.

As zonas de Baixa importância para a fauna (retirando os aglomerados urbanos) correspondem a cerca de 4 487 ha (8,08%) e representam sobretudo as áreas de Pomar existentes no PNSSM, onde se incluem pomares frutícolas, olivais e vinhas.

2.3.3 Valores Cénico-Paisagística

As unidades de paisagem que apresentam uma valoração Média são: Plataforma da Beira e Patamar Envolvente.

A unidade Plataforma da Beira configura-se como uma peneplanície com um substrato geológico de xistos e grauvaques, que originam Litossolos, verificando-se a presença de afloramentos rochosos. É nesta paisagem que predominam as pastagens, e onde surgem com maior expressão os povoamentos florestais de eucaliptos. A falta de ordenamento destes povoamentos, a reduzida coerência entre os usos e o sítio, assim como o abandono, contribuem significativamente para uma identidade baixa (semelhante a outras paisagens florestais do centro do país) provocando pouca empatia no observador, uma vez que transmite sobretudo sensações de desconforto ou desolação. Nesta unidade é de favorecer a estrutura de montado ou pelo menos povoamentos florestais de espécies tradicionais em detrimentos às de crescimento rápido, a intervenção/ requalificação nas linhas de água tendo em vista, igualmente, o aumento da biodiversidade e da leitura do espaço, assim como a gestão do tipo de pastoreio.

A unidade Patamar Envolvente caracteriza-se pelo relevo aplanado, por um substrato geológico de granitos alcalinos com afloramentos rochosos, contudo identificam-se diversos tipos de solo que, naturalmente conduzem a uma multiplicidade de usos, surgindo assim no território um mosaico de culturas, dando origem a uma paisagem de carácter reticulado, marcado sobretudo pela compartimentação quer por muros de pedra quer por sebes/ cortinas arbóreas. A pequena propriedade implica também aqui um povoamento algo disperso verificando-se que, com o abandono da agricultura, surge a tendência para uma maior ocupação com edificação. Deste modo importará regular a pressão imobiliária, evitando a descaracterização da paisagem.

(15)

Dever-se-á procurar manter os bosquetes de vegetação natural, assim como incentivar à manutenção e reconstituição da densa rede de muros de compartimentação e desincentivar a substituição do montado por povoamentos florestais de forma sistemática. Ainda nesta unidade, destaca-se positivamente a presença do exemplar da espécie Olea europaea L. var. europaea, vulgarmente conhecida por oliveira, que se localiza junto ao Convento da Provença, Lugar de Monte Paleiro, e do exemplar de plátano-vulgar que se caracteriza por deter um fuste baixo e grosso, que foi podado em forma de caramanchão para sombra, com longas pernadas horizontais, que formam uma copa muito larga, perfeitamente redonda e frondosa situado na Av. da Liberdade, tratando-se de património que importa manter e valorizar.

2.3.4 Valores Sócioeconómicos

Seguindo o raciocínio da definição dos valores excecionais e relevantes, no âmbito da socio- economia entendem-se como valores médios e baixos, as atividades económicas que menos benefícios geram para a AP em termos económicos e em termos sociais. O setor secundário é claramente um setor de baixo valor na AP constituído principalmente pelos ramos da indústria transformadora e construção, que se concentra no solo urbano, e que por isso não se encontra associados aos valores excecionais associado ao setor primário. Em termos sociais, os valores médios e baixos identificados nesta AP decorrem das características da população, que apresenta uma estrutura demográfica envelhecida e em perda à qual se associa um elevado nível de analfabetismo.

3 D I A G N Ó S T I C O

3 . 1 S

Í N T E S E D A

A

N Á L I S E

S W O T

3.1.1 Biodiversidade

Pontos Fortes: O PNSSM reveste-se de extrema importância no que respeita à conservação da natureza e da biodiversidade. Esta área apresenta uma grande diversidade de unidades de vegetação e é muito relevante para a conservação de habitats protegidos destacando-se, pela sua representatividade e/ou grau de conservação os montados (habitat 6310) e os sobreirais (habitat 9330) e as Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (habitat prioritário 91E0). Pela sua singularidade importa destacar a presença de montados de Quercus pyrenaica que constituem uma unidade de vegetação absolutamente singular a nível nacional. A diversidade de habitats, em parte associada às condições orográficas distintas de norte a sul do PNSSM proporciona uma elevada biodiversidade nesta área, traduz-se também numa grande diversidade de biótopos, naturais e semi-naturais: mosaicos de áreas agrícolas, prados naturais, matos, montados, sistemas agroflorestais, povoamentos florestais, galerias ripícolas, sendo que cerca de 44% dos biótopos têm elevada valoração para a fauna (cursos de água; bosque; pastagens e prados; área agrícola e mato). À elevada riqueza faunística do PNSSM acrescenta-se o facto de integrar 46 espécies com estatuto de ameaça, onde se destacam espécies com carácter prioritário para a conservação, quer por apresentarem estatuto Criticamente em Perigo (peixes: boga-portuguesa Iberochondrostoma lusitanicum; aves: águia-imperial Aquila adalberti, abutre-preto Aegypius monachus, rolieiro Coracias garrulus, chasco-preto Oenanthe

(16)

leucura; mamíferos: morcego-rato-pequeno Myotis blythii, morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale, morcego-de-ferradura-mourisco Rhinolophus mehelyi) se encontrarem Em perigo de extinção (peixe: boga-de-boca-arqueada Iberochondrostoma lemmingii; répteis: cágado-de-carapaça-estriada Emys orbicularis; aves: britango Neophron percnopterus, abetarda Otis tarda, cortiçol-de-barriga-preta Pterocles orientalis; mamíferos: morcego-de-bechstein Myotis bechsteinii) ou por estarem classificadas como Vulnerável segundo o LVVP (peixe: boga do Guadiana Pseudochondrostoma willkommii; aves: açor Accipiter gentilis, sisão Tetrax tetrax e peneireiro-das-torres Falco naumanni; mamíferos: morcego-de-ferradura-grande Rhinolophus ferrumequinum, morcego-de-peluche Miniopterus schreibersii, rato de Cabrera Microtus cabrerae). A presença destas espécies eleva a importância biológica deste território, fazendo do PNSSM uma referência a nível nacional. Relativamente à flora do PNSSM, é conhecida a presença de espécies relevantes para a conservação, por apresentarem um caráter endémico ou por serem raras no contexto nacional, tais como Marsupella profunda, Narcissus pseudonarcissus subsp. portensis, Tanacetum mucronulatum, Scrophularia sublyrata, entre outras. De destacar que é no PNSSM que está situado um abrigo de importância nacional para morcegos (Cova da Moura) que representa a gruta mais importante do país e uma das mais importantes da Europa. Nos últimos anos esta gruta tem sido utilizada na época de hibernação por alguns milhares de Rhinolophus euryale, poucas centenas de Rhinolophus mehelyi, dezenas de Myotis schreibersii, Myotis myotis e Rhinolophus ferrumequinum e alguns indivíduos isolados de Myotis bechsteinii. Na época de reprodução é utilizada por muitos milhares de Myotis schreibersii e poucos milhares de Myotis myotis, podendo igualmente albergar várias dezenas de Rhinolophus ferrumequinum, Rhinolophus euryale, Rhinolophus mehelyi e indivíduos isolados de Myotis escalerai, Myotis bechsteinii e Myotis emarginatus.

Pontos Fracos: O PNSSM apresenta algumas fraquezas relacionadas com inúmeros fatores que ocorrem dentro da área protegida. Do ponto de vista da biodiversidade é evidente a fragmentação das manchas de vegetação e dos habitats naturais como por exemplo os carvalhais, sendo estes habitats de extrema importância como áreas de refúgio e caça, para várias espécies de morcegos e grandes rapinas. Também a fraca dimensão das populações de coelho impede ainda a proliferação de espécies faunísticas emblemáticas como as grandes rapinas. A presença de espécies exóticas invasoras de fauna, em particular espécies de ictiofauna, nos cursos de água que atravessam a área do PNSSM, representa uma outra fraqueza. Este ponto fraco tem aumentado devido ao aumento de barragens, que representam um habitat propício à propagação de espécies de ictiofauna exótica, a qual gera impactos negativos nas populações nativas. As espécies da ictiofauna nativa têm regredido consideravelmente devido à presença de espécies exóticas de peixes, pela competição por recursos, pela predação ou pela disseminação de agentes patogénicos. No caso da flora exótica, trata-se sobretudo de mimosas que formam povoamentos estremes, dificultando o desenvolvimento de vegetação nativa. Foram ainda identificados como pontos fracos, a utilização excessiva e incorreta de fitofármacos na atividade agrícola, bem como a utilização ilegal de venenos com a finalidade de controlar predadores. A falta de conhecimento biológico atualizado sobre diversos grupos, nomeadamente a nível florístico, é também uma fraqueza identificada nesta área protegida. Aqui são conhecidos vários núcleos de espécies de flora relevantes para a conservação da natureza, mas desconhece-se a dimensão destes núcleos e a sua exata espacialização territorial, sendo esta geralmente sustentada com base na presença de habitat potencial às espécies e não por observações concretas destas no terreno.

Oportunidades: Os projetos de investigação orientados para o estudo e/ou monitorização das populações faunísticas e florísticas, bem como os que poderão ser aplicados à resiliência e sustentabilidade dos bosques e matagais densos no PNSSM, são vistos como oportunidades para atenuar as fraquezas de conhecimento enfrentadas pela área protegida, permitindo orientar a atuação para a manutenção e/ou recuperação do

(17)

estado de conservação dos habitats protegidos e potenciar biótopos de eleição para espécies faunísticas emblemáticas. A atual expansão das espécies e dos projetos de conservação a decorrer em áreas próximas (Projeto Life Habitat Lince/Abutre no Vale do Guadiana) constitui igualmente uma oportunidade na medida em que permite a fixação de grandes rapinas reforçando as populações já existentes no PNSSM. Também as potencialidades associadas ao reconhecimento dos serviços de ecossistemas associados aos principais biótopos que caracterizam o parque, o que contribuirá para a sua manutenção e por conseguinte para a preservação e valorização de núcleos de espécies de flora e de habitats naturais relevantes. A importância da atividade cinegética encontra-se representada pelo elevado número de zonas de caça delimitadas no interior do PNSSM e pela sua extensão de área ocupada. Destacam-se as Zonas de Caça Turística, as Zonas de Caça Associativa e as Zonas de Caça Municipal. As atividades praticadas nestas zonas, muitas vezes não se coadunam com as prioridades de conservação dos valores faunísticos presentes. O estabelecimento de protocolos para uma gestão sustentável das zonas de caça poderá representar uma oportunidade no sentido de conduzir a um compromisso de salvaguarda destes valores. Esta gestão conjunta é relevante para potenciar o aumento do coelho-bravo e a proteção de áreas sensíveis. Finalmente, importa considerar que o facto de a área estar abrangida pelo SIC São Mamede, representará uma proteção adicional por força do Regime Jurídico da Rede Natura 2000, e pode ser um instrumento potenciador de financiamentos dirigidos à conservação do estado de conservação favorável dos valores naturais protegidos pela Diretiva Habitats.

Ameaças: No que respeita às principais ameaças que o PNSSM enfrenta, foram registadas as que mais contribuem de forma negativa para a salvaguarda da biodiversidade presente no território do parque. As políticas de financiamento à atividade agro-pastoril são um fator extremamente importante para a gestão do território. A existência de linhas de financiamento desadequadas conduz ao abandono das atividades tradicionais e das práticas extensivas. Verifica-se nomeadamente que os incentivos financeiros do gado bovino promovem o aumento do pisoteio e nitrificação das áreas pastoreadas que, por sua vez, conduzem à degradação da qualidade das águas e à deterioração dos habitats naturais utilizados (ex: montados e prados naturais). Por outro lado, os incentivos às pastagens biodiversas, nomeadamente no que respeita a operações de regularização e preparação do solo, desmatação e consolidação dos terrenos têm consequências diretas na degradação dos habitats naturais e biótopos para a fauna autóctone. A implantação de empreendimentos como suiniculturas, vacarias e fábricas com tratamento de deficientes das águas residuais, representa uma das principais ameaças à fauna piscícola e a répteis como o cágado-de-carapaça-estriada, por contaminação das linhas de água do PNSSM. Na área do PNSSM tem-se verificado um aumento significativo dos povoamentos de eucalipto. Esta situação pode vir a ser agravada se a situação do nemátodo-do-pinheiro se vier a gravar, conduzido os produtores a optar pelo eucalipto em substituição do pinhal.

3.1.2 Geodiversidade

Como pontos fortes destaca-se a geologia diversificada, justificada pelo PNSSM estar inserido em duas zonas geológicas distintas. Assim, há grande diversidade de rochas graníticas com texturas e composições diversas bem como litótimo metassedimentares de diversas idades afetados de deformação em orogenias diferentes, bem como litótipos carbonatados e detríticos. A Serra de São Mamede como marca geomorfológica predominantemente: a imponência da elevação da serra de S. Mamede é por si a mais evidente marca geomorfológica. Para além disso, outras estruturas que marcam a topografia designadamente a presença de mega dobras hercínicas das quais resultaram nos modelados em forma de sinclinais e

(18)

anticlinais, cuja direção preponderante é para NW-SE. Como pontos fortes, destaque pela presença de 3 geossítios com relevância nacional: O Miradouro da Fonte dos Amores localizado à saída de Portalegre para a Serra, a Cova da Moura localizada perto da Portagem - Olhos de Água e Crista quartzítica de Marvão na vila de Marvão são os geossítios de relevância nacional e listados pela PROGEO. Refira-se ainda a ocorrência de grande quantidade de recursos minerais metálicos.

Relativamente aos pontos fracos destaca-se a ausência de estratégias e regulamentação para a valorização e conservação para os geossítios, questão transversal a outras áreas protegidas, decorrente de um histórico de deficiente investimento e reconhecimento do património geológico. A falta de conhecimento dos geossítios tem conduzido também a uma maior exposição aos agentes erosivos climáticos e antrópicos.

A riqueza geológica, a valorização em termos de visitação e divulgação do património geológico, constituem oportunidades que devem ser consideradas. No entanto, é necessário investimento e financiamento para a preservação e conservação do património geológico, sendo esta falta de reconhecimento a principal ameaça a ultrapassar no atual contexto do PNSSM.

3.1.3 Paisagem

Como pontos fortes destaque para a unidade de paisagem Serra de São Mamede caracterizada pelo relevo imponente, os "acidentes" geológicos sobressaindo a formação geológica notável como sendo o elemento estruturante da paisagem do PNSSM e um coberto vegetal sobretudo arbóreo. A vila de Marvão e a crista quartzítica onde se implanta, constitui, por si só, um ponto excecional da paisagem devido ao seu valor histórico e cénico, tendo sido candidata a Património Mundial da Unesco. Destaque ainda para a presença de património arqueológico, património edificado, como sejam as quintas ou a própria cidade de Castelo de Vide, e património vegetal, nomeadamente a alameda constituída por 300 exemplares de freixos, altos, frondosos e centenários.

Pontos fracos. A principal preocupação ou risco para a manutenção paisagem prende-se com o abandono dos usos, quer pelo êxodo, quer pela viabilidade económica das explorações. Surge como fator menos positivo o estado de degradação em que se encontram muitas das galerias ripícolas associadas às linhas de água, pelo que, afigura-se fundamental para a valorização da paisagem, em termos de Leitura e Diversidade, uma intervenção com vista à sua recuperação; refere-se ainda que deverão ser incentivadas as práticas tradicionais, nomeadamente no que diz respeito ao tipo de pastoreio, promovendo a diversidade em termos biológicos. A falta de ordenamento, a reduzida coerência entre os usos, assim como o abandono, a expansão de eucaliptais, contribuem significativamente para uma identidade baixa. É de favorecer a estrutura de montado ou pelo menos povoamentos florestais de espécies de folhosas autóctones em detrimento às de crescimento rápido, a intervenção/ requalificação nas linhas de água tendo em vista, igualmente, o aumento da biodiversidade e da leitura do espaço, assim como a gestão do tipo de pastoreio. O valor paisagístico desta área protegida está diretamente relacionado com a humanização da paisagem, na sua vertente natural e construída. O abandono dos usos e práticas agrícolas tradicionais têm contribuído para a perda de valores naturais e paisagísticos que é necessário contrariar. A agricultura e floresta são essenciais para um adequado ordenamento do território, para a preservação da paisagem e dos recursos, biodiversidade e ecossistemas, contribuindo para a minimização dos efeitos da suscetibilidade dos solos à desertificação e erosão hídrica. Para a manutenção e valorização da paisagem é necessário uma maior contribuição da

(19)

agricultura e silvicultura, de apoios financeiros, da dinamização do turismo e visitação, envolvendo todos os interessados, assente no estabelecimento de novas diretrizes, normas e formas de gestão. Torna-se urgente o desenvolvimento de estratégias para a valorização dos produtos locais de qualidade, economicamente viáveis que fixem e atraiam a população e o turismo. O PNSSM apresenta um inegável património paisagístico, natural, cultural.

Oportunidades. Deve promover-se a manutenção do mosaico de culturas e campos arborizados, mantendo o padrão tradicional da paisagem através de uma maior promoção dos produtos tradicionais e por atividades complementares de recreio e turismo, contribuindo assim para a promoção sustentada de novas atividades socioeconómicas e o bem-estar das populações. Entre outras medidas importa procurar preservar e valorizar os elementos construídos, como muros de pedra seca e a requalificação do pico de S. Mamede. Poderá ser procurado um maior envolvimento das autarquias na gestão pró-ativa das áreas protegidas, nomeadamente ao nível do enquadramento paisagístico da edificação (habitação e apoios agrícolas).

As maiores ameaças a esta área protegida correspondem às dificuldades em manter a atividade agrícola tradicional, ao potencial risco de incêndio elevado, em virtude das características geomorfológicas e de ocupação do solo, bem como o aumento da área desertificada, a possível instalação de novos projetos eólicos, deterioração do património arqueológico, a falta de financiamento e as ainda incertezas decorrentes das alterações promovidas pela Lei de Bases Gerais da Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo (LBPPSOTU), no ordenamento territorial das áreas protegidas.

3.1.4 Socio-economia

No âmbito da socio-economia, a análise SWOT identificou um conjunto de pontos fortes que possuem um carácter quantitativo ou qualitativo. Desta forma, na definição dos pontos fortes foram consideradas as características da AP que lhe conferem distinção associadas aos benefícios retirados das diversas atividades económicas, enquadrados pelos objetivos da criação da AP, de entre os quais se destaca “Promover de uma forma ordenada e equilibrada, o desenvolvimento económico, social e cultural da região e, em especial, das populações rurais, nomeadamente incentivando e apoiando as ocupações tradicionais do território.” (alínea b) do artigo 3.º do Decreto-lei n.º 121/89, de 14 de abril), bem como os objetivos de um parque natural. Na área do PNSSM identificam-se um conjunto de atividades económicas cujas vivências conferem um cariz rural que por si só constituem pontos fortes, destacando-se (tradicionalmente) as atividades associadas ao setor primário e (mais recentemente) as atividades associadas ao setor terciário, em concreto ao turismo (cuja promoção constitui também uma oportunidade). O sector primário assume um protagonismo evidente na área protegida, beneficiando das condições ambientais e biofísicas do PNSSM, e contribuindo em si mesmo para a preservação de um conjunto de ecossistemas que dependem da atividade agrícola ou da pastorícia. Com efeito, no PNSSM têm lugar várias atividades associadas ao setor primário destacando-se a produção agrícola, a pecuária, a pastorícia, a exploração florestal, a pesca e a caça, cuja representatividade e relevância se apresentam bastante variáveis e que foram identificados como pontos fortes. As atividades do setor primário classificadas como pontos fortes, associam-se ao caráter tradicional da atividade à importância deste setor de atividade medida através de um conjunto de indicadores como sejam: a população agrícola familiar (cerca de 80% da população agrícola familiar dos quatro concelhos: Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre), o número de explorações agrícolas (1 953), a superfície agrícola utilizada (41 936 ha no conjunto de freguesias que abrangem o PNSSM), ou o nº de ovinos (29 421 nas explorações agrícolas

(20)

das freguesias abrangidas pelo PNSSM em 2009). Destaque ainda para a diversidade de produções tradicionais no PNSSM com classificação DOP e IGT nomeadamente a castanha de Marvão DOP, que apesar da reduzida produção constitui uma cultura endógena com forte tradição no PNSSM que tem vindo a ser objeto de promoção e valorização, por exemplo através do Festival da Castanha, organizado pela Câmara Municipal de Marvão. Ainda como atividades que podem proporcionar maiores benefícios (no entanto o reduzido significado quantitativo das produções tradicionais com classificação DOP e IGP, constitui um ponto fraco). Assinala-se ainda o valor económico associado à atividade cinegética, associado às receitas das zonas de caça e gastos locais dos caçadores, tendo em conta que a extensão de área ocupada por zonas de caça associativa é de 24 105 ha, 43% do PNSSM. Destacam-se ainda como pontos fortes os recursos hidrominerais. A água mineral Vitalis apresentou, em 2014, um valor de vendas de 8,7 milhões de euros, correspondente a 40 milhões de litros (7,6% do volume nacional). Trata-se de uma mais-valia económica que não entra em colisão com os objetivos de conservação da natureza. Finalmente destaca-se a atividade turística, ponto forte cujo aumento á indissociável das características únicas da AP para o desenvolvimento de atividades de turismo de natureza (destacando-se a grande extensão de percursos pedestres associados a uma rede de miradouros), da atratividade das vilas de Castelo de Vide e do Marvão, bom como do incremento da importância do Turismo em Espaço Rural (TER). O TER, consentâneo com os objetivos de promoção do PNSSM, é a tipologia mais característica da área protegida num total de 39 estabelecimentos. Assinala-se ainda a realização de provas desportivas, assumindo o PNSSM um papel importante ao nível nacional.

Ao nível das oportunidades, realce para o desenvolvimento social, manifestado pelo peso da população com ensino superior no concelho de Portalegre e para o desenvolvimento económico revelado pela forte concentração empresarial na cidade de Portalegre. A estas oportunidades junta-se a neoruralidade, ou seja a procura dos espaços rurais para modos de vida urbanos e o desenvolvimento da atividade turística através da promoção do desenvolvimento turístico da Região Alentejo, do aumento do turismo cultural e da natureza no contexto regional e da eventual futura aprovação da candidatura de Marvão a Património Mundial. De referir ainda o crescimento de atividades associadas à produção de aromáticas, medicinais e condimentares, cogumelos, e o seu potencial para a o desenvolvimento económico.

No que concerne aos pontos fracos, em termos sociais, assinalam-se as características da população, que apresenta uma estrutura demográfica envelhecida e em perda (verificou-se uma quebra demográfica de 6,4% entre 2001-2011 no conjunto das freguesias abrangidas pelo PNSSM e índice de envelhecimento de 333 idosos por cada 100 jovens na área de estudo, em 2011) o que tem também consequências ao nível da redução da população que se dedica à atividade agrícola - apenas 6,1% da população residente empregada no setor primário na área de estudo - Quebra de 24,1% da população agrícola familiar nas freguesias do PNSSM entre 1999 e 2009. Redução da proporção da população agrícola familiar na população residente em 3,6 pontos percentuais entre 1999 (2001) e 2009 (2011). Refiram-se ainda as atividades económicas que menos benefícios geram para a AP em termos económicos e em termos sociais. O setor primário apresenta um reduzido significado quantitativo das produções tradicionais do PNSSM com classificação DOP e IGP. O setor secundário é claramente um ponto fraco na AP constituído principalmente pelos ramos da indústria transformadora e construção, que se concentra no solo urbanos.

Por fim destacam-se ainda como ameaças as questões associadas ao crescimento reduzido do valor económico do setor primário e à falta de perceção por parte da população da mais-valia de viver numa AP.

(21)

3 . 2 V

A R I Á V E I S D E

D

E S E N V O L V I M E N T O

A partir da interpretação da análise SWOT foi possível identificaras variáveis de desenvolvimento presentes no território abrangido pelo PNSSM. Na construção de cenários serão críticas as variáveis de desenvolvimento associadas a questões externas e de contexto, nomeadamente:

− as de governança, que compreendem as estratégias de financiamento, a regulamentação e gestão territorial, e o conhecimento

− as socioeconómicas, que incluem a população, produção agro-silvo-pastoril, e o desenvolvimento económico.

3 . 3 L

I N H A S D E

F

O R Ç A

C

R Í T I C A S

As linhas de força associadas à componente biológica são focadas na mitigação das grandes ameaças presentes e na potenciação das caraterísticas naturais que elevaram esta região ao estatuto de parque natural.

As linhas de força associadas à geologia estruturam-se em torno da proteção dos geossítios e consideram a fruição dos locais pela população local ou turistas.

As linhas de força associadas à paisagem destacam a importância dos usos agro-silvo-pastoris enquanto fator determinante para a identidade do património paisagístico, e relevam a atividade turística, também associada aos elementos históricos e culturais, como um fator potenciador e valorizador da paisagem.

As linhas de força associadas à componente socioeconómica focaram a problemática do envelhecimento populacional e à necessidade de fixação de população, e identificaram, entre outros a necessidade de revitalização do setor primário e a importância do turismo.

3 . 4 C

E N Á R I O S

3.4.1 Cenário assente nas Vulnerabilidades

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam negativamente a salvaguarda dos valores naturais presentes na AP, acentuando as fragilidades já existentes. A principal vulnerabilidade relacionada com as espécies exóticas decorre da presença e proliferação deste tipo de espécies, quer se trate de fauna quer de flora, como por exemplo a mimosa (Acacia dealbata), o achigã (Micropterus salmoides), a perca-sol (Lepomis gibbosus) ou a gambúsia (Gambusia holbrooki). Dentro da produção agro-silvo-pastoril, as linhas de força encontradas estão em grande parte relacionadas com desadequações agro-silvo-pastoris, decorrentes de usos e práticas que não acautelam a conservação dos valores naturais (ex: aumento da floresta de produção, sobrepastoreio). Parte das situações decorre de linhas de financiamento que promovem práticas incompatíveis com a conservação dos habitats do Parque. Estas ameaças, juntamente com a fragmentação de alguns habitats traduzem-se em vulnerabilidades para a área protegida.

(22)

No âmbito da geologia as linhas de força associadas às vulnerabilidades ancoram-se sobretudo nas deficiências regulamentares no que concerne à salvaguarda do património geológico, focam o risco de destruição inerente à proximidade de alguns geossítios a zonas urbanas, e relacionam-se também, quer com a falta de reconhecimento da importância deste património por parte da população em geral, quer com algum desinvestimento ao nível da investigação geológica. Relativamente à componente da paisagem, as linhas de força associadas às vulnerabilidades relacionam-se com as variáveis de desenvolvimento: produção agro-silvo-pastoril, património paisagístico e património cultural, regulamentação e gestão territorial, refletindo a suscetibilidade deste território ao abandono das práticas agrícolas, ocupações desadequadas, perda de valores naturais e dificuldades de gestão. Na componente socio-economia as linhas de força associadas às vulnerabilidades relacionam-se com as variáveis de desenvolvimento: população (a sua diminuição e envelhecimento) e a produção agro-silvo-pastoril (o seu abandono), que se refletem no despovoamento e abandono da atividade agrícola bem como na dificuldade na fixação da população.

Quadro 1 - Linhas de Força para o Cenário Vulnerabilidades Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança Estratégias de

financiamento Políticas de financiamento desadequadas.

Paisagem Habitats naturais

Regulamentação e gestão territorial

Proliferação de espécies invasoras, exóticas

da flora Habitats naturais

Políticas de florestação desadequadas Habitats naturais

Edifício jurídico de património geológico

deficitário Património geológico

Conhecimento Desconhecimento da população acerca do

património Património geológico

Socio-economia

População Desinvestimento no setor primário e

envelhecimento da população População

Produção agro-silvo-pastoril

Proliferação de espécies invasoras, exóticas

da fauna Ictiofauna

Desenvolvimento

económico Desinvestimento no setor primário Agricultura tradicional

3.4.2 Cenário assente nos Constrangimentos

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam negativamente a salvaguarda dos valores naturais presentes, reduzindo as mais-valias da área protegida. No âmbito da biodiversidade, observam-se constrangimentos que decorrem de políticas de financiamento que não acautelam práticas culturais compatíveis com a conservação da natureza, conduzindo à fragmentação das manchas de vegetação ou à degradação de habitats naturais relevantes para a conservação. O caso dos montados, o sobrepastoreio de gado bovino, fomentado pelos incentivos financeiros, conduz à alteração da vegetação de subcoberto e à degradação desta unidade de vegetação/habitat natural, com consequências também ao nível da identidade da paisagem. Outro constrangimento identificado relaciona-se com as pragas e doenças, e resulta da

(23)

exposição dos castanheiros (soutos e castinçais) a doenças, como a vespa do castanheiro, a tinta do castanheiro e ao chamado cancro do castanheiro, pondo em causa a manutenção destes tipos de habitats e, consequentemente da biodiversidade que deles dependem. Os constrangimentos relacionados com espécies exóticas decorrem de várias situações, consoante se trate de habitats naturais da Diretiva, de espécies de flora ou de fauna. Relativamente aos habitats naturais pode existir incompatibilização entre a presença de unidades de vegetação com maior relevo ecológico e a proliferação de espécies exóticas ou invasoras. Neste campo salientam-se os habitats ripícolas, muitas vezes ameaçados por povoamentos estremes de canavial. Já no que respeita à flora e fauna o principal constrangimento decorre da dificuldade em gerir a existência de isolados populacionais de répteis, anfíbios, peixes autóctones e plantas com estatuto de ameaça e a proliferação de espécies invasoras e exóticas que competem e ameaçam estas espécies. O principal constrangimento relacionado com as fontes de poluição, decorre do conflito entre a contaminação de massas de água (p.ex. ETAR/fabricas/suiniculturas/vacarias) com a presença de espécies de ictiofauna autóctone com estatuto de proteção, pondo em causa o seu estado de conservação. Quanto à gestão cinegética o principal constrangimento resulta do conflito entre o recurso a atividade ilegais (controlo ilegal de predadores e utilização de venenos) que podem colocar em causa as populações de espécies de fauna emblemáticas e com estatuto de proteção (ex.: grandes rapinas). Relativamente à geologia as linhas de força associadas aos constrangimentos apontam de novo para as deficiências regulamentares no que concerne à salvaguarda do património geológico e para o risco de destruição devido à proximidade de alguns geossítios junto às zonas urbanas e ao desconhecimento da importância deste património. Relativamente à paisagem, os constrangimentos relacionam-se, por um lado, com o desaparecimento dos sistemas agrícolas extensivos, abandono agrícola, e por outro, pela falta de meios para a proteção, valorização e gestão do património cultural e paisagístico, bem como da suscetibilidade deste território a diversos fatores, tais como risco de incêndio elevado e novas ocupações (construções, parques eólicos). Na componente socio-economia, no domínio dos constrangimentos ressaltam de novo as variáveis de desenvolvimento associadas à produção agro-silvo-pastoril, ao turismo e à população. Verifica-se uma dificuldade de afirmação dos produtos agrícolas decorrentes do despovoamento e abandono da atividade agrícola bem como da falta de atratividade desta atividade para a população, à qual não é alheia a falta de ações de divulgação dos mesmos e de sensibilização para os benefícios de residir numa área protegida. Acresce contudo o turismo, como fator de desenvolvimento que pode ser potenciado de forma sustentável.

Quadro 2 – Linhas de Força para o Cenário Constrangimentos Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança

Estratégias de

financiamento Políticas de financiamento desadequadas

Habitats naturais

Biótopos classificados com a valoração de alto ou excecional para a fauna

Paisagem

Regulamentação e gestão territorial

Edifício jurídico de OT e CN desadequado Valores naturais que fundamentaram a criação do PNSSM

Proliferação de espécies invasoras, exóticas

da flora Habitats naturais

Contaminação de massas e linhas de água Qualidade da água

Reduzida capacidade de intervenção preventiva e fiscalizadora no que concerne ao

controlo ilegal de predadores e utilização de venenos

Referências

Documentos relacionados

SISTEMA DE JOGO: LUSITANO (Infantis e Juniores) MARCEL CORBILLON (Veteranos). DIRETOR DA PROVA:

“Trabalhar com a equipa Meu Super ajuda-nos a melhorar o nosso trabalho dia a dia, de forma a estarmos mais preparados para continuar a dar o melhor aos nossos clientes. A

Marcos Justo Tramontini, em A organização social dos imigrantes: a colônia de São Leopoldo na fase pioneira (1824-1850), partiu da análise dos conflitos ocorridos

O DEG não se responsabiliza pela convocação dos tutores selecionados para a assinatura do Termo de Compromisso de Tutoria de Graduação, sendo essa

2- Cartão de Crédito via PAG SEGURO (para pagamento parcelado taxas do PAG SEGURO serão acrescidas) Assim que recebermos sua ficha de inscrição e verificarmos que o

De acordo com Naparstek (2008), se o sujeito está casado com seu órgão em detrimento do Outro sexo, ele faz a fuga do gozo fálico e pode encontrar dois caminhos para sair

O 1º Nível de desenvolvimento de Qigong corresponde ao desbloqueio da circulação da energia vital nos dois meridianos centrais ou vasos principais denominados