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1. Considerando o contexto histórico de produção, verifica-se no trecho uma alusão irônica

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Academic year: 2021

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Disciplinas: Literatura Data: 10/05/2021 Segmento: EM 2ª série Turma: MC Valor: - Média: -

Assunto: Roteiro de Recuperação Etapa: 1ª

Aluno(a): Nº: Nota: -

Professor: Péricles C. Lopes TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:

Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho de uma fala do personagem Quincas Borba, extraída do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1891.

— […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo=motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um benefício, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho.

(Quincas Borba, 2016.)

1. Considerando o contexto histórico de produção, verifica-se no trecho uma alusão irônica a) à teoria darwiniana. b) à filosofia idealista. c) à ideologia capitalista. d) à filosofia iluminista. e) à ideologia socialista.

2. Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em: a) “nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói”. b) “a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra”. c) “Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos”. d) “Daí o caráter conservador e benéfico da guerra”.

e) “não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição”.

3. Em “mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra” e “As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos”, os termos sublinhados estabelecem relação, respectivamente, de

a) consequência e conformidade. b) causa e conformidade. c) conformidade e consequência. d) causa e finalidade. e) consequência e finalidade.

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Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, 3o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras.

Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.

– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu?

Aluísio Azevedo, O cortiço.

* ensarilhar-se: emaranhar-se. ** rezinga: resmungo.

4. Uma característica do Naturalismo presente no texto é: a) forte apelo aos sentidos.

b) idealização do espaço. c) exaltação da natureza. d) realce de aspectos raciais. e) ênfase nas individualidades.

5. Constitui marca do registro informal da língua o trecho a) “mas um só ruído compacto” (ref. 1).

b) “ouviam-se gargalhadas” (ref. 2). c) “o prazer animal de existir” (ref. 3). d) “gritou ela para baixo” (ref. 4). e) “bata na porta” (ref. 5).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

CAPÍTULO LIII

Virgília é que já se não lembrava da meia dobra; toda ela estava concentrada em mim, nos meus olhos, na minha vida, no meu pensamento; – era o que dizia, e era verdade.

Há umas plantas que nascem e crescem depressa; outras são tardias e pecas. O nosso amor era daquelas; brotou com tal ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco, era a mais vasta, folhuda e exuberante criatura dos bosques. Não lhes poderei dizer, ao certo, os dias que durou esse crescimento. Lembra-me, sim, que, em certa noite, abotoou-se a flor, ou o beijo, se assim lhe quiserem chamar, um beijo que ela me deu, trêmula, – coitadinha, – trêmula de medo, porque era ao portão da chácara. Uniu-nos esse beijo único, – breve como a ocasião, ardente como o amor, 1prólogo de uma vida de delícias, de terrores, de remorsos, de 2prazeres que rematavam em dor, de aflições que desabrochavam em alegria, – uma 3hipocrisia paciente e sistemática, único freio de uma 4paixão sem freio, – vida de agitações, de cóleras, de desesperos e de ciúmes, que uma hora pagava à farta e de sobra; mas outra hora vinha e engolia aquela, como tudo mais, para deixar à tona as agitações e o resto, e o resto do resto, que é o fastio e a saciedade: tal foi o 5livro daquele prólogo.

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6. No último período do texto, o ritmo que o narrador imprime ao relato de seus amores corresponde, sobretudo, ao que se encontra expresso em

a) “prólogo de uma vida de delícias” (ref. 1). b) “prazeres que rematavam em dor” (ref. 2). c) “hipocrisia paciente e sistemática” (ref. 3). d) “paixão sem freio” (ref. 4).

e) “o livro daquele prólogo” (ref. 5).

7. “A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a experiência dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna sensíveis ao fato de que os outros são muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos.”

(Antoine Compagnon, Literatura para quê? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 46-47.)

“E tudo dela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a forma, o cheiro; mas percebera que também ali havia uma alma e sofrimento, e então, com lágrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra.

– Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa, com os olhos no altar.” (Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 235.)

a) Indique duas palavras do texto de A falência que marcam a tensão entre matéria e espírito. Explique como essa tensão é vivida pela personagem.

b) Relacione as duas últimas frases da passagem do romance com as reflexões de Compagnon, considerando as condições de trabalho na sociedade brasileira ao final do século XIX.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o poema para responder à(s) questão(ões).

Mãe

Mãe – que adormente este viver dorido. E me vele esta noite de tal frio,

E com as mãos piedosas até o fio Do meu pobre existir, meio partido... Que me leve consigo, adormecido, Ao passar pelo sítio mais sombrio... Me banhe e lave a alma lá no rio Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem – dava Minha estéril ciência, sem receio,

E em débil criancinha me tornava, Descuidada, feliz, dócil também,

Se eu pudesse dormir sobre o teu seio, Se tu fosses, querida, a minha mãe!

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8. Com base no poema,

a) explique o que representa a mãe para o eu lírico, tendo em vista o que ele vive e o que desejaria viver. Justifique sua resposta com informações do texto;

b) reescreva os versos “Eu dava o meu orgulho de homem – dava / Minha estéril ciência, sem receio, / E em débil criancinha me tornava,”, substituindo os verbos “dar” e “tornar”, respectivamente, por “abster-se” e “converter-se”, conjugados em outro tempo verbal, adequado ao contexto.

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Resposta da questão 1: [A]

Ao afirmar que o homem se comportaria como um animal se estivesse em causa a sua própria sobrevivência (“Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos”), Machado de Assis, através do personagem Quincas Borba, faz uma alusão irônica à teoria darwiniana, segundo a qual as espécies mudam gradualmente por meio de um mecanismo chamado de seleção natural. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 2: [A]

Todas as frases apresentam os termos sublinhados com sentido denotativo, exceto a da opção [A], pois a palavra “canoniza” adquire sentido figurado ao ampliar o seu significado original (Reconhecer como santo, segundo as formalidades eclesiásticas), para designar louvor e elogio a determinada ação. Resposta da questão 3:

[D]

Nas frases do enunciado, a conjunção subordinativa “porque” estabelece relação de causa com a

oração principal, enquanto que a preposição “para” adquire noção de finalidade, como se afirma em [D]. Resposta da questão 4:

[A]

No romance naturalista, predominam descrições que enfatizam o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana, ou grupos humanos marginalizados, valorizando-se o coletivo, como acontece em “O Cortiço”. No excerto do enunciado, expressões como “ruído compacto”, “fermentação sanguínea” e “mergulham os pés vigorosos na lama preta” traduzem sensações variadas (auditivas, olfativas, visuais e táteis) que pretendem mostrar o homem como produto de um conjunto de forças “naturais”, instintivas, que, em determinado meio, raça e momento, determinam comportamentos e situações específicos. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 5: [E]

A opção [E] apresenta frase que denota registro informal da língua, pois o verbo “bater” deve ser acompanhado da preposição “a” para expressar ação de golpear a porta. Assim, a frase deveria ser substituída por bata à porta para atender às exigências da gramática normativa.

Resposta da questão 6: [D]

O último período do texto reproduz a sucessão de emoções contraditórias experimentadas por Brás Cubas no seu romance com Virgília, ou seja, uma “paixão sem freio”, como enunciado em [D]. Resposta da questão 7:

a) As palavras “alma” e “corpo” marcam a tensão entre matéria e espírito experimentada pela personagem Ruth quando, acompanhada pela tia Joana, vai à igreja assistir à missa. Ao lembrar os castigos que a tia Itelvina tinha infligido a Sancha, Ruth questiona a justiça divina que tinha criado as duas de forma tão oposta: “a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda”.

b) Segundo Compagnon, um dos efeitos produzidos pela literatura é transmitir ao leitor a experiência de outros que podem estar distantes no espaço, tempo ou vivências do seu cotidiano, o que os tornaria mais tolerantes à diversidade do contexto em que outros vivem ou dos valores que lhe são imanentes. Ao comparar-se com Sancha, Ruth apela a deus que reparasse as injustiças de uma criação tão

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desigual em seres humanos dotados dos mesmos sentimentos e emoções, mas sujeitos às

desigualdades sociais típicas de uma sociedade escravocrata. Assim, o romance, através da fala da personagem Sancha, branca e de origem burguesa, permite ao leitor perceber a crueldade de um sistema social discriminatório do final do século XIX, que impõe ao afrodescendente condições de trabalho humilhantes e adota, para com ele, comportamentos preconceituosos.

Resposta da questão 8:

a) A mãe representa proteção para o eu lírico, conforme ele expressa em “Que me leve consigo, adormecido, / Ao passar pelo sítio mais sombrio...”, assim como alívio: “Me banhe e lave a alma lá no rio / Da clara luz do seu olhar querido...”.

Tal pedido decorre de um momento de dificuldades vivido pelo eu lírico, uma vez que o primeiro verso do poema, “Mãe – que adormente este viver dorido.” expõe tal situação de forma direta e pontual. Seu desejo, no entanto, seria outro viver, isento de preocupações próprias à vida adulta, uma vez que gostaria de se tornar uma “débil criancinha” (…) “Descuidada, feliz, dócil também / Se eu pudesse dormir sobre o teu seio, / Se tu fosses, querida, a minha mãe!”

b) “Eu me absteria do meu orgulho de homem – abster-me-ia de minha estéril ciência, sem receio, e em débil criancinha me converteria”.

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